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3. Técnica de ELISA

1.5. Cálculo da seroprevalência verdadeira

A prevalência estimada foi ajustada para um valor de sensibilidade de 75,68% e um valor de especificidade de 93,85%, de acordo com os valores fornecidos pelo kit ELISA utilizado. A prevalência verdadeira individual foi estimada em 0. Assumindo os pressupostos anteriormente referidos, a proporção explorações infetadas foi estimada em 0.

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Capítulo V

1. Discussão

A avaliação dos animais deve ser feita com base num sistema de triagem, com um sistema de pontuações para o SRB, baseado na temperatura, presença de tosse, secreções nasais e secreções oculares. No entanto, devido à natureza multifatorial da doença, os testes laboratoriais são limitados. O problema está na incerteza de os agentes patogénicos encontrados nas amostras serem os causadores da doença, uma vez que estes agentes são comensais do trato respiratório dos bovinos e podem encontrar-se em animais sãos (Lorenz et al., 2011).

Os resultados para este vírus foram surpreendentes pela sua baixa seroprevalência em vitelos.

A presença de anticorpos contra determinadas doenças em vitelos muito jovens está relacionada, em um primeiro momento, à transferência passiva de anticorpos maternos através do colostro. No caso do BRSV, os anticorpos de origem colostral em vitelos permanecem no organismo, em média, por aproximadamente três meses (Stilwell et al., 2007), sendo assim, após os três meses, a presença de anticorpos anti BRSV é praticamente certo sinal de infeção ou reinfeção pelo BRSV, que está na origem da maioria do síndrome respiratório bovino.

De acordo com a pesquisa bibliográfica realizada, apenas um estudo foi feito em Portugal para caracterizar a seroprevalência contra BRSV sendo, por isso, difícil fazer a comparação de resultados obtidos, dentro do nosso país. Porém surge a necessidade de conhecer mais sobre as seroprevalências de anticorpos contra o BRSV no nosso país, em particular na Ilha Terceira, bem como os fatores associados a esta infeção, de forma a controlá-los diminuindo a incidência da doença.

Os valores de seroprevalência foram muito diferentes da prevalência esperada, 50%, assim como das seroprevalências mencionadas em diversos estudos realizados em vários países da Europa, Estados Unidos da América, Canadá, México, Brasil, Austrália, Equador e Venezuela, que se revelaram altas demonstrando a ubiquidade do vírus no Mundo (Rossi e Kiesel, 1974; Smith et al., 1975; Elvander, 1996; Grubbs et al., 2001; Hägglund et al., 2006; Yeşilbaǧ e Güngör, 2008; Gulliksen et al., 2009; Beaudeau et al., 2010; Luzzago et al., 2010; Affonso et al., 2011; Saa et al., 2012; Sarmiento-Silva et al., 2012; Affonso, 2013; Klem et al., 2013, 2014; Moore et al., 2015; Tuncer e Yeşilbağ, 2015; Wolff et al., 2015; Toftaker et al., 2016).

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Para podermos compreender o valor da prevalência encontrada neste estudo, devemos antes conhecer o maneio das explorações da Ilha Terceira. Nesta ilha as explorações não estão sediadas apenas numa parcela conjunta de pastagens, mas sim em diversas parcelas de pastagens separadas entre si, algumas delas com distâncias de quilómetros. O grosso das pastagens são para sustentar os animais em produção de leite. A grande maioria das manadas pastoreiam em zonas diferentes, sendo mudadas com alguma frequência, entre os lotes que são destinados quase exclusivamente para as vacas leiteiras. Os bovinos com idades intermédias, entre os 6 e os 24 meses, estão em conjunto, podendo ainda estar subdivididos em dois lotes. Estes, normalmente, pastoreiam locais onde as vacas não frequentam, como por exemplo pastagens com menor valor nutricional, mais ingremes, que impossibilitam a chegada das máquinas de ordenha, ou pastos mais pequenos, obrigando a mudas com intervalos periódicos mais apertados, o que não é vantajoso para as produtoras. Os vitelos após a ingestão do colostro, são transferidos das manadas para pequenos pastos podendo ser próximos à moradia dos proprietários, ou próximos da orla costeira em locais mais ensolarados e abrigados, ou para estábulos ficando individualizados e isolados dos outros bovinos, ou perto das salas de ordenha separados ou não entre si, mas separados do efetivo adulto. Esta forma de maneio consegue conciliar diversas parcelas de pastagens e associá-las às diferentes faixas etárias de bovinos, permitindo uma maior facilidade do maneio dos animais quer na ordenha quer no tratamento destes. Esta realidade é também vista na grande maioria das explorações leiteiras açorianas.

