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TABELA 7 EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MATRÍCULAS EM CURSOS DE GRADUAÇÃO EaD POR CATEGORIA ADMINISTRATIVA BRASIL

- 2000/2015. Pública Privada 2000 1.682 1.682 2001 5.359 5.359 2002 40.714 34.322 6.392 2003 49.911 39.804 10.107 2004 59.611 35.989 23.622 2005 114.642 54.515 60.127 2006 207.206 42.061 165.145 2007 369.766 94.209 275.557 2008 727.961 278.988 448.973 2009 838.125 172.696 665.429 2010 930.179 181.602 748.577 2011 992.927 177.924 815.003 2012 1.113.850 181.624 932.226 2013 1.153.572 154.533 999.019 2014 1.341.842 139.373 1.202.469 2015 1.393.752 128.393 1.265.359 Categoria Administrativa Ano Total

Fonte: tabela elaborada pela autora com base nas Sinopses Estatísticas da Educação Superior INEP/MEC, anos 2000 a 2015.

Fonte: tabela elaborada pela autora com base nas Sinopses Estatísticas da Educação Superior INEP/MEC, anos 2000 a 2015.

O número de matrículas no setor público cresceu ano a ano, na série apresentada, conformando um expressivo aumento de 7.533,4%, entre o ano 2000 e o ano de 2015. O setor privado foi na mesma direção, contudo em uma proporção muito maior: 19.696% de elevação no número de matrículas, no período compreendido entre 2002 e 2015.

Conforme o Resumo Técnico da Educação Superior do ano de 2008 - INEP/MEC, “As matrículas na modalidade de ensino a distância aumentaram 96,9% em relação ao ano anterior e, em 2008, passaram a representar 14.3% do total de matrículas no ensino superior” (p.29).

O Resumo Técnico da Educação Superior do ano de 2012 confirma esse processo:

Em números absolutos, a quantidade de matrículas de cursos de graduação presencial teve um crescimento superior a 800.000 matrículas entre 2009 e 2012, e a educação a distância teve um aumento superior a 275.000 no mesmo período. Em termos percentuais, a maior elevação correu nos cursos a distância, com crescimento registrado de 32,9% de 2009 a 2012, com uma média de crescimento de aproximadamente 10% ao ano (p. 60).

Fica claro, ao observarmos tal crescimento, que a fórmula para promover a suposta democratização do acesso ao nível superior de ensino, no Brasil, tem no setor privado mercantil e na estratégia do EaD seus pilares centrais.

Com base nos dados e informações sistematizados e apresentados até aqui, sobre os cursos de graduação presenciais e na modalidade EaD; acerca das vagas ofertadas

para os cursos de graduação presenciais e os da modalidade EaD; igualmente, sobre as matrículas efetivadas para os cursos de graduação presenciais e os da modalidade EaD, no período de tempo compreendido entre os anos 2000 e 2015, é possível questionar o direcionamento dado pela ação do Estado ao movimento de expansão do ensino superior brasileiro, no século XXI, contestando a suposta democratização do acesso a esse patamar de ensino. Isso porque o alargamento do ensino superior vem se fundando no setor privado (o que significa que o ensino superior é uma mercadoria passível de compra e venda), assim como mediante a modalidade do EaD, que emerge como uma estratégia central.

A centralidade da modalidade do EaD se expressa em seu movimento de crescimento, em duas fases distintas: a primeira por meio da oferta pela esfera pública, numa operação de prospecção e abertura de campos; a seguir, pela entrada do setor privado, como apresentamos acima.

Esse processo se efetiva num panorama geral, em que o capital vem empreendendo, desde os anos 1970, uma ofensiva com a finalidade retomar suas taxas de lucro e de crescimento nos patamares dos Anos de Ouro.

Para tanto, vem implementando processos de contrarreforma no âmbito dos Estados, de modo a redirecionar parcelas maiores do fundo público para sua valorização.

No caso de uma formação social como a brasileira, capitalista dependente - o que significa articulada ao centro do sistema capitalista de modo heteronômico, implicando em maior grau de exploração da classe trabalhadora, do que o vivenciado nos países localizados no centro do sistema – outrossim, significa que o lugar a ser ocupado por nosso país no sistema capitalista equivale a um posto subalterno, dizendo de outro modo, nossa função é alimentar o desenvolvimento capitalista dos países centrais mediante nosso “subdesenvolvimento”.

Por isso, nossa função tem a ver com a ocupação do posto de mercado consumidor dos produtos industrializados dos países centrais do capitalismo, e fornecedor de commodities para as economias centrais. Destarte, não apenas não há necessidade de elevada qualificação para um grande contingente de força de trabalho, como também não há espaço para tal, dado a própria lógica do capital. A pretensa democratização do acesso ao nível superior de ensino no Brasil pela modalidade EaD

pode, portanto, ser desnudada, com base nessa perspectiva. A pretensa democratização do acesso ao nível superior de ensino no Brasil pela modalidade EaD pode, portanto, ser desnudada, com base nessa perspectiva.

Contemplar a ampliação do acesso ao ensino superior brasileiro, articulando seus contornos, até aqui expostos (a saber, mediante o EaD ofertado pelo setor privado como um serviço) com a perspectiva do desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo (onde nosso país se localiza na periferia); com a fase atual de mundialização do capital e contrarreforma estatal, que concorre para a reorientação de parcelas maiores do fundo público para a valorização do capital; com acumulação flexível que redunda em maior desqualificação do trabalhador e dos postos de trabalho; e, com a compreensão de que as ideologias (nesse caso, as do campo educacional) têm como função a conservação da sociedade capitalista, permite apreender o movimento expansionista do ensino superior brasileiro no século XXI de modo distinto do propagado junto ao senso comum.

A modalidade EaD perde sua aura democratizadora do acesso ao ensino superior, e vai ganhando outro significado, posto que, nessa primeira fase de análise, ela nos aparece mais como um mecanismo para valorizar o capital por meio da venda de serviço educacional, que uma estratégia de alargamento do nível superior de ensino, dado que, pelo que vimos até aqui, a grande expansão vem sendo efetivada por meio do setor privado mercantil e concentrado em conglomerados educacionais ligados ao capital financeiro.

Seguiremos em nossa análise crítica da suposta ampliação do ensino superior brasileiro no século XXI, por meio do uso do EaD como estratégia expansionista, mediante a análise de dados referentes às matrículas e sua distribuição segundo o grau acadêmico, isto é, se ao final do curso, o formando será um bacharel, licenciado, ou um tecnólogo. 75

Apresentaremos duas tabelas elaboradas com base nos resumos Técnicos da Educação Superior para os anos de 2010, 2012 e 2014 - uma para os cursos presenciais e outra para os cursos EaD:

75Utilizamos os dados contidos nos Resumos Técnicos da Educação Superior do INEP/MEC a partir do ano 2010 porque a categorização dos dados nos anos prévios é heterogênea, dificultando a sistematização.

TABELA 8 - EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MATRÍCULAS EM CURSOS