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A ORALIDADE EM LÍNGUA-CULTURA ESTRANGEIRA: UM ESTUDO DE CASO NA PERSPECTIVA DO QECR

Aluno 3: because we can’t explain directions!

(Anexo 3: UD3 /1189-1)

Este extracto, permite demonstrar uma mudança na postura da Professora, uma vez que recorre a um uso constante da língua, associado ao role playing, de forma a facilitar a compreensão da mensagem por parte dos Alunos, ao visualizar uma situação, e sendo observável a insistência constante para que os Alunos comuniquem em inglês e cheguem a conclusões sobre o uso da língua-alvo, favorecendo-se, então, a reflexão metalinguística, como foi o caso verificado nesta situação em que os Alunos concluíram que não conseguiam dar as indicações a turistas devido ao seu desconhecimento da língua inglesa. A reflexão sobre o uso da língua-alvo é simultaneamente uma forma de estimular o gosto pela aprendizagem, mas também de consciencializar os Alunos para a necessidade de aprender uma língua, salientando-se o seu aspecto utilitário:

Professora: ok… imagine that in a few years you are going to be in the university… you are a very good student and receive a scholarship to go to London or germany… imagine now that you are there and you are lost and you need help and english is a universal language… wouldn’t you like to ask for help?... what about here in Barcelos?… there are always many tourists asking for directions and you can help them if you learn this… so… today we are going to learn… how to ask for and give directions… ok… do you understand?…

Esta postura propõe-se estimular o interesse dos Alunos para a actividade e, simultaneamente, consciencializá-los para a necessidade de aprender a dar as indicações a turistas, pois não só podem vir a precisar destas estruturas no futuro, mormente no quadro da mobilidade das pessoas, designadamente no continente europeu, ou numa situação, com um grau de realidade bastante potencial, de ajudar um turista em Barcelos, enquanto cidade com acolhe um número considerável de turistas, cidade essa que constitui o meio instituinte mais imediato da vida dos Alunos.

Nesta unidade didáctica, continua a valorizar-se a pronúncia e a entoação, de modo a promover a competência fonológica, evitando que posteriormente, numa situação de comunicação, que essas dimensões do discurso sejam impeditivos da compreensão do oral:

Professora: does everyone have a photocopy?… ok… let’s read and practice the pronunciation… excuse me…?… repeat…

Alunos: excuse me…?... Professora: go straight ahead…

Alunos: go straight ahead…

Professora: can you tell me the way to…repeat… Alunos: can you tell me the way to…

(Anexo 3: UD3 /1230-1235)

Para além da promoção da competência da oralidade, integrando-se nesta a competência fonológica, surge também a necessidade de integrar a língua-cultura nos momentos educativos da unidade, motivo pelo qual se optou pela apresentação de um vídeo56 sobre as direcções, que pressupôs o desenvolvimento da capacidade de recepção auditiva, porque, ao longo do vídeo, era possível observar várias pessoas com pronúncias diferentes a dar as indicações. Desta forma os Alunos tiveram de mobilizar estratégias de discriminação auditiva para efeito de compreensão do oral.

Para além dos suportes audiovisuais, continuou-se a promover um maior uso da língua-alvo. Constata-se que relativamente à fase da observação inicial, a Professora procurou aumentar o número de interacções com os Alunos, explicando as instruções na língua-alvo e valorizando-a mais, no sentido de estimular o uso mais frequente da língua inglesa por parte dos Alunos. A tradução contabilizou apenas onze segundos do discurso da Professora, salientando-se, mais uma vez relativamente à observação inicial, uma redução no tempo de fala da Professora para aproximadamente doze minutos, o que tem também as suas repercussões no tempo de fala dos Alunos. É também observável, na

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categorização da situação educativa, uma redução significativa da linguagem de sala de aula bem como no tempo que foi dispendido a explicar e a dar instruções por comparação com as unidades didácticas da fase da observação inicial, em consequência da mudança de estratégia e da exemplificação com Alunos das actividades a realizar (Quadro 22).

Quadro 22

Categorização das sequências discursivas (exemplos) da Professora na UD3-intervenção

Categorização Discurso da Professora em … Tempo Total (45 min) … língua inglesa 1. Repreensão 2. Linguagem de sala de aula/instruções 3. Interacção/ Explicação de conceito/ vocabulário 4. Repetição/pronúncia

1. «nothing?… I was watching you!… »

(Anexo 3: UD3/1136)

2. «what did we do last lesson?... »

(Anexo 3: UD2/1153)

3. «yes… they drive on the left…»

(Anexo 3: UD2/1253)

4. «can you tell me the way to…»

(Anexo 3: UD2/1234) 1. 00 min 26 s 2. 04 min 18 s 3. 07 min 38 s 4. 00 min 27 s * ao longo da actividade de grupo a Professora foi pelos lugares explicando e falando sempre em inglês, pelo que não é possível determinar o tempo exacto de interacção oral.

… língua materna

1. Tradução 1. «…através…»

(Anexo 3: UD2/1180)

1. 00 min 11 s

Este resultado adquire um significado ainda mais relevante atendendo à tipologia de actividades que foram, mais uma vez, construídas tendo em conta a divisão das tarefas por todos os elementos. No caso da actividade de role playing, o trabalho de pares consistia em dar a cada Aluno uma tarefa a cumprir, tendo cada elemento de colaborar com o Colega a fim de conseguir chegar ao destino ou permitir que o seu Colega chegasse ao seu destino (Figura 4).

Practice the following conversation with a partner using the substitutions in the box:

A: Excuse me, do you know where the hotel is?

B: Sure. It’s in Queen’s Avenue.

A: Could you tell me the way?

B: Go straight ahead past the bridge and take the first

turning on your right. That’s Queen’s Avenue. Go down

past the traffic lights. The hotel is on the left, next to the newsagent’s

A: Thank you. Figura 4

Imagem da ficha de trabalho sobre as direcções fornecida aos Alunos

Excuse me, could you tell me where the ... is?

http://pagesperso-orange.fr/michel.barbot/hotpot/directions/dir2.htm

A actividade consistiu em dar duas imagens diferentes a cada Aluno. Cada imagem apresentava um mapa de uma cidade no qual constavam lojas. Cada Aluno tinha de descobrir lojas diferentes que tinham sido apagadas da imagem correspondente, mas que constavam da imagem do respectivo Colega. Logo, cada Aluno precisava de questionar o Colega no sentido de descobrir as lojas que lhe faltavam. Assim, para além de ter de saber pedir informação, cada Aluno teria que ser capaz de compreender e interpretar o que o seu Colega lhe diria de forma a conseguir completar com sucesso a tarefa, como se pode verificar no excerto abaixo transcrito:

Aluno 1: excuse me… do you know where the petrol station is?...