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3.1 Combustíveis renováveis

3.1.2 Biodiesel no mundo

Segundo Souza (2007), a primeira experiência química de transformação de óleo vegetal para obtenção de biocombustível foi realizada pelos cientistas E. Duffy e J. Patrick, em 1853.

Como saída promissora para a substituição dos combustíveis minerais derivados do petróleo foram, mundialmente, implementadas diversas pesquisas com óleos vegetais, as quais deram origem ao biodiesel. Este biocombustível, aplicado em motor veicular na forma pura ou em mistura (na proporção previamente recomendada) ao óleo diesel, já é utilizado em larga escala em vários países, não restando mais dúvida de que se trata de um excelente combustível renovável, que contribui para a redução dos níveis de poluição ao Meio

Ambiente. O caráter renovável torna o produto uma fonte importante de energia ao longo prazo.

Outra característica importante do biodiesel é sua contribuição para a melhoria da qualidade do ar atmosférico, devido à redução na emissão de gases poluentes (óxido de nitrogênio - NOx, monóxido de carbono – CO, etc.) e do enxofre liberados na atmosfera.

Segundo Ecooleo (2005), apud Souza (2007), o primeiro motor a diesel que logrou êxito no seu funcionamento data de 1893, tendo sido criado na Alemanha por Rudolf Diesel, que o apresentou oficialmente na França, em 1898. O combustível usado neste motor era óleo de amendoim (biocombustível), obtido por processo químico de transesterificação. Na África os veículos pesados foram utilizados em experimentos conduzidos por cientistas norte- americanos durante a década de 1940, quando buscavam uma maneira mais rápida de produzir glicerina para alimentar bombas, no período da guerra.

A tabela 5 apresenta a evolução histórica da produção de biodiesel por alguns países no período de 2002 – 2008.

Tabela 5

Estimativa de produção de biodiesel por países, no período de 2002 a 2008. Produção (em milhões de toneladas)

País/Ano 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Europa total 1.073 1.544 1.935 3.194 3.000 4.000 5.200 Alemanha 450 715 1.035 1.670 2.000 3.284 3.193 França 363 357 348 492 - 991 2.063 Itália 210 273 320 396 - 1.728 2.644 EUA 50 67 83 250 336 499 741 Brasil - - 69 176 238 300 1.167 Austrália 27 27 29 36 187 268 350 Fonte: Steenblik, 2009.

Da tabela acima a Alemanha se mostra com a maior produção de biodiesel durante o período de 2002 a 2008, estando no topo como o maior produtor e consumidor mundial de biodiesel, sendo o responsável por cerca de 42% da produção mundial. Este país desenvolveu um importante programa de biodiesel, utilizando a colza (canola) como matéria prima, onde se destaca como um dos maiores produtores deste biocombustível.

Segundo Biodieselbr (2006), a Alemanha se encontra em plena utilização do biodiesel como combustível, se destacando pela sua considerável produção e aceitabilidade (consumo/distribuição) desse tipo de biocombustível.

A produção deste biocombustível na Alemanha é realizada a partir da colza (canola), principalmente, para nitrogenação do solo. A extração do óleo vegetal oriundo da canola gera um coproduto (farelo protéico), que é aplicado como principal ingrediente (base) para fabricação/formulação de ração animal. O óleo vegetal obtido é distribuído de forma pura, isento de misturas ou aditivos, para a rede de abastecimento de combustíveis que é composta por cerca de 1700 postos.

A evolução da comercialização anual de biodiesel (em toneladas) na Alemanha, no período de 1991 a 2005, pode ser analisada pela figura 1.

Figura 1: Evolução das vendas anuais de biodiesel na Alemanha Fonte: (Biodieselbr, 2006)

Existem biocombustíveis sólidos (biomassa, briquete, carvão mineral, etc.) e líquidos, estes últimos possuem potencial de utilização equivalente aos combustíveis fósseis. Dentre eles podemos citar o combustível derivado do etanol (ETBE), o metanol e derivado do Metanol (MTBE), o biodiesel e o etanol. Os bicombustíveis vêm sendo testados atualmente em diversas partes do mundo. Países como Estados Unidos da América, Malásia, Alemanha, França, Itália já produzem biodiesel comercialmente estimulando o desenvolvimento da escala industrial. O processo de industrialização do biodiesel foi iniciado na Europa no início dos anos 90. Mesmo a primeira patente de biodiesel, tendo sido desenvolvido no Brasil no Estado do Ceará. Mundialmente, o principal mercado produtor e consumidor de biodiesel em grande escala é a Europa.

