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BAUXITAS BRASILEIRAS

3.1- INTRODUÇÃO

Bauxita é a denominação genérica do minério de alumínio. Trata-se de material heterogêneo, rico em hidróxidos de alumínio, contendo minerais de sílica, óxidos e hidróxidos de ferro, óxido de titânio e aluminossilicatos, especialmente argilominerais (Bigarella et al., 2007).

Dentre os hidróxidos de alumínio, destaca-se a gibbsita, mineral mais importante em proporção e importância econômica. Corresponde a um tri-hidrato (Al(OH3)). Bohemita e diásporo são polimorfos de

composição Al2O3.H2O ou Al.OOH, que também podem estar presentes, sobretudo em regiões de clima

temperado.

O termo bauxita tem sua origem a partir da referência ao seu local de descobrimento: a província de Les Baux, no sul da França. A descoberta foi feita por Berthier em 1821, antes, ainda, do próprio conhecimento do elemento alumínio, que viria a ser isolado em 1825 pelo alemão Hans Christian Oersted e divulgado em 1855.

A partir do avanço das aplicações industriais do alumínio, a bauxita tornou-se um minério prestigiado na sua obtenção, justamente por acumulá-lo por processos supergênicos, sendo que cerca de 95% da produção mundial de bauxita são utilizados na produção de alumina. Atualmente, conforme detalha Mártires (2001), para a obtenção do alumínio em escala industrial, a bauxita passa por um processo de moagem e, misturada a uma solução de soda cáustica, dá como resultado uma pasta que, aquecida sob pressão e recebendo uma nova adição de soda cáustica, se dissolve formando uma solução que passa por processos de sedimentação e filtragem, eliminando as impurezas e formando a alumina calcinada. A esse processo dá-se o nome Bayer. A alumina produzida será o principal insumo para a produção do alumínio que, pelo processo de redução, é transformada em alumínio metálico.

No que diz respeito à tipologia das bauxitas, são considerados duas classificações conforme a área de aplicação. Em relação a sua aplicação industrial, existem as bauxitas de grau metalúrgico, cuja composição deve atender a no mínimo 55% de Al2O3, máximo de 7% de SiO2 reativa, 8% de Fe2O3 e 4%

de TiO2, e as bauxitas refratárias, empregadas nas indústrias químicas para produção de sulfato de

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peso) de Al2O3, máximo de 7% de SiO2 reativa, máximo de 3,75% de Fe2O3 e máximo de 3,75% de TiO2

com densidade relativa de 3,1 (Mártires, 2001; Sampaio, 2002).

Em relação à classificação geológica das bauxitas, elas podem ser tratadas I - quanto ao seu grau de evolução, sobretudo em face da sua relação com o protólito, II - quanto aos seus aspectos texturais/estruturais e III - quanto aos seus aspectos mineralógicos. No primeiro caso, têm-se as bauxitas isalteríticas, quando a estrutura reliquiar é marcada por pseudomorfos que demarcam a estrutura do protólito, apresentando uma alteração isovolumétrica, e as bauxitas aloteríticas, quando a estrutura não mais apresenta semelhança com a rocha de origem. No segundo caso, observam-se bauxitas maciças, descrevendo aquelas que se demonstram contínuas ao longo da fácies e bauxitas fragmentadas, quando não existe essa continuidade. Ainda sobre o segundo aspecto, podem ser classificadas as bauxitas compactas, cuja transformação isovolumétrica foi responsável pelo enriquecimento absoluto em alumínio e conseqüente compactação da bauxita e bauxitas porosas, quando a dissolução dos minerais presentes na rocha mãe e a mineralização da gibbsita ocorre sem alteração volumétrica (isalterítica). No terceiro caso, por fim, é comum o termo bauxitas argilosas, ou de degradação, para enquadrar auxitas que contém muitos argilominerais, ou, ainda, bauxitas que passaram por processos de degradação geoquímica, ocorrendo a trnasformação da gibbsita em caulinita pelo processo de ressilicificação.

3.2- BAUXITAS BRASILEIRAS

Embora tenham sido originadas de diferentes tipos de rochas, o histórico da descoberta e evolução dos conhecimentos sobre as bauxitas brasileiras (Melfi, 1997), revela que todas têm uma origem laterítica comum, sendo formados pela alteração hidrolítica em regimes climáticos quentes e úmidos.

