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3.10 A Viabilidade dos Modelos Avaliadas por Testes

3.10.5 Base de Dados

Utilizamos a base de dados do Banco Mundial 2012 no sitio do World Development

Indicators de 2012 para levantar dados a respeito das seguintes variáveis: Spread e Investimento

Estrangeiro.

Apesar da pesquisa da Transparência Internacional abranger 186 países no período de 1993 a 2011, utilizamos o índice CPI cujas regressões foram restritas para 28 países no período de 1999 a

102 2010 produzidas pela TI, como já visto, uma organização não governamental que monitora a corrupção no mundo a fim de mensurar a percepção quanto a corrupção, aferido pelos empresários, analistas de risco, investidores e público em geral.

Pelo motivo do painel ser balanceado, devido a disponibilidade de dados econômicos para os países que compõem a amostra, o período inicial e o período final foram restringidos. Apesar dessa limitação acredita-se que a amostra seja robusta uma vez que inclui nações em diferentes estágios de desenvolvimento econômico, com características institucionais diversas: geográficas, políticas, culturais e legais. Os 28 países que compõem a amostra são: África do Sul, Azerbaijão, Bolívia, Brasil, Bulgária, Canadá, República Tcheca, Egito, Hong Kong, Hungria, Israel, Japão, Quênia, Latiria, Lituânia, Malaui, Malásia, México, Moldova, Namíbia, Nova Zelândia, Nigéria, Filipinas, Singapura, Tanzânia, Uganda, Vietnam, Zâmbia.

Considerando que entre os objetivos da pesquisa estava verificar a relação entre corrupção, spread bancário e a taxa de investimento estrangeiro; nessa perspectiva; passamos à apresentação, análise e discussão dos resultados obtidos ao longo da investigação realizada. Nosso primeiro passo foi checar a validade de nossa variável independente, o CPI, índice produzido pela TI.

Power e González (2003) lembram que percepções sobre corrupção, obviamente, não são a mesma coisa que a corrupção. Explicam que elas “[...] podem refletir impressões gerais de ineficiência ou de uma fraca sociedade civil, ou, até mesmo, de choque cultural, em vez de corrupção” (POWER e GONZÁLEZ, 2003, p.7).

Considerando que é importante enfatizar as limitações da abordagem utilizada, enquanto discutimos nossos resultados, apresentamos o referido CPI não como um indicador empírico de casos concretos de corrupção, mas como uma medida reputacional, devido à natureza do

103 fenômeno, conforme induziram Power e González (2003), uma vez que o desenvolvimento econômico pode ser considerado como o melhor índice estatístico da corrupção em nível mundial.

Lipset e Lenz (2000) oferecem uma explicação precisa do porque isso ocorre e que se coaduna aos pensamentos de Power e González (2003); primeiramente, o desenvolvimento econômico pode “[...] mudar a estrutura de incentivos dos funcionários públicos” (LIPSET e LENZ, 2000, p. 112). Em segundo lugar, observam que “[...] o custo da punição – encarceramento, ficha criminal, constrangimento, perda de empregos futuros – provavelmente aumenta com a renda” (LIPSET e LENZ, 2000, p. 118).

Em terceiro lugar, ocorre um aumento nos níveis educativos em consequência do aumento da riqueza nacional e, Lipset e Lenz (2000) explicam que ao instigar maiores níveis de instrução, aumentam-se a possibilidade de identificar e punir a corrupção.

Finalmente, os Autores sugerem que “[...] o desenvolvimento econômico também pode reduzir a corrupção por meio de seu impacto importante e positivo na democracia, o que, as evidências sugerem, reduz a corrupção” (LIPSET e LENZ, 2000, p. 121).

Power e González (2003), explicam que após uma pesquisa realizada em 186 países, a TI constatou recentemente que, em termos globais, 56% dos entrevistados acham que a corrupção aumentou, inclusive para os brasileiros.

No Brasil, Romano (2009) comenta que numa amostra de mil pessoas consultadas em diferentes cidades do país 54% dos brasileiros acreditavam que “[...] as ações do governo contra a corrupção são ineficientes” (ROMANO, 2009, p. 30) causa por ele atribuída à centralização excessiva no nível federal, um fator explicado como a capacidade de provocar a prática da

104 corrupção no país por Power e González (2003), uma distribuição e tentativas de controle entre os três poderes do Estado.

Os dados da amostra relacionam 28 países incluindo tanto nações desenvolvidas como países em desenvolvimento. Foram utilizadas as edições de 1999 até 2010 CPI, produzido pela TI, como já visto, uma organização não governamental que monitora a corrupção no mundo a fim de mensurar a percepção quanto a corrupção, aferido pelos empresários, analistas de risco, investidores e público em geral.

