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BARRESI, 2002: 69 17 DOMINGO, 2012b: 402.

scaenae frons (Quadros 1 e 2)

16 BARRESI, 2002: 69 17 DOMINGO, 2012b: 402.

54.77 m3 = 2109 p3

2109 p3 x 1HS = 2109 HS/ 527 D

3.2.2.2. Preço do trabalho rústico (expresso em horas de trabalho por m3, na

pedreira)

O trabalho rústico consiste na atribuição da dimensão desejada ao bloco extraído da pedreira. Neste cálculo, consideramos a variável de 448 horas/m3 definida por

Pegoretti para o granito comum19.

Remates do podium:

6.85 m3 x 448 horas/ m3 = 3068.8 horas de trabalho (ht) 3068.8 ht/ 10h (jornada de trabalho/ jt) = 307 jt 307 jt x 2HS = 614 HS/ 153.5 D Colunas: 32.67 m3 x 448 h/m3 = 14636.2 ht 14636.2 ht/ 10h = 1463.6 jt 1463.6 jt x 2HS = 2927 HS/ 731.8 D Entablamento 15.25 m3 x 448 h/m3 = 6832 ht 6832 ht/ 10h = 683.2 jt 683.2 jt x 2HS = 1366 HS/ 341.6 D Total 54.77 m3 x 448 h/m3 = 24537 ht 24537 ht/ 10h = 2454 jt 2454 jt x 2HS = 4908 HS/ 1227 D 18 DOMINGO, 2012b: 402.

3.2.2.3. Preço da semi-elaboração (expressa em horas de trabalho por m2, na pedreira)

A semi-elaboração consiste numa segunda etapa do tratamento dado aos ele- mentos arquitetónicos após o desbastamento inicial, que reside na atribuição de uma forma grosseira com base na função arquitetónica desejada: base, fuste, capitel, etc.. Corresponde à superfície total trabalhada. Será calculado separadamente o trabalho realizado nas bases/ capitéis daquele dos fustes.

No caso dos fustes, a estimativa das horas de trabalho será realizada com base na fórmula [a x (2 + 0.25 x )], em que a consiste numa variável que para o caso dos gra- nitos comuns corresponde a 12, enquanto x está associado ao diâmetro do imoscapo.

Fustes do 1º andar: 12 x (2 + 0.25

0,43) = 30.97 horas/ m2

Superfície dos fustes: 2πr x altura do fuste = 2 x 3.1416 x 0.215 x 3 = 4.05 m2 Portanto 30.97 horas/m2 x 4.05m2 = 125.43 ht/ fuste

125.43 ht x 24 = 3010.32 ht = 3010.32 ht/10 h = 301.03 jt

301.03 jt x 2HS = 602.06HS/ 150.5 D

Fustes do 2º andar: 12 x (2 + 0.250,24) = 36.5 horas/ m2 Superfície dos fustes: 2 x 3.1416 x 0.12 x 2.14 = 1,61m2 Portanto 36.5 horas/m2 x 1.61m2 = 58.76 ht/ fuste 58.76 ht x 24 = 1410.24 ht

1410.24 ht/ 10 h = 141.02 jt

141.02 jt x 2HS = 282.04 HS/ 70.5 D

No que respeita às bases e capitéis, aplicamos a fórmula [a(1+ 0.25 x )] onde a variável a corresponde a 12 e x ao diâmetro do capitel/base.

Capitéis do 1º andar: 12 x ( 1 + 0.250,40)= 19.5 horas/ m2 Superfície trabalhada do capitel: 0.89 m2

Portanto 19.5 h/ m2 x 0.89 m2 = 17.36 ht/ capitel 17.36 ht x 24 = 416.64 ht

416.64 ht/ 10 h = 41.66 jt

41.66 jt x 2HS = 83.33HS/ 20.8 D

Capitéis do 2º andar: 12 x (1 + 0.250,24) = 24.5 horas/ m2 Superfície trabalhada do capitel: 0.46 m2

Portanto 24.5 h/ m2 x 0.46 m2 = 11.27 ht/ capitel 11.27 ht x 24 = 270.48 ht

270.48 ht/10 h = 27.05 jt

Superfície trabalhada da base: 0.54 m2 Portanto 20.11 h/ m2 x 0.54 = 10.86 ht/ base 10.86 h x 24 = 260.64 ht 260.64 ht /10 = 20.06 jt 20.06 jt x 2HS = 40.12 HS/ 10 D Total: 1124.4 HS/ 281.1 D

3.2.2.4. Custos com o transporte dos elementos

O custo do transporte é calculado com base em três variáveis distintas: o meio utilizado, neste caso por terra, a distância e o volume/peso do material transportado, aqui correspondendo praticamente ao volume final de cada elemento.

