Saúde 4 (CS4)
2.2 Histórico da matriz como metodologia de rateio
2.2.3 Cálculo do aluno equivalente de graduação
Para efeito do cálculo do aluno equivalente de graduação, baseia-se nos dados acadêmicos de cada IFES e, a partir do número de estudantes da graduação, é obtido o número de alunos equivalentes de graduação, através da seguinte fórmula:
Nae
N D
R
Ni Ndi D BT BFS PG di G 4 1 ) ( (3) Onde, N = Número total de concluintes da graduação; di D = Duração padrão do curso;
R = Coeficiente de retenção; N = Número de ingressantes; i BT = Bônus por turno noturno; BFS = Bônus por curso fora de sede; PG = Peso do Grupo.
Neste caso, a fórmula, partindo de um número real, comprovado e auditável, que é o aluno matriculado adiciona variáveis de porte, eficiência e competição (ALVELOS, 2008) para construir o conceito de aluno equivalente.
O fato de ser uma variável auditável reveste-se de importância capital, uma vez que será base para distribuição de recursos, públicos, para o conjunto das IFES. Neste ponto foram anos de discussão para se chegar a um consenso sobre conceitos básicos como por exemplo, o que é um aluno matriculado, considerando eventos como trancamento, desistências, reprovações, etc. Os atores envolvidos neste processo (MEC/ANDIFES) se preocuparam em captar e trazer para o modelo a maior quantidade de variáveis que retratassem o mais fielmente possível as reais necessidades de recursos das IFES. Como no modelo anterior (holandês) haviam dificuldades de coleta de dados e auditagem dos mesmo, procurou-se no modelo inglês variáveis tangíveis e auditáveis. Estas duas preocupações (necessidade e verificabilidade) levaram a inclusão no modelo de variáveis como alunos concluintes, ingressantes, evasão (de maneira indireta), retenção, etc. Especificamente quanto ao fator de retenção o autor desta tese não encontrou formalmente o motivo de sua inclusão na fórmula de cálculo, entendendo ser que os motivos acima descritos justificaram sua inclusão.
O conceito, construído sobre o paradigma de inputs e outpus tem como itens de entrada os alunos ingressantes e como itens de saída os alunos concluintes, parametrizados por uma lógica de eficiência (sem muita base didática) produtivista de que estes alunos tem que ingressar nas IFES e concluir seus cursos dentro de um tempo padrão e com a menor evasão possível (idealmente nenhuma, pois a variável evasão não é contemplada no cálculo). Assim, apenas para ressaltar, o componente de output é muito mais valorizado do que o de input.
Como foi mencionado, o modelo admite um percentual de retenção conforme será comentado a frente, embora não considere a evasão, considerada aqui como “a saída definitiva do aluno de seu curso de origem, sem concluí-lo” (ANDIFES, 1996) . Foi acrescentado também um fator de peso de grupo para aqueles cursos que aparentemente têm maiores custos e consequente alta demanda por itens de custeio, mesmo raciocínio para contemplar bônus por cursos noturnos e por cursos que funcionem fora da sede da IFES. Considere-se o seguinte exemplo ilustrativo de determinado curso, com os seguintes dados, em determinado ano:
Número de alunos matriculados no curso presencial de graduação (NG): 337. Este número não entra diretamente no cálculo do aluno equivalente, embora tenha reflexos. Número total de concluintes do curso de graduação presencial (N ) : 58 di
Número de ingressantes do curso de graduação presencial (N ) : 84 i Duração padrão do curso (D): 4 anos
Coeficiente de Retenção (R): 0,12 Bônus por turno (BT): 1
Bônus por curso fora de sede (BFS): 1 Peso do Grupo (PG) : 1 Assim tem-se:: NG = 337 N = 58 di Ni = 84 D = 4 R = 0,12 BT = BFS = PG = 1
Cálculo do Nae = Número de alunos equivalentes da graduação; (G) Nae = (58 x 4 x 1,12) + [(84-58)/4] x 4 (G)
Nae = 285,84 (G)
Nae – NG = 337 – 285,84 = 51,16 (G)
Pela lógica produtivista do modelo, esquecendo aspectos didáticos pedagógicos, pode-se abstrair algumas inferências deste exemplo ilustrativo. Grosso modo, o modelo sinaliza que, se há somente 58 concluintes no ano, não é preciso, dentro dos parâmetros estipulados, ter neste mesmo ano 337 alunos matriculados (que no modelo inglês original é tratado como “estoque”), bastaria ter 285,84 alunos.
Há de se destacar que, neste exemplo, a instituição receberia financiamento apenas para estes 285,84 alunos embora tenha 337 alunos efetivamente matriculados. Outra possibilidade é raciocinar que para 58 concluintes não deveria haver um volume de ingressantes “tão alto” de 84. Se reduzisse o número de ingressantes, equilibraria a fórmula. Enfim, neste caso, o modelo sinaliza que o porte da instituição (ou do curso) não está condizente com o seu desempenho, isto para efeitos de financiamento.
