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BREVE EMBASAMENTO TEÓRICO SOBRE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM

2.6 BREVE EMBASAMENTO TEÓRICO SOBRE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM REVESTIMENTOS

A nomenclatura ‘Patologia’ é largamente utilizada nos diversos ramos e não só na construção civil (SANTOS; SILVA; NASCIMENTO, 2017). Patologia de acordo com os autores, é uma ciência que estuda as várias doenças existentes e na Construção Civil, particularmente,

estuda as manifestações patológicas que acontecem nas construções e podem acarretar em alterações estruturais e também funcionais (SANTOS; SILVA; NASCIMENTO, 2017).

Neste sentido, a NBR 15575 (ABNT, 2013) que versa sobre o Desempenho de Edificações Habitacionais e é composta por seis partes – Requisitos Gerais; Requisitos aos sistemas estruturais, aos sistemas de pisos, aos sistemas de vedações verticais internas e externas, sistemas de coberturas e sistemas hidrossanitários – define manifestações patológicas (NBR 15575-1, ABNT, 2013), como as irregularidades manifestadas devido à diversas falhas, sendo elas de projeto, fabricação, instalação, execução, montagem, no uso ou na manutenção, além de problemas que se manifestam e não são ocasionados pelo envelhecimento natural da edificação.

Schardong e Pagnussat (2011) relatam que as manifestações patológicas ocorridas nas edificações podem ser causadas nas diversas fases de produção ou utilização das construções, ou seja, ainda na fase de planejamento e concepção de projeto, durante a escolha dos materiais a serem empregados, na execução da obra ou até na fase de utilização, ao longo da vida útil da edificação.

Segat (2006) aponta que nas edificações, os revestimentos são os principais acometidos pelas mais diversas ações decorrentes não só de fenômenos naturais, mas também do uso da edificação. Estas ações podem vir provocar danos gradativos às edificações ou aos seus elementos construtivos. Paim et al. (2016) realizaram estudo acerca de manifestações patológicas existentes em revestimentos de fachadas e relataram que as ações que mais provocam as manifestações patológicas em revestimentos são temperatura, insolação, umidade, vento, sombreamento, entre outros. Silva e Campiteli (2007) acrescentam ainda que os revestimentos de argamassa estão submetidos à diversos acontecimentos, que podem ser oriundos do meio ambiente, do projeto e execução da edificação, das propriedades químicas e físicas dos materiais e demais elementos utilizados, do tipo de revestimento da superfície, da falta de manutenção ou manutenção inadequada, além da utilização inadequada das edificações por parte do usuário.

Carasek (2011) destaca três processos principais que ocasionam a deterioração do revestimento de argamassas, sendo eles processos físico-mecânicos, químicos e biológicos, que são detalhados e podem ser observados no diagrama da Figura 16.

Figura 16 – Processos de Deterioração dos Revestimentos de Argamassa

Fonte: CARASEK (2011, p. 1).

Na sequência foram apresentados os tipos mais comuns de manifestações patológicas encontrados nos revestimentos de argamassa.

2.6.1 Descolamentos

Este tipo de falha em revestimento ou manifestação patológica, ocorre quando há a separação entre uma ou mais camadas do revestimento de argamassa, demonstrando variabilidade de dilatação (BAUER, 1997). O autor acrescenta que os descolamentos podem manifestar-se com pulverulência, placas ou empolamento.

O descolamento com pulverulência provoca a desagregação do revestimento e posterior esfarelamento como consequência, que consiste em a argamassa esfarelar ao ser tocada manualmente (BAUER, 1997). As causas da pulverulência, conforme a NBR 13749 (ABNT, 2013) são a quantidade em demasia de finos no agregado, traço com pouco aglomerante e também a carbonatação não suficiente da cal, em argamassas de cal, que é dificultada na presença de clima seco e também de temperaturas elevadas. O descolamento por placas ocorre quando a aderência é

deficiente entre as camadas de argamassa ou até entre as camadas e a base em que foram aplicadas (BAUER, 1997). Por último, mas não menos importante, o descolamento por empolamento pode ocorrer vários meses após a obra ter sido concluída, através de expansões na argamassa em seu estado endurecido, causada pela hidratação de óxidos (BAUER, 1997).

2.6.2 Vesículas

Consiste em variação volumétrica causada pelos materiais espalhados na argamassa que acabam ocasionando na formação de vesículas (BAUER, 1997). A NBR 13749 (ABNT, 2013) apresenta que as causas dessa manifestação patológica são a hidratação retardada do óxido de cálcio não hidratado que está incluso na cal hidratada, sendo que o interior da vesícula é da cor branca; o aparecimento de concreções de ferrugem na areia, que faz com que o interior da vesícula seja de coloração avermelhada e também a presença de matéria orgânica ou pirita na areia, que provoca coloração preta no interior da vesícula.

2.6.3 Fissuras

Quando não há a ocorrência de movimentação de elemento estrutural ou da alvenaria e há a ocorrência de fissuras, estas são, segundo Bauer (1997) provenientes da argamassa de revestimento que por sua vez, são oriundas da execução do mesmo, das solicitações higrotérmicas e especialmente pela retração da argamassa. Além disso, o traço da argamassa, ou seja, a dosagem de elementos como cimento, teor de finos, água de amassamento entre outros aspectos, corroboram na ocorrência de fissuras (BAUER, 1997). Ademais, fatores como resistência de aderência à base, espessura das camadas de revestimento, tempo entre a execução das camadas e perda de água de amassamento devido à sucção da base ou à ação de agentes atmosféricos também podem acometer o revestimento e causar fissuração (BAUER, 1997).

A NBR 13749 (ABNT, 2013) acrescenta que as fissuras podem ser do tipo mapeadas (Figura 17), quando são formadas devido à retração da argamassa em decorrência do exagero de finos no traço da argamassa, sejam estes finos de aglomerantes ou de agregados ou também em decorrência de desempenamento em demasia e sua apresentação é na forma de mapas. Além disso, a Norma Brasileira também cita que as fissuras podem ser do tipo geométricas, quando seguem o contorno do componente da base e podem ocorrer em consequência à retração da argamassa de assentamento e ademais, as fissuras na vertical podem ocorrer como resultado da retração

higrotérmica do componente, ou quando as interfaces da base são compostas por diferentes materiais (nestes locais deveriam existir juntas de dilatação) (NBR 13749, ABNT, 2013).

Figura 17 – Fissuras mapeadas

Fonte: CARASEK (2011, p. 3).

2.6.4 Eflorescências

As eflorescências consistem em manchas brancas, provenientes de sais que migram para a superfície do revestimento que podem acarretar na desagregação do mesmo, além de comprometer o aspecto estético deste (CARASEK, 2011). De acordo com a autora, são três os fatores que contribuem para o surgimento de eflorescências, sendo eles a presença de sais solúveis no revestimento, a presença de água e a pressão hidrostática que provoca a precipitação dos sais à superfície. Além disso, as eflorescências só ocorrem quando há infiltração, ou seja, a presença de água, assim, para elimina-las é necessário acabar com a infiltração no revestimento argamassado (CARASEK, 2011).

3 METODOLOGIA

Capítulo destinado a apresentar o método de abordagem utilizado no presente estudo, bem como os materiais e métodos utilizados na execução dos ensaios para verificar a diferença entre o comportamento da argamassa de revestimento com adição de cal extinta em obra e da argamassa de revestimento com adição de cal hidratada.

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