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O impacto da corrupção sobre o spread bancário e os investimentos estrangeiros : evidências empíricas para 28 países

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Doutorado em Economia de Empresas

O Impacto da Corrupção sobre o Spread Bancário e os

Investimentos Estrangeiros: Evidências

Empíricas para 28 Países.

Brasília - DF

2013

(2)

DÉCIO BOTTECHIA JÚNIOR

O Impacto da Corrupção sobre o

Spread

Bancário e os Investimentos

Estrangeiros: Evidências Empíricas para 28 Países.

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

Strictu Sensu” em Economia de Empresas da

Universidade Católica de Brasília, como requisito para a obtenção do Grau de Doutor em Economia de Empresas.

Orientador: Prof. Dr. Tito Belchior Silva Moreira

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B751i Bottechia Júnior, Décio.

O impacto da corrupção sobre o spread bancário e os investimentos

estrangeiros: evidências empíricas para 28 países. / Décio Bottechia Júnior

– 2013.

121f; il.: 30 cm

Tese (doutorado) – Universidade Católica de Brasília, 2013. Orientação: Prof. Dr. Tito Belchior Silva Moreira.

1. Corrupção administrativa. 2. Investimentos estrangeiros. 3. Economia. I. Moreira, Tito Belchior Silva, orient. II. Título.

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A corrupção é uma praga insidiosa com um enorme potencial de causar efeitos corrosivos na sociedade. Um fenômeno presente em todos os países pequenos e grandes, ricos e pobres, mas que no mundo em desenvolvimento produz efeitos destrutivos. Kofi Annan (enquanto Secretário

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AGRADECIMENTOS

Ao Banco do Brasil que me incentivou por meio do auxílio do Programa de Bolsa de Estudo, sem o qual - com certeza - não teria condições de realizar essa empreitada tão difícil e dispendiosa.

À minha querida esposa Juliana Bottechia, que durante todos esses anos casados soube me apoiar e tem proporcionado tão somente alegrias e ensinamentos com seu jeito especial de ser, além de não ter poupado esforços para o término desta empreitada.

Aos meus filhos maravilhosos e queridos, Netto e Marina, que contribuíram muito - juntamente com a avó Marina - incentivando-me a jamais desistir de um sonho.

A querida e amada Mama Anna pelo entusiasmo em viver e lutar em prol de um ideal, me ensinando a cada dia a realizar meu sonho.

In Memorian ao meu Papa Décio Bottechia e a minha querida Avó Alice Freitas, que

apesar de estarem no Oriente Eterno com certeza estão felizes pela nossa conquista.

Ao Professor Orientador Tito Belchior Silva Moreira, pela dedicação, apoio, empenho, disposição e principalmente pelo carinho no processo de orientação.

Aos Professores que participaram da banca de qualificação, Jaime Orrillo e Rogério Boueri Miranda por ofereceram valiosos subsídios para o aprimoramento desta Tese.

A Todos os Professores do Doutorado da Universidade Católica de Brasília, em especial ao Adolfo Sachsida, Benjamim Tabak, Carlos Gutierrez Carrasco, Osvaldo Candido da Silva Filho, Paulo Loureiro, Ricardo Araujo e a muitos outros que não pouparam esforços para o aprendizado nestes cinco anos de Doutorado.

Ao meu querido e amado amigo Pedro Paulo Carbone, pelo apoio até os últimos momentos no meu projeto acadêmico.

Aos meus colegas de Doutorado, em especial ao Eduardo, à Érica, ao Vinícius e ao Abraão, pela convivência fraternal e pelo apoio em todos os momentos alegres e difíceis que o curso proporcionou durante todos estes anos.

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RESUMO

REFERÊNCIA, BOTTECHIA JR, Décio. O Impacto da Corrupção sobre o Spread Bancário e os Investimentos Estrangeiros: Evidências Empíricas para 28 Países. 2013. 120f. Tese de Doutorado em Economia de Empresas. Orientador: Prof. Dr. Tito Belchior Silva Moreira. Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013.

Esta tese investiga se a corrupção está associada com Spread Bancário e Investimentos

Estrangeiros. Neste contexto, esta pesquisa tem sua contribuição para a literatura porque ela mostra evidências empíricas de que maiores níveis de percepção de corrupção apresentam uma relação diretamente proporcional com o Spread Bancário e inversamente proporcional com o

Investimento Estrangeiro, considerando-se estimativas de dados de painel para 28 países de 1999 até 2010.

(8)

ABSTRACT

This thesis investigates if the corruption is associated with Bank Spread and foreign investment. In this context, this work has a contribution for the literature because it shows empirical evidences that higher levels of perceived corruption have a direct relationship with the Bank Spread and a inverse association with foreign investment, considering estimates of panel data for 28 countries, from 1999 to 2010.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AMARRIBO Associação dos Amigos de Ribeirão Bonito BPG Breusch-Pagan-Godfrey

CDB Certificado de Depósito Bancário CIA Agência Central de Inteligência CNJ Conselho Nacional de Justiça CGU Controladoria Geral da União CPI Corruption Perceptions Index

DRCI Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional do Ministério da Justiça

DUP Directly-unproductive profit-seeking activities ou unproductive profit seeking

activities

FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais FIU Unidade de Inteligência Financeira

FGV Fundação Getúlio Vargas FIV Fator de Inflação da Variância FMI Fundo Monetário Internacional

GAFI Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro GLS Mínimos Quadrados Generalizados

GMM Método dos Momentos Generalizados GPML Global Plan Against Money Laundering

IC Índice Condicional

LSDV Least Square Dummy Variable

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OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ODCCP Office for Drug Control and Crime Prevention

ONG Organização Não Governamental ONU Organização das Nações Unidas PIB Produto Interno Bruto

PNB Produto Nacional Bruto SRF Secretaria da Receita Federal SQexp Soma dos Quadrados Explicada

SUR Seemingly Uncorelated Regression

System-GMM Método dos Momentos Generalizado-Sistema TCE Tribunal de Contas do Estado

TCM Tribunal de Contas do Município TCU Tribunal de Contas da União TSCS Time Series Cross Section

TI Transparência Internacional

USAID United States Agency for International Development

UNDCP United Nations International Drug Control Programme

WDI World Development International

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação do Grau de Percepção acerca da Corrupção em 28 Países... p. 105 Tabela 2: Estimativas das Regressões (Painel Estático) - Variável dependente:

Spread - MQO, Painel com Efeitos Fixos e Painel com Efeitos Aleatórios... p. 109

Tabela 3: Estimativas das Regressões (Painel Dinâmico) - Variável

dependente: Spread... p. 109

Tabela 4: Teste Arellano-Bond para auto-correlação - Variável dependente:

Spread... p. 110

Tabela 5: Estimativas das Regressões (Painel Estático) - Variável dependente: Investimento Estrangeiro - MQO, Painel com Efeitos Fixos e Painel com

Efeitos Aleatórios... p. 111 Tabela 6: Estimativas das Regressões (Painel Dinâmico) - Variável

dependente: Investimento Estrangeiro... p. 112 Tabela 7: Teste Arellano-Bond para auto-correlação - Variável dependente:

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 13

1 PERCEPÇÕES ACERCA DA CORRUPÇÃO EM NÍVEL MUNDIAL ... 15

1.1 Percepções acerca da Corrupção ... 15

1.2 Corrupção: Definições ... 21

1.2.1 Corrupção: por Douglas North ... 27

1.2.2 Corrupção: Determinantes ... 29

1.2.3 Corrupção: Práticas no Contexto Econômico Brasileiro ... 33

1.2.4 Corrupção: Mecanismos de Prevenção ... 34

1.2.5 Corrupção: Mecanismos de Regulação ... 37

2 ALGUNS IMPACTOS DA CORRUPÇÃO ... 41

2.1 Spread Bancário ... 45

2.2 Investimento Estrangeiro ... 51

2.3 Sonegação de Impostos ... 53

2.4 A Economia Política da Corrupção ... 55

2.5 Economia Política da Propina ... 57

2.6 Economia do Crime ... 60

2.7 Dificuldades em Mensurar a Corrupção ... 68

2.8 Índices de Percepção da Corrupção ... 72

3 METODOLOGIA ... 76

3.1Modelo de Regressão Simples ... 80

3.2Modelo de Regressão Individual ... 80

3.3Modelo Seemingly Uncorelated Regression ... 80

(13)