Os principais depósitos de bauxita no Brasil formaram-se em platôs, conforme registrado por Koutschoubey (1988), Carvalho et al. (1997), Dardenne e Schobbenhaus (2001), dentre outros. Foram gerados in situ, por concentração supergênica, a partir de rochas alumino-silicáticas intemperizadas em condições tropicais úmidas, durante o Cenozóico. Ocupam amplas superfícies aplainadas ou onduladas, na forma de antigas superfícies de erosão expostas a intemperismo laterítico. Regionalmente, o atual estado de conhecimento sobre as bauxitas brasileiras revela o seguinte cenário:

Na região norte, com exceção do depósito da Província de Carajás onde a bauxita é associada à rocha básica (basaltos) Pré-Cambriana do Grupo Grão Pará (Costa et al. 1997), os principais depósitos de bauxita da Amazônia (Porto Trombetas, Nhamundá, Juruti, Almerim, Paragominas, Mazagão) são desenvolvidos a partir de rochas sedimentares clásticas, localizadas na sub-bacia do Baixo Amazonas.

Contribuições às Ciências da Terra – Série D, vol. 27, 149p.,2011

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Estudos efetuados por Denen & Norton (1977), Grubb (1979), Assad (1978), Aleva (!981). Kotschoubey & Trckenbrodt (1981), Kronberg et al. (1982), Boulangé & Carvalho (1989), Lucas (1989), Boulangé & Carvalho (1997), Lucas (1997), Kotschoubey et al. (1997) permitiram obter um modelo de evolução destes depósitos, em vários estágios, baseado numa origem poligênica.

As ocorrências de bauxita da região sudeste incluem, em Minas Gerais, os 24 depósitos do Quadrilátero Ferrífero (Varajão 1988a, Varajão 1988b, Varajão et al. 1989a, 1989b) que são desenvolvidos sobre rochas metapelíticas (filitos) do Super Grupo Minas; e os depósitos de Cataguases (Beissner et al. 1997, Lopes 1997, Lopes & Carvalho 1998, Valeton & Melfi 1988, Valeton et al. 1991), desenvolvidos sobre gnaisses do embasamento Pré-Cambriano do Complexo Juiz de Fora. Essas ocorrências estendem-se, ainda, para o estado do Espírito Santo, incluindo algumas pequenas reservas. Os depósitos desenvolvidos sobre rochas alcalinas localizam-se nas regiões de Poços de Caldas (Weber 1959, Almeida 1977, Melfi & Carvalho 1983, Shulmann et al. 1997) e Passa Quatro (Sigolo 1988, Sigolo & Boulangé 1997). Da mesma maneira, no estado do Rio de Janeiro, mais especificamente nos municípios de Resende, Rio Bonito, Piraí, Macacu e Mendanha (Sigolo & Klein 1987), assim como no município paulista de Lavrinhas (Sigolo 1979, Sigolo & Ribeiro Filho 1986), as ocorrências também se encontram sobre rochas alcalinas. Ainda em São Paulo, pequenas ocorrências se associam à rochas Pré-cambrianas da província Mantiqueira como anfibolitos em Nazaré Paulista (Silva & Oliveira 1989 , Oliveira & Toledo 1997), diabásios em Curucutu e granitos em Mogi das Cruzes (Toledo-Groke 1981, Oliveira & Toledo 1997).

Na região sul, no estado de Santa Catarina (Lages, Correia Pinto), as ocorrências se associam aos basaltos, diabásios e fonolitos (Dani 1988, Formoso et al. 1990, 1997).

3.3 - RESERVAS ATUAIS

No que se refere aos depósitos de bauxita mundiais, os dados mais recentes (DNPM, USGS, IAL, ABAL, 2008) indicam que as reservas mundiais de bauxita são de aproximadamente 34 bilhões de toneladas, sendo que do total, o Brasil possui cerca de 3,5 bilhões de toneladas (10,6%). A comparação com os demais países produtores de bauxita posiciona o Brasil como o terceiro maior contingente de reservas no mundo. Desse montante, 95% de bauxita brasileira é do tipo metalúrgica e 5% refratária (Mártires, 2008). No primeiro caso predominam os estados do Pará (78%), Minas Gerais (16%) e Maranhão (6%) e no segundo caso os estados do Pará (45%), Amapá (25%), Minas Gerais (20%) e outros estados (10%). A região norte permanece com as maiores reservas, totalizando cerca de 95% da bauxita

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brasileira. Os demais 5% consideram as bauxitas das regiões sudeste e sul, sem nenhuma referência à região centro-oeste do Brasil.

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