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BREVE HISTÓRICO DO COLÉGIO CONSOLATA

No documento Narrativas na construção da inclusão (páginas 41-48)

2 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E OS DOCUMENTOS OFICIAIS / 2

3 O PRINCÍPIO INCLUSIVO DO INSTITUTO MISSIONÁRIAS DA CONSOLATA

3.1 BREVE HISTÓRICO DO COLÉGIO CONSOLATA

O Colégio Consolata é uma instituição confessional, constituído com caráter educacional. Promovendo seus educandos, seus destinatários e assistidos através da educação e da cultura, tendo como fundamento os princípios do carisma3 do pe. José Allamano, fundador do Instituto Irmãs Missionárias da Consolata.

A história do culto a Nossa Senhora Consolata começou por volta do ano 440, com São Máximo, bispo de Turim, cidade localizada no norte da Itália. Quase oitocentos anos depois na cidade de Turim, o padre José Allamano se torna o reitor do Santuário da Consolata, e em 1910 funda o Instituto Irmãs Missionárias da Consolata.

Em julho de 1946, sete Irmãs Missionárias da Consolata partem de Turim para o Brasil, destino Rio do Oeste, interior de Santa Catarina. De Santa Catarina região sul do país, para o sudeste no dia 17 de dezembro de 1948 chegam na cidade de São Paulo as três primeiras irmãs, que no bairro do Imirim em uma

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Carisma vem da palavra grega CHARIS igual a dom, graça, dom gratuito, concedido pelo Espírito Santo a uma pessoa para o bem de todos. Allamano em seu método de formação se fundamentava em princípios como: testemunho de vida, “os homens e mulheres de hoje exigem a prova da vida”; extraordinários no ordinário, “nada é pequeno para quem ama, o amor engrandece e valoriza todas as coisas”; escuta e acompanhamento personalizado, “bons educadores não são os que dão boas aulas expositivas, são os que passam horas e horas afio, a disposição de seu educandos, atendendo-os com total dedicação”; persistência, “o essencial não é não cair, mas erguer-se, é preciso recomeçar sempre sem jamais se cansar”; firme e suave, “forte nos princípios e suave nos modos”; paciência e mansidão, “a paciência deve estar em todas as situações”; comunhão, “somos uma família, irmãos e irmãs e devemos amar-nos”. Tirado do caderno: Identidade de uma Família Missionária hoje, p. 5, 1998.

estrebaria, dariam início às duas primeiras salas de aula que no futuro viria a se tornar o Colégio Consolata.

Figura 1

No final dos anos quarenta, o Imirim, bairro em que se localiza o Colégio era bem diferente do que conhecemos hoje. Os poucos moradores da região viviam dispersos em pequenos sítios e chácaras que davam ao lugar uma característica pacata. Carros quase não havia, mesmo porque não havia também ruas, somente ruelas pelas quais se andava a pé. As avenidas Caetano Álvares e Direitos Humanos, por exemplo, foram construídas após a canalização dos dois rios que deram nome ao bairro, em tupi-guarani, ig quer dizer rio, e mirim, quer dizer pequeno.

Assim descrevem as três irmãs recém chegadas em São Paulo:

Chegamos em São Paulo onde a divina providência bondosamente nos preparou um pequeno ninho. Todas exultamos e damos graças a Deus pela nova tarefa que nos foi incumbida. Nestes dias que

precedem o Natal, dirigimo-nos à localidade Pitangueira-Imirim, onde se abrirá a nossa casa. O antigo estábulo está começando a apresentar um aspecto sorridente. Tudo é paupérrimo, Belém é revivida aqui neste pequeno canto da grande São Paulo4.

E foi assim em uma estrebaria que o trabalho começou. O sonho de oferecer a tantas crianças a oportunidade de freqüentar uma escola e de ter uma formação digna e de qualidade começava a se tornar realidade. Apesar da total pobreza material, o projeto de inaugurar uma escola tomou corpo, tanto que em janeiro de 1949 as irmãs escrevem no Livro das Crônicas: “Continuamos as inscrições para o grupo escolar. Neste ano, poderemos acolher somente crianças da 1ª e 2ª séries do curso elementar. O número já passa de uma centena”.

Figura 2

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Do Livro das Crônicas. São registros sobre a história do Colégio escritos pelas irmãs conforme o padre José Allamano, fundador do Instituto, instruiu no regulamento: “...cada missionária deveria manter um diário com notícias pessoais, impressões, desafios, processos de desenvolvimento da missão, costumes locais, noticias de geografia, etnologia, história...”.

Superadas as dificuldades, em 21 de fevereiro de 1949, às 9 horas, acontece a missa com a participação dos alunos e pais para a abertura do ano escolar do Externato Nossa Senhora do Aviso, como foi chamado o colégio nos primeiros anos. Eram quatro classes com mais de cinqüenta alunos cada, duas no período das 8 h00 às 11h 30, as outras duas das 13h 30 às 17h 00.

