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IV – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

IV. 2 – Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

A importância do recurso água para a qualidade de vida das populações, principalmente aquelas de grandes centros urbanos e industriais, fez o governo estadual dividir o Estado de São Paulo em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos

(UGRHI), conforme mostrado na Figura 2, através da Lei Estadual no 7.663 de dezembro de

1991, que instituiu a política estadual de recursos hídricos e o sistema integrado de gerenciamento de recursos hídricos. A estrutura destas UGRHI é baseada nos Comitês de Bacia que constituem os principais colegiados de decisão, integrados por municípios e entidades da sociedade civil sediadas na bacia. O conjunto dos comitês é representado no CORHI – Conselho Estadual de Recursos Hídricos – e as ações, definidas em cada comitê,

são financiadas pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos – o FEHIDRO[3,6,9,10].

Em atendimento ao que preceitua a Lei Estadual no 7.663/91 foi criado, em 18 de

novembro de 1993, o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ), cuja competência está em gerenciar os recursos hídricos destas

bacias, visando à recuperação, preservação e conservação das mesmas[3,9,10].

De 1993 a 1995, o CBH-PCJ elaborou relatórios de situação dos recursos hídricos da UGRHI 5, utilizando metodologia própria. Foram levantadas várias informações e realizadas análises de consistência e interpretação de dados dos 57 municípios paulistas pertencentes a esta unidade de gerenciamento, tendo como produto final deste projeto o

Relatório de Situação 1999, denominado “Relatório Zero”[9]. Em março de 2003, com a

implantação do Comitê Federal das Bacias do PCJ, com abrangência em São Paulo e também Minas Gerais, foram criadas diversas câmaras técnicas. Na Câmara Técnica do Plano de Bacia foi formado um grupo de acompanhamento dos relatórios de situação que

orientou os trabalhos do Relatório de Situação 2002/2003, contando com representantes de

diversos segmentos da sociedade. Neste relatório, denominado “Relatório Um” [10], uma das

maiores dificuldades encontradas foi a delimitação dos municípios que fazem parte das BH-PCJ. Isto ocorreu devido ao relatório em questão ter como área de estudo o limite geográfico da Bacia Federal dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí e não mais o limite estabelecido pela UGRHI 5 (Estado de São Paulo), utilizado em relatórios anteriores. Assim sendo, além dos 57 municípios pertencentes a UGRHI 5, o município paulista de Mairiporã e os municípios mineiros Camanducaia, Extrema, Itapeva e Toledo foram também adicionados, totalizando 62 municípios. Todavia, esses incrementos limitaram possibilidades comparativas entre dados atuais e dos relatórios anteriores[10].

Figura 2: Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Estado de São Paulo.

Este novo relatório, disponibilizado pelo CBH-PCJ, vem sendo utilizado como base para o diagnóstico dos recursos hídricos das respectivas bacias hidrográficas e como orientação para o estabelecimento das metas e conjuntos de ações de gestão e intervenção do Plano Estadual de Recursos Hídricos 2004-2007[8,10,12].

Dentro do novo limite geográfico estabelecido, as Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí apresentam uma área de drenagem de 15.303,67 km². Esta

área tem 92,6% de sua extensão localizada no Estado de São Paulo e 7,4% no Estado de Minas Gerais e está situada entre os meridianos 46º e 49º oeste e latitudes 22º e 23,5º sul, apresentando extensão aproximada de 300 km no sentido leste-oeste e 100 km no sentido norte-sul[10].

Em termos hidrográficos, há sete unidades principais nas BH-PCJ sendo cinco sub-Bacias pertencentes à Bacia do Piracicaba (Rios Atibaia, Camanducaia, Corumbataí, Jaguari e Piracicaba), além das Bacias do Capivari e Jundiaí[10], como descrito na Tabela 1.

