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Brasil república: desenvolvimento do ensino superior

2.1 Contexto Histórico: Percurso Do Ensino Superior no Brasil

2.1.2 Brasil república: desenvolvimento do ensino superior

A primeira república foi marcada pelo acesso da classe média4 ao Ensino Superior. Cunha (1986) ainda observa que devido a essa ascensão, já na primeira metade da década de 1930, a maior parte dos estudantes das universidades era proveniente das camadas médias da sociedade.

Durante o período da República Velha5 surgem às escolas superiores livres que tinham a característica de serem executadas por particulares e, independentes do estado, fazendo com que, deste modo, essas escolas tivessem grande crescimento, facilitando assim, o ingresso no Ensino Superior.

Com isso, os diplomas de nível superior deixam de ser um direito apenas de “privilegiados” e passam a ficar mais acessíveis aos integrantes da classe média, facilitando o ingresso de uma maior parte da população a cargos de maior prestígio e remuneração, dificultando assim, a hegemonia de partes da sociedade sobre as outras.

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Tanto os estudantes filhos daqueles do setor ascendente quanto os descendentes das falidas classes dominantes (Cunha, 1986, p.318).

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31 Devido a essa situação, para tentar brecar esse cenário que começava a ser instaurado, é instituído nas escolas superiores os exames vestibulares6. Além disso, ainda havia a urgência na busca de diplomas escolares, principalmente do grau superior, acelerada pelo bacharelismo7.

É nesse período de transformações sociais, devido a uma maior abertura de acesso ao Ensino Superior que surgem as primeiras universidades no país, a Universidade do Rio de Janeiro em 1920 e a Universidade de Minas Gerais em 1927, outras instituições também surgiram, porém não tiveram êxito como essas duas8. Será na década de 1930 que as Universidades começaram a se desenvolver de forma mais acentuada.

A Era Vargas (1930 – 1945), traz fatos importantes para o Ensino Superior. Em 11 de abril de 1931 aprova o Decreto Nº 19.850 que cria o Conselho Nacional de Educação (CNE) e o Decreto Nº 19.851 que cria o Estatuto das Universidades Brasileiras, este organizava o ensino superior brasileiro nos seguintes aspectos: como universidade ou instituto, poderia ser oficial (mantida pelo estado) e livre (mantida por fundações e associações particulares).

Art. 6º As universidades brasileiras poderão ser creadas [sic] e mantidas pela União, pelos Estados ou, sob a fórma[sic] de fundações ou de associações, por particulares, constituindo universidades federaesestaduaes [sic] e livres.

Paragrapho único[sic]. Os governos estaduaes[sic] poderão dotar as universidades por elles[sic] organizadas com patrimonioproprio[sic], mas continuarão obrigados a fornecer-lhes os recursos financeiros que se tornarem necessarios[sic] a seu regular funccionamento[sic]9 (BRASIL, 1931).

Cunha, relata de forma sucinta esse decreto:

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As cadeiras do ensino superior até o início do século XX eram ocupadas por estudantes dos colégios tradicionais, como é o exemplo do Colégio D. Pedro II. Com a abertura do ensino superior e o aumento da procura foi instituído, pelo então Ministro da Justiça e dos Negócios, os exames vestibulares em 1911.

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A conjuntura sociopolítico-cultural valoriza muito o bacharel, a época os diplomas eram de bacharéis, ainda não havia a licenciatura.

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Outras universidades também surgiram, como a de Manaus (1909 - 1926) – criada em virtude do ciclo da borracha, São Paulo (1910 - 1917) – vinte profissionais de nível superior fundaram essa sociedade civil e Paraná (1912 – 1915), porém não tiveram sucesso como às mencionadas).

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(Publicação original em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-19851-11-abril-1931-505837- publicacaooriginal-1-pe.html - Acesso em 28/08/2018).

32 A administração seria mantida por institutos de ensino (pelo menos três dentre os seguintes: direito; medicina; engenharia; educação, ciências e letras), coordenados por uma administração central. Cada instituto seria dirigido por uma congregação, integrada pelos professores catedráticos efetivos, pelos docentes livres em exercício de catedrático, e por um docente livre por eles eleito. Três ou seis catedráticos, escolhidos pelo ministro da educação, dentre os de uma lista elaborada pela congregação, constituiriam o conselho técnico administrativo de cada instituto, seu órgão deliberativo. O diretor do instituto seria também escolhido pelo ministro, dentro de uma lista de professores catedráticos elaborada pela congregação e pelo conselho universitário. A administração central seria composta pelo conselho universitário e pelo reitor (CUNHA, 1986, pg.295).

