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Melhoria da qualidade de projetos de reabilitação de edifícios de habitação

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de

Habitação

Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil

Alana Sena de Mendonça

Orientador: Anabela Gonçalves Correia de Paiva Coorientador: Caroline Elizabeth Dominguez Coorientador: José António Raimundo Mendes da Silva

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de

Habitação.

Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil

Alana Sena de Mendonça

Orientador: Anabela Gonçalves Correia de Paiva Coorientador: Caroline Elizabeth Dominguez Coorientador: José António Raimundo Mendes da Silva

Composição do Júri: Ana Tereza Vaz Ferreira Ramos Anabela Gonçalves Correia de Paiva

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Dissertação submetida à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil, realizada sob orientação científica da Professora Doutora Anabela Gonçalves Correia de Paiva e da Professora Doutora Caroline Elizabeth Dominguez, docentes do Departamento de Engenharias, da Escola de Ciências e Tecnologia, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Professor Doutor José António Raimundo Mendes da Silva, docente do Departamento de Engenharia Civil, da Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade de Coimbra.

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Agradecimentos

AGRADECIMENTOS

A elaboração desta dissertação contou com a contribuição de pessoas e de instituições, que permitiram que os objetivos deste trabalho fossem cumpridos. Assim, quero expressar os meus sinceros agradecimentos a todas essas pessoas, em particular:

À Professora Doutora Anabela Gonçalves Correia de Paiva, orientadora desta dissertação, a qual sempre demonstrou apoio e disponibilidade, através de uma orientação exemplar, baseada num elevado nível de conhecimento científico, inovação e senso crítico.

Aos coorientadores Professora Doutora Caroline Elizabeth Dominguez e ao Professor Doutor José António Raimundo Mendes da Silva, pela disponibilidade e apoio na elaboração deste trabalho através de vossos conhecimentos.

À Camara Municipal de Vila Real, pela disponibilidade de seus registros, assim como pelas inúmeras reuniões, que foram de extrema importância para elaboração deste trabalho.

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, mais especificamente, ao Observatório da Construção de TMAD, pelas pesquisas e recolhas de dados que foram realizados através deste.

À minha mãe, Karine de Sena Ferreira, minha primeira professora, que me deu força, apoio e confiança para que pudesse estar aqui.

Ao meu noivo, Vinícius Benaglia, pelo companheirismo e paciência, que fizeram essa jornada mais leve.

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Resumo

RESUMO

No passado, Portugal viveu uma expansão desproporcional no setor imobiliário, resultando em muitas construções mal planeadas e com falta de qualidade. Além disso, os centros históricos foram sofrendo cada vez mais com a degradação do património, visto que as cidades começaram a desenvolver-se para a periferia, resultando no abandono dos bairros antigos.

Portanto, a reabilitação de edifícios surge como um meio para corrigir patologias, preservando ao máximo o traçado arquitetónico do edificado existente, mas ao mesmo tempo, pretende garantir princípios de qualidade, através da sua intervenção, aumentando a durabilidade do edifício, diminuindo a frequência de obras de reabilitação, bem como seus custos.

Tendo em conta a importância do fator qualidade na construção, o objetivo deste trabalho é contribuir para melhoria da qualidade dos projetos de reabilitação, de forma a que, após as intervenções, o edifício degradado proporcione aos seus utilizadores um conforto e segurança adequada, mas ao mesmo, tempo conserve as características arquitetónicas e os elementos construtivos.

Neste sentido, foi feito um levantamento dos edifícios reabilitados e a reabilitar nos últimos 10 anos e consultados os respetivos projetos de reabilitação, referentes ao Centro Histórico da cidade de Vila Real, a partir de registos disponibilizados pela Câmara Municipal, afim de analisar o seu estado de conservação, as técnicas e os métodos de construção utilizados e verificar se estes edifícios foram adequadamente reabilitados. Após o levantamento concluiu-se que os edifícios licenciados pela Câmara Municipal de Vila Real, não atendiam aos requisitos para serem considerados reabilitação, uma vez que foram totalmente reconstruídos.

Sendo assim, procurou-se, através de visitas técnicas ao Centro Histórico de Vila Real, identificar edifícios reabilitados que não se encontravam mencionados no arquivo do município, por serem considerados obras interiores e não precisarem submeter projetos.

A partir disso, foram selecionados três casos de estudo, nos quais se aplicou o método de avaliação da qualidade criado pelo Instituto Pedro Nunes, o MIMAQ, para de forma inteligível verificar se os projetos de reabilitação em questão, atendem aos requisitos de qualidade impostos pelo programa, e ainda, a partir destes resultados e da metodologia de avaliação do MIMAQ, adaptar a ferramenta em uma ficha de avaliação da qualidade de fácil aplicação, que sirva como instrumento de apoio ao município.

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Abstract

ABSTRACT

In the past, Portugal has experienced a disproportionate expansion in construction resulting in many poorly planned and poor-quality buildings. In addition, the historic centers were increasingly suffering from heritage degradation as cities began to develop to the periphery resulting in the abandonment of the old quarters.

Therefore, the rehabilitation of buildings emerges as a means to correct pathologies preserving as much as possible the architectural layout of the existing building, but at the same time, aims to guarantee quality principles through its intervention, increasing the durability of the building and reducing the frequency of rehabilitation works as well as their costs.

Considering the importance of the quality factor in the construction, the objective of this work is to contribute to the improvement of the quality of the rehabilitation projects, so that, after the interventions the degraded building will provide the users adequate comfort and safety, but at the same time, keep the architectural features and the building elements.

In this sense, was made a study of the buildings to be rehabilitate and the rehabilitated in the last 10 years in the region of the Historic Center of the city of Vila Real where was consulted the respective rehabilitation projects from records provided by the City Council, in order to analyze their conservation, techniques and construction methods used and check that these buildings have been properly rehabilitated. After the survey it was concluded that the buildings licensed by the Vila Real City Council did not meet the requirements to be considered rehabilitation once the buildings were rebuilt.

Thus, through technical visits to the Historic Center of Vila Real it was sought to identify rehabilitated buildings that were not mentioned in the municipality's archive, as they were considered interior works and did not need to submit the projects.

From this, three case studies were selected, in which the quality assessment method created by the Pedro Nunes Institute, the MIMAQ, was applied to intelligibly verify whether the rehabilitation projects in question meet the quality requirements imposed by the program. After that, based on these results and the MIMAQ evaluation methodology, an adaptation of the tool was made to an easily applied quality assessment form that serves as a support tool for the municipality.

KEYWORDS:

Projects, Building Rehabilitation, Quality, Quality Assessment Method, MIMAQ.