3.5Modelo de Efeitos Aleatórios ... 84

3.6Modelo de Coeficientes Aleatórios ... 88

3.7Modelo de Time Series Cross Section ... 88

3.8Modelos de Efeitos Fixos X de Efeitos Aleatórios... 88

3.9Modelo Dinâmico ... 92

3.10A Viabilidade dos Modelos Avaliadas por Testes ... 93

3.10.1Teste de Hausman ... 93

3.10.2Teste de Sargan ... 96

3.10.3Multicolinearidade ... 97

3.10.4Heteroscedasticidade ... 99

3.10.5 Base de Dados ... 101

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 108

4.1 Resultados e Análise da Variável Dependente Spread ... 108

4.2 Resultados e Análise da Variável Dependente Investimento Estrangeiro. ... 110

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 115

(14)

13

INTRODUÇÃO

A literatura sobre economia do crime tem uma vertente que estuda a relação entre corrupção e algumas variáveis macroeconômicas relevantes. Al-Marhubi (2002) mostra que maiores níveis de corrupção contribuem para maiores taxas de inflação. Gokcekus e Kno¨Rich (2006) mostram que maior grau de abertura econômica contribui para redução da corrupção. Esta pesquisa apresenta contribuição a esta literatura ao mostrar que existe uma associação positiva entre corrupção e spread bancário e uma relação negativa entre corrupção e investimentos

estrangeiros.

Paralelo ao interesse de investigar os impactos macroeconômicos surgiu também a possibilidade de averiguar a percepção da corrupção como objeto de estudo na iniciativa privada e na esfera pública, em geral, apesar de que os informes na mídia e nas pesquisas sobre o tema centram-se na manifestação do fenômeno na esfera pública, sendo mais escassos os fenômenos em empresas privadas como estuda Beraba (2004).

(15)

14

Por outro lado, a corrupção, dependendo da legislação interna dos países, pode ser considerada como crime e, portanto, têm sido estudadas como componentes da economia do crime por Viapiana (2006).

Para este trabalho além de buscar um escrutínio acerca do tema, procurou-se realizar uma avaliação com base em dados de painel para 28 países no período de 1999 a 2010 a fim de levantar o impacto da corrupção no spread bancário e nos investimentos estrangeiros; sendo

assim; estruturou-se a tese da seguinte forma: O primeiro capítulo apresenta as percepções acerca da corrupção em nível mundial, levantamento das definições, modo de ocorrência e possibilidades de profilaxia acerca do conceito da corrupção.

No segundo capítulo, relata-se o estado da arte tendo como fundo de cena o impacto da corrupção na economia no bojo das variáveis de spread bancário e de investimentos estrangeiros,

explorando ainda diversos impactos na economia, utilizando a teoria do crime.

No terceiro capítulo, abordaremos a metodologia por meio de alguns modelos de regressão utilizando dados em painel data e seus testes, em especial os modelos de Efeitos Fixos, Efeitos Aleatórios, bem como a relação entre eles e o Teste de Hausman.

Como nosso objetivo é verificar qual a relação entre corrupção, spread bancário e a taxa

de investimento estrangeiro; no quarto capítulo; analisamos os resultados obtidos com discussão a respeito dos mesmos nessa perspectiva.

Por último, o capítulo cinco traz considerações finais e mostra a contribuição desta pesquisa para a literatura pertinente uma vez que não existem testes empíricos que relacionem o impacto da corrupção em relação ao spread bancário e nem em relação aos investimentos

(16)

15

1 PERCEPÇÕES ACERCA DA CORRUPÇÃO EM NÍVEL MUNDIAL

O presente capítulo reúne estudos que além de apresentar uma atualização dos índices internacionais e de possíveis classificações para a corrupção, trazem inovações na área como a crescente disponibilidade de indicadores culturais sofisticados, gerados por pesquisas internacionais e de opinião pública como da Transparência Internacional (TI), a fim de comprovar a relação entre a corrupção e o ‘turvamento’ da economia por crimes financeiros; ironicamente; no sentido contrário à ideia de limpeza que as expressões ‘lavagem’ ou

‘branqueamento’ pudessem causar.

1.1 Percepções acerca da Corrupção

Ao longo do trabalho, percebeu-se que desde 1987, é possível pesquisar em uma revista dedicada ao tema, a Corruption and Reform, e que, a partir dos anos 90 foi possível encontrar

mais referências acerca da temática, em diversas revistas internacionais. Portanto, a literatura acerca da economia da corrupção conta hoje com diversificados textos e demais contribuições acadêmicas para iniciar o conhecimento de problemas no sistema econômico a partir da corrupção.

(17)

16

Society, Quartely Journal of Economics, The Review of Economic Studies, Western Economic Journal, entre outros.

Percebe-se que o tema corrupção tem atraído atenção tanto de editores de periódicos quanto de pesquisadores do âmbito teórico da ciência econômica, nas últimas décadas, em crescente e especial demonstração de preocupação com situações que envolvem a estrutura das organizações, sua eficiência e problemas para as Agências; em grande parte, impulsionados pelo precursor trabalho de Rose-Ackerman (1978). A Autora trata a corrupção na forma de organização do mercado burocrático e como resultado dos incentivos recebidos pelos burocratas.

Sendo uma ilicitude a corrupção é naturalmente tratada como uma extensão do modelo de economia do crime originalmente desenvolvido por Becker (1968) pelas primeiras análises econômicas.

A escolha em participar ou não de corrupção considera a mensuração de benefícios e custos esperados (tal qual o criminoso de Becker). Com base neste modelo, surge o modelo de corrupção de Susan Rose-Ackerman (1978) e procura explicar a decisão do burocrata por envolver-se em corrupção que passa, necessariamente, pela existência de um provável benefício líquido positivo.

(18)

17

publicizados1 abalaram governos na Alemanha, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Itália e Japão.

Claramente, como apontado por este autor “[...] há evidências de que algumas formas de

comportamento corrupto estão crescendo atualmente nas nações mais ‘avançadas’ política e economicamente” (KLITGAARD, 1988, p. 10).

Porém, o autor afirma também que alguns países em desenvolvimento tem menor incidência com corrupção do que algumas nações desenvolvidas. Tal incidência de corrupção varia entre as sociedades, de rara até sistemática. Por outro lado, a pesquisa comparada de Klitgaard (1988) sugere que as práticas corruptas estão mais difundidas e mais sistematicamente enraizadas em várias partes do mundo em desenvolvimento do que no industrializado.

Neste sentido, Treisman (1999) então relacionou a corrupção com variáveis tais como:  Desenvolvimento econômico,

 Distribuição de renda,  Estrutura governamental,  Qualidade institucional,

 Dentre outras variáveis econômicas e políticas.

Porém, Jackman e Montinola (2002) verificaram que a corrupção declina com o aumento do desenvolvimento econômico. Esses autores bem como Husted (1999), atribuem essa desaceleração do comportamento corrupto a salários mais altos no setor público, pois na sua percepção, isto criaria menos estímulos para o envolvimento em práticas corruptas.

1 Por exemplo, os homens mais ricos do mundo somavam até 2008, 11,5 trilhões de dólares nos 70 paraísos fiscais

(19)

18

No entanto, em contraponto a essa percepção em relação ao setor público, no Brasil corre a Ação Penal nº 470 do Supremo Tribunal Federal – STF conhecida popularmente como

‘mensalão’, onde a corrupção, lavagem de dinheiro e crime contra a sociedade foram ardilosamente orquestrados pelos envolvidos com o objetivo de enriquecimento ilícito.

