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Céu, em Patrimônio da Penha; Poço de Pedra Roxa, em Ibitirama e Cachoeira da Fumaça, em Alegre.

brasileiros e estrangeiros para a preservação da área do maciço, até que, em 1948, o Estado do Espírito Santo criou, pelo Decreto Estadual nº. 55, de 20 de setembro de 1948,11 com um total de 5.000 hectares, a Reserva Florestal do Pico da Bandeira, abrangendo uma parte da Serra do Caparaó. Nos anos seguintes, houve muitas articulações para a transformação da reserva em área estadual e, consecutivamente, em Parque12 Nacional.

Tratando-se de uma das serras mais altas do Brasil, localizada entre os Estados do Espírito Santo e de Minas Gerais, o Caparaó abriga o Pico da Bandeira (Figura 2), que é o terceiro mais alto do Brasil (com aproximadamente 2.891,98 metros),13 totalizando 31.800 hectares de área. Dessa área, 22% estão localizadas em Minas e 78% em terras capixabas (a maior parte no município de Ibitirama).

Mesmo diante de tal proporção, é importante destacar que a administração do parque está em terras mineiras, e isso causa certo desconforto, pois o parque está situado praticamente no Estado do Espírito Santo e o desejo é que fosse

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BRASIL, ESPÍRITO SANTO. Decreto nº. 55, de 20 de setembro de 1948: “Ficam delimitados para o fim de constituição de reservas florestais os terrenos devolutos do Estado do Espírito Santo [...] nos municípios de Alegre e Iúna: uma reserva de flora alpina na serra do Caparaó, Pico da Bandeira, com área aproximada de 5000 hectares” (Disponível em: <www.redeprouc.org.br>). Acesso em: 20 set. 2007.

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Por se enquadrar na categoria de “Parque”, de acordo com o SNUC, constitui-se numa UC de proteção integral e “[...] tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico” (BRASIL, 2000, p. 14).

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Fazemos essa afirmação, pois os dois pontos mais elevados no Brasil fazem divisa com outros países: o Pico da Neblina, com 3.014m, e o Pico 31 de Março, com 2.972,66m. Se formos pensar assim, genuinamente brasileiro, o ponto mais elevado encontra-se no Pico da Bandeira.

Figura 2 – ParNA Caparaó (localização)

administrado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em terras capixabas.

Ainda trazendo a produção de dados do estudo do Mestrado, compartilhamos que a biorregião, por apresentar uma grande diversidade biológica, abrigando espécies endêmicas notadas na fauna e na flora, é considerada uma “caixa d’água” (assim falam os moradores da região) e um celeiro paisagístico natural, retratado por suas cachoeiras, cascatas, corredeiras e matas.

A Serra do Caparaó caracteriza-se como local das principais nascentes das duas mais importantes bacias hidrográficas da Região Sudeste: a Bacia do Rio Itabapoana e a do Rio Itapemirim, além da nascente de um dos afluentes do Rio Doce (deságua na região do Alto Rio Doce), o Rio José Pedro.

Nesse contexto, o ParNa Caparaó é reconhecido, além das suas belezas naturais, pelas aventuras que o Pico da Bandeira proporciona nas caminhadas e escaladas, potencializando a biorregião para o ecoturismo, inclusive, para o turismo de aventura. Além desses aspectos, o desvelamento de seu bioma (Mata Atlântica) e a visibilidade dos trabalhos desenvolvidos em Educação Ambiental no entorno do parque são pontos a serem destacados. Outra questão relevante é que a biorregião tem um grande potencial de manifestações culturais.

No Espírito Santo, o ParNa Caparaó possui um entorno que abarca cerca de 200km, envolvendo 11 municípios, conforme já mencionado (Figura 3), relacionados direta

Figura 3 – localização da biorregião

ou indiretamente com o parque e que fazem parte da microrregião do Caparaó14 (ANEXO A).

Destacamos que o acesso capixaba para o parque fica no distrito de Pedra Menina, a 27km do município de Dores do Rio Preto. Já em Minas Gerais, os municípios do entorno direto do parque são: Alto Caparaó (onde fica a portaria do parque), Manhumirim, Alto Jequitibá e Espera Feliz. .

A presença de tropeiros foi relevante para a cultura local, pois eles carregavam, além das mercadorias (como o café comercializado), as notícias – podemos dizer que essa era uma das formas de comunicação –, favorecendo a tessitura das redes de comunicação e de interação. Além do mais, como viajavam a cavalo, que era a principal forma de transporte, ali circulavam muitas pessoas e também animais, influenciando a formação da cultura local.

Pelas itinerâncias nas estradas dos contextos desta pesquisa, detectamos que há várias formas de “usar” a biorregião. O uso sugere uma abundância de oportunidades para pessoas comuns (sujeitos ordinários) subverterem os rituais e as representações impostas, sendo considerados como ações. Certeau (1994) propõe uma discussão sobre os conceitos de uso e consumo com base nas práticas cotidianas ou “maneiras de fazer” dos indivíduos, ou daquilo que é “fabricado” a partir do que recebemos.

Dessa forma, vivenciamos, nas localidades deste estudo, formações de identidades. Concordando com Stuart Hall (2005), essas identidades atravessam e intersectam as fronteiras naturais, compostas por pessoas que foram dispersadas de sua terra natal. Essas pessoas retêm fortes vínculos com seus lugares de origem e suas tradições, mas sem a ilusão de um retorno ao passado, relacionando-se com as novas culturas, mas sem perder completamente suas identidades.

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Lei nº 5.120/95 – dispõe sobre a criação de Macrorregiões de Planejamento e Microrregiões de Gestão Administrativa no Estado do Espírito Santo. Para maiores detalhes, acesse:

Então, para concluir este item, é nesse cenário socioeconômico, que compartilhamos a narrativa de um morador da biorregião ao se referir ao seu lugar e também a alguns produtos culturais que circulam por lá: