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Bloco 2 A Relação com a biblioteca do ISCA-UA

No documento O valor das bibliotecas do ensino superior (páginas 124-126)

Capítulo 6 – Apresentação e análise dos resultados

6.3 Resultados das entrevistas: história de valor do serviço

6.3.1 Bloco 2 A Relação com a biblioteca do ISCA-UA

As seguintes questões foram analisadas em conjunto com os resultados do questionário. i) Os resultados da questão “Durante o mestrado frequentou as sessões de formação disponibilizadas pelas bibliotecas da UA?” mostraram que dos entrevistados, apenas dois não frequentaram a formação. Apesar de decorrerem várias formações e workshops ao longo do ano letivo, na biblioteca do ISCA-UA e na biblioteca central (SBIDM), a média de frequência da formação dos inquiridos foi de 1,69 (Tabela 7). No entanto, (Tabela 11) a média é mais alta nos alunos de mestrado (2,20) do que nos alunos de licenciatura (1,30).

ii) As questões - “Na licenciatura, lembra-se de algum recurso ou serviço que tenha sido particularmente útil para o seu desempenho académico?” - e - “Utiliza ou utilizou os recursos de informação eletrónicos disponibilizados pela UA? Utilizou os recursos na licenciatura?” - Os resultados sugerem o seguinte: Os alunos que frequentaram a biblioteca durante a licenciatura fizeram-no para dar resposta a necessidades informacionais básicas, como requisitar e consultar livros e para estudar, o que está em consonância com os resultados do questionário (Gráfico 3). Ainda foi mencionado (E3) que durante a licenciatura “não sabia bem” que recursos eram disponibilizados pela biblioteca. Esta situação revela uma experiência de utilização que resulta de uma atividade de rotina na procura da informação, característica dos alunos de licenciatura, seja na procura da bibliografia recomendada pelos docentes, ou na utilização do espaço físico para estudar.

Os resultados obtidos no questionário no que respeita à variável – “utilização dos recursos eletrónicos” – apresentam uma média de utilização dos recursos de 2,28 (Tabela 7) que considerámos ser baixa e claramente inadequada, segundo os critérios de Morgado (2000). Também verificámos uma diferença significativa (p-value <0,05) entre as médias de utilização dos recursos eletrónicos (tabela 11) do grupo de licenciatura (1,48) e o de mestrado (3,43).

Por outro lado, os alunos de mestrado atribuem um grau de importância maior à utilização dos recursos eletrónicos (tabela 17), o que provavelmente se deve ao facto de conforme refere o entrevistado E9: “ (…) porque no mestrado o nível de exigência é maior. Na licenciatura não recorria às bases de dados, eram pesquisas mais simples”. Os alunos de mestrado percebem assim o valor inerente ao uso dos recursos, na medida em que, lhes atribuem uma importância maior. Durante a licenciatura, o nível de exigência académico, muitas vezes, não obriga a situações de exploração da informação científica, como refere o entrevistado E1: “durante a licenciatura não utilizei os recursos. A licenciatura de contabilidade exige poucos trabalhos científicos, daí não recorrermos com frequência à biblioteca. Só no 1º ano de mestrado é que tive conhecimento do portal B-on através da disciplina de Auditoria 1 que exigiu trabalhos mais científicos (…) ”.O

entrevistado E2 é da mesma opinião “ Confesso que durante a licenciatura não consultei estes recursos com tanta frequência (mas já os conhecia), pois não sentia necessidade de pesquisar artigos científicos. Só no mestrado é que os docentes começam a pedir determinados trabalhos, enquanto na licenciatura são mais técnicos”.

No entanto, o facto de não estar subjacente à aprendizagem na licenciatura a necessidade de utilizar os recursos de informação eletrónicos será que estamos a adequar corretamente a divulgação dos recursos direcionados às necessidades dos alunos de licenciatura? E será que são os mesmos para todas as licenciaturas?

A Questão – “Considera os recursos de informação disponibilizados adequados às necessidades dos alunos a frequentar o mestrado?” - e a questão - “Relativamente ao espaço da biblioteca, o que têm para me dizer? Os resultados revelaram a opinião e necessidades dos alunos. De acordo com os entrevistados, o fundo documental necessita de ser atualizado, principalmente no que respeita a livros, segundo o entrevistado E2 “ A nível de livros não considero suficiente (…), uma biblioteca como a nossa tem necessidade de estar mais atualizada (…), nem sempre encontrei na biblioteca o que precisava”. O entrevistado E5 considera os recursos eletrónicos adequados às necessidades

dos mestrados, no entanto, no que respeita a material impresso, nota uma certa desatualização, o que contribuiu para, nem sempre ter encontrado na biblioteca o que precisava. Outra das situações apontadas reporta-se ao facto dos alunos considerarem o número de exemplares insuficiente para as necessidades, E15 salienta “o problema está no número de exemplares disponíveis dos livros, são poucos”.

Quanto ao espaço físico, a opinião dos entrevistados é unânime, consideram o espaço da biblioteca do ISCA-UA agradável mas limitado, no sentido em que, carece de espaços de estudo individual, colaborativo e de mais computadores. Para o entrevistado E3 “ (…) a biblioteca tem um bom espaço para estudar, pois em casa é mais difícil concentrar-me e aqui podemos tirar dúvidas e partilhar com os colegas”. O entrevistado E2, salienta o facto de “nas salas de estudo não se consegue estudar porque há mais barulho e como prefiro estudar aqui do que em casa, (…)”. O entrevistado E17 refere-se à biblioteca como “agradável, devia haver mais computadores, o espaço devia ser maior, os alunos utilizam bastante a biblioteca e isso é mais notório no horário diurno”.

A questão – “Que perceção têm da prestação pessoal/profissional dos colaboradores das bibliotecas?” e a Questão – “Como descreveria a sua relação com os colaboradores?”. A perceção dos alunos, no que respeita, à prestação pessoal e profissional dos colaboradores é, segundo o entrevistado E1 “Excelente, não tenho razão de queixa, acho que o serviço funciona melhor agora e sempre que peço ajuda nunca ninguém mostrou desagrado”. Também E4, refere “ Não tenho razão de queixa, as pessoas agora são muito prestáveis, antigamente não havia tanta

VALOR DAS BIBLIOTECAS DO ENSINO SUPERIOR: ESTUDO DE CASO DA UA

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disponibilidade por parte dos funcionários”. A opinião dos alunos reflete uma mudança comportamental por parte dos colaboradores. As mudanças percebidas, acrescentaram valor à biblioteca, isto porque, o valor resulta do efeito da prestação do serviço e da satisfação obtida (Cota, 2006). A qualidade da biblioteca prende-se também com a prestação do serviço, com a maneira como foi prestado e por quem foi prestado. O valor dos serviços resulta assim e também, de um bom desempenho por parte dos colaboradores. A relação foi descrita como “bastante positiva, porque para além de verificar que são bons profissionais com conhecimentos, gosto da forma como nos abordam e isso também é importante (E17).

Em geral, todos os entrevistados definem a relação com os colaboradores como boa e muito boa, o que pode ser um indicador de satisfação. Neste ponto, podemos assinalar a ocorrência de mudanças a nível afetivo, isto é, os alunos aumentaram o seu nível de confiança e satisfação em relação aos profissionais e colaboradores das bibliotecas “the behavior of reference staff can have a direct impact in the success of the reference interaction” (Jacoby e O'Brien, 2005, p. 326). De acordo com a análise, os resultados do questionário mostram que os alunos de mestrado (tabela 9) solicitam mais a ajuda e o apoio dos colaboradores das bibliotecas nas pesquisas bibliográficas. Em relação à questão – “Utilizou o serviço de empréstimo interbibliotecas?”, apenas quatro alunos utilizaram o EIB, percebemos que a maior parte desconhecia o serviço, apesar da biblioteca fazer a sua divulgação nos meios de comunicação e durante as sessões de formação.

No documento O valor das bibliotecas do ensino superior (páginas 124-126)