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Índice

ÍNDICE

1.Introdução ... 3 1.1 Enquadramento ... 3 1.2 Objetivos ... 4 1.3 Metodologia ... 4 1.4 Organização do Trabalho ... 5 2. Reabilitação de Edíficios ... 9

2.1 Enquadramento Teórico e Legislativo da Reabilitação de Edifícios ... 9

2.1.1 Introdução ... 9

2.1.2 Enquadramento Legislativo Internacional ... 10

2.1.3 Enquadramento Legislativo Português ... 13

2.2 Apoios e Incentivos à Reabilitação de Edifícios ... 14

2.2.1 Benefícios Fiscais ... 15

2.2.2 Reabilitar para Arrendar - Habitação Acessível ... 16

2.2.3 Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas - IFRRU 2020………...16

2.2.4 1º Direito ... 17

2.2.5 Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado - FRNE ... 17

2.2.6 Casa Eficiente 2020 ... 18

2.2.7 Conclusões ... 18

2.3 Operações de Reabilitação em Edifícios ... 18

2.3.1 Etapas no processo de Reabilitação de Edifícios ... 18

2.3.2 Níveis de Reabilitação ... 19

2.3.3 Boas Práticas e Técnicas da Reabilitação de Edifícios ... 20

3. Métodos de Avaliação da Qualidade de Edifícios Reabilitados ... 29

3.1 Análise Comparativa de Métodos de Avaliação da Qualidade de Edifícios Reabilitados ... 29

3.2 Método de Avaliação do Estado de Conservação dos Edifícios (MAEC) ... 30

3.2.1 Introdução ... 31

3.2.2 Enquadramento Legislativo ... 31

3.2.3 Determinação do Nível de Conservação ... 32

3.2.4 Determinação do Coeficiente de Conservação ... 33

3.2.5 Ficha de Avaliação ... 33

3.3 Método para a Minimização do Risco de Má Qualidade em Projetos de Reabilitação (MIMAQ) ... 35 3.3.1 Introdução ... 35 3.3.2 Procedimento 1 ... 37 3.3.3 Procedimento 2 ... 37 3.3.4 Procedimento 3 ... 39 3.3.5 Procedimento 4 ... 39 3.3.6 Procedimentos Complementares 5,6 e 7 ... 42

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

viii

4. Reabilitação em Vila Real ... 47

4.1 Caracterização Geral do Centro Histórico de Vila Real ... 47

4.1.1 Enquadramento Histórico ... 47

4.1.2 Caracterização Populacional ... 47

4.1.3 Caracterização do Edificado ... 48

4.2 Levantamento dos Edifícios Reabilitados nos últimos 10 anos no Centro Histórico de Vila Real ... 49

5. Caracterização dos Casos de Estudo ... 59

5.1 Introdução ... 59

5.2 Primeiro Caso de Estudo ... 60

5.2.1 Caracterização Construtiva do Edifício ... 60

5.2.2 Identificação das Patologias ... 63

5.2.3 Intervenções de Reabilitação ... 67

5.3 Segundo Caso de Estudo ... 70

5.3.1 Caracterização Construtiva do Edifício ... 71

5.3.2 Identificação das Anomalias ... 74

5.3.3 Intervenção de Reabilitação ... 77

5.1 Terceiro Caso de Estudo ... 79

5.1.1 Caracterização Construtiva do Edifício ... 80

5.1.2 Identificação das Patologias ... 80

5.1.3 Intervenção de Reabilitação ... 81

6. Aplicação do Método de Minimização do Risco de Má Qualidade nos Projetos de Reabilitação (MIMAQ) ... 85

6.1 Introdução ... 85

6.2 Aplicação do MIMAQ ao Primeiro Caso de Estudo ... 86

6.3 Aplicação do MIMAQ ao Segundo Caso de Estudo... 98

6.4 Aplicação do MIMAQ ao Terceiro Caso de Estudo... 110

7. Adaptação da Ferramenta MIMAQ como Instrumento de Apoio para Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios na Região de Vila Real ... 113

7.1 Elaboração da Ficha ... 113

7.2 Aplicação da Ficha de Avaliação da Qualidade aos Casos de Estudos ... 121

7.2.1 Primeiro Caso de Estudo ... 121

7.2.2 Segundo Caso de Estudo ... 123

7.2.3 Terceiro Caso de Estudo ... 125

8. Conclusões e Trabalho futuro ... 129

8.1 Conclusões ... 129

8.2 Trabalho Futuro ... 131

Referências Bibliográficas ... 133

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Índice de Figuras

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Organização geral do processo desde a candidatura até à verificação do projeto, com

identificação dos diferentes procedimentos ... 36

Figura 2- Organização geral do procedimento 4. ... 41

Figura 3- Delimitação da ARU do Centro Histórico de Vila Real... 49

Figura 4- Localização dos Casos de Estudo. ... 59

Figura 5- Fachada Douro Village Hostel. ... 60

Figura 6- a) Divisões Internas em Tabique. b) Alvenaria em Pedra. ... 61

Figura 7- a) Pavimento Térreo. b) Pavimento Superio. ... 61

Figura 8- Cobertura inclinada em madeira. ... 62

Figura 9- Escada em estrutura de madeira ... 62

Figura 10- Teto em masseira. ... 63

Figura 11- Patologias no revestimento exterior. ... 64

Figura 12- Patologia nas paredes interiores. ... 64

Figura 13- Patologia no revestimento do teto. ... 65

Figura 14- Patologias na cobertura. ... 65

Figura 15- a) Patologias na porta de madeira. b) Patologias na janela de madeira. ... 66

Figura 16- Patologias nas estruturas da varanda. ... 67

Figura 17- a) Hall de entrada após a reabilitação. b) Receção após a reabilitação. ... 68

Figura 18- a) Hall de entrada após a reabilitação. b) Escadas após a reabilitação. ... 69

Figura 19- a) Suporte metálico da laje de madeira. b) Sala de Estar após a reabilitação. ... 69

Figura 20- a) Fachada posterior após a reabilitação. b) Jardim após a reabilitação. ... 70

Figura 21- Fachada Loja do Covilhete. ... 70

Figura 22-Paredes interiores revestidos por ladrilhos cerâmicos. ... 71

Figura 23- Paredes divisórias de tabique. ... 71

Figura 24- a) Pavimento Térreo. b) Pavimento Superior. ... 72

Figura 25- a) Revestimento de gesso cartonado teto inferior. b) Revestimento de madeira teto. ... 72

Figura 26- Escada revestida por ladrilhos cerâmicos. ... 73

Figura 27- Restos da instalação elétrica. ... 73

Figura 28- Patologias nas paredes exteriores. ... 74

Figura 29- Patologias nas paredes interiores após a retirada dos ladrilhos cerâmicos. ... 75

Figura 30- Deformação do beirado e das telhas. ... 75

Figura 31- Patologias portas interiores. ... 76

Figura 32- Patologias nas estruturas das varandas. ... 76

Figura 33- Piso inferior após a reabilitação. ... 78

Figura 34- Piso inferior após a reabilitação. ... 78

Figura 35- Piso inferior após a reabilitação. ... 78

Figura 36- Piso superior após a reabilitação. ... 79

Figura 38- Fachada do edifício, ainda em fase de construção. ... 79

Figura 39- Fachada Principal. ... 80

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

x

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Uso dos edifícios caracterizados em percentagem. ... 52

Gráfico 2- Tipologia dos edifícios caracterizados em percentagem. ... 53

Gráfico 3- Estado de Conservação dos edifícios caracterizados em percentagem. ... 54

Gráfico 4- Edifícios devolutos no Centro Histórico de Vila Real. ... 54

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Índice de Tabelas

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Análise comparativa dos métodos. ... 29

Tabela 2- Níveis de anomalia. ... 33

Tabela 3- Coeficientes de Conservação. ... 33

Tabela 4- Designação abreviada (N1 a N4) para os 7 indicadores. ... 38

Tabela 5- Caracterização dos edifícios licenciados reabilitados e a reabilitar no Centro Histórico de Vila Real. ... 51

Tabela 6- Ficha de caracterização MIMAQ. ... 86

Tabela 7- Seleção das perguntas. ... 92

Tabela 8- Análise sumária da qualidade do projeto de reabilitação. ... 93

Tabela 9- Ficha de caracterização MIMAQ. ... 98

Tabela 10- Seleção das perguntas. ... 104

Tabela 11- Análise sumária da qualidade do projeto de reabilitação. ... 105

Tabela 12- Ficha de Avaliação da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios. ... 114