A almejada desaceleração do comportamento corrupto parece não se verificar, pois mesmo com altos salários, este e outros casos de corrupção envolvendo servidores públicos e políticos ocorreram, talvez, devido à sensação de impunidade acarretada pela tão falada lentidão do Judiciário.

Tanto que segundo Acemoglu e Verdier (2000) esse é o principal resultado obtido com a modelagem do equilíbrio geral2; a possibilidade de elevados salários para funcionários públicos teriam como resultado apenas uma maior quantidade do número de pessoas dispostas a trabalhar para o governo (e em condição de controle difícil), sem efeito corelacionado com o nível de corrupção.

Entretanto, Treisman (2000) pondera ainda que a coletividade aumentaria as chances da corrupção governamental ser identificada, enfrentada e punida então, pode-se dizer que o desenvolvimento econômico também pode fomentar a educação, desde a alfabetização e que o coletivo de pessoas melhor educadas pode contribuir com o combate à corrupção.

Como vimos, a citada TI é uma organização não governamental que monitora a corrupção no mundo por meio de um índice, o Corruption Perceptions Index (CPI) que considera tanto as

nações industrializadas avançadas como países menos desenvolvidos, para medir a percepção quanto à corrupção. Um índice aferido por empresários, analistas de risco e o público em geral e,

2 Para maiores detalhes acerca do resultado obtido com a modelagem do equilíbrio geral, ver Acemoglu e Verdier

(20)

19

pode-se dizer, segundo o idealizador do índice da TI, Lambsdorff (2000), que o CPI é uma

‘pesquisa das pesquisas’.

Como qualquer medida de ciência social, o indicador CPI tem pontos fortes e fracos, cujo tema induz a nova pesquisa e o debate público é indiscutível. Ocorre que o público em geral não tem o conhecimento métrico do indicador e utiliza os dados indevidamente, portanto a Transparência Internacional teve o cuidado de enfatizar as limitações do indicador criado.

Então, este indicador da percepção de corrupção da TI tem ‘pontos fortes’ que segundo

Lambsdorff (2001) são perceptíveis porque “[...] a TI afirma que desde que a maioria dos países

pesquisados tenha taxas semelhantes em termos de corrupção, as avaliações serão similares”

(LAMBSDORFF, 2001, p. 2-3). Porém, Johnston (2000) apesar de considerar uma confiabilidade no CPI, relaciona como ‘pontos fracos’ - ou limitações - da TI e do seu indicador a precisão e validade dos dados.

A questão para Johnston (2000) passa a ser o senso comum onde uma tendência passa a igualar corrupção com suborno e concentra-se mais sobre corrupção de alto nível do que os chamados ‘pequenos delitos’. Porém, para M. Silva (2009), é um ponto fraco do relatório sua

‘concepção de corrupção’, uma vez que considera “[...] apenas o lado da oferta, desconsiderando a procura, portanto absolvendo demagogicamente os corruptores” (M. SILVA, 2009, p. 150). Ele esclarece que a maioria dos paraísos fiscais é em pequenas ilhas, mas que na grande maioria, estão ligados política e economicamente aos países da OCDE e, por exemplo,

grande parte das operações offshore é controlada pela City Londrina, portanto o Reino

(21)

20

Johnston (2000) explica ainda que devido a dificuldades encontradas os dados podem ser duvidosos, porém deve-se encarar como desafios a identificação das melhorias a serem realizadas. Quanto a validade ou credibilidade da TI, pode-se afirmar que é bastante considerável, conforme Power e González (2003) usam o World Values Surveys (WVS) para relacionar

variáveis que dizem respeito a:

 Confiança interpessoal,

 Percepções acerca da corrupção,  Tolerância a subornos, e

 Valores que facilitam um comportamento socialmente cooperativo ou ‘cívico’. Outras variáveis independentes incluem medidas de riqueza nacional, distribuição de renda, participação feminina no governo, religião, liberdade de imprensa, extensão dos direitos políticos e das liberdades civis.

O impacto cultural das diferenças de gênero foi medido utilizando os dados da ONU acerca da participação das mulheres em todos os níveis de governo. A distribuição das filiações religiosas foi estimada com base nos dados publicados pela Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA. A riqueza nacional foi medida utilizando dados da ONU sobre o Produto Interno Bruto (PIB) per capita real.

Dados do World Development International - WDI, conhecido comumente por Banco

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21

1.2 Corrupção: Definições

Pode-se explicar corrupção etimologicamente, conforme Martins (2008) que explica se tratar de palavra derivada do latim corruptionis, resultado da conjugação de dois termos cum e rumpo (do verbo romper), significa romper totalmente, quebrar o todo, quebrar completamente.

Expressa o rompimento ou o desvio em relação a um código de conduta moral ou social. Epistemologicamente, a palavra também carrega forte valor negativo, pois, mais do que constituir um substantivo, a corrupção qualifica ações associados à degeneração, ao desprezível, à perversão e ao suborno.

Há também a definição, segundo a qual, epistemologicamente, corrupção viria do latim

corruptus que significaria ‘quebrado em pedaços’ e assim, seu significado seria algo como ‘o ato

ou efeito de corromper, decomposição, putrefação, devassidão depravação, perversão, suborno, peita’ termos ligados a algo e a consequências negativas.

De modo geral pode-se explicar corrupção como a interação entre duas pessoas (ou mais), ou ainda, grupos de indivíduos, por meio de transferências de renda fora das ‘regras do jogo’ da sociedade, ou de investimentos realocados, enriquecimento próprio ou de empresas dispostas a burlar as leis, utilizando de meios ilícitos como subornos, extorsões e fraudes para cometer crimes.

Coutrim et al. (2005) contextualizam a corrupção como ato súbito ou gradativo avesso às

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22

geral, contemplam vantagens materiais, em especial as financeiras, e benefícios outros como a promoção a um status de poder, prestígio e posicionamento funcional.

Klitggard (1988) analisa a ação corrupta centrada em três pressupostos, nas seguintes perspectivas:

 Primeiro, reconhecer a corrupção como um fenômeno multidimensional, que pode se manifestar em organizações de qualquer natureza, seja no contexto externo ou interno;

 Segundo, a corrupção é ação de um grupo de pessoas de padrão ético que não se ajusta ao instituído pela sociedade; e

 Terceiro, as pessoas têm opção de escolhas e agem de acordo com suas próprias convicções e valores apesar da norma legal posta.

Gokcekus e Kno¨Rich (2006) os autores propõem a construção de um índice de qualidade de abertura, a fim de demonstrar o seu impacto sobre a corrupção. Os resultados indicam que a qualidade, bem como o nível de abertura, pode ter um impacto significativo sobre a corrupção, que segundo eles pode ser definida como o “[...] uso do cargo público para benefício privado,

compromete o desenvolvimento econômico e causa danos sociais à estabilidade” (GOKCEKUS e

KNO¨RICH, 2006, p. 190).

No trabalho procuram analisar a corrupção no bojo de uma simples pergunta: Por que os países têm diferentes graus de corrupção? A resposta a esta pergunta pode contribuir muito com a formulação de políticas para reduzir a corrupção.

Em uma das respostas possíveis, os autores afirmam que “[...] os países que estão mais

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23

podem ter níveis mais baixos de corrupção” (GOKCEKUS e KNO¨RICH, 2006, p. 191). Em

essência esta resposta incide sobre a quantidade de comércio, tanto quanto sobre o nível de abertura.

Levantam ainda a hipótese de que a qualidade de abertura, bem como um nível de matérias abertas, isto é, apesar do aumento no nível de abertura reduzir a corrupção, a corrupção é ainda mais reduzida quando a mesma quantidade de comércio é realizada com um parceiro comercial menos corrupto.

Os Autores afirmam que os resultados sugerem que tanto a qualidade como o no nível de abertura podem ter impactos negativos significativos sobre a corrupção. Estes resultados são robustos. Os resultados obtidos não dependem da escolha da forma funcional, do índice de corrupção, ou da adição de um número de outras variáveis relevantes e a “[...] interação com os

parceiros comerciais menos corruptos leva a níveis mais baixos de corrupção” (GOKCEKUS e

KNO¨RICH, 2006, p. 194).