O corpo docente seria constituído, em termos gerais, de professores catedráticos, um para cada cadeira do curso, auxiliares de ensino

(chefe de clínica, chefe de laboratório, assistente ou preparador) e docentes livres. Os privilégios do cargo de catedrático seriam mantidos, sendo que a vitaliciedade e a inamovibilidade só ficaram garantidas após 10 anos de exercício de cargo e aprovação em concurso de títulos. Os auxiliares de ensino, de indicação do catedrático, de quem deveriam gozar a confiança, estariam obrigados a se submeterem ao concurso de docência-livre, sob a pena de desligamento. Os docentes livres seriam os aprovados em concurso

de títulos e de provas “de capacidade técnica e científica e de predicados didáticos”. Eles teriam os encargos principais de lecionar

em “cursos equiparados” aos “cursos normais”, ministrados pelos catedráticos, de substituí-los nos seus impedimentos e de reger turmas (CUNHA, 1986. P.296) (grifo nosso).

Como podemos observar o Decreto 19.851/31 que cria o Estatuto das Universidades Brasileiras, estabelece a necessidade de predicados didáticos, ou seja, propriedade de conhecimentos didáticos, apenas aos docentes livres que teriam como incumbência principal lecionar em cursos equiparados aos cursos normais, aqueles que seriam preparados para exercer a docência no ensino secundário. Notemos que nesta época o único grau concedido era o de bacharel. Contudo, logo outro grau acadêmico seria outogardo.

Nesse período, outro fato importante é a criação em 1937 da Universidade do Brasil, antiga Universidade do Rio de Janeiro que fora “ampliada” com o intuito de implantar no país um padrão nacional do Ensino Superior e estabelecer um controle a qualidade desse ensino. Ligada a essa instituição estava a Faculdade Nacional de Filosofia, organizada pelo Decreto-Lei nº 1.190 de 04 de abril de 1939 que substituiria a antiga Faculdade Nacional de Filosofia, Ciências e Letras que, de acordo com

33 Sguissardi (2006) foi “pensada como centro aglutinador da busca e crítica do saber da universidade”.

Uma das principais mudanças que essa substituição trouxe foi a criação do curso de Didática para quem desejasse ser licenciado para lecionar no ensino secundário e normal. No documento havia uma seção sobre o curso de Pedagogia e outra sobre o curso de Didática, ao qual achamos pertinente apresentar.

CAPÍTULO I

DAS FINALIDADES DA FACULDADE NACIONAL DE FILOSOFIA

Art. 1º A Faculdade Nacional de Filosofia, Ciências e Letras, instituida[sic] pela Lei n. 452, de 5 de julho de 1937, passa a denominar-se Faculdade Nacional de Filosofia. Serão as seguintes as suas finalidades:

a) preparar trabalhadores intelectuais para o exercício das altas atividades de ordem desinteressada ou técnica;

b) preparar candidatos ao magistério do ensino secundário e normal;

c) realizar pesquisas nos vários domínios da cultura, que constituam objeto de ensino.

SECÇÃO XI

Do curso de pedagogia

Art. 19. O curso de pedagogia será de três anos e terá a seguinte seriação de disciplinas:

Primeira série

1. Complementos de matemática. 2. História da filosofia.

3. Sociologia.

4. Fundamentos biológicos da educação. 5. Psicologia educacional.

Segunda série

1. Estatística educacional. 2. História da educação.

3. Fundamentos sociológicos da educação. 4. Psicologia educacional. 5. Administração escolar. Terceira série 1. História da educação. 2. Psicologia educacional. 3. Administração escolar. 4. Educação comparada. 5. Filosofia da educação. SECÇÃO XII Do curso de didática

Art. 20. O curso de didática será de um ano e constituir-se-á das seguintes disciplinas:

1. Didática geral. 2. Didática especial.

34 3. Psicologia educacional.

4. Administração escolar.

5. Fundamentos biológicos da educação. 6. Fundamentos sociológicos da educação. (BRASIL, 1939).

Nesse período o concluinte do curso de Pedagogia recebia o grau de bacharel. A partir deste Decreto surgia o grau de licenciado para o concluinte do curso de Pedagogia, que primeiramente, após três anos, receberia o grau de bacharel, caso optasse pelo magistério, cursaria o curso de Didática pelo período de um ano no qual deu início ao chamado esquema “3+1”.