Augusta A. Pires Gomes, foi aluna da primeira turma em 1949, e assim relata sobre o início do Colégio à revista comemorativa (2000) dos 50 anos do mesmo:

Uma das salas de aula ficava na construção da estrebaria em que se montou a capela. Havia um biombo que separava o altar da sala de aula durante a semana e, nos finais de semana, ele era retirado e então acontecia ai as missas. Às vezes, quando chovia, a gente tinha de abrir o guarda-chuva dentro da sala de aula por causa das goteiras.

A abertura de uma escola no bairro foi um acontecimento histórico muito importante. Até então os pais tinham que mandar os filhos para colégios distantes, próximos do centro de São Paulo.

Para atender a demanda, já em 1949, constroem-se um pavilhão novo com duas grandes salas de aula e, em 1950, um prédio de dois andares com um salão e duas salas de aula no andar térreo e três salas de aula no 1º andar.

No dia 1º de fevereiro de 1951, conforme narram os escritos históricos:

É oficialmente inaugurada a nossa escola. Desde as primeiras horas da manhã, o pátio está lotado de meninos e meninas vestidos com trajes de festa. Perto das 9 horas, chega o bispo auxiliar D. Paulo Rolim Loureiro, o cônsul da Itália, deputados estaduais, amigos benfeitores, moradores do bairro e pais de nossos alunos. Após a missa, é solenemente cortada a fita simbólica e o bispo abençoa e santifica as salas de aula, o salão e demais dependências de nosso prédio. Em seguida, os alunos desenvolvem um bonito programa festivo. A nascente obra escolar passa a chamar-se Externato Nossa Senhora Consolata, em registro definitivo no Departamento de Educação, há apenas três anos de seu humilde funcionamento.

Os anos passaram e o número de alunos aumenta e aos poucos, vai-se formando o quadro dos funcionários com professores leigos. Aos poucos as instalações passam por ampliações e em 1959 o Consolata abriu o curso ginasial, hoje Ensino Fundamental II, e em 1967 inaugurou o curso Normal. As normalistas fizeram parte da história do Consolata até 1989.

Figura 4

Ainda na década de 70, é inaugurado o novo laboratório, e um espaço verde com quadras esportivas, salões para eventos e dormitórios, chamado de Recanto Consolata. O Colégio torna-se conhecido também em função da Fanfarra Consolata que nessa época conquistou diversos prêmios importantes em todo o Brasil.

A partir de então se iniciou o Ensino Médio, e outros cursos profissionalizantes como: Análises Químicas, Eletrônica, Contabilidade, este ultimo no período noturno. Também a noite passou a funcionar o Supletivo.

Em 1982, houve a extinção dos cursos profissionalizantes e do supletivo, e o Colégio voltou à casa dos 1.600 alunos, mantendo-se hoje com 1.200 alunos.

Neste ano de 2009, o Colégio está completando 60 anos de vida. Como escola católica que se fundamenta nos pressupostos evangélicos e nos princípios de seu fundador, a proposta pedagógica do Colégio busca vivenciar uma comunidade

educativa fortalecida pelos princípios cristãos, suave nos modos, aberta à pluralidade das culturas existentes, mas, sobretudo mantendo-se conscientes da riqueza de humanismo que todas encerram.

Consciente também de que o respeito à diversidade exige, respeitar os diferentes saberes das pessoas com quem convivemos e aceitar os nossos não- saberes. Como diz Freire (2001, p.142):

É por isso que este desrespeito à criança e à sua identidade, este desrespeito ao mundo e ao mundo em que a criança está se fazendo pelo fato mesmo de estar tocando neste mundo, revela indiscutivelmente uma ideologia elitista e autoritária da escola. Quer dizer, a escola é elitista entre outras coisas porque só aceita como válido o saber já montado, o saber pseudamente terminado. Aí há um erro cientifico, também um erro epistemológico. É que não há saber nenhum que esteja pronto e completo. O saber tem historicidade pelo fato de se construir durante a história e não antes da história, nem fora dela.

O Colégio procura ser fiel ao princípio de sua fundação, proporcionar educação de qualidade e oportunidade a todos, respeitando e valorizando a diversidade cultural.

E mantém uma proposta de trabalho inspirada num espírito pedagógico integrador, interdisciplinar, que garanta a permanente reconstituição do saber na sala de aula. Que possibilite trabalhar o conhecimento numa perspectiva que ultrapasse os limites da escola e rejeite o saber cujo valor se esgote nesses limites.

Uma reconstituição do saber que deixará de ser um espaço transmissor de conhecimentos, para se transformar em um espaço potencializador de aprendizagens. Comprometido com a consolidação dos valores, atitudes, condições de exercê-los como cidadão participativo, co-responsável pela manutenção de uma sociedade democrática.

No documento Narrativas na construção da inclusão (páginas 41-48)

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