No nível político, pode-se dizer que, desde que a maior parte do comércio mundial é instigada por empresas de países desenvolvidos, é importante que elas exerçam suas atividades com responsabilidade corporativa, tanto nas fronteiras nacionais dos países desenvolvidos como nos mercados mundiais.

Tavares (2003) estima o impacto da ajuda estrangeira em relação a corrupção, conforme resultados robustos que podem contribuir para diminuir a corrupção. Conforme o Autor, uma característica persistente da economia mundial é a grande diferença de renda per capita entre

países.

(25)

24

impressionante. A renda anual de um cidadão do Luxemburgo é sessenta e uma (61) vezes maior que a de um cidadão da Etiópia (TAVARES, 2003, p. 99)

Esta diferença de renda absoluta vai provavelmente continuar a motivar os cidadãos de países ricos a oferecer ajuda aos países mais pobres. No entanto, muitos observadores criticam os efeitos perversos da ajuda internacional, pois, pode fomentar um mau governo e desacelerar o crescimento. Um elevado número de críticas associam auxílios estrangeiros com a corrupção.

Se a ajuda externa corrompe, a questão da ajuda internacional é substancialmente enfraquecida, pois, como demonstra Tavares (2003), os níveis mais elevados de corrupção estão associados com baixo crescimento econômico.

A partir de suas bases, o Autor examina “[...] se governos menos corruptos são

recompensados com aumentos de ajuda bilateral” (TAVARES, 2003, p. 100), no entanto,

corroboram serem os países mais corruptos que recebem mais ajuda e ainda vão dar uma olhada no sentido inverso da causalidade a fim de encontrar evidência, mesmo que fraca se a ajuda faz com que a corrupção aumente.

Em sua investigação, Tavares (2003) indaga se a ajuda internacional corrompe, utilizando dados em uma seção transversal de países desenvolvidos e instrumentação para os fluxos de ajuda total. Neste trabalho, consideramos que o auxílio externo diminui a corrupção. Nossos resultados são estatisticamente significativos e economicamente robustos para a utilização de controles diferentes.

(26)

25

 Primeiro - O auxílio estrangeiro pode ser associado às regras e condições que limitam o poder discricionário dos funcionários do país destinatário, um efeito condicionante para diminuir a corrupção (TAVARES, 2003, p. 104); e;

 Segundo - Se a ajuda internacional alivia a escassez de receita pública e facilita aumento dos salários dos funcionários públicos, pode diminuir a oferta de corrupção de agentes públicos - um efeito na liquidez (TAVARES, 2003, p. 104). Segundo o Autor, deve-se interpretar os resultados como impacto potencialmente benéfico de fluxos de ajuda sobre a corrupção, a fim de eliminar preconceitos correntes na atribuição da ajuda.

Al-Marhubi (2000) analisa a relação entre corrupção e inflação utilizando indicadores alternativos de corrupção, na busca de encontrar uma associação positiva significativa entre a corrupção e a inflação. Nesse sentido, o Autor enumera uma série de razões pelas quais a inflação e a corrupção podem ser vinculadas:

Em primeiro lugar, de acordo com a teoria de tributação ótima, os governos podem ter um motivo para a criação de inflação. A evasão fiscal e os custos de cobrança de impostos pode fazer com que seja ideal para o governo confiar que na taxa de inflação como fonte de receita do governo. Claramente, a evasão fiscal e os custos de cobrança de impostos são provavelmente maiores em países que são mais corruptos.

Em segundo lugar, as empresas estão propensas a responder se com o aumento da corrupção, impacta na confiança, aumentando assim a taxa de inflação.

Em terceiro a corrupção pode levar à fuga de capitais, que encolhe bens tributáveis e rendimentos capazes de atender necessidades de receita do governo.

Finalmente, reduz as receitas e aumenta os gastos públicos, a corrupção também pode contribuir para maiores déficits fiscais, o que pode ter consequências inflacionárias para países com menor desenvolvimento dos mercados financeiros. (AL-MARHUBI, 2000, p. 199).

(27)

26

de consequências negativas da corrupção e argumentou que ela também é parcialmente responsável pela alta inflação.

Sua evidência empírica sugere que uma maior corrupção está associada ao aumento da

inflação, com uma relação para a inclusão de outros determinantes da inflação, “[...] incluindo o

grau de independência do Banco Central, a instabilidade política e outras características

estruturais” (AL-MARHUBI, 2000, p. 201).

A partir de uma perspectiva política, a principal implicação das pesquisas desse Autor é

que a reforma das instituições econômicas e políticas deve “[...] fortalecer o Estado de direito e

reduzir a corrupção” (AL-MARHUBI, 2000, p. 201) e fazer parte da agenda de qualquer reforma

política significativa.

Medeiros, Moreira e Loureiro (2012) analisaram o impacto da corrupção em relação às taxas de juros e, nesse contexto, mostraram

com base num estudo de painel para 75 países no período de 2000 a 2008 que existem evidências empíricas de que há um efeito direto do índice de percepção de corrupção sobre as taxas de juros reais e nominais. Dessa forma, maiores níveis de corrupção implicam em maiores taxas de juros (MEDEIROS, MOREIRA e LOUREIRO, 2012, p.67).

No Brasil, a figura do corrupto possui natureza contraditória que segundo Lustosa (2008) é retratada inclusive por cartunistas que o descrevem no imaginário nacional com características como, por exemplo

(28)

27

estratégias de sobrevivência em um mundo onde há poucas chances para os mais pobres (LUSTOSA, 2008, p. 274-275).

La Porta et al. (1997) defendem que quando os cidadãos não confiam no Estado para

resolver disputas com justiça e eficiência, acabam por buscar alternativas como o pagamento de subornos e outros comportamentos corruptos tanto como corruptores quanto como passíveis de corrupção, isto é, são corruptíveis.

Nesse sentido, uma sociedade em que seja comum a corrupção apresenta determinadas características, entre as quais Diamond (1999) explica que

a confiança é baixa e as expectativas dos cidadãos uns para com os outros são sistematicamente céticas, as instituições passam a ser meras formalidades, desprovidas de respeito e eficácia, uma vez que as pessoas abandonam a obediência na expectativa de que os demais farão o mesmo (DIAMOND, 1999, p. 298).

Dessa forma, La Porta et al. (1997) concluem como a confiabilidade é significativa no

combate a corrupção, uma vez que ela auxilia na cooperação de uns com os outros e de todos os cidadãos individualmente. Também de acordo com Putnam (1993; 2000) e Seligson (2002), os

autores concluem que “[...] a confiança promove a cooperação, especialmente no [...]

desempenho governamental” (La Porta et al., 1997, p. 337).

1.2.1 Corrupção: por Douglas North

(29)

28

respeitado entre os economistas, quanto suas teses. Por exemplo, considera como custo um ‘gasto de relacionamento’ com o mercado (NORTH, 1996).

Explica ainda que por ser a sociedade formada de instituições, haverá regras compostas por leis ou valores morais da sociedade, ‘as regras do jogo’. Para que existam, são criados incentivos para os relacionamentos ou trocas humanas, políticas, sociais ou econômicas que se constituem de transações em diversas esferas, frente a um respectivo custo. Por exemplo, numa democracia, o que está sendo trocado entre os eleitores e os legisladores são as promessas de votos.

Tais custos exprimem o tempo necessário na transação, o risco assumido, o dinheiro investido ou a quantidade de trabalho realizado. Quanto mais elevados esses custos, mais comprometida fica a qualidade das transações (NORTH, 1996).