Outro período de transformações no ensino superior foi o da República Populista (1943 a 1964). Nesse período houve uma maior oportunidade de escolarização, a modernização do Ensino Superior com o olhar para os interesses populares e a participação dos estudantes. Além disso, a escolarização das mulheres que até então era precária começa a se fortalecer, principalmente no nível médio, Cunha ressalta:

Por uns e outros impulsos, a escolarização das mulheres, deixou de ser no período em questão uma excepcionalidade para se tornar uma exigência inquestionável, concorrendo para intensificar ainda mais, junto com a pressão demográfica, a elevação dos requisitos educacionais” (CUNHA, 1980, p. 74)

Além disso, é nesse período que o Ensino Superior passa a ser gratuito nas instituições públicas, aumentando deste modo, ainda mais do que na República Velha, o ingresso da classe média ao ensino superior, acarretando em um grande crescimento de estudantes nessas instituições neste período.

O fim da República Populista deixa um saldo de 39 universidades, entre elas, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Cabe também destacar, a criação, em 1947 do Instituto Tecnológico da Aeronáutica que traz inovações acadêmicas, entre elas a extinção das cátedras vitalícias, a carreira do magistério começa a ter etapas, que são necessárias alcançar para se progredir, a organização acadêmica começa a ser departamental, estímulo a pesquisa, através dos cursos de pós-graduação com o intuito de formar novos docentes e pesquisadores e conforme Tolle (1964) pode ter sido uma experiência bem sucedida da reforma universitária brasileira.

35 Novos atores10 surgiram a partir do final da década de 1940 com o escopo de fortalecer a pesquisa no Ensino Superior, eles tiveram um papel relevante no desenvolvimento do Ensino Superior. São eles: a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC, o Conselho Nacional de Pesquisa - CNPq e a Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES11.

O caminho que leva de adaptações do modelo napoleônico/profissional a um modelo que se aproxime do humboldtiano/de pesquisa, que se traduzirá, na década de 80, pelo embate em torno da indissociabilidade pesquisa-ensino-extensão, quando da Constituinte, é calçado, ao longo das décadas precedentes, por um conjunto de eventos, dentre os quais alguns devem ser referidos, por sua representatividade (SGUISSARDI, 2005).

A SBPC surge em 1948 com o intuito de formar uma sociedade para o progresso da ciência, já existentes em outros países. Com o final da II Guerra Mundial, foi percebendo-se em todo o mundo a necessidade de incentivo à ciência como forma de promoção para o desenvolvimento econômico e social. Ela teve um papel importante para o Ensino Superior com o fortalecimento da comunidade científica e, por conseqüência a aparição do Brasil como país com competência de produzir e utilizar conhecimento científico e tecnológico.

Seu papel de resistência foi de fundamental importância no período ditatorial manifestando-se contra perseguições e interferências que ferissem a autonomia universitária. Ademais, a partir da década de 1980 lança publicações que incentivam a comunicação entre a comunidade científica e a sociedade.

Em 1951, através do Decreto 1.310 é criado o Conselho Nacional de Pesquisas, o CNPq12 com o objetivo de promover a pesquisa científica e tecnológica nuclear no Brasil, contudo, não foi isso o que aconteceu, devido aos obstáculos postos pelo governo norte-americano.

Sendo assim, o CNPq volta-se para os estudos das ciências exatas e biológicas, concedendo bolsas de estudos, criando institutos especializados, fomentando a pesquisa nesse período e formando, consequentemente, centenas de professores que ocuparam

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Nomenclatura utilizada por Sguissardi em Universidade no Brasil: dos modelos clássicos aos modelos de ocasião?

11 Depois, passa a se chamar Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior que permanece até os dias atuais. 12 Em 6 de novembro de 1974, pela Lei nº 6.129, foi transformado em fundação e recebeu seu nome atual, Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico, mantendo porém a sigla anterior. (Fonte: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/conselho-nacional-de-desenvolvimento-cientifico-e-tecnologico-cnpq)

36 vagas em universidades. Esse período foi marcado pelo grande aumento de docentes e pesquisadores.