Na Europa, por exemplo, emprega-se a oleaginosa canola para a obtenção de biodiesel e, em menor escala e com mais problemas, o girassol.

A indústria de motores apóia a mistura de 5% de biodiesel ao óleo diesel mineral, mas alguns fabricantes chegam a dar garantia de bom funcionamento com misturas de até 30%.

Na França toda a frota de ônibus urbanos já emprega uma mistura que varia de 5 a 30% de biodiesel, por exemplo. Existe, além disso, uma frota europeia de veículos leves, coletivos e de carga inteiramente movidos a biodiesel, o que acarretou na multiplicação do consumo desse combustível “limpo” naquele continente.

A União Europeia produz anualmente mais de 1,35 milhões de toneladas de biodiesel, em cerca de 40 unidades de produção. Isso corresponde, a 90% da produção mundial de biodiesel.

As empresas autorizadas para utilizar biodiesel, tanto no segmento de carros de passeio, quanto de máquinas agrícolas e veículos de carga são: Audi, BMW, Citroen, Mercedes, Peugeot, Seat, Skoda, Volvo e Volkswagem.

A companhia Canadense de biotecnologia Purthanol Resources, que tem foco o mercado de Agroenergia – está trabalhando numa tecnologia que permitirá aos fabricantes de biodiesel aproveitar o subproduto da obtenção do biodiesel a “glicerina bruta” (coproduto produzido do óleo na obtenção do biodiesel), que pode ser convertido em mais biodiesel. A rota tecnológica desenvolvida utiliza este coproduto como substrato, para o crescimento de leveduras e de fungos ricos em ácidos graxos (BIODIESELBR, 2014).

A produção de biodiesel no Brasil vem evoluindo gradativamente, como pode ser visualizada pela tabela 6, que em 2009 atingiu 1.608.448 m3 de biodiesel, tendo alcançado em 2013 o montante de 2.917.488 m3 deste biocombustível. Segundo os dados da Agencia Nacional de Petróleo, Gás natural e Biocombustivel (2014), até setembro de 2014 a produção de biodiesel foi contabilizada em 2.435.835 m3 de biodiesel.

A tecnologia do processamento de biodiesel, ainda não é dominada totalmente no território brasileiro, porém se encontra em fase de aperfeiçoamento da técnica de extração do óleo vegetal, com implantações de novas instalações industriais.

A figura 2 mostra a produção mundial de biocombustível (biodiesel), em bilhões de litros no ano de 2010.

Figura 2: Produção mundial de biodiesel, em 2010. Fonte: (Biodieselbr, 2011)

Da figura 2 podemos constatar que em 2010, as usinas brasileiras produziram 2,4 bilhões de litros de biodiesel, apenas 7,7% a menos que os 2,6 bilhões produzidos pela Alemanha no mesmo período. A Argentina atingiu a terceira colocação com produção de 2,1 bilhões de litros de biodiesel.

A Renewable Energy Policy Network for the 21st Century (REN21) apresentou em

setembro de 2014 um relatório, que mostrou os 16 maiores produtores de biodiesel do ano de 2013 e concluiu que a produção de biodiesel internacional cresceu cerca de 11% entre 2012 e 2013.

Figura 3: Produção Mundial de biocombustível (biodiesel), em 2010 Fonte: (Biodieselbr, 2011).

A figura 3 apresenta a produção mundial de biocombustível (biodiesel) no ano de 2010, onde o Brasil se encontra no segundo lugar na produção de biodiesel (produção total 30,4 bilhões de Litros), abaixo dos EUA (51,3 bilhões de litros). A Alemanha aparece no terceiro lugar.

A tabela 6 apresenta a produção do biodiesel no Brasil, em 2009 – 2014.

Tabela 6

Produção (m3) de biodiesel no Brasil, no período de 2009 a (setembro) 2014.

Fonte: ANP, 2014 (dados de 06 de nov. de 2014).