A escala utilizada pela TI para a publicação do CPI varia entre 10 (altamente livre de corrupção) a 0 (altamente corrupto), conforme Tabela 1 a seguir.

Um perigo adicional segundo Power e González (2003), é

que as percepções sobre corrupção podem levar a problema de ‘câmara de eco’, em que empresários, analistas de risco e investidores repetem o que ouvem uns dos outros, de modo que impressões superficiais, anedotas e boatos adquirem falsa autoridade por meio da repetição. Há um problema potencial de exogeneidade na medida de corrupção da TI.

(POWER e GONZÁLEZ, 2003, p. 57).

Sendo assim, os Autores ainda perguntam se

será que as percepções dos avaliadores na ‘pesquisa das pesquisas’ da TI refletem com precisão o nível de corrupção de sociedades inteiras? Será que os investidores deixam de ver casos de corrupção ou, alternativamente, será que os empresários são menos honestos devido ao possível envolvimento de suas próprias empresas na prática de corrupção? No final das contas, até que ponto pode confiar na honestidade dos relatos de visitantes? Para enfrentar essas questões, examinamos a relação entre o índice da Transparência Internacional e as respostas à seguinte questão do World Values Survey de 1995-1997. (POWER e GONZÁLEZ, 2003, p. 58).

Encerrando suas questões, Power e González (2003), questionaram ainda com uma pergunta do WVS, feita em 36 países, cobertos pela base de dados da TI: “[...] Até que ponto

105 você acha que é comum, em seu país, a prática do suborno e a corrupção?” (POWER e GONZÁLEZ, 2003, p.58) a entrevistados que receberam uma escala de 1 a 4, em que o valor:

 1 indicava o envolvimento de quase nenhuma autoridade;  2 significava que ‘algumas poucas’ autoridades se envolviam;

 3 ‘a maior parte’ dos membros do governo estavam envolvidos em corrupção; e;  4 significava que ‘quase todos’ estavam envolvidos.

Tabela 1: Relação do Grau de Percepção acerca da Corrupção em 28 Países

Essa pergunta do WVS destacada por Power e González (2003) foi feita em 36 países também cobertos pela base de dados da TI. A correlação entre as percepções geradas pelo WVS, as percepções locais de corrupção e o Índice de Percepções sobre Corrupção (compilado de modo

C o u n try/ T e rri to ry G ru p o d e R e n d a co m b a se n a d e fi n içã o d o Ba n co Mu n d ia l 2 0 1 0 C PI Sco re 2 0 0 9 C PI Sco re 2 0 0 8 C PI Sco re 2 0 0 7 C PI Sco re 2 0 0 6 C PI Sco re 2 0 0 5 C PI Sco re 2 0 0 4 C PI Sco re 2 0 0 3 C PI Sco re 2 0 0 2 C PI Sco re 2 0 0 1 C PI Sco re 2 0 0 0 C PI Sco re 1 9 9 9 C PI Sco re

country inc cpi10 cpi09 cpi08 cpi07 cpi06 cpi05 cpi04 cpi03 cpi02 cpi01 cpi00 cpi99