Também, em 1951 é fundada a CAPES pelo Decreto nº 29.741 com o “objetivo de assegurar a existência de pessoal especializado em quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades dos empreendimentos públicos e privados que visam ao desenvolvimento do país”13. Em 1953 é implantado o programa universitário que permitirá intercâmbio e cooperação entre as universidades do país com universidades estrangeiras. No ano de 1965 é aprovada a resolução que define os cursos de pós- graduação e nela está inserida a importância da pós-graduação para a formação dos docentes universitários, veremos essa resolução adiante.

Inicialmente tendo como principal foco a formação especializada de professores no exterior, mediante bolsas de estudo, a partir de 1965, quando começa a institucionalizar-se a pós-graduação no país, a Capes passa a exercer um papel central: cabe-lhe elaborar, avaliar, acompanhar e coordenar as atividades relativas à pós-graduação no país, sobre a qual convém fazer considerações à parte, dada sua importância decisiva na caracterização das universidades brasileiras, hoje, sob a ótica do modelo universitário. (SGUISSARDI, 2005).

Sendo assim, a CAPES tem um relevante papel na formação dos professores do magistério superior até os dias de hoje, pois desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação stricto-sensu no país, bem como responsável pelas ações de fomento (bolsa de estudos, auxílios, apoios).

Outro marco no Ensino Superior no Brasil será a inauguração, em 1962, da Universidade de Brasília - UnB, símbolo da modernização do ensino superior no Brasil, na recém inaugurada Capital Federal, pensada na tentativa de incorporar alterações à estrutura universitária vigente.

Esse período foi marcado pela redução dos meios de discriminação social. Contudo, quanto mais a universidade crescia e o número de diplomados aumentava ia se formando uma crise nas ofertas de emprego, pois o mercado de trabalho não oferecia movimento para suprir a essa mão de obra qualificada, levando a frustração daqueles que lutavam por esse acesso de todos, tendo assim uma crise de crescimento do ensino

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37 superior que não via correspondência da sociedade, fazendo com que os estudantes, através de movimentos, começassem a exigir uma sociedade diferente.

Durante a República Populista (1945/1964), o Ensino Superior brasileiro encontrava-se dilacerado por contradições, principalmente pela crise de realização social do seu produto mais valorizado pela sociedade: o profissional diplomado. A expansão das vagas e, consequentemente, dos diplomados, levava ao mercado de trabalho, anualmente, muitos jovens a procura de emprego “compatível” com os padrões socialmente definidos de poder, de remuneração e de prestígio. Todavia, o crescimento das oportunidades de emprego não se dava no mesmo ritmo do aumento dos diplomados [...] o resultado imediato foi a elevação dos requisitos educacionais, a desvalorização econômica e simbólica dos diplomas, o subemprego e o desemprego. Todo esse processo induzia um movimento estudantil voltado para a reforma do ensino superior, de modo adequá-los às exigências da sociedade e, no limite, para a transformação profunda da própria sociedade. (CUNHA, 1980, p.37).

É nesse momento de transformações, crises e movimentos em prol da reforma do ensino superior que se instala a ditadura militar, como consequência ocorreram mudanças dentro da academia.

Para Sguissard (2005) a ditadura militar destruiu o que havia de inovador na experiência da UnB, como instituição pronta para promover a cultura nacional na linha de uma emancipação, fiel ao que seria a concepção de uma universidade dedicada à pesquisa científica e a formação de cientistas prontos para trabalhar em prol da solução dos problemas do país.

Entre os anos de 1964 a 1968 as universidades começam a importar o modelo norte-americano, devido ao acordo MEC-USAID14. Nesse convênio predominava a concepção “empresarialista”15 do Ensino Superior.

Diante de todo o exposto, vimos que até então, a formação do docente para o Ensino Universitário não era palco de grandes discussões, porém o Parecer Nº 977/65 C.E.Su, aprovado em 03 de dezembro de 1965 que traz a Definição dos Cursos de Pós- Graduação. Tem como uma de suas pautas a formação desse professor. No tópico que trata da Necessidade da Pós-Graduação

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Acordo firmado entre o Ministério da Educação e Cultura (MEC), representado pelo ministro Flávio Suplicy de Lacerda, e a United States Agency for International Development (USAID), representada por seu diretor Stuart Van Dyke com o intuito de desenvolver o Ensino Superior no Brasil.