Em sua visão, mercados eficientes podem ser criados no mundo real por meio de transações gratuitas. No entanto, alerta que também pode prevalecer uma prática de desvio dos recursos públicos e assim, as transações praticadas nessa sociedade terão um custo maior e seu objetivo não será atingindo. Assim, defende o desenvolvimento de normas de comportamento que apoiem e legitimem as regras criadas pelo poder público e seus agentes econômicos a fim de evitar instabilidades.

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Portanto, para ele, a política está íntima e diretamente relacionada com o desenvolvimento econômico que criam e fazem cumprir, eficientemente, os direitos de propriedade e as organizações que são os principais agentes de uma sociedade e que podem incentivar a sociedade a atingir um melhor desempenho econômico, por meio de investimentos em tecnologia de produção, formação de monopólios ou mesmo mudanças das ‘regras do jogo’.

Para o North (1996), o desenvolvimento econômico da população é prejudicado pela corrupção, portanto, numa matriz institucional instala as ‘regras do jogo’ o que diz respeito aos agentes internos e externos da economia. Fica claro na teoria de North que "[...] uma herança cultural comum proporciona um meio de reduzir as diferenças nos modelos mentais que as pessoas têm em uma sociedade" (NORTH, 1996, p. 348) e que um povo sem estudos contribui para as instituições fragilizadas e para o pouco desenvolvimento de uma economia.

Por exemplo, o Brasil, rico em recursos naturais, precisa de leis e instituições que sustentem as transações realizadas caso contrário, não há possibilidade de haver desenvolvimento econômico real e em longo prazo. Portanto, deve-se aproximar de um tipo ‘ideal’ de gestão do Estado não apenas porque as pessoas mudam, mas principalmente porque as regras que emergiram criaram um sistema de incentivos específico (muitas vezes nem buscam uma ‘fatia’

maior do mercado, mas sim, riqueza e poder) e, dentre estas regras é preciso que exista um sistema punitivo e legal.

1.2.2 Corrupção: Determinantes

Em um ambiente corrupto, em que os acordos não são cumpridos e a Lei não faz valer os

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concessões e de outros benefícios em troca de uma fatia desses benefícios” (ROSE -ACKERMAN, 1999, p. 98); não há confiança. Segundo Rose-Ackerman (1999) quanto maior o nível de confiança interpessoal em sociedade, maior o compromisso com o Estado de Direito e menores expectativas em relação as taxas de corrupção política, pois existem normas universais.

Além da confiança defendida por Rose-Ackerman (1999), outra dimensão importante diz respeito ao efeito de tradições religiosas (religião católica, ortodoxa oriental e protestantismo), segundo La Porta et al. (1997), pois tais convicções regem o comportamento humano e suas

atitudes. Na lógica desses autores, onde dominam religiões mais hierarquizadas, o questionamento das autoridades tende a ser menos frequente do que nas culturas caracterizadas por religiões mais igualitárias.

Porém, Treisman (2000) considera uma segunda razão para explicar a relação entre a

religiosidade e o nível de corrupção, pois, “[...] instituições como a Igreja podem ter um papel de

fiscalizar e denunciar funcionários públicos. Em outras tradições, como no Islã, onde as

hierarquias da Igreja e do Estado estão intimamente interligadas, esse papel pode ficar ausente”

(TREISMAN, 2000, p. 403), uma vez que nas tradições religiosas apoiadas pelo Estado surgiram versões alternativas (seitas dissidentes).

Huntington (1984) oferece análise similar, pois considera que as sociedades que são de natureza consummatory (fundamentalistas), nas quais os objetivos finais estão intimamente

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Por outro lado, Huntington (1984) explica que quando se observa uma distinção entre os objetivos finais e os fins intermediários, há uma característica marcante da tolerância pela diversidade e o conflito entre os membros integrantes da sociedade. Ele considera essas sociedades como ‘instrumentais’, ao contrário das fundamentalistas e, portanto, mais propícias à democracia e à transparência, devido às bases religiosas não se associarem a organizações políticas ou hierárquicas.

Outro componente do corruptor ou corruptível a ter o impacto avaliado é o gênero sexual. A questão da diferença de gênero em relação a corrupção tem sido investigada sob diferentes ângulos, inclusive em relação a importância dada ao conceito de ‘sucesso material’ pelos diferentes gêneros sexuais, segundo Husted (1999).

Em seu trabalho, Husted (1999) pondera que embora seja consenso os prejuízos advindos da corrupção para ambos, em países com instituições políticas dominadas por homens, e portanto, mais tradicionais, não ocorre o fenômeno de ênfase da ética, talvez porque os homens são “[...]

normalmente motivados pelo desejo de acúmulo pessoal de riquezas” (idem, p. 344); no entanto;

em países onde as mulheres são comparativamente mais poderosas, os dirigentes políticos enfatizam as questões éticas nas práticas de negócios.

As práticas corruptas geram perdas e impactam nos resultados, sendo assim, se constituem como ameaça à gestão de riscos das organizações. Por isso, o papel central de exercer o controle utilizando ferramentas destinadas a monitorar o comportamento corrupto e assim otimizar processos de decisão estratégicas por meio de suprir os gestores com informações, em geral ficam a cargo da controladoria.

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mercado de grandes corporações, como por exemplo a Enron, a Worldcom, a Parmalat, a Lehman Brothers e, no Brasil, o Banco Panamericano cuja fragilidade da controladoria e da

auditoria interna foi comprovada pelo desfalque em 2011.

Mesmo que seja difícil estabelecer uma justificativa para o desenvolvimento institucional, inclusive econômico, alguns países tendem então a controlar, limitar relações estabelecidas no patrimonialismo. Nesse caso, a monetização e o desenvolvimento do capitalismo comercial são normalmente considerados como fatores importantes.

Segundo Silva (1995) estes fatores estão ligados a necessidades de:  Ter governos eficientes;

 Ascensão do capitalismo e do liberalismo;

 Fortalecimento de uma racionalidade da eficiência;  Uma ética do trabalho; e

 Desenvolvimento da democracia.

Portanto, segundo esse Autor, a emergência do capitalismo está associada (no ocidente) a uma ética do trabalho que condena o ‘ganho fácil’ e a obtenção de renda fora das regras do jogo social. Assim, a corrupção, dentro deste ponto de vista, é uma forma de se obter renda fora da lei, portanto, não é uma prática correta.

Pode-se então precisar que uma sociedade é desenvolvida institucionalmente quando possui regras formais (leis) e informais (normas, códigos éticos) que delimitem:

 O que é público e o que é privado;

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 A liberdade de ação dos agentes públicos;

 E que coíbam as transferências de renda devido ao uso ilegal e ilegítimo do aparato estatal.

Em outras palavras, com relação ao contrário dessa definição, pode-se dizer que será causa do subdesenvolvimento institucional, isto é, caso ocorra o fenômeno da corrupção pode haver impacto negativo no desenvolvimento institucional.

1.2.3 Corrupção: Práticas no Contexto Econômico Brasileiro

Com objetivo de coibir o fenômeno de algumas multinacionais subornarem agentes públicos de países em desenvolvimento, na intenção de influenciar decisões de negócios ou a fim de desembaraçar questões burocráticas, em 1997, em Paris, foi concluída a Convenção da OCDE acerca do Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais. Essa Convenção foi internalizada no Brasil por meio do Decreto Nº. 3.678/2000.

Em 2008, a relevância da temática da corrupção no contexto econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) foi pesquisada por Ballouk Filho e Kuntz (2008) que estimaram o custo da corrupção no país em R$ 10 bilhões anuais (ou US$ 4,6 bilhões) naquele ano. No mundo a movimentação de valores advinda de ações corruptas, de acordo com a TI daquele ano (2008), atinge o valor total de US$ 1 trilhão por ano.

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(FGV) por apontar a diminuição da corrupção no Brasil em 10%, em 2008 e por afirmar que isso ajudaria a viabilizar um aumento de R$ 50 bilhões no PIB nos próximos 10 anos, ou seja, até 2018.

