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Barreiras arquitetônicas

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3. PROTEÇÃO CONTRA FOGO NAS CONSTRUÇÕES

2.3.5. Barreiras arquitetônicas

As barreiras arquitetônicas são formas de compartimentação do espaço que impedem que o fogo se espalhe de um compartimento para o outro. Essas barreiras são incorporadas à edificação e servem como proteção passiva contra incêndio. Além de retardar o crescimento do incêndio, seu objetivo principal é minimizar e a emissão de fumaça e permitir a saída segura dos usuários.

Quando as edificações ultrapassarem um limite de metragem ou forem geminadas, não podendo atender à distância mínima entre edificações, devem-se utilizar barreiras (como paredes corta fogo com resistência mecânica, isolamento térmico e estanqueidade). O isolamento térmico não permite a transmissão de calor; assim, a temperatura na face não exposta ao fogo não se eleva rapidamente e a estanqueidade, por sua vez, impede a passagem de chamas e gases quentes por determinado tempo requerido.

A estrutura da parede corta fogo deve ser desvinculada das demais edificações adjacentes, extrapolando os limites delas para impedir a passagem do fogo para áreas não atingidas, como é possível observar na Figura 20. Essas paredes podem ser cortinas de concreto armado ou construídas com outros materiais incombustíveis, como alvenaria ou pedra. Cada país, estado ou província tem legislações próprias para definir a exigência de resistência da parede ao fogo. A IT/ SP n°09 (2004) do Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo recomenda que a parede com função corta fogo se projete 1 m acima da cobertura, se existir aberturas no telhado, além de materiais combustíveis na cobertura.

Figura 20: Barreira de proteção contra fogo em áticos e beirais. Fonte: Instrução Técnica n°09 - Corpo de Bombeiros/ SP, 2004

A Figura 21 mostra a compartimentação interna entre as unidades germinadas por elementos resistentes ao fogo como indicado pela NBR 14432 (2000) (SEITO et al, 2008 apud NBR 14432, 2000).

A Instrução Técnica n°09/ SP (2004) recomenda que as paredes de compartimentação devem existir para áreas superiores a 5.000 m2 e resistir ao fogo por um tempo requerido de 90 minutos (parede corta fogo). Essa parede deve ser projetada para fora da edificação com um mínimo de 0,9 m ou atender a uma distância entre aberturas de, no mínimo, 2 m.

Figura 21: Detalhes construtivos da compartimentação horizontal. Fonte: Instrução Técnica n°09 - Corpo de Bombeiros/ SP, 2004

Silva; Vargas; Ono (2010) afirmam que um projeto bem elaborado “apresenta um analise voltada para os riscos de um incêndio (...) especificando-se produtos e técnicas construtivas definidos em normas pertinentes”.

A compartimentação tem por objetivo evitar a propagação do fogo para outros ambientes, andares superiores ou edifícios vizinhos. O tempo requerido de resistência ao fogo da compartimentação é determinado por norma e, em geral, associado a cinco fatores: o uso da edificação (por exemplo, residencial, comercial, hotel, cinema etc.); sua área em metros quadrados; sua localização dentro do edifício; sua altura e números de pavimentos e a carga calorífica dos componentes do ambiente.

A resistência ao fogo dos elementos da construção deve garantir sua integridade física durante o tempo necessário para fuga dos ocupantes e permitir a entrada da equipe do Corpo de Bombeiros sem que ocorra o colapso da edificação (DIAS, 2002). Em edifícios públicos e nas escadas enclausuradas para múltiplos andares, as barreiras de proteção contra o fogo têm um papel de grande relevância.

Nos projetos de multiplos andares, deve-se ter especial atenção à localização das rotas de fuga e saídas de emergência. Os elementos das paredes e entrepiso devem ter resistência ao fogo estabelecida, de acordo com a NBR 14432 (2000) e pela IT n°08/ SP (2004) do Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo, apresentada na Tabela 2 em

função do uso do projeto versus a altura do edifício. Por exemplo: para uma construção residencial com altura menor que 6 m, o tempo requerido de resistência ao fogo é de 30 minutos; para alturas entre 12 m a 23 m, o tempo requerido é de 60 minutos; para alturas entre 23 m a 30 m, o tempo requerido é 90 minutos; e, para alturas acima de 30m, o tempo exigido é 120 minutos. Asparedes que fazem parte do enclausuramento de escadas e elevadores devem ter resistência ao fogo de 120 minutos, independentemente da altura do edifício, além de ter todos os acessos protegidos por portas corta fogo. Quando existir antecâmara, a porta corta fogo pode ter resistência requerida ao fogo de 60 minutos.

Segundo Dias (2002), na compartimentação vertical interna, é de extrema importância que todas as aberturas entre pisos sejam protegidas para impedir a propagação do fogo. Esse impedimento pode ser realizado por lajes de concreto e elementos resistentes ao fogo, além de vedar shafts e dutos para impedir que as chamas ou a fumaça se espalhem. Na compartimentação vertical, o requisito é confinar o fogo no pavimento onde ele começou e não permitir que se propague para outros andares.

De acordo com Seito et al (2008),

É importante que todos os elementos, como dutos de ventilação, exaustores, tubos de ar-condicionado que ultrapassam áreas compartimentadas possuam registro corta-fogo ancorados a laje (...). Os átrios são locais de fácil escape do fogo/fumaça, então é importante que cada átrio esteja dentro de um espaço compartimentado e faça parte de apenas uma prumada. Pode-se substituir a proteção para átrios por sistemas de proteção de chuveiros automáticos, controle de fumaça, detecção de incêndios etc.

A Instrução Técnica n°09 do Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo (2004) recomenda que, em edifícios de múltiplos andares, a compartimentação em paredes externas com aberturas deve ter um perímetro de material resistente ao fogo para impedir que o incêndio se propague para os pavimentos superiores através das aberturas. A Figura 22 mostra a distância mínima entre as aberturas de 1,20 m e ou uma laje em balanço com dimensão superior a 0,90 m, construídas com material resistente ao fogo, trabalhando como barreira (IT n°09/ SP, 2004).

Figura 22: Detalhes construtivos da compartimentação vertical. Fonte: Instrução Técnica n°09 - Corpo de Bombeiros/ SP, 2004

No Brasil, as normas de proteção contra incêndios não determinam um impedimento ao uso da madeira na habitação. Em detrimento de normas específicas para o referido material, se reporta ao uso e à aprovação do Eurocode 5, Parte 1-2 (2004).

O estudo apresentado pelo grupo chileno Corporación Chilena de la Madera gerou o “Manual La Construcción de Viviendas en Madera”, que tem a intenção de promover o desenvolvimento da tecnologia da madeira, sua construção e sua viabilidade. O projeto arquitetônico da habitação deve, então, considerar os materiais resistentes à ação do fogo, que têm menor tendência a serem combustíveis ou incombustíveis e não inflamáveis e, ao mesmo tempo, não impõem um custo muito alto ao projeto de habitação em madeira (CORMA, 2005).

A proposta do Corma para compartimentação vertical consiste em um entrepiso formado de vigas principais e secundárias, sobre as quais é posta uma placa de madeira laminada e um forro de gesso, formando a compartimentação e o tempo requerido da resistência ao fogo de 30 minutos. Como apresentado na Figura 23, é formada uma barreira entre andares. O estudo do Corma pretende mostrar que a construção em madeira tem competitividade frente aos materiais convencionais.

Figura 23: Corte de casa em madeira mostrando o entrepiso. Fonte: Corma, 2005

Em casas de madeira geminadas, a compartimentação exigida para a parede divisória da edificação é de um tempo requerido de resistência ao fogo de 60 minutos. Nota-se que a parede central corta fogo se eleva além do telhado para impedir a troca de calor entre as edificações. As paredes externas também devem resistir ao fogo por um tempo mínimo de 60 minutos, de acordo com as normas do Chile (CORMA, 2005). A compartimentação horizontal impede o alastramento do fogo no sentido horizontal, limitando-o ao compartimento sem se alastrar para outras casas.

Figura 24: Paredes corta fogo e compartimentação horizontal Fonte: Corma, 2005

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