38 Em nosso entender um programa eficiente de estudos pós-graduados é condição básica para se conferir à nossa universidade caráter verdadeiramente universitário, para que deixe de ser instituição apenas formadora de profissionais e se transforme em centro criador de ciência e de cultura. Acrescente-se, ainda, que o funcionamento

regular dos cursos de pós-graduação constitui imperativo da formação do professor universitário. Uma das grandes falhas de nosso ensino superior está precisamente em que o sistema não dispõe de mecanismos capazes de assegurar a produção de quadros docentes qualificados. Daí, a crescente expansão desse ramo de ensino, nessas últimas décadas, se ter feito com professores improvisados e consequentemente rebaixamento de seus padrões.

Por isso mesmo o programa de ampliação das matrículas dos cursos superiores supõe uma política objetiva e eficaz de treinamento

adequado do professor universitário. E o instrumento normal desse treinamento são os cursos de pós-graduação. O Aviso Ministerial, ao

solicitar a regulamentação, aponta, em síntese, os três motivos

fundamentais que exigem, de imediato, a instauração de sistema de cursos pós-graduados: 1) formar professorado competente que possa atender à expansão quantitativa do nosso ensino superior garantindo, ao mesmo tempo, a elevação dos atuais níveis de qualidade; 2) estimular o desenvolvimento da pesquisa científica por

meio da preparação adequada de pesquisadores; 3) assegurar o treinamento eficaz de técnicos e trabalhadores intelectuais do mais alto padrão para fazer face às necessidades do desenvolvimento nacional em todos os setores (BRASIL, 1965) (grifo nosso)

Achamos pertinente apresentar esse trecho do referido documento, pois se trata da primeira legislação que traz a formação para o docente desse nível de ensino, objeto esse do nosso estudo.

A partir de 1966 o governo apresenta planos de desenvolvimento para o país, no plano educacional têm-se a consolidação do Decreto Nº 977/65 e a construção da Lei Nº 5.540 de 28 de novembro de 1968 que reforma o Ensino Superior no país. Essa reforma foi coordenada por consultores americanos que afirmavam que a grande maioria das universidades brasileiras estava em discordância com a sociedade. Esse período foi marcado pelo forte investimento nos cursos de pós-graduação para a formação de professores brasileiros nos EUA, através da concessão de bolsas pela USAID.

Essa reforma vem abolir legalmente a cátedra vitalícia, introduzir o regime departamental e de tempo integral para professores, até então os professores e funcionários das universidades eram contratados por poucas horas, mediante salário muito reduzido.

39 Coadunando com o nosso estudo, apresentamos alguns artigos do referido documento supracitado

CAPÍTULO II Do Corpo Docente

Art. 31. O regime do magistério superior será regulado pela legislação própria dos sistemas do ensino e pelos estatutos ou regimentos das universidades e dos estabelecimentos isolados. Art. 32. Entendem-se como atividades de magistério superior, para efeitos desta lei:

a) as que, pertinentes ao sistema indissociável de ensino e pesquisa, se exerçam nas universidades e nos estabelecimentos isolados, em nível de graduação, ou mais elevado, para fins de transmissão e ampliação do saber; b) as inerentes à administração escolar e universitária exercida

por professôres [sic].

§1º Haverá apenas uma carreira docente, obedecendo ao princípio da

integração de ensino e pesquisas.

§2º Serão considerados, em caráter preferencial, para o ingresso e a promoção na carreira docente do magistério superior, os títulos universitários e o teor científico dos trabalhos dos candidatos. Art. 33. Os cargos e funções de magistério, mesmo os já criados ou providos, serão desvinculados de campos específicos de conhecimentos

§2º Nos departamentos, poderá haver mais de um professor em cada

nível de carreira.

§3º Fica extinta a cátedra ou cadeira na organização do ensino

superior do País.

Art. 34. As universidades deverão progressivamente e na medida de seu interesse e de suas possibilidades, estender a seus docentes o Regime de Dedicação exclusiva às atividades de ensino e pesquisa. (BRASIL, 1968) (grifo nosso).

Essa Reforma traz elementos usados até os dias atuais como a divisão departamental das universidades, o Regime de Dedicação Exclusiva.

Sendo assim, podemos ver que a preocupação com a formação do professor no ensino universitário é que ele dominasse o conteúdo específico de sua especialidade através de cursos de mestrado e doutorado, a pós-graduação se torna o maior instrumento de formação do docente no Ensino Superior. Porém,

o modelo histórico do Ensino Superior no Brasil, em seus primórdios,

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