Na realidade estudada, os dados não concordam com a maior parte da bibliografia, pois neste trabalho foi encontrado uma seroprevalência individual estimada de 3,38%, muito inferior as restantes seroprevalências estudadas por diversos autores (Rossi e Kiesel, 1974; Smith et al., 1975; Elvander, 1996; Grubbs et al., 2001; Hägglund et al., 2006; Yeşilbaǧ e Güngör, 2008; Gulliksen et al., 2009; Beaudeau et al., 2010; Luzzago et al., 2010; Affonso et al., 2011; Saa et al., 2012; Sarmiento-Silva et al., 2012; Affonso, 2013; Klem et al., 2013, 2014; Moore et al., 2015; Tuncer e Yeşilbağ, 2015; Wolff et al., 2015; Toftaker et al., 2016).

Neste trabalho a seroprevalência foi baixa sendo semelhante ao encontrado por Francoz et al. (2015) que no seu estudo apenas encontrou um animal seropositivo em 95 animais estudados. Também no estudo de Stilwell et al. (2007), embora a prevalência nos animais adultos tenha sido elevada, nos vitelos foi residual em conformidade com este trabalho.

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Este trabalho foi realizado na estação Inverno, entre dezembro 2014 e fevereiro de 2015, altura ideal para que houvesse um pico de BRSV, pois este vírus, segundo vários autores, tem maior incidência nos meses frios de Outono e Inverno (Solís-Calderón et al., 2007; Affonso et al., 2011; Saa et al., 2012; Figueroa-Chávez et al., 2012; Klem et al., 2013). Outra explicação para os dados não serem concordantes com a bibliografia pode dever-se ao facto de o Inverno 2014/2015 ter sido muito ameno, com temperaturas que se assemelharam a temperaturas primaveris, e com os animais em bom estado corporal sendo possível supor que tenha ocorrido uma pequena circulação do vírus, tendo influenciado as baixas prevalências encontradas no estudo.

De acordo com Figueroa-Chávez et al. (2012), animais com boas condições corporais são mais imunocompetentes e consequentemente têm maior probabilidade de não contrair BRSV. Embora não tenha sido avaliado a condição corporal dos animais em estudo, devido ao facto do inverno ter sido muito ameno, em relação aos invernos normais, este facto leva a uma maior abundância de forragens e pastagens para serem administradas aos animais e consequentemente, observa-se uma melhoria das condições nutricionais sendo que este ponto possa ter ajudado a explicar uma baixa seroprevalência.

Outro facto importante, que possa explicar a baixa seroprevalência neste trabalho é a idade dos animais, dos 3 aos 6 meses, visto que na bibliografia pesquisada, os valores de prevalência altos estão relacionados em maior percentagem com animais adultos, pelo facto de terem mais tempo de vida e consequentemente mais sujeitos a infeções e reinfeções virais (Solís-Calderón et al., 2007; Figueroa-Chávez et al., 2012; Klem et al., 2013), que os vitelos.

Na ilha Terceira conforme dito anteriormente, os vitelos após o seu nascimento e toma do colostro, são trazidos para zonas mais próximas das habitações, com climas mais agradáveis, mas acima de tudo tornando mais fácil a tarefa de alimentá-los. Esta separação espacial dos adultos até se tornarem maiores, vitelões, pode ser causa da baixa prevalência observada, pelo facto, de contactarem praticamente apenas com animais da mesma faixa etária. Com esta diferença de maneio os animais jovens são isolados, parcialmente dos grandes efetivos adultos em produção e que são as grandes fontes de infeção, por transmissão direta do vírus aos vitelos através das secreções nasais e através de aerossóis (Figueroa- Chávez et al., 2012).

Segundo Toftaker et al. (2016) a partilha de pastagens de bovinos entre bovinos de diferentes faixas etárias e entre bovinos de explorações diferentes é um fator de risco para a

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infeção por BRSV. O trabalho efetuado está em concordância com o autor, visto que os bovinos jovens permanecem separados dos adultos até atingirem a fase de produção.

Relativamente à partilha de espaços com outros bovinos, os registos revelam que 55,4% das explorações partilham espaço, aumentando assim a probabilidade de entrada de BRSV com os novos animais. Porém como foi dito anteriormente os vitelos vivem, maioritariamente, em zonas diferentes, e esta partilha é maior com os bovinos adultos de cada exploração, suportando dizer que é possível que essa probabilidade alta de novas infeções não chegue aos vitelos, devido a estarem afastados.

A baixa prevalência observada neste estudo pode ser explicada também pela altitude das explorações do estudo. Cerca de 60,9% das explorações estão situadas numa zona de baixa altitude, sendo contrário o que é observado num estudo, onde se relaciona uma maior prevalência com uma maior altitude (Affonso et al., 2011).

A transmissão do vírus de forma direta está associada ao contacto entre animais. este contacto está muito presente na ilha Terceira, pois as explorações são contiguas, os animais transitam no caminho para irem para outras pastagens, logo a probabilidade existe uma grande probabilidade de contacto entre animais de diferentes explorações. Isto não se verificou porque conforme foi dito anteriormente os vitelos em estudo encontram-se separados, e normalmente as pastagens circundantes também estão com vitelos, as mudanças destes animais por serem poucas , maioritariamente, são efetuadas em atrelados e não em andamento pelos caminhos como a maioria dos adultos. Em suma, a forma de maneio destes animais influencia muito as possibilidades de infeção pelo vírus, mesmo estando presente a contiguidade de explorações, visando a possibilidade de justificação de uma menor prevalência nestes animais juvenis. Contudo, será possível que com o adiantar da idade estes ao serem transferidos para lotes mais velhos e mais próximos dos adultos possam contactar com o BRSV.

Em relação à distribuição dos animais pelo sexo observou-se um maior número de vitelas nas amostras, este facto justifica-se com a origem dos animais provenientes de explorações leiteiras, onde os machos são praticamente considerados subprodutos, por isso representam apenas 23,4% dos animais da amostra. Relativamente à raça também o mais espectável era o maior número de animais ser proveniente da raça Holstein, pois esta raça é a mais adaptada à produção leiteira e é a raça mais escolhida dos efetivos leiteiros terceirenses, como se observou com maioria dos animais amostrados, em que 83,7% eram Holstein, seguidos de 10,3% cruzados de carne, 2,7% cruzados de leite, 1,6% cruzados de Montbeliard

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e 0,5% Jersey. Este característica racial não foi tida em conta na comparação de dados pois a amostra não é semelhante entre raças, nem era objetivo verificar se existia alguma prevalência superior associada a uma raça.

Na bibliografia consultada, não houve nenhum estudo de prevalências que comparasse animais provenientes de vacadas imunizadas para o BRSV e não imunizadas para o mesmo vírus. Neste estudo, apenas 62 animais eram provenientes de explorações imunizadas. Este facto poderia explicar uma elevada prevalência de BRSV, porem não é fácil de explicar o contrário, como ocorreu neste estudo.

Segundo o estudo de Beaudeau et al. (2010) onde observou uma prevalência para o BRSV de 39,2%, os autores afirmam que o comércio de bovinos vivos é considerado muito importante para a propagação do vírus e doenças infeciosas. Neste trabalho, apenas 23,9% das explorações compravam animais em várias origens. Este fator pode ajudar na justificação de uma baixa prevalência observada no estudo. Nesse mesmo sentido, e tendo em conta a idade dos animais em estudo e o maneio das explorações separando os animais jovens dos mais velhos, ao comprar um novo animal este será colocado no lote correspondente à sua idade. Como a prevalência dos vitelos é menor que a prevalência da manada, o risco de comprar animais jovens seropositivos é indiscutivelmente menor que comprar adultos, diminuindo o fator de risco para a população em estudo (Toftaker et al., 2016).

