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3. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E MODELO DE INVESTIGAÇÃO

3.2 O BJETIVOS E M ODELO DE I NVESTIGAÇÃO

Apesar de existirem inúmeros estudos no âmbito da motivação no trabalho, quando respeita ao estudo de Organizações Sem Fins Lucrativos em específico, o debate incide essencialmente nas motivações intrínsecas e extrínsecas.

Com base na literatura revista, pôde-se verificar que a Teoria da Autodeterminação, desenvolvida ao longo dos anos por Deci e Ryan, tem sido um contributo fundamental para o estudo das motivações intrínsecas e extrínsecas.

No que respeita à literatura específica sobre motivações em Organizações Sem Fins Lucrativos, pôde-se perceber também, que a par das motivações intrínsecas e extrínsecas, o principal fator motivacional encontrado, é o compromisso à missão social da organização.

Neste sentido, o primeiro e grande objetivo deste estudo, será apurar as principais motivações dos colaboradores remunerados de Organizações Sem Fins Lucrativos, mais especificamente das IPSS, tendo por base a Teoria da Autodeterminação – Motivação Intrínseca, Integração, Identificação, Introjeção, Regulação Externa e Amotivação (Figura 3.1).

Figura 3.1 - Tipos de motivação segundo a Teoria da Autodeterminação

Ainda no seguimento da Teoria da Autodeterminação, pretende-se apurar as motivações dos colaboradores das IPSS quanto à sua internalização, ou seja, enquanto motivação autodeterminada ou controlada.

No âmbito da caracterização das motivações dos colaboradores das IPSS do Porto, pretende-se ainda apurar eventuais relações das mesmas, com variáveis sociodemográficas e profissionais.

Dada a importância da retenção dos colaboradores na organização, o objetivo que se segue será conhecer a intenção de permanência destes trabalhadores e medir a influência dos tipos de motivação de maior relevo, na Intenção de Permanência destes colaboradores na organização.

O último grande objetivo deste estudo, dada a importância da Identificação Organizacional no estudo das motivações no trabalho (Ellemers et al, 2004; Van Knippenberg, 2000) e como estratégia de retenção dos colaboradores (Bhattacharya et

al., 1995), será identificar se a Identificação com a Organização, funcionará como fator

motivacional intensificador, da influência de cada tipo de motivação na Intenção de Permanência na organização.

Em síntese, o modelo a estudar será o representado na Figura 3.2:

Figura 3.2 - Esquema do modelo teórico a investigar

Intenção de Permanência Identificação com a organização Motivação

4 METODOLOGIA

No que respeita ao design da pesquisa, segundo Malhotra (2009), esta pode ser exploratória ou conclusiva. A pesquisa exploratória tem como principal objetivo a descoberta de ideias e perceções, sendo caracterizada pela versatilidade e visando uma melhor compreensão do problema através de uma análise qualitativa. A pesquisa conclusiva visa testar hipóteses específicas e examinar relações, sendo bem definida e estruturada e baseada numa análise quantitativa. A pesquisa conclusiva pode ser causal, se o seu objetivo principal for a determinação de relações de causa e efeito, ou descritiva, se o seu objetivo for a descrição de características ou funções de um grupo relevante como os consumidores ou uma organização – o objeto da investigação. A pesquisa descritiva pode ainda ser transversal ou longitudinal, consoante se trate, respetivamente, de uma recolha de informação de uma ou mais amostras apenas uma vez, ou da recolha de informação das mesmas variáveis de uma amostra fixa repetidas vezes.

Definidos os objetivos para este estudo, a pesquisa desenvolvida adotou uma abordagem de investigação simultaneamente descritiva e causal. Tratou-se de uma abordagem descritiva transversal na medida em que foi realizada através da colocação de um questionário, numa amostra, uma única vez, procurando-se descrever as características dos colaboradores remunerados de Instituições Particulares de Solidariedade Social, suas motivações e identificação com a missão organizacional e respetivo impacto na intenção de permanência na organização. Neste trabalho de investigação utilizou-se também o modelo de equações estruturais, para determinar relações de causa e efeito, pelo que a abordagem pode também ser considerada causal. De seguida, apresentam-se o universo e a amostra do estudo, bem como o método utilizado na recolha de dados e na construção do questionário.

4.1 UNIVERSO

Na definição do problema deste estudo, e na revisão de literatura feita nesse sentido, apurou-se que o tipo de OSFL em que a problemática dos baixos salários está mais

evidenciada é nas IPSS e que estas instituições têm um elevado peso no terceiro setor em Portugal, pelo que é nestas instituições que incide esta investigação.

Em função dos objetivos definidos, e pela maior facilidade de acesso, o universo sobre o qual incidiu o questionário e, como tal, do qual foi recolhida informação, foram os colaboradores remunerados de todas as IPSS que constituem a União Distrital de Instituições de Particulares de Solidariedade Social do Porto (UDIPSS Porto).

De acordo com a informação concedida por e-mail pelo coordenador geral da UDIPSS Porto, esta união distrital é constituída por 285 IPSS que em média têm 30 colaboradores, o que nos confere um universo de aproximadamente 8550 pessoas.

4.1.1 Apresentação da UDIPSS Porto

A UDIPSS Porto apresenta-se como o elo de cooperação entre as IPSS sedeadas no distrito do Porto, protegendo os valores que lhes são comuns e fomentando o seu desenvolvimento e qualificação através da concessão de apoio técnico, administrativo, contabilístico e jurídico (UDIPSS Porto, 2012).

É objetivo primordial da UDIPSS Porto, promover o reforço do setor social solidário em Portugal, através da capacitação institucional das IPSS que a constituem, de modo a que estas sejam verdadeiros agentes de inovação social, que com mais racionalidade alcancem uma melhor e mais eficiente satisfação das necessidades sociais (Martinho et

al., 2008).

A UDIPSS Porto é já uma marca solidária, amenizando problemas sociais das comunidades que a envolvem, como são a integração no mercado de trabalho, o acesso à educação ou a promoção dos direitos das pessoas aos mais diversos níveis (UDIPSS Porto, 2012).

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