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Breve histórico da Economia Solidária no Brasil

No documento MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL (páginas 61-80)

O Brasil é um dos países em que as transformações no mundo do trabalho foram marcadas pelos avanços tecnológicos, a submissão à política neoliberal, a substituição dos trabalhadores pelas máquinas e a precarização do trabalho. Todos estes fatores vinculados à dominação da globalização financeira e a diminuição do poder das ações estatais ocasionaram o crescente desemprego e a fragmentação da classe trabalhadora.

Nesse processo ganha visibilidade movimentos da classe trabalhadora que buscam criar possibilidade de trabalho e renda frente à atual crise do trabalho formal, o aprofundamento da concentração de renda e as desigualdades sociais. A economia solidária é uma das possibilidades criada e recriada, principalmente, por aqueles que se encontram marginalizados no mercado de trabalho, ou inseridos de forma precária.

A economia solidária tem sua origem na solidariedade e na propriedade coletiva se diferenciando da economia capitalista, que tem como fundamento a desigualdade e a propriedade privada.

A economia solidária segundo Singer (2000), ressurge no Brasil em 1980 tendo uma investida nos anos 90 lembrando que os anos 90 foi marcado também pelo aumento e legalizações de muitos projetos principalmente os ligados aos movimentos social, que passaram a se identificar como organizações sociais (OS), (OCIPS) e (ONG).

Singer (2000) apresenta a economia solidária também como resultado de movimentos sociais que buscam alternativas ao desemprego sem precedente no início dos anos 80.

Os princípios dessa prática são naturalmente antagônicos ao sistema capitalista ainda que conviva dentro dele. Não existe um pensamento único sobre a economia solidária, suas principais ações são: cooperativas, grupos informais, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de cooperação, entre outros, nos quais têm como valores fundamentais o comércio justo,

autogestão, participação coletiva, democracia, cooperativismo, a autossustentação, igualitarismo e o desenvolvimento humano.

A SENAES (Secretária nacional de Economia Solidária) define a economia solidária como

(...) um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o ambiente. Cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no próprio bem.

A economia solidária se propõe ser uma alternativa de trabalho e renda buscando promover a inclusão social.

Nesse sentido, Singer (2000) afirma:

A Economia Solidária não é a criação intelectual de alguém, embora os grandes autores socialistas denominados “utópicos” da primeira metade do século XIX (Owen, Fourier, Buchez, Proudhon etc.) tenham dado contribuições decisivas ao seu desenvolvimento. A Economia Solidária é uma criação em processo contínuo de trabalhadores em luta contra o capitalismo. Como tal, ela não poderia preceder o capitalismo industrial, mas o acompanha como uma sombra, em toda sua evolução (2000:13).

Singer (2001) sustenta que grande parte da construção do socialismo necessariamente será realizada nas amarras da produção capitalista. A economia solidária pode representar nesse processo uma escola de capacitação socialista. Para que o socialismo algum dia se torne hegemônico, os trabalhadores precisam ter o domínio da tecnologia, conquistar e construir instituições políticas, jurídicas e culturais com os ideais socialistas.

Deste modo, não acredito no socialismo que começa com uma conquista de poder por medidas de força política, tentando impor aos trabalhadores e aos cidadãos uma nova forma de se relacionar. A essência da ideia socialista exige a sua espontaneidade, exige adesão voluntária. E adesão só é voluntária se você pode desfazê-la. Se não vira prisão: você adere, mas depois não pode desistir. Assim como o capitalismo é capaz de sobreviver tolerando experiências socialistas em seu seio, o socialismo tem de ter a mesma capacidade. No mínimo tem de ser tão liberal e tão robusto ao ponto de aguentar a competição com outros modos de produção. E não proibi-los! A autenticidade das cooperativas, a autenticidade das experiências autogestionárias provêm dessa absoluta liberdade de opção que todas elas usufruem. (Singer, 2001:236)

O principal mecanismo de desenvolvimento da economia solidária é a cooperação na produção, que tem como princípio organizacional, conforme Singer (2000), a posse coletiva dos meios de produção, gestão democrática, repartição da receita líquida, nos quais as decisões são tomadas coletivamente. Os integrantes são homens e mulheres, vítimas do sistema capitalista, no qual tem objetivo de obter rendimento, reintegra-se a divisão social do trabalho se organizando em pequenos produtores de mercadoria no campo e na cidade, se associando para vender e comprar coletivamente.