1.2.4 Corrupção: Mecanismos de Prevenção

Até aqui, pode-se inferir que os principais danos causados pela corrupção são indiretos, ou seja, aqueles que impactam na imagem da instituição financeira, inclusive no mercado. Os prejuízos financeiros diretos são passíveis de diminuição por meio de ações efetivas de combate às práticas de corrupção. Então, percebe-se a importância dos investimentos em estratégias de prevenção como as que priorizam aspectos como a educação corporativa, que propague os valores éticos da organização e da sociedade em que está inserida. Pode-se dizer que a redução da corrupção passa pelo desenvolvimento do indivíduo.

Há um número significativo de autores que pesquisou o tema pelos mais diversos motivos, por exemplo, na França onde a corrupção estendeu suas raízes amplamente, chegou a ser instituído primeiramente o Tribunal de Contas. No Brasil, um dos pioneiros no assunto é Leite (1987) e entre os mais modernos, Romano (2009) destaca a cidadania e a ética, que sobressaem para ele como estratégias significativas, uma vez que a corrupção começou a alarmar o mundo. Comenta ainda que medidas de combate foram tomadas, em especial nos Estados Unidos, onde surgiu a lavagem de dinheiro.

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últimos dez anos, o Brasil não melhorou significativamente seu desempenho no combate à corrupção.

Como indicador do WDI a TI, com dados coletados em mais de 180 países, indica que o nível de combate à corrupção no Brasil manteve-se praticamente estável de 1998 até os dias de hoje e, deve-se destacar, que os indicadores têm um papel fundamental para ajudar a balizar os esforços de cada país.

Esses esforços que levam ao rápido desenvolvimento econômico de um país podem ser muito bons, porém Stuart (2009) afirma que podem trazer contradições uma vez que as instituições fiscalizadoras não acompanham o ritmo de crescimento do país e isso cria novas oportunidades para a prática de inúmeras fraudes.

O Autor afirma que há poucos crimes com tanto impacto, sobre tantas pessoas, como a corrupção e, por isso, em qualquer lugar do mundo deveria ser tratada como um dos piores crimes, pois segundo Stuart (2009) ela representa uma violência não só contra as instituições,

mas contra as pessoas e explica em sua entrevista à BBC que afinal de contas “[...] o dinheiro da

corrupção vem, por exemplo, de construções mal feitas, de livros didáticos que desapareceram

das escolas e de remédios que não foram distribuídos” (STUART, 2009) e, sendo assim, não é

um crime sem vítimas, na verdade, as vítimas podem ser contadas aos milhões.

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comparativa a 20 países desenvolvidos e em desenvolvimento na América e Europa (CROWE HORWATH RCS, 2010).

Afirmam que o ônus da prova seja pela demora na apuração (ou no julgamento); seja pela impunidade dos corruptos, a imunidade parlamentar, o foro privilegiado entre outros, constituem-se como ‘ato de solidariedade à corrupção’, pois, enquanto o Tribunal de Contas descobre as irregularidades, formaliza e instrui o processo, até sua ida para julgamento, o fruto do crime já sofreu desvio, ‘o réu até já morreu’.

Percebe-se assim, que o tempo dos trâmites torna-se inimigo da Lei e do bem comum, os danos são incalculáveis e o Estado mesmo que gaste com a manutenção do preso na cadeia, terá dificuldade em aplicar a ‘justa pena’, além de não conseguir reaver os recursos desviados. Neste sentido, Souza (2010) embasado em estudo da FGV mostra que o Brasil perde 5% do PIB a cada ano por causa da corrupção pública (o equivalente a R$ 130 bilhões) e assim, deixa de crescer cerca de 2% ao ano.

Essa proporção é corroborada pelo escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (UNODC) que patrocina campanhas anuais de combate à corrupção e registra que a soma paga em subornos em todo o mundo num montante astronômico, que colabora para a pobreza global, atrapalhando o desenvolvimento e afugentando investimentos.

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No Brasil, começam a surgir instituições que se ocupam da erradicação da corrupção com a criação de órgãos de controle como o caso da ONG Associação dos Amigos de Ribeirão Bonito

(AMARRIBO), dirigida por Verillo que revela “[...] É tão fácil, tão comum culturalmente a

corrupção que quase todos os prefeitos fazem algo errado. É a institucionalização da corrupção”

(VERILLO, 2009), além de órgãos do próprio Estado como a Controladoria Geral da União (CGU), Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e os Tribunais de Contas da União (TCU), Estados (TCE) e Município (TCM).

A abordagem desses fatos deve chamar a atenção do cidadão e das instituições quanto à necessidade de se investir nos institutos de controle. Uma das medidas urgentes é dinamizar a atuação do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional do Ministério da Justiça) aparelhando-o para dar mais celeridade aos acordos de repatriamento dos ativos.

1.2.5 Corrupção: Mecanismos de Regulação

A sociedade é a maior prejudicada com as ações dolosas promovidas pelos agentes corruptores segundo Johnston (2000), pois, empresas de todos os tipos podem sofrer prejuízos

enormes derivados da corrupção, pois “[...] a propagação de atos corruptos, afeta negativamente

os resultados financeiros e corrobora para deteriorar a imagem corporativa” (JOHNSTON, 2000, p.22).

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38

benefícios como rendimentos financeiros e favores políticos (ZURBRIGGEN, 2008). Embora a busca por valores não seja a única causa da corrupção, assim como os empresários não sejam exclusivamente, os corruptos do mundo empresarial, o fenômeno é recorrente, inclusive na interação com o setor público.

Neste caso, duas outras práticas corruptas citadas anteriormente ganham destaque: a fraude e a lavagem de dinheiro. As fraudes se traduzem em instrumentos de corrupção para angariar benefícios individuais ou coletivos por meio de esquemas ilícitos (SÁ e HOOG, 2008, 2005). O mecanismo utiliza de documentos adulterados, informações prestadas por pessoas não autorizadas e apresentação de demonstrações financeiras fraudulentas que um ou mais indivíduos da administração realizam com objetivo de causar prejuízos financeiros e gerar danos morais à imagem de pessoas e organizações idôneas, se caracterizando como dispositivos dolosos, segundo pesquisadores como Martin (2002) e Soares (2005).

Martin (2002) afirma que a fraude será no futuro um problema da maior relevância e de detecção cada vez mais difícil, devido à sofisticação dos meios computacionais. Defende que com a ampliação do crime virtual, à medida que aumentam os riscos de ataques aos ativos organizacionais, exigem-se a contratação recursos humanos cada vez mais qualificados e destinados a prevenir e combater ações ilícitas diversas.

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se mobilizar, criando agências governamentais responsáveis pelo combate à lavagem de dinheiro. Segundo a literatura pesquisada em Martin (2002), Klinke (2004) e Soares (2005), além da lavagem de dinheiro, são consideradas práticas de corrupção:

 Caixa 2 – usar ou acumular recursos financeiros não contabilizados;

 Corrupção ativa – oferecer, a um indivíduo, vantagem indevida em troca de benefícios não legais;

 Corrupção passiva – solicitar ou receber, para si ou para outrem, uma vantagem indevida.

 Tráfico de influência – solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato predicado.

 Formação de quadrilha – associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, com objetivo criminoso.

 Gestão temerária – gerir recursos de terceiros de modo arriscado.

 Advocacia administrativa – patrocinar o servidor público de forma direta ou indireta.

 Concussão – exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida.

O combate à corrupção passa primeiramente pelo seu desvelamento, por sua descoberta. Filgueiras (2008) coloca nesses termos, porque considera a corrupção como um tipo de ‘força oculta’ por representar um fenômeno apoiado em segredos e estratagemas que vão além das fronteiras morais. Pinto et al. (2008) explicam que se trata de algo subliminar que funciona como

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O fato dos atos corruptos serem ocultos impacta na definição dos meios de prevenção e combate a serem utilizados. Spinelli (2008) ensina que devem envolver mecanismos distintos para prever, antecipar, desvendar, remediar, acompanhar e controlar o uso de práticas corruptas.