Tabela 13- Aplicação da Ficha de Avaliação MIMAQ ao requisito Acústica para o Primeiro Caso de Estudo. ... 121

Tabela 14- Aplicação da Ficha de Avaliação MIMAQ ao requisito Sustentabilidade para o Primeiro Caso de Estudo. ... 122

Tabela 15- Aplicação da Ficha de Avaliação MIMAQ ao requisito Organização do Projeto para o Primeiro Caso de Estudo. ... 122

Tabela 16- Aplicação da Ficha de Avaliação MIMAQ ao requisito Estrutura para o Segundo Caso de Estudo. ... 123

Tabela 17- Aplicação da Ficha de Avaliação MIMAQ ao requisito Organização do Projeto para o Segundo Caso de Estudo. ... 124

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

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1. Introdução

Capítulo 1

Introdução

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

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1. Introdução

1. INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento

O excesso de construção é uma realidade em alguns países da Europa e a necessidade de intervenções de reabilitação vai crescendo, uma vez que muitos dos edifícios não atendem à qualidade e às exigências atuais (Teixeira 2013). É o caso de Portugal, que atualmente, segundo a mais recente pesquisa do Instituto Nacional de Estatística (INE), possui cerca de um milhão de edifícios degradados, que precisam de reparações. Este problema é consequência de uma expansão desproporcional do setor imobiliário nos anos 90 e 2000 do Século XX, que resultou em edifícios mal planeados e de baixa qualidade.

Os centros históricos foram afetados por este fenómeno, visto que as cidades começaram a desenvolver-se para a periferia e as pessoas, atraídas pelos novos edifícios com mais espaço e conforto, começaram a deslocar-se para as zonas novas, tendo como consequência a diminuição da população e das atividades económicas nos Centros Históricos e, portanto, o abandono, o envelhecimento e a degradação do ambiente construído (Queiroz 2007). Assim, os Centros Históricos representam um grande desafio, em termos de reabilitação, para as Câmaras Municipais, pois são áreas de grande interesse patrimonial que devem ser preservadas.

Dada a necessidade de reverter o cenário atual, deve-se promover medidas que incentivem a reabilitação de edifícios degradados, de forma a que após as intervenções os edifícios atendam às condições de conforto e saúde dos utilizadores, tenham qualidade e ao mesmo tempo, preservem as características arquitetónicas do antigo edificado, para estimular o retorno da população a estas zonas.

A melhoria da qualidade de um edifício reabilitado é sem dúvida um dos fatores mais importantes a ser levado em consideração durante a elaboração de um projeto, uma vez que garante que as intervenções e o uso de materiais sejam satisfatórios, resultando num edifício eficiente, que provavelmente não apresentará patologias graves, contanto que sejam feitas operações de manutenção ao longo dos anos (Spínola 2016).

Outro fator importante a ser ponderado é a sustentabilidade. A construção sustentável consiste num conjunto de práticas adotadas antes, durante e após o projeto, com objetivos claros de não prejudicar o meio ambiente, melhorar o conforto térmico, reduzir para níveis muito baixos o consumo de energia e melhorar a qualidade de vida dos habitantes, utilizando materiais

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

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Atualmente, já existem metodologias para a avaliação da qualidade dos edifícios, destinadas a diversos tipos de construções, inclusive direcionadas para a reabilitação. Além disso, ações de reabilitação já estão a ser realizadas pelas Câmaras Municipais, que estão adotando medidas de apoio e incentivos à reabilitação urbana, estimulando uma nova mentalidade em que a reabilitação é vista como uma melhor solução comparada com a nova construção. Segundo o INE, em 2018, o número de licenças de reabilitação, em Portugal, cresceu 11,7% em relação a 2017, o que mostra uma tendência positiva em relação à prática de reabilitação de edifícios (INE 2018).

Algumas razões que podem explicar esta tendência, estão relacionadas com a crise económica que o país tem vindo a atravessar e que afetou principalmente a indústria da construção, tornando as novas construções escassas e muitas vezes inexistentes. A reabilitação de edifícios tornou-se assim uma opção atraente, uma vez que apresenta um custo menor devido à economia de materiais e energia. Além disso, a reabilitação permite perpetuar a historicidade do património e, ao mesmo tempo, garantir a melhoria das condições de vida dos habitantes, trazendo qualidade e modernidade a esses edifícios.

1.2 Objetivos

Este trabalho tem como objetivos principais contribuir para a melhoria da qualidade de projetos de reabilitação de edifícios de habitação, de modo a garantir os padrões de qualidade e corrigir as falhas existentes, de forma a conservar as características arquitetónicas e os principais elementos construtivos, através da adaptação da ferramenta MIMAQ (Método para a Minimização da Má Qualidade de Projetos de Reabilitação).

Pretende-se ainda que esta nova ferramenta possa servir de apoio aos municípios, e seja de fácil utilização e pouco extensa, baseada nas características construtivas de região estudada.

1.3 Metodologia

De modo a atingir os objetivos propostos neste trabalho adotou-se a seguinte metodologia: • Estudo aprofundado do método MIMAQ, no que respeita à sua definição, aos seus

procedimentos e à sua aplicação;

• Levantamento dos edifícios reabilitados e a reabilitar nos últimos 10 anos e análise dos respetivos projetos de reabilitação, no Centro Histórico, da cidade de Vila Real, a partir de

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1. Introdução

registos disponibilizados pela Câmara Municipal, afim de analisar o seu estado de conservação, as técnicas e os métodos de construção utilizados e verificar se estes edifícios foram adequadamente reabilitados;

• Realização de visitas técnicas ao Centro Histórico de Vila Real, para levantamento de edifícios reabilitados que não são mencionados no arquivo municipal;

• Escolha de três casos de estudo, com a caracterização detalhada dos edifícios, das patologias e das intervenções de reabilitação, para a posterior aplicação da ferramenta MIMAQ;

• Adaptação da ferramenta MIMAQ, de forma a torna-la mais simples, pouco extensa e de fácil utilização, para ser usada como ferramenta de apoio aos municípios.

1.4 Organização do trabalho

Além deste capítulo, o presente trabalho está organizado em mais 7 capítulos.

No segundo capítulo, é feita uma revisão bibliográfica no que diz respeito à reabilitação de edifícios, começando pela sua definição, aplicação, enquadramento legislativo, e mecanismos de apoio.

No terceiro capítulo será apresentada uma revisão sobre os métodos de avaliação da qualidade, com ênfase na metodologia MIMAQ.

No quarto capítulo, serão apresentadas as atividades desenvolvidas, que incluem a caracterização do Centro Histórico e o levantamento dos edifícios reabilitados e a reabilitar.

No capítulo 5, serão caracterizados os casos de estudos;

No capítulo 6, será apresentada a aplicação da ferramenta MIMAQ aos casos de estudo anteriormente referidos;

No capítulo 7, será feita a apresentação e a aplicação da ficha de avaliação desenvolvida tendo por base o MIMAQ;

Por fim, no capítulo 8, serão apresentadas as principais conclusões deste trabalho, bem como propostas para trabalho futuro.

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

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2. Reabilitação de Edifícios

Capítulo 2

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

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2. Reabilitação de Edifícios

2. REABILITAÇÃO DE EDÍFICIOS

2.1 Enquadramento Teórico e Legislativo da Reabilitação de Edifícios

2.1.1 Introdução

A Reabilitação de Edifícios pode ser definida como uma intervenção no edifício destinada a corrigir as anomalias causadas ao longo dos anos que afetem a qualidade, a estética, o conforto e a segurança de um edifício, resultando numa modernização que melhore o desempenho da construção de modo a que cumpra os atuais níveis de exigências, porém ao mesmo tempo, respeite a arquitetura original (Appleton 2014).

