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BacT/Alert® 3D

No documento Anemia Aplástica Adquirida (páginas 82-86)

O BacT/Alert® 3D é um equipamento modular de deteção de crescimento microbiológico em hemoculturas e de pesquisa de micobactérias por colorimetria, sendo que o Laboratório dispõe de um módulo para cada uma destas finalidades.

As amostras são inseridas no equipamento em garrafas contendo meio de cultura estéril. Nesta fase de inoculação da amostra nas garrafas destinadas a este equipamento, os possíveis microrganismos aí presentes iniciam uma fase de adaptação ao meio de cultura (designada lag phase), após a qual este despoleta uma fase de crescimento exponencial, a log phase, em que ocorre produção de CO2. A mudança de cor de cinza para amarelo na

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Pesquisa bacteriológica nos principais produtos biológicos

Urina

As amostras de urina que chegam ao Sector de Microbiologia destinam-se maioritariamente à pesquisa bacteriológica e micológica através do exame cultural em meio CLED e/ou Sabouraud e execução de lâmina para coloração de Gram.

Em alguns casos, é pedido ao Laboratório que proceda à deteção de antigénios de Streptococcus pneumoniae e/ou Legionella spp., ambas efetuadas em kit imunocromatográfico de deteção rápida.

A pesquisa microbiológica na urina permite a deteção dos agentes patogénicos do trato urinário mais frequentes na comunidade e no meio hospitalar, nomeadamente:

 Escherichia coli (e outros bacilos Gram negativos)  Staphylococcus aureus e saprophyticus

 Enterococcus spp.  Candida albicans

 Pseudomonas aeruginosa

A amostra é inoculada por estriação central com ansa de 1 µL em meio CLED e incubada de 24 até 48 horas a 37°C em aerobiose, período após o qual se avalia quantitativamente o crescimento microbiológico. Para além do exame cultural, procede-se também à execução de uma lâmina para coloração de Gram. Esta tem como principal finalidade avaliar a qualidade da amostra, facilitando o diagnóstico de uma infeção do trato urinário – uma boa amostra, neste contexto, terá poucas ou nenhumas células epiteliais.

A valorização dos resultados deve ter em consideração:

 O método de colheita da urina: urina ocasional, punção de catéter urinário, punção suprapúbica, recolha de saco coletor pediátrico.

 A história clínica e a proveniência do doente (serviço ambulatório ou internamento hospitalar).

 A observação microscópica do sedimento urinário.  Resultados anteriores, se existirem.

A amostra positiva deve resultar preferencialmente numa cultura pura ou, excecionalmente polimicrobiana, desde que, neste caso, apresente uma espécie microbiológica predominante

16 positivas em Gelose Sangue e fungos em Sabouraud.

O aparecimento de colónias sugestivamente Gram negativas coloca a hipótese da presença de Escherichia coli – o agente patogénio mais comum - ou outros bacilos como Proteus spp, Klebsiella spp., Pseudomonas aeruginosa. Perante colónias Gram negativas e

fermentadoras da lactose procede-se diretamente à identificação e antibiograma

através do sistema automatizado.

Já o aparecimento de colónias Gram negativas e não fermentadoras da lactose determinam a realização do teste da oxidase para detetar a possível presença de Pseudomonas aeruginosa, pois esta é oxidase-positiva. Neste caso, é selecionado um antibiograma adaptado a este microrganismo, utilizando a carta N0222.

Por outro lado, o aparecimento de colónias sugestivas de cocos Gram positivos determina a execução do teste da catalase em lâmina. Sendo positivo, indica a presença de Staphylococcus spp.. Em seguida, efetua-se o teste da coagulase.

Figura 5. Teste da coagulase por aglutinação em latex: controlo negativo (C) e um resultado positivo, compatível com S. aureus (T).

 Staphylococcus aureus é coagulase-positiva – conclui-se assim a identificação, prosseguindo-se para o antibiograma.

 Staphylococcus saprophyticus é coagulase-negativa e resistente à novobiocina, cujo teste de sensibilidade permite suspeitar da presença desta espécie. Caso seja uma espécie de Staphylococcus spp. sensível à novobiocina, considera-se que se trata de um contaminante, irrelevante a nível clínico.

Caso sejam colónias catalase-negativas, sugestivas de Streptococcus spp., procede-se diretamente à identificação e antibiograma através do sistema automatizado, com as cartas

17 exceção a:

 Amostras colhidas por punção suprapúbica, em que qualquer quantidade de crescimento microbiológico que surja é de valorizar.

 Doentes em antibioterapia de início prévio à colheita da amostra podem apresentar crescimento microbiológico reduzido, mas ainda assim de valorizar clinicamente. A análise microbiológica, em conjunto com a análise bioquímica da urina e observação microscópica do sedimento urinário determinarão assim a valorização clínica do exame cultural.

Sangue

Muitas doenças infeciosas que exigem internamento hospitalar cursam com bacteriémia transitória, intermitente ou persistente, causada por agentes patogénicos da comunidade ou nosocomiais, colocando em risco o quadro clínico e prognóstico do paciente. Tratando- se de um líquido biológico fisiologicamente estéril, normalmente o isolamento de microrganismos em mais de duas amostras de hemocultura do mesmo paciente é de valorizar, desde que tenham sido colhidas em braços diferentes, ou em atos de colheitas separados.

Normalmente, é efetuada colheita de três amostras por paciente (duas em aerobiose e uma em anaerobiose) para garrafas contendo meios de enriquecimento nutricional, incubadas a 35°C em equipamento de hemocultura automatizado. Este equipamento deteta crescimento bacteriano nestas amostras, quando ocorre a produção de dióxido de carbono e, consequentemente, alteração do pH no seu interior. Se houver deteção de crescimento, a amostra é inoculada em meio sólido (Gelose Sangue ou Gelose Chocolate) e é efetuado um esfregaço para coloração de Gram, para possibilitar o respetivo isolamento, identificação e antibiograma. É de referir que algumas espécies são valorizáveis mesmo crescendo apenas numa amostra, dada a sua elevada patogenicidade – são exemplos Staphylococcus aureus, Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae, bacilos Gram-negativos, entre outras. Na presença de colónias de Staphylococcus spp.. realiza-se o teste da catalase e da coagulase: se ambos forem positivos, indiciam Staphylococcus aureus, devendo proceder- se ao antibiograma. Sendo o teste da coagulase negativo, será uma espécie de Staphylococcus coagulase-negativa. Se esta última surgir apenas numa hemocultura do mesmo paciente, trata-se de um contaminante, não sendo de valorizar. Se ocorrer crescimento em mais que uma hemocultura, procede-se à identificação e antibiograma,

18 coloração de Gram, sempre realizada nas hemoculturas com crescimento microbiológico detetado, e a identificação e antibiograma automatizados permitirão obter mais informações acerca do microrganismo em causa.

A maior parte dos isolados clinicamente relevantes revelam crescimento após um a dois dias de incubação, exceto se se tratarem de microrganismos anaeróbios ou fungos.

No documento Anemia Aplástica Adquirida (páginas 82-86)