Tal como indicamos, a decoração da frente cénica do teatro foi realizada com quatro variantes de granito local, com algumas diferenças a nível de composição e de cor: maioritariamente leucogranitos, que associamos à «zona de Barcelos»20 e um gra-

nito de grão fino a médio com grandes megacristais de feldspato potássico, facto que confere a esse material, uma vez alisado e polido, um aspeto superficial algo marmóreo, designado como granito da Póvoa de Lanhoso, do qual faz parte a mancha de Donim. As pedreiras exploradas na Antiguidade não foram ainda identificadas, no entanto conseguimos definir as grandes manchas onde estas estariam localizadas. A observação conjunta dessas manchas e da projeção das vias que saíam da cidade, permitiu-nos a determinação de distâncias médias. Assim, as pedreiras da «zona de Barcelos» ficariam a uma distância mínima de 4.5 km (Gondizalves) e máxima de 15 km (Areais de Vilar) de Bracara Augusta, o que perfaz uma média de 9.6 km, ou seja, 6.5 milhas21. O transporte deverá ter sido efetuado por terra, usando para tal

o percurso sugerido pela Via XX e algum dos eixos secundários ou terciários que entroncaria na mesma. No que respeita às pedreiras da mancha da Póvoa de Lanhoso, como é o caso da área Donim, estas seriam acessíveis por diversos divertículos que entroncariam quer na Via XVII (Bracara – Asturica), quer na Via Bracara – Tongobriga,

20 Por zona de Barcelos, entendemos as manchas graníticas situadas à saída da cidade, na direção de Barcelos, bem

como manchas localizadas já na própria região de Barcelos.

ficando respetivamente a cerca de 16 e 13 km da cidade, ou seja, aproximadamente a 11 e 9 milhas, o que perfaz uma média de 10 milhas.

Existem dois métodos para o cálculo dos custos do transporte por via terrestre22.

O primeiro, desenvolvido por Janet DeLaine23, baseia-se na seguinte fórmula: [0.85

denários (século II) x m3 x milha]. O segundo é-nos sugerido pelo Édito de Diocle-

ciano e permite a definição da seguinte fórmula: [0.52 denários (século II) x tonelada

x milha]24. A densidade média do granito situa-se nas 2.7 gramas/ cm3, o que equivale

a 2.7 t/ m3, peso que corresponde ao máximo que um carro de bois poderia transpor-

tar por viagem. A este propósito, Pegoretti25 diz-nos que um carro de bois consegue

fazer, carregado, um máximo de 15 km por dia26, o que corresponde sensivelmente à

distância média a que se situam as pedreiras que abasteciam Bracara Augusta. Portanto, com base na primeira fórmula [0.85 denários (século II) x m3 x milha]

temos os seguintes valores:

Volume dos remates do podium: 6.85 m3

Portanto: 0.85 D x 6.85 m3 x 6.5 milhas = 37.85 D Volume das bases: 4.72 m3

Portanto: 0.85 D x 4.72m3 x 6.5 milhas = 26 D Volume dos fustes: 21.24 m3

Portanto: 0.85 D x 21.24 m3 x 10 milhas = 180.5 D Volume dos capitéis: 6.71 m3

Portanto: 0.85 D x 6.71m3 x 6.5 milhas = 37 D Volume dos elementos do entablamento: 15.25 m3 Portanto: 0.85 D x 15.25 m3 x 6.5 milhas = 84.5 D Custo total de 365.85 D

Se recorrermos à segunda fórmula [0.52 denários (século II) x tonelada x milha] obtemos os seguintes valores:

Massa dos remates do podium: 6.85m3 (18.5 t) Portanto: 0.52 x 18.5 t x 6.5 = 62.5 D

Massa das bases: 4.72 m3 (12.75 t) Portanto: 0.52 x 12.75 t x 6.5 = 43.1 D Massa dos fustes: 21.24 m3 (57.35 t) Portanto: 0.52 x 57.35 t x 10 = 298.2 D

22 DOMINGO, 2012b: 405. 23 DELAINE, 1997: 210-211.

24 GIACCHERO apud DOMINGO, 2012b: 405. 25 PEGORETTI apud DOMINGO, 2012b: 405. 26 PRISSET, 2008: 135.

custo aproximado de 485 D (604.2 + 365.85

2 ).

3.2.2.5. Acabamento dos elementos

Esta fase corresponde à última etapa do tratamento dos elementos, em alguns casos realizada já com as peças in situ.

No que concerne aos capitéis, o manual de Pegoretti fornece-nos um valor numérico para o acabamento de um exemplar coríntio em diversos materiais mas não estabelece essa variável para o caso do granito. Nesse sentido, optamos pela variável associada a uma rocha com valores bastante próximos do granito comum: o mármore negro Portoro, isto é 1296 horas para exemplares com cerca de 0.50 m de altura, como é o caso dos capitéis do primeiro andar (com 0.40 m de altura restituída), e 864 horas para exemplares com 0.33 m de altura, que corresponde sensivelmente ao caso dos capitéis do segundo andar (0.31 m de altura restituída)27. No que respeita a esta ques-

tão, Begoña Soler Huertas, no seu trabalho sobre o custo da marmorização da frente cénica do teatro de Cartagena, considera que os valores que encontramos em Pegoretti correspondem a oficinas comuns, cuja qualidade não seria de todo comparável com a mão-de-obra responsável pelo acabamento dos capitéis daquele edifício28. Nesse

sentido, esta autora duplica o valor da variável enunciada por Pegoretti. Em contra- partida, Javier Domingo, no seu estudo sobre o Capitólio de Volubilis, ornamentado com grandes capitéis coríntios lisos em calcário, reduz para ¼ a variável estabelecida por Pegoretti29. Pese embora termos recuperado apenas dois pequenos fragmentos de

capitéis30, que requerem uma análise mais aprofundada, cremos que é justo valorizar

o nível de especialização da oficina ou das oficinas que os realizaram, mantendo os valores determinados por Pegoretti, tendo em conta a dificuldade e a exigência que eram solicitadas a um lapidarius bracarense para transformar em granito um elemento pensado para o mármore ou o calcário, materiais muito mais fáceis de trabalhar.

27 PEGORETTI, 1869: 270.