É necessária a reabilitação em construções em que, se observem a existência de anomalias, se encontrem problemas de estabilidade, haja necessidade de alteração do tipo de uso do edifício ou em que por algum motivo as forças atuantes aumentem. Podendo esta conter todas as circunstâncias citadas anteriormente, ou apenas uma delas (Lopes 2009).

Para entender melhor esse conceito é necessário distinguir o termo reabilitação de outros frequentemente usados, como restauro, reconstrução, renovação, conservação e manutenção de edifícios. De acordo com a Carta de Lisboa (1995), os procedimentos diferem, uma vez que no restauro de edifícios as intervenções visam a preservação ou a reconstrução de patrimónios culturais, sendo a reconstrução uma obra total ou parcial de determinada instalação que mantenha a conceção original. Os procedimentos para prevenir o deterioramento dos edifícios são medidas de conservação, enquanto que as operações periódicas desenvolvidas nas diversas partes do edificado são chamadas manutenção. Qualquer construção nova num lugar anteriormente construído designa-se por renovação (ANAIS 1995).

Assim, a reabilitação, pode envolver a reparação de todos os elementos construtivos dos edifícios, desde danos em telhados, paredes exteriores e interiores, portas e janelas ou a solução dos problemas mecânicos, elétricos, dos sistemas de canalização e proteção contra incêndio, até à substituição ou fortalecimento dos componentes estruturais danificados. No final pretende-se que o edificado tenha equipamentos mais sofisticados e automatizados, que estejam em conformidade com as normas da construção civil atuais, mas que ao mesmo tempo respeite a conceção inicial (Coffey 1994).

Também, segundo José Vasconcelos Paiva et al (2006), a Reabilitação de Edifícios, além de prezar a qualidade de vida dos utilizadores, também exerce um papel no desenvolvimento

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

10

reutilização da maior quantidade possível dos materiais já existentes, o que contribui para a economia dos recursos e menor produção de lixo.

Assim, a Reabilitação de Edifícios tem como objetivo recuperar danos construtivos causados aos longo dos anos, assegurando a preservação dos valores culturais e a proteção ambiental, de forma a impedir que estes edifícios cheguem a um estado de ruína e posteriormente sejam demolidos (Appleton 2014).

É importante realçar que, uma vez que o património é reabilitado, é preservado a história e a evolução da cidade. A carta de Cracóvia (2000), estabelece que cada comunidade, tendo em consideração a memória coletiva e a consciência do seu passado, passa a ser responsável pela administração do seu património. O legado histórico de cada cidade possui um valor que aumenta com o passar do tempo, daí a importância de preservar os bens culturais, uma vez que estes acarretam pecúlio e pertencem à comunidade como um todo (COE 2000).

Assim, a reabilitação também tem importância no aspeto económico, pois além do valor histórico, ao reabilitar reduz-se o número de demolições e de novas construções, reduzindo o gasto de matéria-prima, tanto quanto o consumo de energia para transformá-la em novos produtos, ou para deslocar e eliminar os entulhos provenientes das demolições (Appleton 2014). A Reabilitação de Edifícios traz inúmeras vantagens económicas, sociais, ambientais e culturais para um país. Apesar de impor desafios a toda a sociedade, a sua prática é essencial para a atual realidade que vive o setor da construção civil, onde construções novas são cada vez mais escassas e as construções antigas precisam ser reparadas.

2.1.2 Enquadramento Legislativo Internacional

Inicialmente as construções foram motivadas pela necessidade do homem em se proteger de fatores naturais. As únicas preocupações eram a segurança e o conforto daqueles que usufruíssem do edificado, sem nenhuma consciência histórica, socioeconómica ou ambiental. Apenas a partir do século XX surgiram os primeiros questionamentos sobre o património e a necessidade de reabilitação, resultando na criação de cartas e recomendações que deram início a uma nova era na construção (Silva 2017).

As cartas atuam a nível internacional como referência sobre o modo de intervenção no património arquitetónico, que deve ser adaptado às necessidades específicas de cada país e aos usos tecnológicos atuais. Estas cartas, nos últimos anos, devido à escassez de recursos e à

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2. Reabilitação de Edifícios

poluição causada pelo setor da construção civil, também passaram a evidenciar preocupações de cunho ambiental e ecológico (Sousa 2016).

A primeira norma internacional dedicada à reabilitação surgiu em 1931, intitulada Carta de Atenas. Salientava princípios gerais relativos à proteção de monumentos e recomendava que o restauro fosse executado sempre respeitando a história, a arte e o estilo da época de construção. Chamou ainda a atenção para que os novos edifícios se enquadrassem no caráter e na fisionomia das cidades, principalmente em regiões com monumentos. Ressaltou a necessidade de um estudo detalhado das plantas do edifício e da sua envolvente. Foi aprovado nesta norma o uso de materiais e técnicas modernas para reabilitação de edifícios antigos, com bom senso na sua utilização e cuidado para não modificar a originalidade do edifício (ICOM 1931).

Estas primeiras recomendações foram de grande importância para a prática da reabilitação, porém com o passar dos anos notou-se a necessidade de aprofundar os conhecimentos nesta área. Assim, com intuito de melhorar a Carta de Atenas, no IIº Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos de Monumentos Históricos foi aprovada a Carta de Veneza, em 1964. Nesta, foi reconsiderado o conceito de monumento histórico, que deixou de ser uma criação arquitetónica isolada e passou a incluir os edifícios e as envolventes que tivessem algum significado histórico ou cultural. Ressaltou ainda a necessidade de consultar arqueólogos e historiadores para garantir a harmonia arquitetónica do património após as intervenções de restauro (ICOMOS 1964).

Uma outra medida significativa para a reabilitação de edifícios deu-se em 1975, após ser proclamado o Ano Europeu do Património Arquitetónico, resultando a Carta Europeia do Património Arquitetónico. A principal motivação foi estreitar os laços dos países membros do Conselho da Europa, para consolidar as práticas de conservação e restauro do património considerado um bem comum do continente. Assim como, carta de Veneza que refere a necessidade de reabilitar como um todo, dando atenção não apenas aos monumentos importantes, mas também às cidades antigas e aldeias tradicionais, tendo em vista o enquadramento, uma vez que isso afastaria a eminente ameaça do risco de desaparecimento da herança da construção histórica (COE 1975).

O significado de “património arquitetónico” foi melhor explicitado na Convenção para a Salvaguarda do Património Arquitetónico na Europa, em 1985, e englobou as seguintes definições (Diário da República 1991):

• Monumentos: todas as construções de cunho histórico, cultural, arqueológico, científico, social ou técnico, incluindo suas instalações e decorações;

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• Conjuntos arquitetónicos: concentração de construções urbanas em zonas urbanas ou rurais, com herança histórica, cultural, arqueológica, científica, social ou técnica;

• Sítios: agrupamento de edifícios e a natureza em suas respetivas envolventes, notáveis pelo carater histórico, cultural, arqueológico, científico, social ou técnico.

Além de tais definições, é necessário referir que esta convenção outorgou medidas jurídicas que deveriam ser implantadas para proteção do património arquitetónico, que foram adotadas pela Lei do Património Cultural Português (Lei n.º 13/85 de 6 de julho).

