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Benefícios do Espaço Exterior

Capítulo II – Experiências-Chave relativas ao Estágio em JI

3. A Importância do Espaço Exterior

3.3. Benefícios do Espaço Exterior

Ao longo desta experiência-chave já foram mencionados alguns benefícios. No entanto, considero que seja importante destacar e salientar os inúmeros benefícios que o usufruto do espaço exterior traz para as crianças, quer seja em momentos de brincadeira livre ou de atividade diridida pelo(a) adulto(a).

Existem benefícios para as crianças ao nível do desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional.

Benefícios para o Desenvolvimento Físico

A utilização do espaço exterior promove a atividade física regular, pois a curiosidade e a natureza convidam a criança a correr, o que reduz os riscos de saúde associados ao excesso de peso. As crianças com excesso de peso que são fisicamente ativas têm riscos de saúde mais baixos do que aquelas com peso normal que não são ativas. Assim, as crianças necessitam de se mover para combater o excesso de peso, de modo a obterem benefícios para a sua saúde e combaterem a probabilidade de obesidade (Jacobi-Vessels, 2013).

O contacto com o espaço ao ar livre também pode fortalecer o sistema imunitário, ou seja, as crianças que passam bastante tempo no exterior tendem a estar menos propícias a doenças (Muñoz, 2009) e a estarem menos predispostas a terem miopia, ou seja, as crianças que usufruem do espaço exterior tendem a ter uma melhor visão à distância (Erickson e Ernst, 2011).

Brincar no exterior tem sido associado à compreensão das crianças pelo risco, o que as leva a conseguir avaliar cada vez melhor o risco e a fazer menos ferimentos (Muñoz, 2009).

89 A utilização de espaços exteriores também possibilita à criança desenvolver diversas competências físicas e motoras, tais como: concentração, equilíbrio e agilidade (Handler e Epstein, 2011).

Benefícios para o Desenvolvimento Cognitivo

Quando as crianças brincam ao ar livre tendem a ser mais criativas, exploram o exterior com os seus sentidos e aprendem conceitos importantes de ciência (por exemplo: as propriedades físicas de materiais diferentes, como a água e a terra) e ecologia (por exemplo: a importância da preservação do meio ambiente).

As vivências com a natureza também melhoram o desenvolvimento da linguagem e desenvolvem o vocabulário das crianças. As crianças adquirem o nome dos materiais ou seres vivos que investigam e procuram palavras para descrever os processos que observam.

Este espaço também está associado a uma atenção e concentração sustentada, pois auxilia as crianças a utilizarem a sua energia, o que lhes permite concentrarem- se em atividades mais silenciosas (Handler e Epstein, 2011). As crianças com Transtorno de Défice de Atenção com Hiperatividade (TDAH) depois de usufruírem do espaço exterior ficam mais calmas, com mais concentração e demonstram menos sintomas do TDAH.

De acordo com Haward Gardner, existem várias inteligências, incluindo a inteligência natualista, (explicitada noutra experiência-chave), a qual é desenvolvida com o que os espaços ao ar livre promovem, o que ajuda as crianças a estabelecerem o respeito pelos ambientes naturais ao seu redor (Jacobi-Vessels, 2013).

A imprevisibilidade dos espaços exteriores constituíem desafios para as crianças, incentivando-as a criarem estratégias de resolução de problemas e de pensamento criativo (Bento, 2012).

A exposição a ambientes naturais melhora o desenvolvimento cognitivo da criança, na medida em que melhora a sua consciência, raciocínio e capacidade de observação (Handler e Epstein, 2011).

A aprendizagem na natureza leva a que as crianças adquiram um sentido estético mais apurado. Desta forma, a ligação entre as várias formas de artes também se torna

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possível quando a natureza e a cultura que envolve as crianças é documentada e guiada através da sua autoexpressão.

Benefícios no Desenvolvimento Socioemocional

Brincar no exterior favorece o companheirismo e a partilha entre as crianças, na medida em que estas vão negociando temas e cenários das suas brincadeiras, conversam umas com as outras acerca das suas brincadeiras e ajudam-se mutuamente a resolver problemas durante as mesmas. Deste modo, as crianças devem ser respeitadas enquanto seres competentes e aprendizes poderosos, que arriscam e que têm voz própria no que elas concebem e aprendem através da natureza (Jacobi- Vessels, 2013).

Explorar os espaços ao ar livre estabelece oportunidades práticas para ensinar as crianças a preocuparem-se com as outras pessoas através do ambiente e de vivências nestes espaços. As interações pessoais com a natureza também ajudam as crianças a desenvolverem uma preocupação e uma atitude de respeito para com todos os seres vivos. As crianças que compreendem o valor das plantas e dos animais à sua volta, podem estar mais predispostas a enfrentar formas de proteger e de preservar o ambiente (Jacobi-Vessels, 2013).

A natureza tende a amortecer o impacto do stress e da frustração nas crianças e ajuda-as a lidar com a adversidade e a libertar emoções fortes através da socialização, pois a natureza transmite paz e liberdade que muitas vezes as crianças não encontram nos espaços interiores (Handler e Epstein, 2011).

Brincar livremente no espaço exterior também faz com que as crianças minimizem a sua ansiedade, os seus conflitos, angústias e problemas de sono e tendem a ter níveis mais elevados de autoestima.

O tempo que as crianças passam nos espaços ao ar livre estimula a interação social e leva a que elas reforcem as suas relações sociais com os seus pares, o que é importante para uma boa estabilidade emocional (Erickson e Ernst, 2011).

Brincar em espaços naturais diversificados reduz ou elemina os comportamentos violentos.

Em último lugar, mas não menos importante, os espaços exteriores promovem o desenvolvimento da autonomia, independência (Handler e Epstein, 2011) e liberdade

91 para as crianças se movimentarem e transportarem objetos e materiais naturais. Esta autonomia e liberdade fomenta a autoconfiança, devido a uma independência do controlo dos(as) adultos(as) (Ferreira, 2015).

Em suma, como se pode verificar os espaços exteriores são muito importantes para o desenvolvimento das crianças a vários níveis e as crianças tendem a apreciar bastante estes espaços por várias razões, entre elas a liberdade e a exploração que estes espaços lhes permitem. Como tal, urge a necessidade dos espaços exteriores serem mais valorizados do que são atualmente, devido a tudo o que mencionei nesta experiência-chave.

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