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Hipóteses e variáveis do estudo

No documento O valor das bibliotecas do ensino superior (páginas 83-86)

Capitulo 5 – Metodologia da investigação

5.3 Metodologia do estudo

5.3.1 Hipóteses e variáveis do estudo

De acordo com Mattar (2007) o estudo de caso é um método de pesquisa exploratória e o seu objetivo, é o de gerar hipóteses e não verificá-las. No entanto, como as hipóteses podem sugerir diferentes observações da realidade, formulámos duas hipóteses, identificámos as variáveis e as suas relações. O que se enuncia através das hipóteses pode ou não ser comprovado pelos dados recolhidos, mas serve para organizar inicialmente o conjunto das tarefas da investigação (Vilelas, 2009). Neste âmbito identificámos duas hipóteses:

H1 – Na perceção dos alunos a utilização dos serviços e recursos de informação das bibliotecas contribui positivamente para a aprendizagem e desempenho académico.

(Principais variáveis que suportam esta hipótese são: utilização dos serviços e recursos de informação e a perceção do aluno no que respeita ao seu desempenho académico)

H2 – Na perceção dos alunos o espaço físico das bibliotecas promove um ambiente de estudo e aprendizagem, contribuindo positivamente para o desempenho académico.

“A hipótese de investigação é a resposta temporária, provisória, que o investigador propõe perante uma interrogação formulada a partir de um problema de investigação” (Vilelas, 2009, p. 92).

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(Principais variáveis que suportam esta hipótese são variáveis relacionadas com o espaço físico da biblioteca e a frequência de utilização das bibliotecas)

Tendo já algum conhecimento sobre o tema que está ser investigado, bem como os seus aspetos principais, há que definir os fatores mais importantes que nele intervêm, de modo a encontrar um conjunto de elementos interdependentes – as variáveis.

A biblioteca por si só não pode ser uma variável, mas os recursos de informação, os serviços, o espaço físico, as pessoas, (entre outras) já podem ser consideradas variáveis, ou seja, aquilo que pode influenciar na atitude, opinião e perceção dos sujeitos da investigação (Idem). As variáveis podem ser qualitativas, isto é, não assentam numa série numérica definida, as variáveis quantitativas representam medidas numéricas. No nosso estudo predominam as variáveis qualitativas ordinais e nominais (Idem).

Consideram-se variáveis dependentes, aquelas que dependem dos procedimentos de investigação. Toda a investigação tem por objetivo chegar à variável dependente, ou seja, aos resultados (Sousa, 2005). Se pensarmos nas qualidades e atributos das bibliotecas (variáveis independentes, controladas) e no seu contributo para a aprendizagem e desempenho académico dos alunos (variável dependente) percebemos que a variável dependente consiste na tentativa de medir os resultados das variáveis independentes. De acordo com Oliveira, J. V. (2012) as variáveis independentes representam as causas e as variáveis dependentes os efeitos. Neste sentido, as variáveis independentes são as que produzem alterações quer no comportamento dos

consumidores quer nas medidas de eficácia da empresa.

Neste contexto, apresentamos no quadro seguinte as variáveis que intervêem no estudo. Identificámos por resposta comportamental (*), os efeitos e mudanças percebidas nos alunos, após a utilização da biblioteca, dos seus serviços e recursos (impacto). Os indicadores de impacto (**) vão permitir avaliar em que medida as mudanças ocorreram.

Variáveis são qualidades, propriedades ou características de objetos, pessoas ou situações que são estudadas numa investigação, e que pode assumir valores diferentes (Vilelas, 2009).

Quadro 8. Variáveis utilizadas no estudo. Adaptado de Oliveira, 2012, p. 39.

A biblioteca enquanto espaço físico não perdeu o seu valor, tendo-se verificado nos últimos anos, um aumento significativo de atividades a decorrer nas salas de leitura das bibliotecas. Por outro lado, temos que ter em conta que nas bibliotecas, a informação encontra-se armazenada em vários suportes, o que cria condições para a realização de trabalho em grupo e individual “the library as a place has value as a construct and as a social good, but is promarily a place where the intelectual contente they need for their work is made accessible and stored” (Hiller, 2002, p. 19). Ainda neste contexto, a localização física da biblioteca é muito importante, uma vez que se relaciona diretamente com o tempo de deslocação dos alunos e com a acessibilidade por parte dos mesmos (Weingand, cit. por Silva, M. C. S., 2008). Por estes motivos, uma das variáveis em estudo prende- se com o espaço físico das bibliotecas. Como menciona Freeman cit. por Jackson and Hahn (2011, p. 431) “The academic library as place holds a unique position on campus. No other building can so symbolically and physically represent the academic heart of an institution”. Para Antell e Engell cit. pelo mesmo autor, o espaço físico das bibliotecas facilita a concentração nos estudantes mais jovens beneficiando-os em termos de progresso e desempenho académico.

Variáveis independentes (fatores que podem contribuir para influenciar a variável dependente)

Variáveis dependentes (efeitos) Controladas Marketing Mix Não controladas Fatores de situação Resposta comportamental (critérios de sucesso) (*) Indicadores de impacto (**) Produto (serviços e recursos) Pessoas (profissionais da informação e colaboradores das bibliotecas) Evidências físicas (espaço físico das bibliotecas) Sexo Idade Área de estudos Ciclo de estudos Local geográfico da residência.

Mudanças a nível Afetivo (atitudes, níveis de confiança, satisfação com o serviço)

A nível Comportamental – as pessoas fazem as coisas de maneira diferente (independência nas tarefas, capacidade crítica) Conhecimentos adquiridos Competências adquiridas Os alunos percebem os benefícios resultantes da utilização do serviço; Autonomia e maior confiança na utilização dos recursos eletrónicos/bases de dados; Maior diversidade de fontes de informação citadas nas bibliografias;

Os alunos aconselham o uso da biblioteca;

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Baker e Field, num estudo que levaram a cabo em 1999 perceberam que o comportamento dos profissionais de informação durante a prestação do serviço é um fator crítico para a perceção dos alunos sobre a biblioteca, e para o sucesso do serviço de referência (Jacoby e O'Brien, 2005). Neste contexto, os profissionais de informação devem estar cientes da sua importância na construção da imagem da biblioteca, uma vez que o contacto direto com os utilizadores lhe garante esse papel. Neste sentido, devem ser eficientes e agradáveis, de modo acrescentar valor aos serviços (Maculan, Cota, Rocha, e Duarte, 2011). O esforço de satisfazer as necessidades dos alunos responsabiliza os profissionais de informação relativamente à qualidade dos serviços. O propósito é o de valorizar o utilizador, de acordo com o objetivo central de uma política de marketing de serviços. Assim, relativamente à variável que representa o valor afetivo, (pessoas) o valor é “perceived by customers (…) in their interactions with (…) servisse providers when consuming, making use of services, goods, information, personal contacts, recovery and other elements of ongoing relationships ”(Broady-Preston e Lobo, 2011a, p. 125).

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