Apesar de todos os tópicos levantados até aqui, somente em 1991, na Recomendação n.º R(91) 13 sobre a Proteção do Património Arquitetónico do século XX, foi evidenciada a necessidade de mobilizar a administração e o poder público quanto às praticas de reabilitação, requerendo a formação de especialistas para melhoria do restauro, assim como a implementação de programas educativos, de modo a consciencializar a geração futura quanto à importância do património histórico (COE 1991).

No Documento de Nara sobre a Autenticidade do Património Cultural, também foi discutida a importância da consciencialização global sobre os valores de cada cultura e a necessidade de estudos científicos para identificação dos imóveis portadores desses valores (UNESCO-ICOMOS 1994).

Tendo em conta as recomendações internacionais citadas até então, motivadas pela unificação europeia e baseando-se nos princípios da Carta de Veneza, foi elaborada a Carta de Cracóvia (2000). Esta última carta tem como principal objetivo a conservação do património arquitetónico, urbano e paisagístico, a qual pode ser posta em prática a partir de diferentes intervenções como, o controle do meio ambiental, a manutenção, a reparação, o restauro e a reabilitação.

Relativamente à conservação dos edifícios com valor histórico, este documento ressalta a necessidade de manter a autenticidade e a integridade das partes do edificado o mais próximo do seu aspeto inicial. Para isso, deve existir um projeto de reabilitação detalhado, que esteja atento aos materiais e tecnologias usadas na construção, a fim de proporcionar conformidade entre os materiais, a estrutura e arquitetura (COE 2000).

Apesar do princípio fundamental da UNESCO, que afirma que o nosso património cultural é património de todos nós, esta carta atribui a responsabilidade da identificação e da gestão do património a cada comunidade, uma vez que estas devem conhecer o seu passado e a sua herança histórica. Estas ideias, assim como os objetivos e a metodologia dessa carta são as bases utilizadas para as práticas de reabilitação atualmente.

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2. Reabilitação de Edifícios

2.1.3 Enquadramento Legislativo Português

O primeiro regulamento relacionado com o Património Edificado, surgiu no reinado de D. João V e é conhecido como o Alvará Régio de 20 de agosto de 1721, o qual proíbe que os edifícios com significado histórico sejam desfeitos ou destruídos, mesmo que se apresentem em estado de ruína. Apesar de uma evidente preocupação com os monumentos históricos demostrado neste manuscrito, esta é vaga quanto as definições sobre as práticas de reabilitação e num contexto atual é usada como ferramenta para o reconhecimento do património cultural. Apenas no início século XX, com a Implantação da República, foi publicada a primeira lista oficial dos Monumentos Nacionais, assim como decretos lei que vieram a definir melhor o significado de monumentos históricos. Como, por exemplo, o Decreto Lei n.º 1 de 26 de maio de 1911, que classificou como monumentos todas as construções com valor artístico, histórico ou arqueológico e atribuiu ao poder público direitos de desapropriação dos imóveis privados, desde que estes se encaixassem nessa descrição (Oliveira 2003).

Anos mais tarde foi publicado o Decreto-Lei n.º 13/85 de 6 de julho, intitulado “1º código, A Lei do Património Cultural Português”. Neste código foram declarados como património todos os bens materiais e imateriais que fossem considerados relevantes para identidade da cultura portuguesa e os cidadãos foram responsabilizados pela sua preservação, assim como o Estado e as outras entidades públicas, que foram encarregados pelas medidas de salvaguarda, valorização e classificação dos bens culturais (DRE 1985).

Este decreto foi revogado pelo Decreto-Lei n.º 107/2001 de 8 de setembro, que estabeleceu as bases da política do regime de proteção e valorização do património cultural, visando assegurar o direito à cultura do território português. Definiu-se como património cultural todos os bens que tivessem heranças de uma civilização anterior ou fossem portadores de interesse cultural relevante, podendo ser classificados como monumento, conjunto ou sítio. Atribuem-se os deveres do conhecimento, estudo, proteção, valorização e divulgação do património ao Estado (DRE 2001).

Sabendo que, este decreto foi publicado devido à influência dos contextos gerais internacionais de recomendações e convenções, sobre a salvaguarda, proteção e valorização do património, torna-se necessário mencionar os fundamentos da Carta de Lisboa sobre Reabilitação Urbana Integrada. Esta carta, decorre do 1º Encontro Luso-Brasileiro de Reabilitação Urbana, em Lisboa, em 1995 e teve a finalidade de tornar a linguagem das cartas anteriores mais acessível e enquadrá-las na realidade de Portugal. Também, trouxe definições

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

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mais aprofundadas sobre as diversas técnicas para conservação do património e levantou a necessidade da melhoria das condições de vida para os moradores dos Centros Históricos, assim como salientou a importância da prática para a economia e o desenvolvimento sustentável (ANAIS 1995).

Ainda, com base nas determinações do Decreto-Lei n.º 107/2001 de 8 de setembro, foi publicado o Decreto-Lei n.º 138/2009, de 15 de Junho. Este concebe o Fundo de Salvaguarda do Património Cultural, sendo os principais objetivos financiar medidas de proteção e valorização dos imóveis, conjuntos e sítios da lista de património mundial, bem como os bens culturais em situações de emergência, podendo também ser usado para aquisição, reabilitação, conservação e restauro de imóveis relevantes para o interesse cultural (DRE 2009).

Meses mais tarde, no Decreto-Lei n.º 309/2009 de 23 de outubro, é estabelecido o procedimento de classificação dos bens imóveis com interesse cultural, tal como o regime jurídico da proteção e valorização do património. Na metodologia de classificação é verificado o interesse cultural dos imóveis, do ponto de vista histórico, paleontológico, arqueológico, arquitetónico, artístico, etnográfico, científico, social, industrial e técnico (DRE 2009).

Estes procedimentos legislativos referentes à conservação de edifícios foram de extrema importância para o cenário atual, uma vez que incentivaram os trabalhos de conservação e reabilitação dos edifícios no património português e fizeram com que os proprietários destes imóveis tivessem deveres sociais perante a regulamentação.

2.2 Apoios e Incentivos à Reabilitação de Edifícios

Existe uma série de incentivos financeiros, benefícios fiscais e programas de apoio destinados à Reabilitação de Edifícios. Esta área confere elevada atenção governamental, tendo sido adotadas medidas a nível fiscal e financeiro, presentes no Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de Outubro que aprova o regime jurídico da reabilitação urbana.

Esta lei prevê financiamento, destinado ao apoio do estado para proprietários e terceiros que promovam ações de reabilitação, ou às entidades gestoras nos termos previstos numa legislação especial, artigos 74º, e ao apoio do município para proprietários, entidades gestoras e terceiros que promovam operações e ações de reabilitação urbana (artigo 75º). Ainda no artigo 76º é explicito que as entidades gestoras podem contrair empréstimos a curto e a longo prazo, para as operações de reabilitação urbana, que não aumentem o montante da dívida de cada município.

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2. Reabilitação de Edifícios

O artigo 71º do estatuto de benefícios fiscais aprovado pelo DL nº 215/89 de 1 de Julho, estabelece disposições que consagram incentivos à reabilitação urbana no que diz respeito a edifícios localizados nas áreas de reabilitação urbana, que se aplicam a obras iniciadas após Janeiro de 2008 e concluídas até Dezembro de 2020. Os imóveis que subirem dois níveis no estado de conservação atribuído pelo Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU) após a intervenção de reabilitação serão beneficiados pela isenção ou redução de impostos.

Além dos benefícios fiscais, existem programas de apoio à reabilitação que podem ser destinados a diferentes tipos de projetos, regiões e circunstâncias. Estes programas são geridos pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), que é responsável pela coordenação e preparação das medidas de política financeira de apoio ao setor. Nas seções seguintes descrevem-se os principais mecanismos de apoio financeiro, previstos legalmente, aplicados à recuperação do património arquitetónico.