A economia solidária busca ser uma alternativa na contramão do sistema, promovendo a desenvolvimento coletivo no lugar do individualismo.

Singer (2000) apresenta que:

Seria um erro supor que a Economia Solidária é a única opção de sobrevivência das camadas mais pobres e excluídas das classes trabalhadoras. Não é verdade que a pobreza e a exclusão tornam suas vítimas imanentemente solidárias. O que se observa é que há muita solidariedade entre os mais pobres e que a ajuda mútua é essencial à sua sobrevivência. Mas esta solidariedade se limita aos mais próximos, com os quais a pessoa pobre se identifica. A mesma pessoa que se mostra solidária com parentes e vizinhos disputa com unhas e dentes qualquer oportunidade de ganho contra outras, que lhes são “estranhas”. E muitos deles aceitam e internalizam os valores do individualismo que fundamentam a instituição do capitalismo (Singer, 2000:15).

A economia solidária procura promover o desenvolvimento da comunidade local através da posse coletiva dos meios de produção e distribuição, gestão democrática, repartição dos excedentes. Assim como, procura promover a experiência local para se multiplicar e atingir grupos maiores.

De acordo com Singer (2002), a economia solidária só se tornará uma alternativa superior ao capitalismo quando alcançar um nível de eficiência na produção e na distribuição compatível a economia capitalista.

Atualmente, a maioria dos empreendimentos solidários é de caráter intersticial. Surgiram como respostas a crises nas empresas, ao desemprego e à exclusão social. Mas, em determinadas regiões, a Economia Solidária atingiu densidades tal que domina a vida econômica e pauta a sua expansão. Mondragón é o exemplo mais

acabado, mas no mesmo contexto cabe citar Emilia-Romana na Itália. Québec no Canadá, Grande Buenos Aires na Argentina (em que prevalecem clubes de troca), o Grameen Bank em Bangladesh e, quem sabe, nos próximos anos a região de Catande, no sul da Zona da Mata pernambucana, onde a maior agroindústria açucareira da América Latina se encontra em autogestão desde 1995. (Singer, 2002;121)

Segundo Singer (2000), a economia solidária precisa conquistar bases de sustentação com fonte de financiamento, redes de comercialização, assessoria técnica, formação contínua e apoio de autoridades governamentais.

Dados da Economia Solidária no Brasil

No Brasil é possível encontrar particularidade da economia solidária como a criação de entidades de apoio, assessoria e fomento, por exemplo, a Anteag (Associação Nacional de Trabalhadores de Empresas de Autogestão), a (Itcps) Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares filiadas a fundação Unitrabalho, entre outras organizações que tem o intuito de promover a economia solidária.

A economia solidária busca se concretizar no Brasil como uma política pública. Em 2001, foi criado o GT (grupo de trabalho) Brasileiro de economia solidária no primeiro FSM (Fórum Social Mundial) em Porto Alegre com 12 entidades participantes. Em 2002, foi realizada a primeira Plenária Nacional de Economia Solidária, tendo como resultado a elaboração da Carta de princípios da Economia Solidária ao Governo Lula. Em 2003, foi realizada a Segunda Plenária de Economia Solidária; a criação do FBES (Fórum Brasileiro de Economia Solidária) e a criação da Secretária Nacional de Economia Solidária (SENAES). Em 2004, foi realizado o Primeiro Encontro Nacional dos Empreendimentos da Economia Solidária. Em 2006, a Primeira Conferência de Economia Solidária. Em 2008, a Quarta Plenária Nacional de Economia Solidária. Em 2010, a Segunda Conferência Nacional de Economia Solidária. A economia solidária aparece também nas propostas de desenvolvimento social do programa de governo da recente presidente eleita, Dilma Rousseff, integrando o conjunto de metas para eliminar a pobreza absoluta no país, a economia solidária consta no item de criação de trabalho e renda para os segmentos

em situação de vulnerabilidade. No qual propõe “enfatizar o papel das Políticas de Economia Solidária na estrutura de oportunidade de geração de renda da população pobre e vulnerável; aprimorar a legislação relacionada à economia solidária e incentivar os empreendimentos autogestionados e cooperados; ampliar o acesso ao microcrédito e ao crédito voltado para micro e pequenos empreendimentos; assegurar mercados mediante o uso intensivo das comprar públicas.” (Caderno Temático de Programa de Governo: Desenvolvimento Social, 2011/2014:13).

