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Breve contextualização histórica do Ambulatório de Diabetes do Hospital

4 MÉTODO

5.1 Breve contextualização histórica do Ambulatório de Diabetes do Hospital

Esse capítulo busca contextualizar o modo de produção de saúde do Ambulatório de Diabetes antes da operacionalização do Acolhimento Integrado. Para tal, o estudo contou com o auxílio dos detalhamentos das reuniões de equipe, dos prontuários dos sujeitos atendidos no Ambulatório, bem como das entrevistas realizadas com usuários e trabalhadores de saúde do Projeto.

Oriundo do Ambulatório de Endocrinologia, o Ambulatório de Diabetes foi criado em 1999. Anteriormente, os diabéticos atendidos no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora tinham suas consultas no serviço de Endocrinologia do Hospital, que contava, apenas, com profissionais e acadêmicos de Medicina. Em decorrência da separação dos ambulatórios, houve a elaboração do Projeto de Extensão Acompanhamento, Educação e

Prevenção em Diabetes Mellitus (ProDia), também no ano de 1999, tornando as designações

de atenção a diabetes convidou o corpo de enfermagem do hospital para atuar, de forma conjunta, com a equipe de Medicina. Todavia, os médicos ainda eram maioria no Serviço.

A equipe de Medicina do ProDia era composta pela professora e coordenadora do Projeto, acadêmicos, profissionais voluntários e alunos recém formados. Já a enfermagem, contava com um enfermeiro do quadro do HU-UFJF.

No ano de 2001, foi incorporado ao Ambulatório o trabalho do Serviço Social. A especialidade disponibilizou, inicialmente, um residente para realizar atendimentos no ProDia e, posteriormente, uma profissional contratada pelo hospital para atuar como referência no Projeto. Com essa composição, o Ambulatório passou a dar seus primeiros passos em busca da concretização da interdisciplinaridade.

No ano de 2002, o Serviço contou com a ampliação do corpo de Enfermagem no Ambulatório de Diabetes. Na ocasião, a Pró-Reitoria de Extensão da UFJF identificou a existência do trabalho desenvolvido por uma professora da Faculdade de Enfermagem, que tinha como objetivo o atendimento de diabéticos e hipertensos e propôs a associação desse projeto com o ProDia. Com essa união, o Ambulatório cresceu e passou a admitir acadêmicos de Enfermagem no atendimento dos diabéticos. Ainda em 2002, o Projeto obteve o apoio do Serviço de Educação Física nos cuidados em saúde ao diabético.

Com o crescimento do número de especialidades atuantes no ProDia, em 2003, a Psicologia passou a integrar a equipe do Ambulatório. A formação do Projeto, com a participação das equipes de Medicina, Enfermagem, Serviço Social e Psicologia, se mantêm até 2006.

A incorporação de outros saberes no Serviço ocorreu no ano de 2007, com a entrada das equipes de Odontologia e de Nutrição. Antes, as atividades do Ambulatório de Diabetes eram realizadas na unidade do Hospital Universitário, localizada no bairro Santa Catarina. Segundo informações do próprio sitio eletrônico do HU-UFJF, o local apresentava condições inadequadas de estrutura física para seu funcionamento. Por isso, a construção de uma nova sede era um anseio dos envolvidos e atendidos no hospital. Acatando esse desejo, em 28 de março de 2007, todos os ambulatórios do HU-UFJF foram transferidos para a nova unidade do Hospital, construída no bairro Dom Bosco. Com maior espaço físico e contando com moderna aparelhagem, a nova unidade hospitalar buscou sanar a necessidade de melhoria nos cuidados em saúde, bem como alcançar um nível de excelência no atendimento à população (Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora [HU-UFJF], c2009-2013). Vale destacar que, no momento da transferência de unidade, participavam do ProDia as

equipes de Educação Física, Enfermagem, Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia e Serviço Social.

Em 2009, o Projeto recebeu um novo impulso com a entrada da Farmácia no Ambulatório de Diabetes. Entre as especialidades atuantes no Serviço, não existia um fluxo pré-estabelecido para os atendimentos individuais, ou seja, o usuário agendado para consulta médica poderia ser chamado por qualquer trabalhador de qualquer especialidade. Com isso, a equipe tinha como objetivo atender todos os usuários do Ambulatório em todas as áreas do Projeto.

Na época, o modelo de atendimento pretendia buscar o máximo de elementos para a realização de uma leitura ampla do sujeito atendido. Os projetos terapêuticos desenvolvidos pela equipe apresentavam esforços e preocupações com a inclusão dos diferentes aspectos biológicos, psicológicos e sociais dos sujeitos atendidos.

Mesmo tendo como meta a passagem do usuário por todas as especialidades, a ordem dos encaminhamentos para as diferentes áreas atrelava-se àquilo que o trabalhador de saúde detectava como demanda em sua consulta. Não existia nenhuma ferramenta que orientasse a identificação de demandas para realizar os encaminhamentos para as demais áreas do Projeto. Como não existia uma sistematização do fluxo de atendimento, qualquer profissional podia chamar o usuário para atendimento, independente da existência de demanda para sua especialidade.

Tanto nas salas de esperas, quanto nos grupos de educação em saúde, eram ofertados os atendimentos pelas diferentes especialidades participantes do Projeto. As atividades de sala de espera, com duração média com 15 minutos, ocorriam semanalmente e tinham como um de seus objetivos informar sobre os benefícios e a importância do cuidado em diabetes para além do biomédico. Já os grupos de educação em saúde, esses com cerca de uma hora de duração, ocorriam mensalmente e eram realizados interdisciplinarmente por, no mínimo, duas especialidade diferentes. Neles, era possível aprofundar questões sobre o cuidado em diabetes, incentivando a busca das especialidades não médicas por parte dos usuários.

O intercâmbio de encaminhamentos e informações entre profissionais e usuários funcionava como uma “força motriz” na busca da interdisciplinaridade e da integralidade no atendimento, visando à qualificação do serviço de saúde. Entretanto, essa prática não era isenta de falhas. E foi a partir da identificação destas que os trabalhadores do Ambulatório de Diabetes organizaram-se para a criação do Acolhimento Integrado.

5.2 O Processo de construção do acolhimento integrado no Ambulatório de Diabetes do