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Levantamento dos Edifícios Reabilitados nos últimos 10 anos no Centro Histórico

4. Reabilitação em Vila Real

4.2 Levantamento dos Edifícios Reabilitados nos últimos 10 anos no Centro Histórico

Histórico de Vila Real

Nas últimas décadas com o crescimento urbano, o Centro Histórico de Vila Real sofreu alterações na sua estrutura, uma vez que com o desenvolvimento da periferia da cidade houve a deslocação da população do centro histórico para estas zonas, resultando na escassez de atividades habitacionais e económicas, sucessivo abandono do parque edificado e a sua inevitável degradação.

Tendo em vista esta problemática, e o valor histórico e cultural que estas edificações oferecem à cidade de Vila Real, o Centro Histórico foi definido como uma Área de Reabilitação Urbana (ARU), visando a valorização e reabilitação desta zona patrimonial. A ARU do Centro Histórico, abrange cerca de 55,67 hectares e é formada por quatro zonas adjacentes, sendo elas a Vila Velha (1), a Estação (2), o Bairro dos Ferreiros (3) e o Centro Histórico de Vila Real (4), apresentadas na Figura 3.

Melhoria da Qualidade de Projetos de Reabilitação de Edifícios de Habitação.

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Devido à parceria existente entre a Câmara Municipal de Vila Real (CMVR) e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) foi possível, através de uma pesquisa extensa, fazer o levantamento dos edifícios reabilitados e a reabilitar nos últimos 10 anos, localizados na ARU do Centro Histórico de Vila Real. Foi desenvolvida uma ficha de levantamento, Tabela 5, de forma a recolher as seguintes características, associadas a cada imóvel: morada, ano de construção, tipologia do edifício, uso, estado de conservação e ocupação (devoluto ou não).

Este levantamento teve como suporte o banco de dados da CMVR, com os processos de todas as obras de reabilitação, realizadas ou a realizar no Município de Vila Real, que careceram de algum licenciamento. As características escolhidas tiveram como base a verificação dos tipos de intervenção que vem sido realizadas nestes edifícios, assim como a tipologia e uso predominante destes, e se, após o processo, tais atributos serão mantidos.

Através destes documentos foi possível determinar, os tipos de intervenção a serem realizados nestes edifícios, assim como, se após a reabilitação, houve ou haverá mudança do seu uso. O tratamento desta informação resultou na identificação de 18 edifícios localizados na ARU do Centro Histórico de Vila Real, apresentados na Tabela 5.

4. Reabilitação em Vila Real

Tabela 5- Caracterização dos edifícios licenciados reabilitados e a reabilitar no Centro Histórico de Vila Real.

Nº do processo

Época da

Construção Tipologia Uso

Estado de

Conservação Intervenção Devolutos

1 Não definido

Cave, rés-de- chão e 2

andares

Habitação

e comércio Mau Ampliação Não

2 Não definido Rés-de-chão e

1 andar Habitação Médio

Reconstrução com conservação da

fachada

Não

3 Não definido Rés-de-chão e 2 andares

Habitação

e comércio Péssimo Reconstrução total Sim 4 Não definido Rés-de-chão e

3 andares Habitação e comércio Péssimo Reconstrução com Conservação da fachada Não 5 1755 - 1864 / 1865 - 1903 Rés-de-chão e

2 andares Habitação Mau

Reconstrução com Conservação da

fachada

Sim

6 Não definido Cave, rés-de-

chão e 1 andar Habitação Mau

Reconstrução com Conservação da

fachada

Sim

7 Não definido Cave, rés-de-

chão e 1 andar Habitação Péssimo Reconstrução total Sim 8 Não definido Rés-de-chão e

1 andar

Habitação

e comércio Médio Ampliação Não

9 Não definido Cave e rés-de-

chão Comércio Mau Ampliação Não

10 Não definido Cave, rés-de- chão e 2 andares Habitação e comércio Bom Reconstrução com Conservação da fachada Não

11 Não definido Rés-de-chão e

2 andares Habitação Mau

Reconstrução com Conservação de

fachada

Sim

12 Não definido Rés-de-chão e

1 andar Habitação Mau

Reconstrução com Conservação da

fachada

Sim

13 Não definido Rés-de-chão e 2 andares Habitação e comércio Médio Reconstrução com Conservação da fachada Não

14 Não definido Rés-de-chão e

3 andares Habitação Médio

Reconstrução com Conservação da

fachada

Não

15 1850 - 1950 Rés-de-chão e

2 andares Habitação Mau Reconstrução total Sim 16 1755 - 1864 Rés-de-chão e 2 andares Habitação e comércio Mau Reconstrução total com Conservação Parcial da Fachada Sim 17 1755 - 1864 Rés-de-chão e 2 andares Habitação e comércio Mau Reconstrução total com Conservação Parcial da Fachada Sim

18 Não definido Rés-de-chão e

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Entre os edifícios caracterizados, constata-se que 50% é destinado só a habitação, 44% a habitação e comércio e apenas 6% exclusivamente a comércio, ver Gráfico 1. De um modo geral, a maioria dos edifícios é composto por comércio situado no rés-do-chão e habitação nos restantes andares. Ainda, se nota que grande parte dos edifícios, uma vez utilizados como moradia unifamiliar, após a reabilitação, passarão a ser edifícios multifamiliares, com predominância de apartamentos de tipologia T1 e T2.