A região das bacias hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, embora tenha sido muito utilizada para agricultura e apresente grande crescimento urbano-industrial iniciado em meados de 1970, em decorrência da descentralização das atividades da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) em direção ao interior do Estado, é uma importante área de biodiversidade. Possui remanescentes da Mata Atlântica com a mesma fisionomia da Serra do Mar. O clima sofre influência das massas de ar atlânticas polares e tropicais, provocando diferenças regionais dadas pela distância em relação ao mar e por fatores topoclimáticos como as serras do Japi e de São Pedro. O regime pluviométrico é tropical típico, com um período chuvoso iniciando-se em outubro e findando em abril, e um período de estiagem no período de maio a setembro. Os índices médios de precipitação variam entre 25 e 40 mm mensais para os meses menos chuvosos (julho e agosto) e 190 a 270 mm para os meses de dezembro e janeiro, considerado o período de maior precipitação. Já o índice médio de precipitação anual varia de 1200 a 1800 mm[3,10].

Tabela 1: Áreas de drenagem das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.

Sub-Bacia/Bacia Área – SP (km2) Área – MG

(km2) Área Total (km2) Área Total (%) 1 – Rio Atibaia 2.828,76 39,98 2.868,74 18,7 2 – Rio Camanducaia 870,68 159,32 1.030,00 6,7 3 – Rio Corumbataí 1.679,19 --- 1.679,19 11,0 4 – Rio Jaguari 2.323,42 966,58 3.290,00 21,5 5 – Rio Piracicaba 3.700,79 --- 3.700,79 24,2 Total Bacia Piracicaba 11.402,84 1.165,88 12.568,72 82,1 Total Bacia Capivari 1.620,92 --- 1.620,92 10,6 Total Bacia Jundiaí 1.114,03 --- 1.114,03 7,3

TOTAL BH-PCJ 14.137,79 1.165,88 15.303,67 100

A UGRHI 5, inserida nas BH-PCJ, abrange áreas de 71 municípios dos quais somente 57 têm suas sedes localizadas na área compreendida pela Unidade, com

população total de 4.764.057 habitantes e densidade populacional de 332,82 hab/km2,

estimadas em 2005 pela Fundação SEADE[147]. A taxa de urbanização é de 93,72% nos

municípios do CBH-PCJ, sendo 94,08% no trecho paulista e 62,86% no trecho mineiro. Os municípios com sede nesta UGRHI são também pertencentes à Região Administrativa de Campinas (RAC)[3,9,10].

Em termos sócio-econômicos, a UGRHI 5 apresenta um parque industrial bastante significativo, com renda per capita superior à média paulista, configurando-a como a região mais dinâmica do interior do Estado. Um dos cenários de crescimento desta região é a implantação do gasoduto Brasil-Bolívia, cuja REPLAN está integrada[9,10].

A RMC encontra-se na sua quase totalidade - exceto pelo município de Engenheiro Coelho - inserida na UGRHI 5, como mostrado na Figura 3. A sub-Bacia do Atibaia, um dos principais corpos d’água desta região, drena, parcial ou totalmente, os municípios paulistas de Americana, Campinas, Jaguariúna, Nova Odessa, Paulínia, Valinhos, Vinhedo, Itatiba, Jarinu, Morungaba, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Joanópolis, Nazaré Paulista e Piracaia, pertencentes a UGRHI 5, e o município de Camanducaia, no Estado de Minas Gerais[6,9,10].

Figura 3: A Região Metropolitana de Campinas inserida na UGRHI 5 e nas BH-PCJ.

O Rio Atibaia é considerado um dos mais importantes mananciais com vistas ao abastecimento público desta região. A SANASA utiliza durante a captação 95% das águas do Rio Atibaia e apenas 5% do Rio Capivari. Cerca de 98% da população é abastecida com água tratada, através das redes de distribuição (os outros 2% são abastecidos com caminhões-pipa e torneiras coletivas), mas apenas 34% dos despejos coletados são tratados. Grande parte da carga dos esgotos domésticos, mesmo aquela coletada e afastada pela rede pública, vem sendo lançada em córregos e ribeirões que atravessam a área urbana, comprometendo os demais usos da água disponíveis para a população localizada à jusante, bem como a qualidade ambiental da região. Já existe um Plano Diretor para o tratamento de esgotos em Campinas, para a construção de novas ETE com capacidade para tratar 90% dos esgotos da cidade até 2008[3,6,9,10,13].