O combate à corrupção requer estratégias eficazes desde a prevenção até os meios de controle e para levar a cabo com êxito a administração não deve omitir investimentos na capacitação pessoal e no instrumental (inclusive hardwares e softwares) destinado a diminuir

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2 ALGUNS IMPACTOS DA CORRUPÇÃO

As definições de corrupção vistas no Capítulo 1 supõem implicitamente transferências de renda dentro da sociedade, sendo que - por exemplo - ocorrem devido ao uso ilícito da máquina governamental (nesse caso, tanto inclui o político que recebe suborno de um grupo para aprovar um determinado projeto, como no caso do policial que se apropria de uma renda, retirada do Estado, quando não aplica uma multa em troca de uma propina).

De qualquer forma, seja qualquer das várias definições possíveis do fenômeno em questão, a corrupção envolve tanto a noção de legalidade como de ilegalidade. Os valores de uma sociedade definem o que é legal ou ilegal, condicionada por sua própria história e cultura, embora este ponto de vista possa ser considerado ‘ocidental’.

Determinadas sociedades criaram um conjunto de regras, procedimentos e normas que buscam disciplinar a gestão da coisa pública e evoluíram um processo institucional, moral e ético. Silva (1995) afirma que “[...] este processo coincide com a emergência das democracias ocidentais, com a minimização das relações pessoais (clintelísticas e patrimonialistas) e com o

controle sobre o comportamento dos agentes públicos” (SILVA, 1995, p. 13).

Essa visão ‘legalista’ é significativa, pois, a separação legal do bom uso e do mau uso da coisa pública e a organização da moderna democracia, produzem uma noção de eficiência e justiça econômicas. Portanto, apesar de ações ou ‘auto-interessadas’ ou ‘caçadoras-de-renda’ de agentes públicos, suas ações devem estar delimitadas por marco institucional, inicialmente, definido normativamente:

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 O mau uso da coisa pública.

Estas práticas podem ocorrer devido aos interesses privados dos próprios agentes públicos, mas com um sistema legal instituído, pode-se minimizar a possibilidade de apropriação dos recursos públicos. Numa democracia, a princípio, há regras que além de delimitar o poder dos agentes públicos, procuram aproximar o resultado de suas ações do ‘bem público’.

Se houver eficiência dessas regras, não há possibilidade de muitos desvios e se do ponto de vista da justiça econômica, se obtém a distribuição de recursos públicos por critérios normativos, considerados legais.

A corrupção pública é uma relação social (de caráter pessoal, extra-mercado e ilegal) que se estabelece entre dois agentes ou dois grupos de agentes (corruptos e corruptores), cujo objetivo é a transferência renda dentro da sociedade ou do fundo público, para a realização de fins estritamente privados. Tal relação envolve a troca de favores entre os grupos de agentes e geralmente a remuneração dos corruptos com o uso da propina e de qualquer tipo de pay-off (SILVA, 1995, p. 14).

O Autor parte do princípio que a corrupção seja um ato ilegal, criminoso e ilegítimo e ainda, procurando um lado positivo, assume que a corrupção é uma atividade caçadora-de-renda que gera ineficiência.

Penrose (2006) defende como necessário saber se uma equipe administrativa se dedicada para manter o caráter de entidade organizada e honesta da empresa. Segundo a Autora "[...] muito da experiência de um homem está com frequência tão aproximadamente associada a um conjunto de circunstâncias externas a ele que uma boa parte de seus mais valiosos serviços só pode ser adquirida dentro dessas circunstâncias" (PENROSE, 2006, p.101).

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contrapartida, podem ocorrer de mesmo as pessoas menos sujeitas a serem desonestas, verem na corrupção uma forma de ganhar mais se a empresa tiver um crescimento interno lento com pouco reconhecimento pessoal.

Quando agentes econômicos têm como motivação básica a maximização do seu bem-estar econômico, e essa maximização ocorre dentro de um conjunto determinado de regras, conforme as preferências individuais, restritas a uma renda. Com essa análise, pode-se considerar a Teoria do Caçador-de-Renda (JAGANNATAHAN, 1987).

Porém, mesmo que alguns agentes consigam seus objetivos os resultados podem gerar perdas econômicas, devido a transferência de recursos de talentos em atividades produtivas que estão alocadas em atividades improdutivas.

Embasada na teoria do caçador-de-renda, Penrose (2006, p. 277) “[...] que os empresários de firmas bem-sucedidas são arrojados, ambiciosos e empreendedores, a procura de lucros quanto

parecer possível”, independente de fatores ambientais que muitas vezes determinam o que seria

adequado no meio em que atuam.

Portanto, embora haja empresários que assumam um valor menor no aumento da renda pessoal e afirmem que está no negócio por prazer, influência ou prestígio, o lucro sempre será importante como um meio de sobrevivência, teste social e econômico.

Penrose (2006) destaca outro comportamento anormalmente expansivo no crescimento de empresas, o ‘construtor de impérios’ e, para ela, há dois tipos de atividades de construção de impérios:

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 Criação de uma grande e poderosa firma, cujo êxito é o resultado dos lucros de sua atuação.

Seja rápido ou lento desse crescimento dependerá o papel das transações (aquisições, fusões) e da natureza da organização empresarial. Tais diferenças entre a velocidade de crescimento interno e externo apontam algumas dificuldades que podem impactar essa dinâmica, tais como:

 Custos das barreiras à entrada;  Vantagens dos concorrentes;  Aptidão financeira;

 Habilidade em barganhar;  Iniciativas agressivas; e  Um senso estratégico.

Penrose (2006, p. 320) "[...] aquilo que o empresário percebe em seu contexto e a capacidade de tirar vantagem do que ele vê são condicionados pelos tipos e montantes de serviços produtivos existentes na firma e com os quais ele está habituado a agir". Se consideradas possibilidades de crescimento pode-se perceber que o cenário é comum à prática da corrupção, e, nesse caso, o crescimento ocorrerá por meios de outros comportamentos.

A partir da teoria de rent-seeking (caçar-renda) a economia política moderna pode

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de regulamentação criam campo fértil para o aparecimento da corrupção, da propina” (SILVA, 1995, p. 7).

Segundo esse Autor, a variação de informações, custos elevados, ineficiência institucional, são ‘espaços’ favoráveis para a corrupção e propina. Assim, o estudo da corrupção é significativo em especial quando assume um caráter estrutural, pois pode ser prejudicial ao desenvolvimento, produzindo injustiças e transferências de renda ilícitas em sociedade. Essa perspectiva negativa da corrupção tem mostrado impacto relativo ao subdesenvolvimento em trabalhos como o de Jagannathan (1987) e do WDI (2009), além suscitar instabilidade nas instituições.

Por exemplo, o Brasil - recentemente - teve escândalos publicizados que podem ter colocado em dúvida instituições básicas, como a segurança, a saúde, a educação, o Congresso e até a Presidência. Na Índia, segundo os noticiários, a democracia tem sofrido impacto da corrupção política, aparentemente, devido a ligação de alguns representantes da elite com o crime. Governos na Itália, Espanha, Grã-Bretanha e até no Vaticano enfrentam atualmente acusações de corrupção, tanto que no caso da Itália, foi desfeito um gabinete recém-eleito devido a resultado de investigações e pressão pública.

Esses exemplos de instabilidade política podem promover incertezas que não incentivam o investimento, muito pelo contrário, pois em geral, se considera democracia e estabilidade institucional como fatores importantes na explicação do crescimento econômico.

2.1 Spread Bancário

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de aplicação nas operações de empréstimo e a taxa de captação de recursos realizada por instituições financeiras, segundo o Banco Central

[...] o spread bancário é definido como sendo a diferença entre a taxa de empréstimo e a

taxa de captação de CDB [certificado de depósito bancário]. A taxa média de CDB para o conjunto das instituições financeiras foi calculada a partir de uma média das taxas individuais ponderada pela captação líquida de cada instituição. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2002, p. 50).

