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3. BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS DA GEOECOLOGIA DAS

3.2 Procedimentos Técnico-Operacionais

3.2.2 Fase de análise

Essa fase compreende a compilação de todo material levantado e organizado anteriormente, o qual viabilizou a contextualização das temáticas teóricas, biofísicas e socioeconômicas abordadas nos capítulos iniciais da pesquisa. Assim como também forneceram subsídios para a delimitação das unidades geoecológicas, identificação dos

problemas emergentes na área de estudo e a elaboração de propostas de planejamento e gestão ambiental.

Caracteriza-se também como o período de elaboração dos mapas a partir das bases e imagens de satélite. A manipulação desse material cartográfico foi realizada com o apoio do ArcGis 9.2, sendo utilizados também outros equipamentos e softwares livres para auxiliar na coleta dos dados e para registrar aspectos relevantes que ocorreram durante a realização dos levantamentos de campo.

Ressalta-se a utilização do aplicativo Just Color Picker (JCPICKER), que consiste em uma ferramenta que captura a cor de um pixel na área escolhida, exibindo os códigos em vários formatos. O mesmo foi importante para a elaboração das legendas que compõem os mapas, pois viabilizou a escolha da cor em exatidão com o do material de origem e com as convenções cartográficas. Destacam-se também outros instrumentos usados na pesquisa: microcomputador Intel Inside Core i5 4GB; GPS Garmin 12 e câmera fotográfica digital.

Para auxiliar os primeiros trabalhos de campo foram elaborados um mapa básico detalhado da bacia e outro com um recorte da mesma a partir das ortofotocartas e da imagem de satélite Landsat 8, objetivando identificar as mais diversas feições paisagísticas em campo e comprovar a veracidade e precisão do material.

A delimitação da bacia seguiu a proposta pela COGERH, que apresenta uma divisão da bacia do rio Coreaú em sub-bacias, realizando também algumas adaptações e atualizações com base nas cotas altimétricas e sistema de drenagem da bacia hidrográfica do rio Palmeira.

Os trabalhos de campos, as técnicas de mapeamento e geoprocessamento, interpretação de imagens de satélite e ortofotocartas, permitiram a elaboração de uma série de mapas temáticos, gráficos, quadros, perfis e inserção de fotos, viabilizando um entendimento mais detalhado das características físicas e ambientais inerentes à bacia. Os mapas temáticos da pesquisa confeccionados nessa fase foram elaborados utilizando os materiais e softwares descritos inicialmente, com base nos procedimentos citados a seguir:

- Mapa de geologia: Para a confecção desse mapa foi utilizada a base cartográfica da CPRM 2003, com escala de 1:100.000. Inicialmente utilizou-se a ferramenta "clip" para recortar a geologia presente nos limites da bacia hidrográfica do rio Palmeira/Remédios, posteriormente, com a ferramenta “simbology”, foram atribuídas cores diferenciadas aos tipos de geologia com o auxilio do aplicativo jcpicker.

- Mapa de geomorfologia: Utilizou-se o mapeamento elaborado por Souza (2000), que culminou na Compartimentação Geoambiental do Estado do Ceará. O mapa foi vetorizado, o que permitiu sobrepor à delimitação da bacia e capturar as unidades previamente estabelecidas pelo autor, porém, em função da escala, algumas unidades foram inseridas a partir das investigações de campo, adicionando-se dados hipsométricos e geológicos. A utilização do aplicativo jcpicker foi de fundamental importância para a finalização do mapa, pois permitiu atribuir com exatidão as cores das unidades geomorfológicas da bacia.

- Mapas de hipsometria: Na elaboração desse mapa foram utilizadas as imagens SRTM disponibilizadas pela EMBRAPA, mas especificamente as folhas SA-24-Y-A, SA-24-Y-B, SA-24-Y-C e SA-24-Y-D que correspondem à área da pesquisa. A partir das informações de altitudes foram geradas as curvas de nível com a ferramenta "create contours", e com a “clip” foram recortadas as mesmas dentro do limite da área da bacia. A partir daí, com a opção “create TIN” foi elaborada a hipsometria da área. Na definição das cores da legenda foi utilizado o aplicativo jcpicker.

- Mapa de formações vegetais: A elaboração desse mapa adotou a classificação de vegetação proposta por Fernandes (1990), sendo efetivadas também checagens em campo nos diferentes setores da bacia. Na delimitação das unidades vegetacionais se utilizou o critério de classificação supervisionada no software e checagem em campo, para posterior correção em função do agrupamento automático realizado pelo programa.

- Mapa de associações de solos: Na representação de solos foi utilizada a base cartográfica do IDACE, com escala de 1:100.000. Na confecção do mapa se utilizou primeiramente a ferramenta "clip" para recortar os solos presentes dentro dos limites da bacia hidrográfica do rio Palmeira e com a “simbology” foram atribuídas cores diferenciadas aos tipos de solos, adequados de acordo com as convenções e com a utilização do aplicativo jcpicker. São descritas cinco tipologias de solos, classificadas tendo com base o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 1999), relacionando com a nomenclatura antiga do Mapa Exploratório – Reconhecimento de solos do Estado do Ceará de 1973. As pesquisas sobre as características dos solos foram efetivadas tendo como base os trabalhos de Pereira e Silva (2007).