Gráfico 1- Uso dos edifícios.

Considerando que as tipologias dos edifícios seguem um padrão na região do Centro Histórico, durante a caracterização notou-se que a grande maioria dos edifícios levantados (44%) são compostos por rés-de-chão e dois andares. Ainda houve edifícios formados por rés- do-chão e 1 andar (17%), rés-de-chão e 3 andares (11%), cave, rés-do-chão e 1 andar (11%), cave, rés-do-chão e 2 andares (11%) e cave e rés-do-chão (6%), ver Gráfico 2. Observou-se que, com a operação de reabilitação, em parte destes edifícios se pretende ampliar a área de construção, ocasionando alterações da tipologia.

50% 44%

6%

Uso

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Gráfico 2- Tipologia dos edifícios.

A cada um destes edifícios, é atribuído, por profissionais especializados designados pela Câmara Municipal de Vila Real, o estado de conservação, calculado através do Método de Avaliação do Estado de Conservação de Edifícios, disponibilizada pelo NRAU. O estado de conservação será um elemento indispensável para a determinação do tipo de intervenção que deverá ser realizada no imóvel.

Entre os pedidos de licenciamento para obras de reabilitação, 56% dos edifícios caracterizados apresentam-se em “mau” estado de conservação, 22% em estado de conservação “médio” e 17% em “péssimo “estado de conservação, ver Gráfico 3. Um edifício apresentou “bom” estado de conservação, porém foram necessárias obras de reabilitação devido à mudança do tipo de uso de habitação para comércio. Parte dos edifícios em “péssimo” estado de conservação, encontravam-se em ruína, motivo pelo qual foi necessária a reconstrução total do imóvel. 6% 11% 11% 17% 44% 11%

Tipologia

Cave e Rés-de-Chão Cave, Rés-de-Chão e 1 andar Cave, Rés-de-Chão e 2 andares Rés-de-Chão e 1 andar Rés-de-Chão e 2 andares Rés-de-Chão e 3 andares

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Gráfico 3- Estado de Conservação dos edifícios.

O Centro Histórico de Vila Real apresenta um elevado número de edifícios devolutos. De entre os edifícios caraterizados, 56% (ver Gráfico 4) encontram-se devolutos, ou seja, abandonados há mais de um ano e sem condições de salubridade para habitação. De entre esses edifícios, encontram-se os edifícios com “mau” e “péssimo” estado de conservação, apresentando-se, em alguns casos em ruína ou em estado de degradação avançada. Quanto aos edifícios ainda habitados, grande parte apresenta um “médio” ou “bom” estado de conservação, não oferecendo situações de risco, no que respeita à qualidade de vida dos moradores e sua segurança.

Gráfico 4- Edifícios devolutos no Centro Histórico de Vila Real.

5%

22%

56% 17%

Estado de Conservação

Bom Médio Mau Péssimo

56% 44%

Edifícios Devolutos

4. Reabilitação em Vila Real

Quanto à análise dos tipos de intervenções realizadas e a realizar, percebe-se que não houve, de facto, obras de reabilitação. Dos edifícios caracterizados, 50% foram reconstruídos, porém houve a preservação da fachada, enquanto 22% foram reconstruídos totalmente, 17% sofreram obras de ampliação e 11% foram reconstruídos com preservação parcial da fachada (ver Gráfico 5). Através das peças escritas e das fotografias, notou-se que para muito dos edifícios reconstruídos, apenas obras de reabilitação seriam suficientes para recuperar o conforto, qualidade e segurança dos imóveis.

Atribui-se esta problemática ao fato de em grande parte, haver pretensão de alteração do uso e tipologia do edifício, o que leva à necessidade de adaptação dos espaços para a utilização dos novos serviços. Edifícios destinados a habitação unifamiliar estão a ser transformados em propriedade horizontal, constituída por habitações de pequenas tipologias e alojamento de curto prazo, enquanto as áreas destinadas a comércio, são predominantemente compostas por cafés e restaurantes.

Gráfico 5-Tipo da intervenção realizada nos edifícios.

Com ajuda de profissionais locais e a realização de visitas ao Centro Histórico de Vila Real, foi possível encontrar edifícios que representam bons exemplos de intervenções de reabilitação, porém não se encontram especificados na Câmara Municipal de Vila Real como tal, por serem consideradas obras de reparação ou alteração do interior e não exigirem apresentação de um projeto de reabilitação para o seu licenciamento, mas apenas a comunicação de obras de conservação e/ou de alteração do interior de edifício ou frações conforme

17% 50% 11% 22%

Tipo da intervenção

Ampliação

Reconstrução com Conservação da Fachada Reconstrução com Conservação Parcial da Fachada Reconstrução Total

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5. Cracterização dos Casos de Estudo

Capítulo 5

Caracterização dos Casos de Estudo

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