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2000 6.430 6.430 2001 6.856 6.856 2002 24.389 16.591 7.798 2003 24.025 3.740 20.285 2004 113.079 6.308 106.771 2005 423.411 37.616 385.795 2006 813.550 37.630 775.920 2007 1.541.070 108.562 1.432.508 2008 1.699.489 254.477 1.445.012 2009 1.561.715 67.812 1.493.903 2010 1.634.118 52.190 1.581.928 2011 1.224.760 46.546 1.178.214 2012 1.329.407 71.070 1.258.337 2013 1.638.427 269.431 1.368.996 2014 2.800.358 105.689 2.694.669 2015 2.387.865 35.802 2.352.063

Ano Total Categoria Administrativa

Fonte: tabela elaborada pela autora com base nas Sinopses Estatísticas da Educação Superior INEP/MEC, anos 2000 a 2015.

Fonte: tabela elaborada pela autora com base nas Sinopses Estatísticas da Educação Superior INEP/MEC, anos 2000 a 2015.

Nos dois primeiros anos da série, conforme mostramos, a oferta de vagas esteve concentrada no setor público. Somente no primeiro ano de oferta de vagas EaD pelo setor privado, o quantitativo de vagas foi quase igual à metade da oferta do setor público, chegando à casa de 47%, em comparação com o total de vagas públicas ofertadas.

No segundo ano de oferta de vagas pelo setor privado, o EaD já apresentava um número de vagas cinco vezes maior que o do setor público, atingindo o patamar de 442,4% vagas a mais. Esse movimento ascendente da oferta de vagas para graduação em cursos no EaD, pelo setor privado vem se mantendo desde então.

De outro lado, no setor público há uma irregularidade no movimento, contudo com a tendência de queda da oferta de vagas, visto que se houve um pico com 269.431 vagas ofertadas no ano de 2013, o final da série mostra 35.802 vagas ofertadas para 2015.

Tal movimento irregular caracteriza a oferta de vagas na modalidade EaD, pelo setor público, no período analisado (2000 a 2015). Apresentaremos os períodos nos quais a variação se apresentou de forma mais intensa.

No período entre 2004 e 2005, a oferta de vagas EaD, pelo setor público, oscilou vigorosamente, de 6.308 vagas para 37.616, ou seja, registrando um aumento percentual de 496,3%. Outrossim, o setor privado vivenciou expansão significativa, saindo de um

patamar de oferta de 106.771 para 385.795 vagas, o que representa uma elevação de 261,3%.

Tal movimento pode ser explicado em virtude da publicação do Decreto nº 5.622, que foi promulgado com a finalidade de regulamentar o artigo 80, da LDBEN/1996, que trata do incentivo ao desenvolvimento da modalidade EaD.

O grande destaque para o período 2004-2005 está no Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta o artigo 80 da LDB nº 9.394/96. Surgiu do detalhamento de aspectos relativos à EaD, revogando os Decretos anteriores (nº 2.494/1998 e nº 2.561/1998) e, posteriormente, foi alterado pelo Decreto nº 6.303 (2007). O Decreto nº 5.622 parece manter a necessidade do mesmo ordenamento legal aos cursos presenciais (regras de tramitação), e acrescentou para garantir indicadores de qualidade aos cursos a distância, favorecendo sua expansão pela iniciativa privada e induzindo sua oferta pelas públicas (LIMA, 2014, p.8).

As IES públicas cresceram 400%, entre 2002 e 2012, e as IES privadas tiveram uma taxa de crescimento superior, chegando a uma taxa de 677,8%. O quantitativo de IES privadas com EaD só foi significativamente superior ao quantitativo de IES públicas nos anos de 2005 e 2006. Por um lado, a regulamentação favoreceu essa expansão, visto que deixou um hiato, desencadeado pela política neoliberal da época (CHAVES FILHO, 2012), com reduzido acompanhamento, supervisão e regulação no período (DOURADO, 2008). Chaves Filho (2012) aponta que, até meados de 2008, as políticas permitiram a expansão desenfreada da EaD por falta de controle do Estado. Por outro lado, as políticas públicas, os editais, os programas e os projetos lançados pelo Governo Federal durante o período serviram de incentivo para as IES públicas ofertarem EaD, desencadeando a expansão de seu credenciamento. A partir de 2006, após o Sistema UAB, essa expansão foi de 142%, saindo de 33 IES públicas credenciadas, em 2006, para 80, em 2012, prevalecendo sobre as IES privadas credenciadas (LIMA, 2014: p.9).