Os mapas foram elaborados na escala de 1:160.000 em função da adequação do tamanho da área mapeada a dimensão do papel utilizado na impressão (A3: 29,7 cm x 42,0 cm). A veracidade e adequação dos mapas foram testadas em campo, com o intuito de fornecer informações mais próximas da realidade. As convenções cartográficas utilizadas nos mapas foram embasadas no Manual Técnico de Convenções Cartográficas – Catálogo de Símbolos, elaborado pelo Ministério da Defesa/Exército Brasileiro de 2000.

Além dos mapas se organizaram gráficos de precipitação e temperatura, com dados coletados diretamente no site da FUNCEME, no setor da rede de monitoramente que disponibiliza dados de chuvas diárias, mensais e anuais.

É necessário destacar que os postos pluviométricos de Camocim e Granja possuíam dados que correspondia à série histórica selecionada (1983-2013), porém Barroquinha apresentava apenas a partir do ano de 1990. Como a ausência de dados é de 07 anos, não é indicado utilizar o método de ponderação regional, pois corresponderia ao preenchimento de falhas de um elevado percentual dos dados, o que comprometeria as análises. Assim, foram utilizados para Barroquinha apenas os dados fornecidos no período de 1990-2013, que se aproxima mais das condições climáticas locais.

A temperatura dos municípios foi estimada com o auxílio do programa computacional Celina 1.0 – Estimativa de temperaturas para o Estado do Ceará, desenvolvido por Costa (2007), que utiliza dados como altitude, longitude e latitude para estimar as temperaturas.

Outro parâmetro importante relacionado aos aspectos climáticos da bacia e que auxilia no balanço hídrico é a determinação da capacidade de água disponível (CAD) no solo. Para a determinação da CAD nos municípios inseridos na bacia, foram utilizados os parâmetros com o apoio do programa que manipula o cálculo da umidade do solo na capacidade de campo (USCC) de acordo com Thornthwaite (1957).

Foram elaboradas tabelas que continham aspectos como as classes de solos e texturais, a espessura dos horizontes, a USCC, dentre outros. Para a obtenção da CAD foi necessário realizar um levantamento dessas características de cada associação de solo disponível na área, e posteriormente inserir os dados na fórmula descrita a seguir:

CAD = USCC – PM

CAD = capacidade de água disponível USCC = umidade do solo na capacidade de campo

O ponto de murcha foi estabelecido com base em Kiehl (1979) no manual de edafologia, que estabelece um valor de 15% para as associações de solos encontradas na área de estudo. O cálculo do balanço hídrico foi realizado com base em Thornthwaite e Mather (1955) e Thornthwaite (1957) no programa desenvolvido por Rolim et al. (1998), através da utilização de dados de temperatura, precipitação e CAD. Os principais componentes do balanço hídrico definidos foram: precipitação (P), evapotranspiração real (ETR), evapotranspiração potencial (ETP), armazenamento de água no solo (ARM), deficiência hídrica (DEF) e excedente hídrico (EXC).

Os dados socioeconômicos foram individualizados da maneira mais detalhada possível, uma vez que a bacia não drena os municípios como um todo, apenas algumas partes dos mesmos. Assim, as informações populacionais foram as mais detalhadas, sendo possível a individualização por sede municipal e distrital, favorecendo também o levantamento de dados educacionais em algumas de suas variantes. O Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) se destacou como a base de dados com informações mais pormenorizadas disponíveis da área.

Porém, os dados relativos às atividades econômicas não foram encontradas de maneira especificada por distrito ou localidades, apenas por sedes municipais, onde se encontram agrupadas informações em uma única base de dados. Assim se optou por utilizar os dados para os municípios como um todo com o objetivo de compreender quais atividades são praticadas, fazendo um contraponto com base nas análises em campo mais detalhadas considerando as atividades exercidas em cada núcleo populacional.

A opção por não utilizar os dados que contemplem todo o recorte municipal, com exceção daqueles que não se tem disponibilidade, faz parte da metodologia escolhida para o desenvolvimento da pesquisa, uma vez que se objetiva aplicar a Geoecologia com o maior detalhamento de informações possível. Elaborar as análises a partir de dados generalizados fornece um quadro de uso dos recursos na bacia desproporcional à realidade da mesma.

Nessa fase ocorreu à elaboração de uma carta-imagen contendo a espacialização das atividades econômicas na bacia por setores, e outra em uma escala mais detalhada apenas referente ao baixo curso da mesma. Ambas foram confeccionadas a partir das Ortofotocartas do IPECE, das fotografias retiradas nos trabalhos de campo e dos pontos marcados com o auxílio do GPS, para uma maior precisão e identificação do setor de ocorrência das atividades.