Azerbaijan Renda Média 2,4 2,3 1,9 2,1 2,4 2,2 1,9 1,8 2,0 2,0 1,5 1,7

Bolivia Renda Baixa 2,8 2,7 3,0 2,9 2,7 2,5 2,2 2,3 2,2 2,0 2,7 2,5

Brazil Renda Média 3,7 3,7 3,5 3,5 3,3 3,7 3,9 3,9 4,0 4,0 3,9 4,1

Bulgaria Renda Média 3,6 3,8 3,6 4,1 4,0 4,0 4,1 3,9 4,0 3,9 3,5 3,3

Canada Renda Alta 8,9 8,7 8,7 8,7 8,5 8,4 8,5 8,7 9,0 8,9 9,2 9,2

Czech Republic Renda Alta 4,6 4,9 5,2 5,2 4,8 4,3 4,2 3,9 3,7 3,9 4,3 4,6

Egypt Renda Baixa 3,1 2,8 2,8 2,9 3,3 3,4 3,2 3,3 3,4 3,6 3,1 3,3

Hong Kong Renda Alta 8,4 8,2 8,1 8,3 8,3 8,3 8,0 8,0 8,2 7,9 7,7 7,7

Hungary Renda Alta 4,7 5,1 5,1 5,3 5,2 5,0 4,8 4,8 4,9 5,3 5,2 5,2

Israel Renda Alta 6,1 6,1 6,0 6,1 5,9 6,3 6,4 7,0 7,3 7,6 6,6 6,8

Japan Renda Alta 7,8 7,7 7,3 7,5 7,6 7,3 6,9 7,0 7,1 7,1 6,4 6,0

Kenya Renda Baixa 2,1 2,2 2,1 2,1 2,2 2,1 2,1 1,9 1,9 2,0 2,1 2,0

Latvia Renda Alta 4,3 4,5 5,0 4,8 4,7 4,2 4,0 3,8 3,7 3,4 3,4 3,4

Lithuania Renda Média 5,0 4,9 4,6 4,8 4,8 4,8 4,6 4,7 4,8 4,8 4,1 3,8

Malawi Renda Baixa 3,4 3,3 2,8 2,7 2,7 2,8 2,8 2,8 2,9 3,2 4,1 4,1

Malaysia Renda Média 4,4 4,5 5,1 5,1 5,0 5,1 5,0 5,2 4,9 5,0 4,8 5,1

Mexico Renda Média 3,1 3,3 3,6 3,5 3,3 3,5 3,6 3,6 3,6 3,7 3,3 3,4

Moldova Renda Baixa 2,9 3,3 2,9 2,8 3,2 2,9 2,3 2,4 2,1 3,1 2,6 2,6

Namibia Renda Média 4,4 4,5 4,5 4,5 4,1 4,3 4,1 4,7 5,7 5,4 5,4 5,3

New Zealand Renda Alta 9,3 9,4 9,3 9,4 9,6 9,6 9,6 9,5 9,5 9,4 9,4 9,4

Nigeria Renda Baixa 2,4 2,5 2,7 2,2 2,2 1,9 1,6 1,4 1,6 1,0 1,2 1,6

Philippines Renda Baixa 2,4 2,4 2,3 2,5 2,5 2,5 2,6 2,5 2,6 2,9 2,8 3,6

Singapore Renda Alta 9,3 9,2 9,2 9,3 9,4 9,4 9,3 9,4 9,3 9,2 9,1 9,1

South Africa Renda Média 4,5 4,7 4,9 5,1 4,6 4,5 4,6 4,4 4,8 4,8 5,0 5,0

Tanzania Renda Baixa 2,7 2,6 3,0 3,2 2,9 2,9 2,8 2,5 2,7 2,2 2,5 1,9

Uganda Renda Baixa 2,5 2,5 2,6 2,8 2,7 2,5 2,6 2,2 2,1 1,9 2,3 2,2

Vietnam Renda Baixa 2,7 2,7 2,7 2,6 2,6 2,6 2,6 2,4 2,4 2,6 2,5 2,6

Zambia Renda Baixa 3,0 3,0 2,8 2,6 2,6 2,6 2,6 2,5 2,6 2,6 3,4 3,5

Fonte: Transparency International 2012 - Tabela elaborada pelo Autor

Pontuação: país ou território CPI indica o grau de corrupção no setor público como percebido por pessoas de negócios e analistas do país, e varia entre 10 (muito limpo) e 0 (altamente corrupto)

106 independente pela TI) atingiu um grau significativo (r = 0,87; p < 0,001; N = 36). E esses resultados estimularam a confiança na medida CPI

em nível mundial. Há um grau extraordinário de convergência nas percepções internas e externas de corrupção política. Dessa forma, ao ancorar o índice da TI em dados válidos, confiáveis e amplamente comparáveis do WVS, podemos confiar que o CPI não apresenta as excentricidades ou vieses de uma determinada organização de pesquisa, nem tampouco as especulações levianas dos assinantes da The Economist, mas sim que corresponde em alto grau à opinião do público nos países envolvidos. (POWER e GONZÁLEZ, 2003, p. 58).

Um perigo adicional é a questão da ‘câmara de eco’ em que empresários, analistas de risco e investidores repetem o que ouvem uns dos outros, conforme alertam Power e González (2003), ao ponto em que impressões superficiais, anedotas e boatos adquirem falsa autoridade por meio da repetição.

Há um problema potencial de exogeneidade na medida de corrupção da TI, que Power e González (2003), em outras palavras, explicam como as percepções dos avaliadores na ‘pesquisa das pesquisas’ da TI, refletem com precisão o nível de corrupção de sociedades inteiras.

Os Autores questionam também se os investidores deixariam de ver os casos de corrupção ou, se os empresários seriam menos honestos devido ao possível envolvimento de suas próprias empresas na prática de corrupção, e, até que ponto poderia confiar na honestidade dos relatos de visitantes.

Para confrontar essas questões, examinamos a relação entre o índice da TI e as possíveis respostas do WVS de 1995-1997, relacionadas por Power e González (2003) encontrando que:

 Nos mesmos 36 países, uma vez realizada a pergunta do WVS e cobertos pela base de dados da TI tiveram as mesmas percepções a respeito da corrupção;

107  O Índice de Percepções sobre Corrupção (compilado de maneira independente pela TI) atingiu um grau impressionante de correlação (r = 0,87; p < 0,001; N = 36), tendo como resultado uma altíssima correlação.

108

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS