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Boas Práticas e Técnicas da Reabilitação de Edifícios

2.3 Operações de Reabilitação em Edifícios

2.3.3 Boas Práticas e Técnicas da Reabilitação de Edifícios

A reabilitação de edifícios consiste na correção dos danos físicos e das patologias que são acumuladas ao longo dos anos, assim como na modernização dos equipamentos existentes, afim de proporcionar maior conforto ao utilizador. Para que este objetivo seja cumprido, estas

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intervenções devem ser continuamente aprimoradas e devem ser executadas por técnicos especializados em reabilitação.

As soluções construtivas deverão ser adequadas aos tipos de materiais já existentes, assegurando a sua compatibilidade, seja no aspeto estético ou estrutural, logo recomenda-se a utilização de tecnologias tradicionais e materiais correntes. De um modo geral, deverão ser evitadas soluções que resultem em transformações irreversíveis, que comprometam a originalidade do edifício (Aguiar et al. 2014).

Como já explicitado anteriormente, existe a evidente necessidade de atingir um alto padrão de qualidade nessas intervenções, logo, sob o ponto de vista operacional e técnico, nesta seção pretende-se sumariar os principais critérios construtivos que devem ser tidos em conta durante o processo de reabilitação.

2.3.3.1 Reabilitação de Fachadas

As fachadas são um dos elementos construtivos mais significativos num edifício, e devem ser reabilitadas, não só por razões estéticas e para a adequação e melhoria do espaço, mas também para proteção da parede, afim de prevenir a infiltração de água e a desagregação do revestimento.

No caso de existir a necessidade da aplicação de um novo revestimento, deverá proceder- se à remoção das partes soltas, seguida da limpeza e, em alguns casos a impermeabilização da parede, para então ser feita a aplicação da nova camada. Se a estrutura apresentar fissuras, e estas tiverem apenas um efeito estético, poderão ser corrigidas com qualquer tipo de revestimento ou elemento construtivo colocados sobre elas (Silva 2010).

Para as fissuras não estabilizadas, deve ser aplicado um revestimento descontínuo constituído por placas de matérias deformáveis, com a colocação de tiras de papel adesivo sobre as fissuras. A demolição integral ou de partes das paredes da fachada só se justificará em situações de fissuração generalizada ou de um conjunto de outras anomalias, que prejudique a estabilidade da parede (Silva 2010).

Elementos como cantarias ou lápides, não deverão ser pintadas, e sim lavados e conservados. Revestimentos decorativos em argamassa ou azulejo, sempre que possível deverão ser reparados e restaurados.

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2.3.3.2 Reabilitação das Coberturas

As coberturas são a principal proteção de um edifício contra os agentes da natureza e quando as suas patologias e anomalias não são reparadas, podem levar a consequências indesejáveis, sendo umas das principais causas do estado de ruína.

Assim sendo, o primeiro passo para a reabilitação, é analisar fatores como a geometria, o tipo de estrutura e o tipo de revestimento dos telhados antigos, enquadrando as suas componentes, materiais utilizados, acessórios e tipos de drenagem (Silva 2008).

Caso existam telhas quebradas, estas deverão ser substituídas por novas, de forma a respeitarem a cor e a forma das já existentes. Elementos como os beirados duplos, as cornijas e platibandas devem ser limpas, preservadas e restauradas (Lopes 2009).

É necessário ter também em atenção, os tipos de asnas utilizadas, estas, geralmente são feitas em madeira, metal ou betão e requerem diferentes tipos de cuidados. Muitas vezes bastará uma limpeza e a aplicação de uma camada de tinta impermeabilizante ou antiferrugem, mas em alguns casos, existe a necessidade da recuperação da estrutura, podendo haver uma substituição parcial ou total das peças (Lopes 2009).

É recomendado, ainda, que seja colocada uma camada de isolamento, como por exemplo aglomerado negro de cortiça, que além de ser compatível com a generalidade dos materiais utilizados na construção civil, é uma solução ecológica com excelentes propriedades térmicas, acústicas e antivibráticas, permitindo assim a sua aplicação nas mais diversas situações, inclusivamente de grande exigência acústica (NERSANT 2015).

2.3.3.3 Reabilitação das Estruturas

Os edifícios antigos, ao longo dos anos, foram alvo de inúmeras ocorrências que levaram à necessidade de reabilitação e de reforço estrutural. A intervenção numa estrutura existente pode ser motivada pela degradação causada por fatores naturais, ou por má qualidade do projeto, má qualidade da construção, falta de manutenção ou até causas acidentais, como incêndios e sismos, ou pela necessidade da alteração da utilização do edifício (Sousa 2008).

Uma vez feito o diagnóstico da estrutura, existem diferentes tipos de intervenções a serem realizadas. No caso de anomalias superficiais, são necessárias técnicas de proteção, que procurem impossibilitar a proliferação dos agentes agressivos e reduzir as condições de degradação. Nestes casos são recomendadas técnicas como impregnações, pinturas, revestimentos, selagem de juntas e injeções (Correia 2011).

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Nas situações em que o edifício perdeu as características iniciais, e apresenta anomalias graves, são recomendadas intervenções de reparação. Como por exemplo, se a construção apresentar fendas, podem ser realizados dois tipos de tratamentos: no caso de fissuras passivas, que apresentem movimentação quase nula, recomenda-se a injeção de resina epóxi de formulação controlável e a injeção de resina epóxi de formulação flexível, no caso de fissuras ativas, que apresentem movimentos notáveis. No caso de fendas ativas com grandes amplitudes de movimento, preconiza-se a utilização de enchimentos elásticos ou plásticos que serão colocados sob o betão (Correia 2011).

No caso de desagregações, o primeiro passo deve ser a remoção do material deteriorado, para então se aplicar um enchimento adequado ao meio ambiente do edifício. Como complemento, sugerem-se soluções de proteção como recobrimentos de argamassas resistentes aos ataques químicos ou revestimentos impermeabilizantes (Correia 2011).

Se as ações de reparação não forem suficientes, deverá ser realizado o reforço da estrutura. Esta intervenção consiste no aumento da capacidade resistente da estrutura do edifício e visa melhorar o seu desempenho, relativamente ao seu estado inicial. Também são métodos usuais e geralmente recomendáveis de reforço estrutural em edifícios, a reposição dos materiais em falta nas paredes devido à abertura de vãos, a substituição dos elementos em madeira total ou parcialmente degradados com recurso a emendas e reforço com elementos metálicos, reforço das paredes com argamassa armada com rede metálica, reforço da ligação entre os elementos de construção com tirantes e elementos metálicos, reforço na ligação dos componentes das alvenarias com injeção de material de preenchimento compatível com o material existente e o reforço das fundações com micro estacas e injeção de caldas de estabilização apropriadas no terreno (OASRS 2018).

Por fim, e em último caso, se os elementos existentes estiverem em avançado estado de deterioração e apresentarem perigo de rotura, colocando em risco os utilizadores e os operadores, torna-se necessária a demolição total ou parcial da estrutura. Esta intervenção deverá ser realizada por uma equipa especializada e deverá ser previamente licenciada (Appleton 2012).

2.3.3.4 Reabilitação das Paredes Interiores

As intervenções de reabilitação nas paredes interiores são geralmente motivadas pela correção de anomalias ou pela necessidade de reorganização do espaço do edifício. No último

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caso, quando as divisões não forem necessárias, deverão ser demolidas, e caso, precisem ser reconstruídas em outras zonas, deverão respeitar a integridade do edifício como um todo (Silva 2008).

Para a correção das anomalias, deverão ser adotadas diferentes técnicas para as diversas patologias existentes. As paredes que apresentem humidade, são indicadas soluções para impedir o acesso da água como, o rebaixamento do lençol freático ou a drenagem do terreno, a aplicação de barreiras estanques e impermeabilizantes, e a instalação de drenos. Após a causa de a infiltração da água ser corrigida, devem-se aplicar soluções destinadas a ocultar estas anomalias, como a execução de um pano de alvenaria pelo interior ou a aplicação de revestimentos de paredes especiais (NERSANT 2015).

Outra patologia corrente nas paredes interiores são as eflorescências, causadas pela condensação. Podem ser combatidas através de ventilação adequada. Se o problema não for solucionado, pode-se remover os rebocos afetados e substituí-los por novo material, ou ainda, considerar a construção de um novo pano de parede (NERSANT 2015).

2.3.3.5 Reabilitação das Instalações Técnicas

As instalações técnicas nos edifícios a serem reabilitados, encontram-se, na maioria das vezes, em avançado estado de deterioração, uma vez que sua vida útil é muito menor que o da restante da construção. Estes equipamentos requerem técnicas de reparação adequadas, e caso, tal execução não seja possível, é necessário realizar a substituição de todo material (Rocha 2008).

No caso das reparações de anomalias pontuais deverão ser adotadas técnicas e materiais semelhantes aos existentes. Se a reabilitação do edifício incidir sobre a substituição/reparação das paredes e dos pavimentos, as instalações podem ser inseridas no mesmo, caso contrário, recomenda-se que não sejam feitas perfurações nas paredes dos edifícios antigos, uma vez que pode oferecer risco à estrutura (Rocha 2008).

De uma forma geral, deve ter-se em conta que as redes água, drenagem e distribuição de gás não devem ser embutidas na estrutura, pois a sua manutenção será mais fácil se estiverem no exterior da parede ou laje. Uma solução eficaz nestes casos é a aplicação de paredes duplas ou tetos falsos de gesso cartonado (OASRS 2018).

No caso das instalações elétricas, o mais apropriado é reutilizar a tubagem existente ou, em alternativa, recorrer ao uso de rodapés ou sancas técnicos. As instalações da segurança contra

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incêndios devem seguir os mesmos princípios enunciados para as outras redes e instalações (OASRS 2018).

As instalações de AVAC, devido a sua dimensão, deverão ser inseridas em espaços técnicos como courettes, tetos falsos e sancas. Deverão ser avaliadas as necessidades reais destas instalações, uma vez que existem contrapartidas implicadas. Deve-se sempre dar prioridade aos sistemas passivos de ventilação e aquecimento, optando por uma boa orientação solar, de sistema de vãos eficientes e dispositivos de ventilação simples (OASRS 2018).

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