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Breve síntese da Evolução do Sistema de Ensino na Região Autónoma da

1. O PERCURSO DA EDUCAÇÃO EM PORTUGAL

1.3. Incremento da Educação Pré-Escolar

1.3.2. Breve síntese da Evolução do Sistema de Ensino na Região Autónoma da

No período dos Descobrimentos e nos anos posteriores, encontrava-se em conformidade com o que se verificava a nível Nacional, isto é, o ensino estava delimitado às instituições católicas, implementadas por todo o país, sendo este administrado em latim e sem qualquer referência à língua materna. Tinham como fim último, preparar jovens que aspirassem seguir a vida Consagrada/Eclesiástica.

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Escola Superior de Educação Almeida Garrett 40 Entre finais do século XIX e o princípio do século XX, regista-se a proliferação de escolas nos mais diversos recantos na Ilha da Madeira, a fim de colmatar o tão elevado número de pessoas analfabetas. Nos anos setenta mais de 50% da população madeirense era analfabeta e cerca de 80% dos jovens que terminavam a instrução primária nunca prosseguiam os seus estudos, muitas vezes devido a dificuldades económicas. O grande apogeu pela luta contra o analfabetismo verificou-se após a revolução do 25 de abril de 1974 e mais especificamente, no caso da Madeira, ao ser instaurada a Autonomia Regional. (Mendonça, 2006).

Imperiosamente a escolaridade passou a ser de seis anos, o que levou as entidades a disponibilizarem dos orçamentos grandes quantidades de verbas para fazer frente aos novos investimentos, de modo a que pudessem realizar a oferta escolar face ao novo período exigido por lei. No ano 1987, regista-se novas alterações mediante o período obrigatório da escolaridade passando agora para nove anos e é por esta época que a Região Autónoma da Madeira deu um largo passo ao aumentar o número de oferta na EPE. Estudos efetuados na Região demonstraram um enorme número de cobertura do EPE, de “27% em 1987/88 para 63%, em 1997/98 do total das crianças” (Quintaneiro, 2011, p.22) em idade EPE, sendo esta considerada uma fase fundamental e peculiar no percurso escolar de cada criança e subjacente ao sucesso das etapas escolares seguintes. A EPE, na RAM, possui também uma outra especificidade relativa ao restante país. Para melhor assegurar este alargamento de horário e com as caraterísticas específicas que a compõem, onde são desenvolvidas atividades lúdicas pedagógicas, por cada sala, existem duas educadoras de infância. Esta foi a melhor forma encontrada pelas Autoridades Locais, para poder dar resposta às necessidades das famílias carenciadas que, sobretudo, vivem no limiar da pobreza e que consequentemente não têm possibilidades económicas de inscrever os seus filhos em Atividades de Tempos Livre, (ATL), precavendo, desta forma, a marginalização social. (Pocinho & Borges, 2007)

Com o aumento da escolaridade obrigatória e o aumento do número de crianças a frequentarem o EPE, foi necessário investir, também, nos outros níveis de ensino, 1.º, 2.º e 3.º Ciclos, por toda a Região, pois continuavam a subsistir escolas isoladas e desprotegidas potencializadoras de grande insucesso escolar. Consequentemente e mediante esta nova conjuntura emerge um outro tipo de regulamentação a nível escolar que fosse ajustável à realidade circunscrita da Madeira. E para fazer face a esta nova problemática, iniciou-se em 1994/1995 o Plano de Reordenamento da Rede Regional Escolar, que ao longo dos anos tem sido progressivamente executado pelos governantes. “Assim, foram dispensados 77 edifícios

Escola Superior de Educação Almeida Garrett 41 isolados, construídos 11 novas escolas e redimensionadas/ampliadas 33” (Quintaneiro, 2011, p.22). Por este mesmo ano, 1994/1995, e para fazer face às novas exigências e aos novos planos, iniciou-se um novo ciclo ao nível estrutural em 10 escolas da RAM, onde estas passaram a funcionar a Tempo Inteiro10.

Presentemente são 93 escolas na RAM com esta tipologia. Mediante a nossa investigação, averigua-se que só quatro anos mais tarde é que surgiu o enquadramento legal da criação e do funcionamento das “Escolas e Tempo Inteiro” com a Portaria n.º 133/98 de 31 de Agosto. Este novo projeto torna-se arrojado e audacioso. Visa, fundamentalmente, proporcionar a todos os alunos da Região oportunidades de acesso e de sucesso escolar, face às disparidades socioeconómicas e culturais existentes na Ilha.

Mediante todos os esforços implementados pelas entidades governamentais Regionais no decorrer de todo este processo inovador era previsível o seu êxito e triunfo. Uma vez que as escolas permaneciam abertas durante um longo período, das 08h30min às 18h30min, era necessário garantir aos alunos um conjunto de atividades diferenciadas, Atividades Extra Curriculares e Atividades de Tempo Livres de acordo com as especificidades do local, asseguradas por docentes qualificados, para além da Atividade Curricular.

Toda esta reformulação na Educação obrigou as escolas a terem um maior número de docentes, assim como uma requalificação de todo o material pedagógico e equipamento tecnológico, “até ao final de 1997/1998 foram colocados cerca de 400 computadores” (Quintaneiro, 2011, p.23) com aceso à Internet nas escolas a partir do 1.º CEB a Tempo Inteiro. Todas estas aulas, nas suas variáveis designações, Clubes de Multimédia ou Informáticos, são monitorizadas por técnicos de informática ou docentes com qualificação para tal.

Toda esta reformulação do Sistema Educativo11 das Escolas da Região Autónoma da Madeira exige, ainda, das Autoridades outras medidas tão peculiares e alicerçais quanto aquelas que até agora implementou. Uma vez que os alunos iriam permanecer na escola largas

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“As Escolas a Tempo Inteiro constituem um modelo onde funcionam durante todo o dia em regime cruzado garantindo actividades de enriquecimento curricular, para que proporcionem tempos pedagogicamente ricos e complementares das aprendizagens associadas à aquisição de competências básicas e adaptação do tempo de permanência das crianças nos estabelecimentos de ensino às necessidades das famílias” (Quintaneiro, 2011, p.22).

11“ É compreendido como o conjunto de meios pelos quais se concretiza o direito à educação, desenvolvendo-se segundo um conjunto organizado de estruturas e de ações diversificadas, por iniciativa e sob responsabilidade de diferentes instituições e entidades públicas, particulares e cooperativas” (Quintaneiro, 2011, p.12).

Escola Superior de Educação Almeida Garrett 42 horas, torna-se imprescindível conciliar um conjunto de estratégias, alimentação e transporte, de forma a assegurar a sustentabilidade e a viabilidade deste novo modelo escolar.

A nível organizacional, também as escolas sofreram transformações de forma a garantir em pleno este novo modelo escolar e foi deliberado12 que os diretores das escolas onde estavam implementadas este novo Sistema Educativo, as ETI, estavam dispensados da componente letiva de forma a garantir o bom funcionamento deste novo protótipo educativo e que, também, haveria de ser atribuído aos mesmos um suplemento remunerativo.