Os municípios que aderem as ações de economia solidária buscam criar legislação especifica para legitimar os programas, em São Paulo municípios como Campinas, Carapicuiba, Osasco, Santo André, ABC e Diadema já possuem algum tipo de legislação que regularizar as ações da economia solidária. Também no Estado o ACRE, MT, MS, BAHIA, RN e MG.

Conforme o Atlas de Economia Solidária do Brasil 2005-2007, são considerados empreendimentos econômicos solidários (EES), as organizações coletivas: associações, cooperativas, empresas autogestionárias, grupos de produção, clubes de trocas, redes e centrais nos quais a gestão é realizada coletivamente.

No período de 2007 foram identificados 21.859 EES, há uma maior concentração dos EES na região Nordeste com 9.498; na região Sudoeste com 3.912; na região Sul com 3.583; na região Norte com 2.656 e na região Centro- Oeste com 2.210.

Os EES se organizam no Brasil em cooperativas, associações, grupos informais, e outras formas de organização. A maior presença das formas de organização dos EES são as associações, tendo em vista que as documentações para legalização são mais simples, comparadas com a legalização de cooperativas. O segundo grupo de maior representação são os grupos informais representados pelos EES que ainda não conseguiram nenhum tipo de legalização formal. Conforme tabela a seguir.

Região Grupo

Informal Associação Cooperativa de Organização Outras Formas

Região Norte 681 1.616 253 68 Região Nordeste 2.640 6.153 586 70 Região Sudeste 2.265 1.144 429 51 Região Sul 1.649 1.158 669 86 Região Centro-Oeste 743 1.255 178 27 TOTAL 7.978 11.326 2.115 302

Fonte: Atlas de Economia Solidária do Brasil 2007.

Os motivos para criação dos EES são: alternativa ao desemprego, obtenção de maiores ganhos, complemento da renda dos sócios, trabalho associado, possibilidade da gestão coletiva da atividade, condição para acesso a crédito e empresas recuperadas.

Tabela 2: Motivos de Criação dos Empreendimentos Econômicos Solidários.

Região Alternativa ao desemprego Obter maior ganho Complementar

a renda associado Trabalho financiamentos Acesso a Recuperação de empresa Região Norte 900 400 319 240 450 9 Região Nordeste 2.884 1.205 1.091 668 1.736 18 Região Sudeste 1.507 611 608 194 160 30 Região Sul 829 727 683 249 210 30 Região Centro- Oeste 626 396 359 220 314 2 TOTAL 6.746 3.339 3.060 1.571 2.870 89

Fonte: Atlas de Economia Solidária do Brasil 2007.

Conforme os dados é possível perceber que o principal motivo para criação dos grupos é a alternativa ao desemprego, 6.746 EES. Os dois motivos que também apresentam número elevado de empreendimentos é a obtenção de maior renda com 3.339 EES. E os EES que têm como objetivo a complementação da renda 3.060.

Conforme informação do Atlas de Economia Solidária do Brasil de 2005, 50% dos EES atuam exclusivamente na área rural, 33% atuam exclusivamente na área urbana e 17% têm atuação tanto na área rural como na área urbana. Considerando as regiões cabe destacar que na região Sudeste a maioria dos EES (60%) atua na

área urbana e nas regiões Norte e Nordeste a participação dos EES que atuam exclusivamente na área rural está acima da média nacional (57% e 63% respectivamente).

No conjunto dos participantes associados aos EES a participação relativa dos homens é superior a das mulheres. No Brasil 1.057.114 dos EES tem a participação de homens e de mulheres que resulta o total de é de 630.382.

Conforme dados do Atlas de Economia Solidária de 2005, dos 14.954 empreendimentos 8.870 (59,3%) informaram a remuneração dos sócios. Deste total, 50% apresentam remuneração com valor até meio salário mínimo (SM). Em 26,1%, a remuneração é de meio a um SM, totalizando 76,1%, este dado deve ser compreendido à luz das motivações que originaram os EES, pois para muitos empreendimentos a razão de sua existência está na possibilidade de complementação de renda dos associados.

Considerando a situação regional, a região Sul apresenta uma participação proporcionalmente menor em relação à média nacional nas faixas inferiores de renda diferentemente da região Nordeste, onde a participação está acima da média nacional.

Gráfico 1: Distribuição % dos Empreendimentos Econômicos Solidários por Faixas de Remuneração - Brasil e Regiões.

Outro dado importante é que a economia solidária vem passando por uma grande expansão nas últimas décadas, sendo possível perceber por intermédio da figura que a rede que vem se ampliando e sendo fortalecida.

Figura 1: Campo da Economia Solidária no Brasil

Fonte e elaboração: Atlas de Economia Solidária 2005.

A economia solidária vem se construindo como uma possibilidade de inclusão social buscando, por meio dos seus militantes, construir tanto redes locais, quanto redes nacionais e internacionais para fortalecer essa alternativa.

CAPÍTULO III

ECONOMIA SOLIDÁRIA EM CAMPINAS/SP

Neste capítulo realizamos uma exposição sobre a economia solidária em Campinas SP apresentando uma caracterização socioeconômica de Campinas/SP do seu mercado de trabalho na atualidade e do programa de Economia Solidária.

1 - Caracterização sócioeconomica de Campinas/SP

A cidade de Campinas tem aproximadamente 260 anos de história. Na metade do século XVIII era um bairro rural vinculado a Vila de Jundiaí. O produto que marcou a região foi a produção de café, que se desenvolveu no interior das fazendas de cana-de-açúcar impulsionando um novo ciclo de desenvolvimento da cidade. A construção do sistema viário de Campinas esteve ligada ao ciclo da cana- de-açúcar no final o século XVIII com intuito de estabelecer comunicação com São Paulo. O sistema ferroviário foi marcado fortemente pela produção de café contribuindo para a formação de núcleos urbanos relacionados às estações ferroviárias. Com a crise econômica cafeeira, a partir de 1930, a cidade de Campinas assumiu uma fisionomia mais industrial e de serviços.

Campinas hoje ocupa uma área de 795,7 Km² e possui uma população de 1.083.642 habitantes, sendo que 20,56% da população têm menos que 15 anos e 12,17% corresponde às pessoas com idade acima de 60 anos, de acordo com os dados da Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análise de Dados.

Campinas está localizada na região sudoeste do Estado de São Paulo, aproximadamente, 90 Km da Capital do Estado sendo pólo da Região Metropolitana, constituída por 19 municípios.

De acordo com a Fundação SEADE (2008), 73% da produção no Município se originou do setor de serviços/comércio, 26% ficou a cargo do setor industrial e

apenas 0,3% coube ao setor agropecuário que, no passado, foi a grande fonte de enriquecimento da economia campineira.

Segundo as últimas estatísticas, disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, referentes a 2007, o Produto Interno Bruto – PIB, de Campinas supera 27 bilhões de reais, o que a coloca em 10º lugar entre os municípios brasileiros correspondendo a uma renda per capita anual de R$ 26.133,00.

A taxa de urbanização do Município de Campinas subiu de 89,01%, em 1980, para 98,34%, em 2000, ou seja, quase todas as pessoas que vivem em Campinas/SP moram na área urbana.

Campinas apresenta uma rede ferroviária que a conecta com o porto de Santos, das 500 maiores empresas do mundo 50 tem filiais na região metropolitana de Campinas.

Campinas conta com 19 centros tecnológicos sendo estes: CIATEC - Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas; CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral; CENPRA - Centro de Pesquisas Renato Archer (CTI); Centro de Pesquisas Avançadas Wernher Von Braun; Centro de Nanociência e Nanotecnologia Cesar Lattes; CPqD - Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações; Codetec - Companhia de Desenvolvimento Tecnológico; EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária; Instituto de Pesquisas Eldorado; IAC - Instituto Agronômico de Campinas; IB - Instituto Biológico; ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos; IZ - Instituto de Zootecnia; LNLS - Laboratório Nacional de Luz Síncrotron; Softex - Programa Nacional de Software para Exportação; Trade Point - Centro de Serviços de Comércio Exterior; UNIEMP - Fórum Permanente das Relações Universidade Empresa; Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE).

Campinas tem a presença de um pólo acadêmico composto por 4 universidades e 10 faculdades. As principais universidades são: Unicamp, PUC- Campinas e Mackenzie.

2 - Mercado de trabalho na atualidade

Conforme relatório mensal do observatório do trabalho de Campinas na edição especial do Dia Internacional da Mulher é possível visualizar como se comporta o Mercado formal de trabalho e de que forma a mulher está se inserindo, também é possível identificarmos como essa inserção se dá no Mercado informal de trabalho.

O período que vamos tomar como referência será o mês de Janeiro de 2010. O setor que mais gerou vagas no país e na região metropolitana de Campinas foi a indústria de transformação, no Brasil correspondeu a 37,9% das vagas, já na RMC (Região Metropolitana de Campinas) 53,5% da vagas.