2.2.1 Benefícios Fiscais

Os benefícios fiscais destinados a obras de reabilitação, em diferentes casos, são (Portal da Habitação 2019a):

IVA - Imposto Sobre o Valor Acrescentado

Será feita a aplicação de uma taxa reduzida para 6%, para as obras de reabilitação urbana, realizadas em imóveis ou em espaços público, que estejam localizados em áreas de reabilitação urbana delimitadas nos termos legais, ou no âmbito de requalificação e reabilitação de reconhecido interesse público nacional.

IMI - Imposto Municipal sobre Imóveis

Estarão isentos até 30% da taxa de IMI, para o ano a que diz respeito o imposto, todos os imóveis ou espaços localizados em zonas que sejam objeto de operações de reabilitação urbana ou combate à desertificação.

EBF - Estatuto dos Benefícios Fiscais

Estarão isentos de IMI por 3 anos, podendo ser renovado para mais 5 anos, os prédios urbanos ou frações autónomas concluídos há mais de 30 anos ou localizados em áreas de

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reabilitação urbana, desde que, sejam objeto de intervenções de reabilitação promovidas nos termos do Regime Jurídico da Reabilitação Urbana (RJRU), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de outubro, do Regime Excecional de Reabilitação Urbana (RERU), Decreto-Lei n.º 53/2014, de 8 de abril, ou em que o nível do estado de conservação esteja dois níveis acima do anteriormente atribuído e tenha, no mínimo, um nível bom nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 266-B/2012, de 31 de dezembro, e sejam cumpridos os requisitos de eficiência energética e de qualidade térmica aplicáveis aos edifícios a que se refere o artigo 30º do Decreto-Lei n.º 118/2013, de 20 de agosto, alterado pelo Decreto-Lei n.º 194/2015, de 14 de setembro, sem prejuízo do disposto no artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 53/2014, de 8 de abril.

2.2.2 Reabilitar para Arrendar - Habitação Acessível

O programa de apoio “Reabilitar para Arrendar-Habitação Acessível” tem como objetivo o financiamento de operações de reabilitação de edifícios com idade igual ou superior a 30 anos, que de preferência estejam localizados em áreas de reabilitação urbana e se destinem ao arrendamento habitacional (Portal da Habitação 2019b).

Este programa conta com o apoio financeiro do Banco Europeu de Investimentos e do Banco de Desenvolvimento e dispõe de uma verba de 50 milhões de euros. Pode candidatar-se ao financiamento qualquer pessoa individual ou coletiva, de natureza privada ou pública, que seja proprietário de edifícios, que pretendam reabilitar e que comprovem perante o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) que a sua situação tributaria e contributiva está regularizada (Portal da Habitação 2019b).

As obras de reabilitação, não podem exceder o prazo de 12 meses, devem respeitar as exigências de licenciamento municipal e cumprir com as regras de proteção do património arquitetónico. A reabilitação deve ser feita de forma integrada, respeitando todas as componentes essenciais dos edifícios (Portal da Habitação 2019b).

2.2.3 Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas - IFRRU 2020

O IFRRU 2020 é um instrumento financeiro destinado a obras de reabilitação urbana que decorram em território nacional.

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2. Reabilitação de Edifícios

Poder-se-á candidatar a este financiamento qualquer entidade, singular ou coletiva, pública ou privada, que vise a reabilitação de edifícios com idade mínima de 30 anos ou que apresentem um nível de estado de conservação menor ou igual a 2, edifícios de habitação social, espaços urbanos e unidades industriais abandonadas. Os edifícios reabilitados poderão destinar-se a habitação, atividades económicas e equipamentos de utilização coletiva (IFRRU 2020 2019).

Este programa reúne diversos agentes de financiamento como, o PORTUGAL 2020, o Banco Europeu de Investimento e o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa. Os apoios serão concedidos pelas entidades selecionadas através de empréstimos e garantias. O IFRRU 2020 incentiva medidas de eficiência energética que sejam complementares a ações de reabilitação urbana, através de uma maior bonificação da taxa de juro correspondente aos custos da reabilitação energética (IFRRU 2020 2019).

2.2.4 1º Direito

O 1º Direito é um programa de apoio ao acesso a habitação que, tem por objetivo a inclusão social, através da reabilitação dos edifícios destinados a pessoas com pouca capacidade financeira, para custear uma habitação adequada. Serão beneficiadas as famílias em situações indignas, assim como as regiões autónomas, os municípios, os organismos setoriais e as entidades públicas, privadas e cooperativas que promovam estas soluções habitacionais (Portal da Habitação 2019c).

2.2.5 Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado - FRNE

O FNRE, é um apoio especial de investimento imobiliário fechado, de subscrição particular e duração indeterminada, fundamentado pela Lei nº 16/2015, de 24 de fevereiro, que tem como objetivo desenvolver projetos de reabilitação de edifícios prioritariamente habitacionais, para fins de arrendamento. Terão acesso a este programa, numa primeira fase, as Autarquias, as Instituições Particulares de Solidariedade Social, a Administração Direta e Indireta do Estado e os Institutos Públicos. Numa segunda fase, as entidades privadas também poderão candidatar imóveis para reabilitação (Portal da Habitação 2019d).

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2.2.6 Casa Eficiente 2020

O Programa "Casa Eficiente 2020" visa conceder empréstimos para as intervenções em edifícios de habitação particulares localizados em qualquer ponto do território nacional, que promovam ações de melhoria do desempenho ambiental, como a utilização de energias renováveis, aumento da eficiência hídrica no exterior e no interior das habitações, eficiência energética e hídrica de eletrodomésticos e a gestão dos resíduos urbanos. Poderão candidatar-se a este programa os proprietários de edifícios residenciais ou das suas respetivas frações (Portal da Habitação 2019e).

2.2.7 Conclusões

Os meios financeiros citados acima servem como ferramentas de apoio para o município, os senhorios e os proprietários, incentivando intervenções de reabilitação de edifícios. Dos incentivos patrocinados pelo IHRU, os programas de apoio Reabilitar para Arrendar - Habitação Acessível e o IFRRU 2020, assim como os benefícios fiscais, serão concedidos às obras de reabilitação que estejam localizadas em áreas de reabilitação urbana ou a edifícios com mais de 30 anos.

Já o programa 1º direito é exclusivamente destinado a famílias carentes, como forma de inclusão social, através da reabilitação de edifícios. O Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado (FNRE) é destinado aqueles que pretendem reabilitar um edifício para fins de arrendamento, enquanto a Casa Eficiente 2020 concede apoio financeiros às obras de reabilitação que visem melhoria energética.

Estes mecanismos são de extrema importância no enquadramento atual, uma vez que a degradação do edificado é uma preocupação coletiva, do estado e da população, e por sua vez estes programas incentivam a reabilitação de edifícios, tornando a ideia atrativa, viável e económica.

2.3 Operações de Reabilitação em Edifícios

2.3.1 Etapas no processo de Reabilitação de Edifícios

As execuções das intervenções de reabilitação em edifícios são desenvolvidas ao longo de várias fases, que buscam proporcionar à construção condições de segurança, funcionalidade e

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2. Reabilitação de Edifícios

conforto. Numa primeira fase, é feita uma análise detalhada de documentos, levantamentos, reconhecimentos, avaliações e ensaios para obtenção de um diagnóstico do estado de conservação do edifício. É necessário que estes estudos sejam realizados por profissionais capacitados (Freitas 2012).

