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CAPÍTULO 1 LECIONAÇÃO

1.10 Professor a Tempo Inteiro – PTI

1.10.4 Balanço do PTI

O objetivo principal para esta semana dizia respeito à possibilidade de experienciar uma situação próxima à realidade de um horário completo de professor, o qual foi atingido com êxito.

Embora me encontrasse já numa fase avançada de estágio, foi uma semana de trabalho enriquecedora, como se poderá verificar no balanço das aulas (apêndice 24): possibilitou-me aprendizagens e experiências diferentes às vivenciadas com a minha turma.

Durante esta semana consegui atingir a maior parte dos meus objetivos específicos com sucesso.

1. Os objetivos individuais projetados para este PTI foram alcançados e com estes surgiram muitas aprendizagens, exemplificando na relação professor-aluno que difere muito de um 9º ano para um 1º ano, por exemplo, ou mesmo o caso das diferentes matérias que foram projetadas e solicitaram-me muita aprendizagem. E a geração de novos conhecimentos, contribui para a melhoria da qualidade da prática pedagógica do professor de EF e, consequentemente, do ensino oferecido pela área (Marante & Ferraz, 2006).

2. Relativamente à gestão, foi possível perceber que as rotinas nas aulas são essenciais para garantir a aprendizagem dos alunos porque aumentamos o tempo de aprendizagem, por exemplo ter um esquema de aula muito similar dentro da aula e saber utilizar/aproveitar o material e organização de uma aula anterior para a aula seguinte.

Ter uma gestão preventiva e manter o fluxo das atividades de modo a não fragmentar ou repetir muito conserva a tranquilidade e o ritmo da aula prevenindo desta forma comportamentos desviantes e contribuindo para um maior e melhor tempo disponível para a prática (Silva Claro & Filgueiras, 2009).

3. O clima foi um parâmetro de modificação de ano em ano, sendo percetível que nas aulas do 6º e 7º ano está assegurado, se calhar pelas características da maturação dos alunos, porque os alunos são muito dinâmicos e estão motivados para a aula, ao contrário do que foi verificado nas turmas de 8º e 9º ano, mais evidente no 9º ano, havendo um desinteresse acentuado pela maior parte dos alunos na aula. Mas mesmo assim, o clima, no que diz respeito à disciplina era bom.

Nas aulas de Educação Física com todos os alunos altamente motivados, torna-se de extrema importância o conhecimento do professor sobre esquemas motivacionais, não se esquecendo que determinada atividade pode ser estimulante para alguns, mas desestimulante para outros (Gouvêa, 19976 citado por Marante & Ferraz, 2006). Dessa

forma, o educador deve assumir uma posição de especialista e periodicamente rever a sua metodologia, no sentido de alcançar e readaptar as crianças “desinteressadas” e sem “vontade de aprender” (Marante & Ferraz, 2006).

4. Para a análise das aulas em concreto, especificando, ao nível da instrução, foi crucial para mim perceber que os níveis de aprendizagem que já estavam consolidados eram

diferentes. Por isso, em momento de instrução inicial e final, a adaptação do discurso à faixa etária foi essencial e isso elucidou-me para a sua importância, garantindo assim a aprendizagem de forma adequada.

Segundo Rodrigues e Ferreira (2011) as situações de aprendizagem devem ter uma lógica intrínseca, indo ao encontro dos comportamentos procurados e devendo ser adaptadas às competências que se pretende desenvolver. Devem também enquadrar-se no tema da aula, explicitando o seu objetivo, a sua organização, os conselhos/instruções a dar aos alunos, os critérios de êxito e as retificações previstas em função dos comportamentos e necessidades dos alunos.

5. O fato de manter a UD idêntica e com os grupos e tarefas bem definidas foi fundamental para o bom funcionamento da aula e para aumentar o tempo de prática dos alunos, principalmente no primeiro ciclo.

Segundo Bento (2003), o plano anual consiste principalmente nas opções que permitem adequar as atividades às aptidões dos alunos, nas condições de trabalho disponíveis, materiais e de tempo. Essas opções traduzem-se em planos de unidade didática, numa sequência lógica de trabalho, sendo que estas por sua vez, fazem parte de uma etapa como um conjunto de aulas com objetivos e estrutura organizativa idênticos.

6. Passar mais tempo em cada estação para consolidar algumas aprendizagens de cada grupo e não passar de forma tão rápida, para que o meu feedback fosse dirigido mais vezes para o mesmo conteúdo ou objetivo, garantindo maior qualidade do mesmo, uma vez que a percentagem de informação perdida depende das características do feedback, devendo este ser curto, objetivo, claro e adequados ao aluno e à situação (Quina, Carreiro da Costa & Alves Diniz, 1995). Deste modo, considerei que devo reduzir as matérias por aula ou ter grupos de alunos que não passem por algumas matérias naquela aula e passam na próxima.

Bom e Brás (2003) afirmam que a nossa área está vinculada a uma pedagogia social, pelo caráter grupal e interativo das matérias, em que a cooperação e a equipa são matriciais na organização das experiências de aprendizagem, sendo que no âmbito da pedagogia, as atividades devem funcionar como uma “lente de focagem” e como um programador de coerência programática e de cooperação entre o corpo docente (Crum, 2000).

Após a semana de PTI, destaco como aspeto francamente positivo o fato de ter havido uma grande cooperação por parte dos professores titulares, colocando nas suas unidades didáticas as matérias (ginástica de solo, voleibol e futebol) que eu tinha definido como uma prioridade para mim.

Costa, Onofre, Martins, Marques e Martins (2013) afirmam que o trabalho coletivo desenvolvido pelo GEF se assume como um fator determinante no sucesso dos alunos através do desenvolvimento profissional contextualizado.

Destaco ainda, como fenómeno pedagógico relevante para mim própria, a permuta e discussão de ideias com os professores titulares, uma vez que o compromisso colaborativo minimiza as diferenças individuais e potencia a aprendizagem dos alunos. Para uma EF de qualidade, o trabalho colegial e decisões curriculares coerentes são provavelmente os fatores mais determinantes (Marques & Costa, 2015), tendo assim ampliado o meu conhecimento em diversos anos de escolaridade e níveis de ensino e ainda um maior à vontade na organização e gestão de espaço do pavilhão com turmas numerosas.

Durante o PTI, assinalo como aspeto menos positivo o fato de não saber os nomes de todos os alunos, tendo por isso mais dificuldades em dar alguns feedbacks à distância ou em chamar à atenção de algum comportamento de desvio no decorrer da aula. Contudo, dentro deste aspeto menos positivo, adaptei-me à situação e recorri a outras estratégias vinculativas, como chamá-los pelos ténis ou cor da camisola.

Foi-me possível perceber que as rotinas são determinantes para as aprendizagens porque, o simples fato de começar a aula a horas faz com que os alunos tentem chegar antes da hora e, segundo Bratifische (2003), devemos estimular a aprendizagem nos alunos: ora, tal, sem um processo de continuidade é impossível. Posso agora confirmar na primeira pessoa que as rotinas de aula ajudam, inequivocamente, a potencializar o tempo potencial de aprendizagem.

Perante estes fatos, apercebi-me que a capacidade de adaptação dinâmica e resiliente à realidade foi uma das lições nucleares do meu estágio e da minha aprendizagem docente. Pressinto o seu maior transfer para a minha vida futura: sei agora quão essencial é conhecer a fundo as turmas, cada um e cada um em grupo. Percebo agora como isso irá sempre facilitar a capacidade de discurso adequado, a postura na aula e, até, o seu crescimento, como alunos e como pessoas.