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Cabe agora sublinhar alguns pontos que focámos que se poderão revelar úteis para uma melhor compreensão do termo de capital social, antes de percebermos como o poderemos utilizar em contexto escolar.

Em primeiro lugar, não é demais recordar a necessidade de no

capital social com vista à obtenção de benefícios futuros – ou seja, temos que construir, individualmente e colectivamente, a nossa rede de relações. Embora as motivações de terceiros para tornar os seus recursos disponíveis possam ser altruístas44, a maioria das ligações são instrumentais, assentando também numa ideia de reciprocidade (Lin, 2001: 30).

Quanto às origens e fontes de capital social, podemos dizer que “its source lies in the structure and content of the actor’s social relations” (Adler & Kwon, 2002: 23). Com efeito, alguns investigadores acreditam que elas se encontram na estrutura das relações – se são densas ou mais abertas – outros no seu conteúdo - normas ou crenças partilhadas, reciprocidade implícita, etc. Por outro lado, o capital social pode ser um substituto ou um complemento de outros recursos – como vimos no caso da necessidade de capital social para a transmissão de capital humano (Coleman, 1988) – além de poder ser convertido noutras formas de capital (Portes, 2000)45.

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Aqui poderíamos introduzir o tema da “dádiva” na construção de capital social, através da noção da reciprocidade alargada a desconhecidos (Casal, 2005) ou mesmo o termo de ( que faz com que os autores duma certa comunidade detenham disposições altruístas não universais, mas concentradas na sua própria comunidade (Portes, 2000).

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Por exemplo e seguindo a linha de Bourdieu, acedendo a informações sobre o funcionamento do sistema educativo através de ligações privilegiadas com professores ou afins, podemos aumentar o nosso capital cultural (Nogueira e Nogueira, 2002).

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Outro ponto, e não menos importante, consiste no facto da necessidade de constante renovação e reafirmação deste tipo de capital – normalmente gerando mais confiança – sob pena de perder a sua eficácia. Não podemos pensar no capital social apenas e só como um “stock” acumulado de que poderemos usufruir em qualquer altura. É indispensável que haja capacidade de mobilização das nossas redes de relações (Lin, 2001) para que nos possamos apropriar dos recursos – sejam eles materiais (documentos, apoio financeiro, etc) ou não (informação, conhecimento, etc) por elas gerados, o que só se consegue com contínua renovação das relações e participação de todos.

Fazendo uma breve resenha das várias definições, verificamos ainda que umas se centram principalmente nas relações que um actor mantém com outros autores, outras na estrutura de relações entre actores dentro de uma colectividade (Adler & Kwon, 2002). Por outras palavras, ou se destaca a escala individual – a nível do actor particularizado, que utiliza os recursos que pode obter através da sua rede de relações sociais – ou a escala dos grupos ou das sociedades, onde elevados níveis de confiança facilitam as transacções – podendo haver uma conjugação destes dois enfoques.

O primeiro nível, que pode ser ilustrado pela ideia de “bridging” (idem), centraH

se no conceito como um inerente à rede de relações de um determinado actor.

Assim, este pode realizar acções ou obter informações que seriam difíceis de alcançar de outra forma46. Este nível, na verdade, é particularmente estudado pela teoria das redes: “this view of social capital is reflected in the egocentric variant of network analysis” (ibid: 19) – ou seja, com uma tónica muito instrumental, visto que os recursos

se situam nas relações * de um indivíduo.

O segundo nível, pelo contrário, entende que o capital social reside na estrutura – ou “bonding” (Adler & Kwon, 2002) – de uma colectividade particular, sobretudo nas características que fazem com que esse grupo seja coeso e siga objectivos comuns. Neste sentido, ele é visto como um “bem colectivo” – diferindo mais uma vez do uso privado de que é alvo no caso de ligações externas de um indivíduo.

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Esta perspectiva é particularmente profícua no estudo da mobilidade profissional através de contactos pessoais (Granovetter, 1983)

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A abordagem alternativa, que conjuga estes dois pontos de vista, tem várias vantagens, pois considera que estes não são mutuamente exclusivos: “The behavior of a collective actor such as a firm is influenced both by its external linkages to other firms and instituitions and by the fabric of its internal linkages” (ibid: 21). Este aspecto é para nós de extrema importância, uma vez que consideraremos a escola enquanto uma organização influenciada tanto pelo seu clima interno como pelas ligações que estabelece com o exterior.

Finalmente, e retomando a distinção anteriormente explorada entre laços “fortes” e “fracos”, importa referir que a importância de um ou outro tipo varia consoante o que se pretende alcançar, como vimos com Lin:

“if the task requires trust and cooperation, embedded ties with repeated exchanges between a small number of partners are preferred, but if the task requires economic rationality and market competition, arm’s length market relations with more numerous partners are more effective” (ibid: 32).

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Com vista a introduzir e enquadrar a nossa investigação, apresentamos de seguida algumas investigações que se debruçaram sobre a importância do capital social em contexto escolar, destacando primeiro aquelas que procuraram perceber como é que a existência de determinados tipos de relações entre actores da escola (professores, pais, alunos, etc.) tem repercussões a nível das variáveis escolares.

DebruçarHnosHemos, de seguida, nos estudos que se centram nas relações entre a escola e actores exteriores. Embora nem todos tenham aludido de forma directa o conceito de capital social, pretendemos explorar como tal pode ser feito, seleccionando e articulando entre os principais eixos de análise aqueles que achamos mais pertinentes.