Nos casos em que ocorre corrupção, está embutido uma parcela do capital como propina, e, esse custo da corrupção terá impacto no spread bancário. Ao lembrar o ocorrido na América

Latina, onde uma herança marcante como o patrimonialismo, favorece a existência de burocracia, que sobrevivem em meio ao clientelismo, Silva (1995) explica que em relação a diversos países em desenvolvimento, onde

a hipertrofia do Estado é verificável (assim como as patologias e disfunções que lhe são inerentes). Da mesma forma, é comum burocratas - principalmente de níveis intermediários e inferiores - receberem salários baixos, o que incentiva a aceitação de propinas. As propinas geralmente estão associadas à agilização de procedimentos protocolares que, por excesso de centralização, regulação e ineficiência administrativa, não funcionam. O burocrata passa a ser uma espécie de ‘despachante’, remunerado indiretamente por agentes que possuem disposição para pagar a propina. Neste nível de corrupção, o clientelismo e as relações tradicionais não são as formas determinantes para a existência da mesma, porém não se descartam as relações corporativas que geralmente aparecem dentro das estruturas burocráticas e que legitimam a obtenção de rendas via propina, que é informalmente discriminada e encarada como legítima. Em países extremamente pobres, esta relação de dependência da população com relação ao Estado abre espaço para a proliferação de caçadores-de-renda (geralmente políticos e burocratas) que utilizam o poder de comandar verbas para desviar recursos financeiros e para a compra e venda de votos em troca de promessas de campanha ou simplesmente, de bens básicos à sobrevivência de pessoas carentes. (SILVA, 1995, p. 19)

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argumentaria que a ilegalidade da distribuição e alocação de recursos públicos ocorre a fim de construir a base de poder das elites dominantes no Brasil.

No entanto, há países em que por não haver diferenças entre o público e o privado, comportamento inerente ao patrimonialismo, a corrupção ostenta alguma legitimidade, se encontra institucionalizada, como o México e a Indonésia, sendo que Theobald (1990) comenta que pode parecer

natural e justa a privatização do Estado. Como também os diversos grupos clientelísticos são competitivos, é irracional a não-apropriação da máquina pública, principalmente no caso dos grupos econômicos e políticos de patrões e clientes.

As diferenças básicas entre os países desenvolvidos institucionalmente e os subdesenvolvidos [em desenvolvimento], do ponto de vista da corrupção, podem ser estabelecidas com maior precisão agora.

Primeiramente, nos países desenvolvidos institucionalmente, a corrupção é um fenômeno marginal, dado que o patrimonialismo também é marginal e não há excesso de regulação do mercado. A corrupção em países subdesenvolvidos [em desenvolvimento] institucionalmente é estrutural e invade praticamente todos os espaços da vida pública e privada.

Em segundo lugar, a corrupção tende a ser institucionalizada em sociedades subdesenvolvidas[em desenvolvimento] institucionalmente. Passa a ser normal o pagamento de propinas e a distribuição de cargos e recursos públicos. Isto ocorre porque todos os grupos organizados da sociedade se estruturam dentro do clientelismo para garantir a sobrevivência econômica e política de seus membros.

Em terceiro lugar, nos países subdesenvolvidos [em desenvolvimento] institucionalmente, ao contrário dos desenvolvidos, os mecanismos de controle e punição são menos eficazes.

Em quarto lugar, a corrupção tende a ser moralmente aceitável em países subdesenvolvidos [em desenvolvimento] institucionalmente. Ela constitui uma forma de ascensão social que incentiva o comportamento free rider, não havendo em geral motivo

racional para que os agentes cooperem e passem a agir dentro de regras diferentes. Sua legitimação valorativa talvez seja uma causa da persistência da corrupção em algumas sociedades. (THEOBALD, 1990, p. 103).

Esse debate suscita de estudos de caso de racionalidade e comportamento social a fim de se constituir em um ponto interessante de pesquisa social.

No que se refere à corrupção, spread bancário e investimentos estrangeiros no Brasil,

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características entre os diversos países e suas sociedades, é possível o estudo numa perspectiva geral por meio de proposições analíticas e empíricas, sem distinções.

Assim, a Economia tem caminhado em campos comumente relacionados a outras ciências como política, história, antropologia, sociologia, entre outras para oferecer uma melhor compreensão dos temas e de seus custos.

Medeiros, Moreira e Loureiro (2012, p.66) destacam que segundo

o Banco Mundial, a corrupção provoca um prejuízo de US$ 20 bilhões a US$ 40 bilhões, o equivalente em real a algo entre R$37 e R$68 bilhões, aos países em desenvolvimento todos os anos. O Banco Mundial deseja que os governos atuem mais fortemente no sentido de recuperar o dinheiro roubado por meio de corrupção. A corrupção é, também, um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento socioeconômico dos países, para isso é preciso reforçar a aplicação das leis anticorrupção e o julgamento de casos de propinas e apropriação indevida de fundos.

Desta forma, procurou-se adotar como base um indicador criado para mensurar a corrupção em diversos países e que se tornou o Índice de maior referência em relação ao nível de corrupção, com a publicação de um relatório anual dos países do mundo e seus índices de corrupção: o da Transparência Internacional (como visto, criado em 1993, em Berlim).

A partir dessas pesquisas, percebe-se a ligação entre corrupção, crimes e normas existentes nos ambientes econômicos e político que regulamentam o mercado, por acreditar na questão comportamental como fator influenciador dos agentes econômicos.

Pindyck e Rubinfeld (1994) explicam que ao estudar um mercado, deve-se identificar o preço e a quantidade em situação de equilíbrio, pois, em um “[...] mercado de concorrência pura encontra-se o preço de equilíbrio, quando as quantidades ofertadas e demandadas são iguais. No mercado oligopolista a empresa determina preço e volume com base na expectativa de

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Tanto Varian (2006) quanto Pindyck e Rubinfeld (2002) ao descrever modelos estruturais de mercado em oligopólio, partem da premissa de que mesmo que haja distintas empresas competindo entre si, cada uma, pode ter poder de monopólio se detiver controle sobre o preço, seja cobrando um valor superior ao custo marginal, seja em relação à quantidade da produção. Isso porque a estrutura de mercado de oligopólio corresponde a

[...] um mercado no qual apenas algumas empresas competem entre si e a entrada de novas é impedida. A mercadoria que produzem pode ser diferenciada, como é o caso dos automóveis, ou não, como é o caso do aço, sendo a lucratividade e o poder de mercado determinados pelo grau de interação das firmas e pela altura das barreiras à entrada e, além disto, as empresas existentes no setor podem adotar medidas estratégicas que desestimulem a entrada de concorrentes potenciais (PINDYCK e RUBINFELD, 2002, p. 421).

Esses Autores explicam ainda o Modelo de Bertrand como “[...] útil porque nos mostra de

que forma o equilíbrio resultante em um oligopólio pode depender de modo crucial da escolha feita pelas empresas sobre qual deverá ser a variável estratégica” (PINDYCK e RUBINFELD,

2002, p. 436), pois, táticas de precificação e produção serão influenciadas pelo o que firmas participantes de um mercado em oligopólio estão fazendo (poder de mercado) e pela possibilidade de reação das firmas concorrentes.

Com o desvio de recursos por meio de corrupção, há maior custo nos negócios, spread e

diminuição dos investimentos estrangeiros, uma vez que haverá desvios para pagamentos ilícitos (subornos, propinas, por exemplo) somados ao custo real do investimento/negócios.

Embora o custo aumentado com os desvios possa ser encarado como ‘investimento’ a fim

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Tabela 1: Relação do Grau de Percepção acerca da Corrupção em 28 Países
Tabela 2: Estimativas das Regressões (Painel Estático) - Variável dependente: Spread  MQO, Painel com Efeitos Fixos e Painel com Efeitos Aleatórios
Tabela 4: Teste Arellano-Bond para auto-correlação - Variável dependente: Spread
Tabela 5: Estimativas das Regressões (Painel Estático) - Variável dependente: Investimento Estrangeiro
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Referências

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