O setor da indústria de transformação foi o principal responsável pelas novas vagas de trabalho, 3.240 vagas, o segundo foi o setor de serviços com 1.848 vagas, seguido pela construção civil responsável por 836 vagas. As vagas foram preenchidas prioritariamente por homens, sendo que das 6.050 vagas geradas nesse período, 4.300 foram ocupadas por homens. A faixa etária com maior participação foi a de 18 aos 24 anos (2.041), a escolaridade mais solicitada foi o ensino médio completo (3.452).

Gráfico 2: Salto Mensal de vagas por setor de atividade RMC, Jan/10.

A participação das mulheres no mercado formal de trabalho ainda é inferior a participação dos homens, cabendo destacar que nas últimas décadas a sua inserção aumentou consideravelmente.

Segundo os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS-MTE), a participação das mulheres no ano de 1988 correspondia no Brasil a 34,1%, em Campinas a 30% em 2008 foi para 41% para o Brasil e RMC 40,2%.

No ano de 2009, diante da crise financeira internacional, as empresas realizaram demissão em massa resultando em um saldo negativo de emprego. O setor mais atingido foi a indústria de transformação, nesse setor a participação dos homens é, mas recorrente, sendo os que mais sofreram com a crise. Por outro lado o setor que mais contribui para a manutenção do emprego foi o setor de serviços, setor que a participação das mulheres é bastante elevada.

Apesar do aumento da participação da mulher no mercado formal de trabalho, a diferença de rendimento mostra ainda a permanência histórica de desigualdade entre os gêneros.

O setor que mais ocorre essa disparidade de salários na RMC foi o da indústria de transformação 41,1% inferior a dos homens. Apenas no setor da construção o salário das mulheres é superior, tendo em vista que nesse setor elas se inserem em funções mais elevadas e não na execução.

O valor negativo significa que os salários auferidos pelas mulheres são inferiores aos salários dos homens.

Tabela 3: Diferença salarial entre o salário das mulheres e dos homens Região Metropolitana de Campinas – 2008 e 2009.

Setor de atividade Estoque Admitidos Desligados

Extrativa mineral -18,3 12,3 -12,9

Indústria de transformação -41,1 -24,1 -30,3 Serviços ind. de utilidade pública -27,1 -4,8 35,6

Construção civil 8,7 13,1 13,0

Comércio -25,9 -14,1 -17,8

Serviços -23,0 -20,0 -20,5

Agricultura -21,5 1,6 -6,8

Total -25,3 -20,1 -24,0

Fonte: MTE, CAGED, DIEESE.

Com relação à escolaridade, as mulheres têm maior escolaridade que os homens. Na RMC dentre os analfabetos que exercem alguma atividade remunerada 71,6% são homens, já os trabalhadores com ensino superior completo 51,9% são mulheres. (Fonte: MTE, CAGED)

Outro setor de empregabilidade é o setor informal de trabalho realizado por empresas que contratam sem formalização trabalhista, por exemplo, autônomos e participantes da Economia Solidária.

Segundo dados IBGE, em 2003 o Brasil tem na economia informal urbana mais de 10 milhões de empresas na informalidade, essa economia gerou R$ 17,6 bilhões de receita e ocupou um quarto dos trabalhadores do País. Em outubro de 2003, existiam no Brasil 10.525.954 pequenas empresas, das quais 98%, ou seja, 10.335.962 pertenciam ao setor informal e ocupavam 13.860.868 pessoas.

Conforme dados do IBGE a presença de mulheres jovens no mercado informal de trabalho é expressivamente alta entre as jovens de 16 a 24 anos, ou seja, 69,2% das ocupadas estavam em trabalhos informais. Esse dado é maior entre as mulheres de 60 anos ou mais: 82,2%. As diferenças eram ainda mais expressivas na comparação regional: no Sudeste, 57,2% das mulheres jovens estavam inseridas em trabalhos informais, e no Nordeste chegava a 90,5%.

Dentro do setor informal de trabalho diversos mecanismos têm sido criados para garantir melhores condições de vida para esses trabalhadores, um deles é o acesso ao programa de microcrédito direcionados para pequenos empreendedores de baixa renda.

Em Campinas o acesso ao programa de microcrédito para pessoas de baixa renda é realizado pelo Banco Popular da Mulher, é uma entidade de microcrédito solidário tendo por finalidade gerar emprego, renda e inclusão social. Essa entidade

No documento MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL (páginas 61-80)

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