Para além do estudo de diagnóstico, numa segunda fase, após conhecer as necessidades de intervenção no edifício, serão traçadas estratégias com as soluções para as anomalias e a estimativa do custo total da obra. Inicia-se então, uma análise da viabilidade económica, para verificar se as operações de reabilitação são viáveis, ou não, no plano financeiro (Freitas 2012).

Numa terceira fase deve proceder-se à elaboração do projeto de execução, que deverá conter peças desenhadas e memória descritiva, detalhando sucintamente os procedimentos de reabilitação do edifício. É necessário que seja apresentado um projeto global onde os projetos de especialidade, como de arquitetura, estruturas, térmica, acústica e instalações hidráulicas e elétricas sejam bem integrados (Freitas 2012).

O projeto de execução deverá ser apresentado ao órgão gestor do município, para fins de licenciamento. Nesta etapa é indispensável que a equipa projetista esteja em constante comunicação com a entidade licenciadora, para que no caso de serem necessárias correções ao projeto, estas sejam realizadas da forma mais breve possível (Rocha 2008).

Se o licenciamento do projeto for bem-sucedido, proceder-se-á à execução da obra. Geralmente, estes trabalhos são atribuídos aos empreiteiros, que são responsáveis por gerir a execução do projeto. No caso das operações de reabilitação, é necessário um maior cuidado durante a execução, logo, é crucial a presença do projetista para garantir o cumprimento dos prazos e a qualidade da construção (Rocha 2008).

Após a conclusão da obra, é realizada uma vistoria para atestar que o empreiteiro cumpriu as exigências do projeto, para então, se dar início ao período de garantia, durante o qual a empresa contratada será responsável por corrigir todos defeitos que esta construção venha apresentar e que sejam da sua responsabilidade (Freitas 2012).

2.3.2 Níveis de Reabilitação

Os níveis de reabilitação, de acordo com o LNEC, estão relacionados com a profundidade das intervenções para recuperação da construção e podem variar de acordo com a funcionalidade do edifício, os requisitos estabelecidos pelo dono de obra e os tipos de trabalhos

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

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O primeiro nível corresponde a uma Reabilitação Ligeira e engloba as pequenas reparações e beneficiações das instalações e equipamentos existentes nos fogos, visando a melhoria das condições de iluminação, ventilação e exaustão, além da reparação das coberturas, da pintura, das caixilharias e das instalações elétricas e hidráulicas. Esta intervenção aplica-se a edifícios onde o estado de conservação é considerado satisfatório ou razoável, não existindo a necessidade de uma reabilitação estrutural. Neste tipo de obra, o custo final não deverá ultrapassar 1/3 do valor de um edifício novo com as mesmas características (Aguiar et al. 2014).

Subsequente ao primeiro nível surge a Reabilitação Média. Esta, além de incluir os trabalhos anteriormente apontados abrange a substituição de elementos de carpintaria e instalações elétricas, a reparação dos revestimentos da cobertura e das paredes exteriores e interiores e eventual reforço de elementos estruturais. Este tipo de reabilitação ainda possibilita mudanças na organização dos espaços, afim de melhorar as suas condições funcionais e ambientais. Em termos económicos o custo final desta obra não deve ultrapassar 1/2 do valor de um edifício novo com características semelhantes. Em casos excecionais que exijam o aperfeiçoamento dos métodos construtivos este valor pode atingir os 2/3 (Aguiar et al. 2014).

Num terceiro grau de intervenção encontra-se a Reabilitação Profunda, que para além das operações já citadas, compreende alterações tipológicas, onde exista a necessidade de alterações de distribuição e organização dos espaços ou até a criação de novos espaços. Estas alterações podem implicar demolições, que podem ocasionar a substituição total da estrutura, dos elementos de carpintaria e dos revestimentos. O custo total desta obra aproxima-se do valor de um edifício novo (Pereira 2012).

O último nível de intervenção corresponde à Reabilitação Excecional, a qual ultrapassa as operações citadas anteriormente e pode ter um custo igual ou maior do que uma construção nova. Este tipo de obra requer técnicas especializadas de restauro e pode obrigar à substituição e/ou reforço dos elementos estruturais, ou até mesmo à reconstrução parcial do edifício com o objetivo de aumentar o seu nível de segurança e seus padrões de qualidade (Pereira 2012).

2.3.3 Boas Práticas e Técnicas da Reabilitação de Edifícios

A reabilitação de edifícios consiste na correção dos danos físicos e das patologias que são acumuladas ao longo dos anos, assim como na modernização dos equipamentos existentes, afim de proporcionar maior conforto ao utilizador. Para que este objetivo seja cumprido, estas

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2. Reabilitação de Edifícios

intervenções devem ser continuamente aprimoradas e devem ser executadas por técnicos especializados em reabilitação.

As soluções construtivas deverão ser adequadas aos tipos de materiais já existentes, assegurando a sua compatibilidade, seja no aspeto estético ou estrutural, logo recomenda-se a utilização de tecnologias tradicionais e materiais correntes. De um modo geral, deverão ser evitadas soluções que resultem em transformações irreversíveis, que comprometam a originalidade do edifício (Aguiar et al. 2014).

Como já explicitado anteriormente, existe a evidente necessidade de atingir um alto padrão de qualidade nessas intervenções, logo, sob o ponto de vista operacional e técnico, nesta seção pretende-se sumariar os principais critérios construtivos que devem ser tidos em conta durante o processo de reabilitação.

2.3.3.1 Reabilitação de Fachadas

As fachadas são um dos elementos construtivos mais significativos num edifício, e devem ser reabilitadas, não só por razões estéticas e para a adequação e melhoria do espaço, mas também para proteção da parede, afim de prevenir a infiltração de água e a desagregação do revestimento.

No caso de existir a necessidade da aplicação de um novo revestimento, deverá proceder-se à remoção das partes soltas, proceder-seguida da limpeza e, em alguns casos a impermeabilização da parede, para então ser feita a aplicação da nova camada. Se a estrutura apresentar fissuras, e estas tiverem apenas um efeito estético, poderão ser corrigidas com qualquer tipo de revestimento ou elemento construtivo colocados sobre elas (Silva 2010).

Para as fissuras não estabilizadas, deve ser aplicado um revestimento descontínuo constituído por placas de matérias deformáveis, com a colocação de tiras de papel adesivo sobre as fissuras. A demolição integral ou de partes das paredes da fachada só se justificará em situações de fissuração generalizada ou de um conjunto de outras anomalias, que prejudique a estabilidade da parede (Silva 2010).

Elementos como cantarias ou lápides, não deverão ser pintadas, e sim lavados e conservados. Revestimentos decorativos em argamassa ou azulejo, sempre que possível deverão ser reparados e restaurados.

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

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2.3.3.2 Reabilitação das Coberturas

As coberturas são a principal proteção de um edifício contra os agentes da natureza e quando as suas patologias e anomalias não são reparadas, podem levar a consequências indesejáveis, sendo umas das principais causas do estado de ruína.

Assim sendo, o primeiro passo para a reabilitação, é analisar fatores como a geometria, o tipo de estrutura e o tipo de revestimento dos telhados antigos, enquadrando as suas componentes, materiais utilizados, acessórios e tipos de drenagem (Silva 2008).

Caso existam telhas quebradas, estas deverão ser substituídas por novas, de forma a respeitarem a cor e a forma das já existentes. Elementos como os beirados duplos, as cornijas e platibandas devem ser limpas, preservadas e restauradas (Lopes 2009).

