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4. ASPECTOS FÍSICO-AMBIENTAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO

4.1 Bacia do rio Palmeira no contexto hidrográfico do Ceará

O estado do Ceará possui onze bacias hidrográficas, predominando em sua grande maioria a intermitência dos escoamentos hídricos superficiais e a perenização de alguns trechos dos rios por intermédio da construção de açudes. Dentre as bacias que compõem o estado se destaca a do Coreaú, localizada na porção norte - ocidental do estado, limitando-se ao sul com as bacias do Poti-Longá e Acaraú, a oeste com o estado do Piauí, a leste com a bacia do Acaraú e ao norte com o Oceano Atlântico.

A bacia hidrográfica do rio Coreaú possui dez sub-bacias, drenando uma área de 10.657 km²; dentre as quais se destacam a do rio Coreaú, com nascentes localizadas no planalto da Ibiapaba, a do Timonha, Pesqueiro e do Palmeira, sendo essa última objeto de estudo da pesquisa (SOUZA, 1981). A figura 07 traz a representação das bacias hidrográficas do Coreaú, com destaque na bacia do rio Palmeira.

Apresenta uma área de drenagem de 476.87 km², contemplando os municípios de Barroquinha, Granja e Camocim, tendo como rio principal o Palmeira com 59,79 km de extensão. A bacia se apresenta como um importante elemento onde se localiza, uma vez que supri a demanda da população que reside em sua área de influência.

Figura 07- Bacias Hidrográficas do rio Coreaú (destaque: bacia do rio Palmeira)

Fonte: COGERH, 2014.

Segundo a classificação de bacias proposta por Chistofoletti (1999), as pequenas bacias compreendem áreas inferiores a 100 km², como médias são classificadas aquelas entre 100 e 1.000 km², e grandes as que tem mais de 1.000 km². Seguindo essa hierarquização, a bacia hidrográfica do rio Palmeira se enquadra como média.

A sub-bacia do rio Remédios é a mais representativa no contexto da bacia, onde o rio principal possui 27,79 km de extensão; encontrando com o rio Palmeira em sua desembocadura, formando no estuário a Barra dos Remédios, setor que agrega uma série de potencialidades com um rico patrimônio ecológico e paisagístico.

Os setores da bacia, alto, médio e baixo curso, foram delimitados com base na proposta elaborada pela COGERH que possui a divisão do Estado do Ceará por bacias e sub- bacias hidrográficas, sendo realizado também umas correções/adaptações na área da bacia com base no sistema de drenagem e nas cotas altimétricas.

O alto curso da bacia hidrográfica do rio Palmeira drena o município de Granja, onde estão localizadas as principais nascentes da mesma. Apresenta uma área de 105.15 km²,

que corresponde a 22,06% da bacia. Nesse setor se encontram distribuídas 12 localidades e a sede do distrito de Sambaíba. No médio curso que compreende parte dos municípios de Granja e Barroquinha, se encontram 15 localidades pertencentes aos municípios citados, das quais 8 estão subordinadas a Granja e 7 a Barroquinha. Possui uma abrangência espacial de 142.08 km², que equivale a 29,79 % da área de drenagem da bacia.

O baixo curso corresponde ao setor com maior domínio espacial, 229.64 km² (48,15% da bacia). Localizam-se nesse recorte as sedes municipal de Barroquinha e distrital de Araras, além de algumas localidades pertencentes ao município de Camocim, mas especificamente ao distrito de Amarelas. No total são: 11 localidades mais a sede municipal, subordinadas a Barroquinha; 22 e a sede distrital pertencentes a Araras; e 12 vinculadas a Amarelas, que correspondem a 47 localidades dispostas no baixo curso.

Alguns setores da bacia do rio Palmeira estão inseridos nas seguintes Unidades de Conservação (UC’s): Área de Proteção Ambiental (APA) do Delta do Parnaíba e o Parque Estadual das Carnaúbas. A primeira estabelecida em 28/08/1996, contempla o setor do baixo curso no município de Barroquinha, estando inserida na categoria das UC’s de uso sustentável. Abrange importantes áreas de manguezal na sub-bacia do rio Remédios, assim como também são encontradas algumas salinas próximas a vegetação de mangue que está na área delimitada da APA, como mostra a figura 08.

Figura 08- Área inserida na APA do Delta do Parnaíba

Fonte: Farias, 2014.

A segunda UC é o Parque Estadual das Carnaúbas, localizado no setor de alto curso que corresponde ao município de Granja. É uma unidade de conservação de proteção integral, criada segundo o Decreto Estadual nº 28.154, de 15 de fevereiro de 2006, com o objetivo de preservar e conter as ações predatórias dos recursos naturais do bioma Caatinga.

Além da preservação das espécies da fauna e flora, a criação do parque prevê também a proteção de algumas nascentes de rios e riachos, como no caso do rio Palmeira, que tem suas nascentes localizadas na área do parque, onde se formam extensas áreas de várzeas com a presença de carnaubais (figura 09).

Figura 09- Parque Estadual das Carnaúbas – Alto Curso/Granja

Fonte: Farias, 2014.

Merece destaque o fato de que no alto curso da bacia, embora com área de abrangência reduzida, o rio Palmeira apresenta setores diferenciados. A primeira com feições semi-áridas, com todos os rios e riachos secos e vegetação predominante do tipo caatinga arbustiva aberta. A segunda corresponde ao recorte da área onde está inserido parte do Parque Estadual das Carnaúbas, onde devido à existência de áreas planas e extensas alagadas, mesmo nos meses mais secos, a vegetação aparece bem mais verde e com ocorrência de grande número de carnaúbas.

No médio curso, ainda com a ocorrência do embasamento cristalino em alguns setores, porém já com predominância em maior escala do Grupo Barreiras, o rio apresenta feições paisagísticas bem diferenciadas, mais características de áreas litorâneas, com rede de drenagem menos ramificada e a existência de alguns barramentos.

O baixo curso do rio é o setor mais dinâmico em termos geomorfológicos em função de sua área estuarina, o que por sua diversifica os tipos de usos dos recursos naturais encontrados nesse setor. A seqüência de figuras (10, 11 e 12) apresenta diferentes imagens do rio Palmeira nos seus diferentes cursos.

Figura 10- Alto curso do rio Palmeira / setor do Parque Estadual das Carnaúbas

Fonte: Farias, 2014.

Figura 11- Médio curso do rio Palmeira / Barroquinha

Fonte: Farias, 2014.

Figura 12- Baixo curso do rio Palmeira / Setor estuarino

Fonte: Farias, 2014.

Essa variedade em termos paisagísticos em cada setor do rio, como enfatizado anteriormente, é resultado da combinação dos fatores físico-ambientais, os quais influenciam

também o desenvolvimento das atividades econômicas e a utilização diversificada dos recursos naturais ao longo da bacia, gerando demandas diferenciadas de tipos de usos e apropriação dos mesmos, onde cada atividade/setor possui uma relação e designa um valor diferenciado a água.

O próximo tópico agrega informações relacionadas aos condicionantes físico- ambientais da bacia, os quais são posteriormente associados com as informações socioeconômicas e as unidades geoecológicas delimitadas, gerando um diagnóstico integrado da área a partir dos preceitos teóricos e metodológicos da Geoecologia.

Anterior as discussões mais pormenorizadas da bacia, se destaca a inserção do mapa básico da mesma (mapa 01), o qual agrega informações relevantes, em específico para o acesso e deslocamento na bacia, como estradas principais e secundárias, rodovias, sedes municipal e distrital, localidades, curvas de nível e cursos d’água principal e secundários, além da delimitação dos setores e dos limites municipais.