Observa-se também que o modelo premia aquelas IFES que tenham melhor gestão acadêmica com mecanismos pedagógicos e administrativos mais eficientes. Para aqueles cursos que são considerados cursos novos, ou seja, que não completaram ainda o tempo de existência suficiente para ter a primeira turma formada utiliza-se um tratamento diferenciado. Excepcionalmente, para os cursos cuja duração informada pela IFES for superior ao tempo de formação médio, será considerado o tempo de formação implantado pela instituição, aplicado para a primeira turma, evitando-se, desta forma, o número de formando zero. Para os cursos novos, utiliza-se a relação:
Nae(G) NGBTBFSPG (4) Sendo,
NG = Número de alunos matriculados efetivos na graduação no ano de referência do cálculo.
BT = Bônus por turno noturno; BFS = Bônus por curso fora de sede; PG = Peso do Grupo.
Para os cursos que não apresentarem ingressantes (N = zero) e para os cursos que apresentarem i o número de ingressantes menor que o número total de concluintes somado o de diplomados (N < i N ), a segunda parcela da fórmula torna-se zero. di
Nae(G)
NdiD
1R
BTBFSPG (5) Onde, Nae = Número de alunos equivalentes da graduação; (G) N = Número total de concluintes da graduação; di D = Duração padrão do curso;
R = Coeficiente de retenção; BT = Bônus por turno noturno; BFS = Bônus por curso fora de sede; PG = Peso do Grupo.
Como o objetivo da matriz era contemplar eventos que gerassem necessidade de recursos de custeio foi utilizado o mecanismo de conceder bônus extras para aquelas IFES que mantivessem cursos fora de sua sede, bem como para alunos matriculados nos cursos noturnos. Em ambos os casos a justificativa era que cursos fora da sede e alunos noturnos requeriam maiores recursos de custeio.
Assim, foram atribuídos bônus de 10% para os alunos dos cursos que funcionam fora de sede e bônus de 15% para os alunos dos cursos que funcionam no turno noturno.
Logo, BFS = 1,10 BT = 1,15
Os pesos de grupo de cada curso foram baseados nos estudos de 1980 elaborados pelo Higher Education Funding Council for England – HEFCE, onde se considera que existem cursos que tem um custo superior a outros e, logicamente, demandam mais recursos. Já os coeficientes de retenção basearam-se nos conceitos de um estudo elaborado pelo Fórum Nacional de Pro - Reitores de Graduação – FORGRAD (ANDIFES, 1996), também com base em dados coletados no final dos anos de 1980 e foi uma maneira de se reconhecer que, mesmo tendo uma duração padrão, alguns cursos têm um período maior para formar os alunos. O quadro a seguir mostra os grupos de cursos, os pesos de cada grupo de cursos, as áreas de conhecimento e o fator de retenção da cada área.
Quadro 2: Grupos de Cursos, Peso por Grupos, Áreas de Conhecimento e Fator de Retenção
Grupo
CS1 Medicina 0,065 6
CS2 Veterinária, Odontologia,
Zootecnia 0,065 5
CET Ciências Exatas e da Terra 0,1325 4
CB Ciências Biológicas 0,125 4
ENG Engenharias 0,082 5
TEC Tecnólogos 0,082 3
CS3 Nutrição, Farmácia 0,066 5
CA Ciências Agrárias 0,05 5
BI2 Bacharelado Interdisciplinar - 1º -
Ciclo de Formação Geral 0,1 3 FE2 2º - Ciclo de Formação
Específica 0,1 2
CE2 Ciências Exatas – Computação 0,1325 4 CE1 Ciências Exatas – Matemática e
Estatística 0,1325 4
CSC Arquitetura/Urbanismo 0,12 4
A Artes 0,115 4
M Música 0,115 4
CS4 Enfermagem, Fisioterapia,
fonoaud.e Ed. Física 0,066 5 BI3 Bacharelado Interdisciplinar - 1º -
Ciclo de Formação Geral 0,1 3 FE3 2º - Ciclo de Formação
Específica 0,1 2
CSA Ciências Sociais Aplicadas 0,12 4
CSB Direito 0,12 5
LL Lingüística e Letras 0,115 4
CH Ciências Humanas 0,1 4
CH1 Psicologia 0,1 5
CH2 Formação de Professor 0,1 4
BI4 Bacharelado Interdisciplinar - 1º -
Ciclo de Formação Geral 0,1 3
Fonte: SESu/MEC/ANDIFES
A2 2
A3 1,5
A4 1
Peso do
Grupo Área Descrição da Área
Fator de Retenção
Duração Padrão
A1 4,5