É necessário ter também em atenção, os tipos de asnas utilizadas, estas, geralmente são feitas em madeira, metal ou betão e requerem diferentes tipos de cuidados. Muitas vezes bastará uma limpeza e a aplicação de uma camada de tinta impermeabilizante ou antiferrugem, mas em alguns casos, existe a necessidade da recuperação da estrutura, podendo haver uma substituição parcial ou total das peças (Lopes 2009).

É recomendado, ainda, que seja colocada uma camada de isolamento, como por exemplo aglomerado negro de cortiça, que além de ser compatível com a generalidade dos materiais utilizados na construção civil, é uma solução ecológica com excelentes propriedades térmicas, acústicas e antivibráticas, permitindo assim a sua aplicação nas mais diversas situações, inclusivamente de grande exigência acústica (NERSANT 2015).

2.3.3.3 Reabilitação das Estruturas

Os edifícios antigos, ao longo dos anos, foram alvo de inúmeras ocorrências que levaram à necessidade de reabilitação e de reforço estrutural. A intervenção numa estrutura existente pode ser motivada pela degradação causada por fatores naturais, ou por má qualidade do projeto, má qualidade da construção, falta de manutenção ou até causas acidentais, como incêndios e sismos, ou pela necessidade da alteração da utilização do edifício (Sousa 2008).

Uma vez feito o diagnóstico da estrutura, existem diferentes tipos de intervenções a serem realizadas. No caso de anomalias superficiais, são necessárias técnicas de proteção, que procurem impossibilitar a proliferação dos agentes agressivos e reduzir as condições de degradação. Nestes casos são recomendadas técnicas como impregnações, pinturas, revestimentos, selagem de juntas e injeções (Correia 2011).

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2. Reabilitação de Edifícios

Nas situações em que o edifício perdeu as características iniciais, e apresenta anomalias graves, são recomendadas intervenções de reparação. Como por exemplo, se a construção apresentar fendas, podem ser realizados dois tipos de tratamentos: no caso de fissuras passivas, que apresentem movimentação quase nula, recomenda-se a injeção de resina epóxi de formulação controlável e a injeção de resina epóxi de formulação flexível, no caso de fissuras ativas, que apresentem movimentos notáveis. No caso de fendas ativas com grandes amplitudes de movimento, preconiza-se a utilização de enchimentos elásticos ou plásticos que serão colocados sob o betão (Correia 2011).

No caso de desagregações, o primeiro passo deve ser a remoção do material deteriorado, para então se aplicar um enchimento adequado ao meio ambiente do edifício. Como complemento, sugerem-se soluções de proteção como recobrimentos de argamassas resistentes aos ataques químicos ou revestimentos impermeabilizantes (Correia 2011).

Se as ações de reparação não forem suficientes, deverá ser realizado o reforço da estrutura. Esta intervenção consiste no aumento da capacidade resistente da estrutura do edifício e visa melhorar o seu desempenho, relativamente ao seu estado inicial. Também são métodos usuais e geralmente recomendáveis de reforço estrutural em edifícios, a reposição dos materiais em falta nas paredes devido à abertura de vãos, a substituição dos elementos em madeira total ou parcialmente degradados com recurso a emendas e reforço com elementos metálicos, reforço das paredes com argamassa armada com rede metálica, reforço da ligação entre os elementos de construção com tirantes e elementos metálicos, reforço na ligação dos componentes das alvenarias com injeção de material de preenchimento compatível com o material existente e o reforço das fundações com micro estacas e injeção de caldas de estabilização apropriadas no terreno (OASRS 2018).

Por fim, e em último caso, se os elementos existentes estiverem em avançado estado de deterioração e apresentarem perigo de rotura, colocando em risco os utilizadores e os operadores, torna-se necessária a demolição total ou parcial da estrutura. Esta intervenção deverá ser realizada por uma equipa especializada e deverá ser previamente licenciada (Appleton 2012).

2.3.3.4 Reabilitação das Paredes Interiores

As intervenções de reabilitação nas paredes interiores são geralmente motivadas pela correção de anomalias ou pela necessidade de reorganização do espaço do edifício. No último

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

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caso, quando as divisões não forem necessárias, deverão ser demolidas, e caso, precisem ser reconstruídas em outras zonas, deverão respeitar a integridade do edifício como um todo (Silva 2008).

Para a correção das anomalias, deverão ser adotadas diferentes técnicas para as diversas patologias existentes. As paredes que apresentem humidade, são indicadas soluções para impedir o acesso da água como, o rebaixamento do lençol freático ou a drenagem do terreno, a aplicação de barreiras estanques e impermeabilizantes, e a instalação de drenos. Após a causa de a infiltração da água ser corrigida, devem-se aplicar soluções destinadas a ocultar estas anomalias, como a execução de um pano de alvenaria pelo interior ou a aplicação de revestimentos de paredes especiais (NERSANT 2015).

Outra patologia corrente nas paredes interiores são as eflorescências, causadas pela condensação. Podem ser combatidas através de ventilação adequada. Se o problema não for solucionado, pode-se remover os rebocos afetados e substituí-los por novo material, ou ainda, considerar a construção de um novo pano de parede (NERSANT 2015).

2.3.3.5 Reabilitação das Instalações Técnicas

As instalações técnicas nos edifícios a serem reabilitados, encontram-se, na maioria das vezes, em avançado estado de deterioração, uma vez que sua vida útil é muito menor que o da restante da construção. Estes equipamentos requerem técnicas de reparação adequadas, e caso, tal execução não seja possível, é necessário realizar a substituição de todo material (Rocha 2008).

No caso das reparações de anomalias pontuais deverão ser adotadas técnicas e materiais semelhantes aos existentes. Se a reabilitação do edifício incidir sobre a substituição/reparação das paredes e dos pavimentos, as instalações podem ser inseridas no mesmo, caso contrário, recomenda-se que não sejam feitas perfurações nas paredes dos edifícios antigos, uma vez que pode oferecer risco à estrutura (Rocha 2008).

De uma forma geral, deve ter-se em conta que as redes água, drenagem e distribuição de gás não devem ser embutidas na estrutura, pois a sua manutenção será mais fácil se estiverem no exterior da parede ou laje. Uma solução eficaz nestes casos é a aplicação de paredes duplas ou tetos falsos de gesso cartonado (OASRS 2018).

No caso das instalações elétricas, o mais apropriado é reutilizar a tubagem existente ou, em alternativa, recorrer ao uso de rodapés ou sancas técnicos. As instalações da segurança contra

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2. Reabilitação de Edifícios

incêndios devem seguir os mesmos princípios enunciados para as outras redes e instalações (OASRS 2018).

As instalações de AVAC, devido a sua dimensão, deverão ser inseridas em espaços técnicos como courettes, tetos falsos e sancas. Deverão ser avaliadas as necessidades reais destas instalações, uma vez que existem contrapartidas implicadas. Deve-se sempre dar prioridade aos sistemas passivos de ventilação e aquecimento, optando por uma boa orientação solar, de sistema de vãos eficientes e dispositivos de ventilação simples (OASRS 2018).

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

26

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3. Métodos de Avaliação da Qualidade de Edifícios Reabilitados

Capítulo 3

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Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

Imagem

Figura 1- Organização geral do processo desde a candidatura até à verificação do projeto, com identificação dos diferentes  procedimentos (IPN 2017)
Tabela 5- Caracterização dos edifícios licenciados reabilitados e a reabilitar no Centro Histórico de Vila Real
Gráfico 4- Edifícios devolutos no Centro Histórico de Vila Real.
Figura 4- Localização dos Casos de Estudo.
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