Um outro fator que poderia elevar a prevalência, de acordo com a bibliografia pesquisada são as visitas regulares de médicos veterinários, inseminadores etc. ( Hägglund et al., 2006; Bidokhti et al., 2009; Beaudeau et al., 2010). Todavia, Klem et al. (2013) afirmam que se os visitantes adoptarem medidas de biossegurança, como mudança de vestuário e calçado entre visitas ocorre uma redução da prevalência de BRSV e de outras doenças infetocontagiosas. As explorações estudadas todas eram assessoradas por médicos veterinários e 71 das 92 explorações recorriam aos inseminadores para realizar a técnica de inseminação artificial. Com estes valores era de se esperar uma prevalência dentro dos padrões encontrados em outros estudos aleados à não utilização das regras de biossegurança mencionadas em cima. Contudo, conforme foi dito anteriormente o espaço e maneio dos vitelos difere dos animais que têm maior prevalência, os adultos. E o caminho que tem que ser percorrido entre os adultos e os vitelos pode ser grande, e demorar alguns minutos ou mesmo não serem feitas visitas em ambos os locais pelas mesmas pessoas no mesmo dia. E à medida que avançamos no tempo a presença de vírus nos fómites diminui. Este procedimento pode ser uma forma de explicar a baixa prevalência da amostra estudada (Toftaker et al., 2016). O

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mesmo autor refere ainda que o vírus tem tempo de vida relativamente curto fora do hospedeiro (Toftaker et al., 2016).

De acordo com diversos estudos o regime de estabulação permanente é um fator de risco, pois além de aumentar a densidade de animais aumenta o stresse e o contacto direto, tornando os animais mais propícios à infeção por BRSV (Solís-Calderón et al., 2007; Luzzago et al., 2010; Affonso et al., 2012). Na ilha Terceira apenas 9,8% das explorações têm os animais estabulados, número reduzido quando comparado com a realidade de outros países europeus, onde pelo menos em alturas de mais frio estão estabulados. Este requisito poderá ser justificação para a baixa percentagem de seropositivos, visto que apenas aproximadamente um décimo da amostra está estabulada, e em alguns casos em estábulos diferentes, diminuindo o contacto entre animais de diferentes idades. Outra forma de proteger os vitelos da infeção é estabulá-los em pavilhões diferentes e não contínuos com os pavilhões de produção (Affonso et al., 2012). No trabalho efetuado, 22,8% das explorações têm os vitelos em estábulos de recria, tendo uma separação total dos adultos em que 60% destes têm uma boa ventilação, diminuindo assim a possibilidade de haver fatores predisponentes de BRSV e consecutivamente síndrome respiratório bovino (Affonso et al., 2012). Em 2012 realizou-se pelo mesmo autor um trabalho bastante interessante em três explorações distintas, que apresentavam condições semelhantes no que se refere ao maneio nutricional, trânsito de animais, ausência de vacinação contra BRSV e ocorrência de patologias, onde se monitorizou a presença de anticorpos anti-BRSV nos vitelos. Estes vitelos no dia no nascimento permaneciam com as progenitoras, para ingerirem o colostro, caso isso não acontecesse eram lhes administrado o colostro por sonda esofágica, e em seguida eram separados dos restantes animais permanecendo isolados uns dos outros até ao sexagésimo dia de vida. Ao atingir os dois meses ficaram em currais agrupados por lotes. No decorrer das análises, os títulos de anticorpos foram decrescendo até o completo desaparecimento em alguns animais em determinados períodos. Contudo os anticorpos foram novamente detetados, aumentando a média dos títulos de anticorpos anti BRSV dos bezerros até o final do estudo, quando eles completaram 12 meses de idade, provavelmente, segundo o autor, devido ao contacto com vírus de campo (Affonso et al., 2012). Este estudo veio apoiar a questão da separação dos vitelos dos adultos como forma de os proteger do contágio de agentes infeciosos quer por contacto direto quer por contacto indireto. Este processo assemelha-se à forma observada nas explorações pecuárias terceirenses, separando os vitelos dos adultos, podendo ser uma explicação para uma baixa seropositividade de indivíduos na amostra. Ainda que seja mais

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através da menor probabilidade de transmissão direta que indireta visto que 59,8% dos vitelos permanecem nas pastagens até ao desmame, 27,2% das explorações têm os vitelos individualizados, e apenas 13% mantêm-nos em grupo. Esta forma de maneio, pode explicar a baixa seroprevalência observada nas explorações estudadas.

Outro ponto que foi questionado foi as camas dos animais. Para 63% das explorações, não existe uma cama propriamente dita. Os animais ao viverem na pastagem, a própria pastagem serve de cama. Em 25% das explorações os vitelos estão em cubículos cujos estrados são de madeira e são o local onde se deitam. E em 3,3%, 7,6% e 1,1% as camas são respetivamente serrim, palha, e palha e serrim. O material das camas na pesquisa efetuada, não foi relacionado diretamente com o BRSV mas sim com o síndrome respiratório bovino. De acordo com Sañudo et al. (2008) as camas devem ser feitas de material fácil de limpar e que permitam um adequado nível de bem-estar animal, com o mínimo stresse, repercutindo-se num ótimo funcionamento do sistema imunitário. Quanto ao nível de higienização das camas, este parâmetro só se adequa a animais estabulados ou mantidos em iglôs. Como 63% das explorações os animais estão na pastagem, este parâmetro tem pouca viabilidade no estudo visto que é impossível a manutenção das camas em regime extensivo. Naqueles que efetivamente tinham camas, 4 explorações refaziam e higienizavam as camas diariamente, 4 semanalmente, 4 duas vezes por semana, e 5 três vezes por semana. Lorenz et al. (2011) descreveram, no seu estudo, que uma das regras básicas de higiene que devem ser tidas em conta é a mudança das camas, quando este fator se demonstra necessário, para evitar o acumulo de urina e fezes que consequentemente aumentam a humidade, as condições de gases nocivos e a carga microbiana, sendo por isso que esta prática deve ser bastante frequente.

Uma das práticas frequentes nas explorações pecuárias terceirenses (70,7%) é a desinfeção do cordão umbilical dos vitelos. Embora este fator não seja um fator predisponente do BRSV, acreditamos que esta medida reduz patologias neonatais em vitelos, e consequentemente teremos vitelos mais imunocompetentes. Assim como a profilaxia antiparasitária é uma das medidas que diminui a carga parasitária contribuindo para um melhor estado de saúde dos animais. Embora os protocolos antiparasitários não tenham sido efetuados da mesma forma nos diferentes efetivos, observou-se que todos os vitelos destas explorações eram abrangidos por medidas antiparasitárias.

Uma dos fatores de risco que não é tido em conta pelos proprietários dos animais, são as medidas de quarentena. Mas conforme foi explicado anteriormente os animais adquiridos em outras propriedades tendencialmente são juntos na propriedade de destino, nos lotes com

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idade equiparada. E como referido previamente, a probabilidade de adquirir um vitelo seropositivo é menor do que adquirir um adulto seropositivo, sendo por isso que para o grupo de vitelos não seja um fator de risco muito preocupante (Toftaker et al., 2016).

Tendo em conta um estudo que refere que a excreção de vírus está aumentada na fase aguda da doença, esta constatação justifica um aumento da seroprevalência em explorações com muita sintomatologia de patologia respiratoria (Toftaker et al., 2016). O que não se observou neste estudo, em que apenas 31 dos efetivos demonstraram esta patologia, e alguns casos terem sido de animais adultos. Esta causa é uma das hipóteses que possam justificar a seroprevalência encontrada.

Com base num estudo de Bidokhti et al., (2009) constatou-se que as explorações biológicas têm menores seroprevalências que as explorações intensivas, ditas tradicionais. Este aspeto é curioso, pois embora não estejam acreditadas como biológicas, as explorações na Terceira, atuam de forma não tão intensiva. Porém o autor averiguou que além do stresse do sistema de produção, as explorações biológicas tinham muito bem implementados sistemas de biossegurança e controlo de vetores transmissores de agentes patogénicos. Estas explorações também tinham muito cuidado com o comércio de bovinos, ocorrendo de acordo com uma apertado caderno de encargos. Não sendo, totalmente semelhante à realidade das explorações estudadas, existe aspetos nas explorações intensivas, convencionais, que se diferenciam das terceirenses, como o facto de não se usar muita maquinaria nas explorações, os animais estarem praticamente em pastagem, e serem explorações de dimensões mais pequenas, reduzindo o stresse e agentes transmissores de doenças, como as máquinas e humanos.

Segundo os estudos de Gulliksen et al. (2009), Figueroa-Chávez et al. (2012), Klem et al. (2014) e Toftaker et al. (2016) mostraram elevada seroprevalencia, respetivamente, 71,7%, 50,8%, 54% e 49,1% em relação a este trabalho que obteve apenas uma prevalência verdadeira individual estimada de 3,38%. Este facto pode ser explicado com o uso de

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