As pesquisadoras Mancebo, Vale e Martins (2015) também analisam o impacto da UAB no setor público:

[...] até o final do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, as instituições credenciadas pelo MEC para ofertar EaD, em nível de graduação, eram pertencentes ao setor público. A partir dos anos 2002-2003, ocorreu um aumento crescente da participação do setor privado na oferta do EaD, de modo que no ano de 2005 ocorre uma tendência de inversão dessa situação, com a iniciativa privada ultrapassando o número de matrículas, cursos e oferecimento de vagas em relação ao setor público. [...]. Esse quadro geral relativo ao aumento do EaD no país decorre, entre outros fatores, da política formulada pelo Estado brasileiro para promover a expansão do ensino superior, conforme previsões contidas nos seus planos educacionais, e da facilidade para credenciar instituições e cursos frente a um marco regulatório pouco consistente para o EaD. No caso específico do setor privado, o argumento forte para sua inserção na oferta do EaD refere-se à exaustão da oferta de cursos presenciais (que haviam se expandido de forma extraordinária nos últimos anos do século XX), o que remeteu a fração da burguesia brasileira que detém essa fatia de mercado à busca de novos espaços para a expansão e realização de seus lucros. Deve-se destacar, ademais, que, apesar do aumento da oferta de EaD na rede privada ser superior ao da rede pública, essa modalidade de ensino também se amplia neste último setor, particularmente por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB), criada pelo decreto n. 5.800, de 8 de junho de 2006 (MANCEBO, VALE e MARTINS, 2015: pp.39-41).

Entre o ano de 2006 e 2007, ocorreu um acréscimo na oferta de vagas da modalidade EaD, pelo setor público, saindo de 37.630 vagas ofertadas para 108.562, equivalendo a um aumento de 188,5%. Esse movimento também pode ter sido determinado pela criação da UAB, que foi em 2006, por meio do Decreto nº 5.800 de 8 de junho. Com os seguintes objetivos:

Art. 1º. Fica instituído o Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB, voltado para o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País. Parágrafo único. São objetivos do Sistema UAB:

I - oferecer, prioritariamente, cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada de professores da educação básica;

II - oferecer cursos superiores para capacitação de dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

III - oferecer cursos superiores nas diferentes áreas do conhecimento; IV - ampliar o acesso à educação superior pública;

V - reduzir as desigualdades de oferta de ensino superior entre as diferentes regiões do País;

VI - estabelecer amplo sistema nacional de educação superior a distância; e

VII - fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de educação a distância, bem como a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino superior apoiadas em tecnologias de informação e comunicação.

Logo, o percentual de ampliação da oferta de vagas por meio do EaD no setor público, entre os anos 2000 e 2015, chegou a 456,8%, e no setor privado (entre o ano 2002, quando a oferta tem início, e o ano de 2015) a ampliação foi da ordem de 30.062,4%.

Fica clara a direção da ampliação do ensino superior brasileiro no novo século: por meio do setor privado e mercantil, uma marca da história da educação brasileira e, como novidade, a estratégia do uso do EaD, proposta como caminho para a suposta democratização do acesso.

De acordo com os dados do censo, 97 instituições ofereceram, em 2007, cursos de graduação a distâncias. São 19 IES a mais em relação às registradas no ano de 2006. É possível observar [...] que o número de cursos de graduação a distância aumento de maneira significativa nos últimos anos. Comparado ao ano de 2006, foram criados 59 novos cursos a distâncias, representando um aumento de 16.9% no período. O número de vagas oferecidas em 2007 chegou a quase o dobro das oferecidas em 2006, com um aumento de 89,4%, ou seja, uma oferta de 727.520 vagas a mais. O crescimento do número de vagas da educação a distância deu prosseguimento a um aumento que se observa desde 2003. Nesse período registrou-

se uma variação de 6.314% no número de vagas ofertadas (INEP/MEC, RESUMO TÉCNICO 2007: p. 19).

É importante deixar registrado que a Portaria nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004, do MEC, possibilita o uso do EaD também nos cursos presenciais, reduzindo custos e ampliando a lucratividade ao empresariado:

Art. 1º. As instituições de ensino superior poderão introduzir, na organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semi-presencial, com base no art. 81 da Lei n. 9.394, de 1.996, e no disposto nesta Portaria.

§ 1º. Para fins desta Portaria, caracteriza-se a modalidade semi-presencial como quaisquer atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem centrados na auto-aprendizagem e com a mediação de recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação que utilizem tecnologias de comunicação remota.

§ 2º. Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da carga horária total do curso.

Com a finalidade de observarmos melhor esse suposto caminho de democratização do acesso ao ensino superior, apresentaremos os dados oficiais relativos às matrículas no ensino superior brasileiro no século XXI.

TABELA 6 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MATRÍCULAS EM CURSOS