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Cadeia de Suprimentos Têxtil e Confecções

PARTE IV – RESULTADOS E ANÁLISES DAS PESQUISAS EMPÍRICAS

11 Descrição das Cadeias da Amostra

11.4 Cadeia de Suprimentos Têxtil e Confecções

A cadeia têxtil e confecções engloba os segmentos de fiação, tecelagem, malharia, não-tecidos, beneficiamento (tinturaria e estamparia) e confecção. Em 2006 a receita bruta da cadeia atingiu US$ 33,0 bilhões, com participação de 4,1% do PIB nacional segundo o IEMI - Instituto de Estudos e Marketing Industrial. O parque industrial têxtil brasileiro compreende 26.018 empresas subdividas entre as têxteis e confecções que investiram em 2007 R$402,5 milhões segundo o BNDES. O consumo de produtos têxteis está diretamente relacionado ao nível de renda da população. Em 2004 atingiu 9,5kg / habitante com alta de 4,4% em relação a 1999, chegando a 10,9 kg / habitante em 2000. Trata-se de um mercado sazonal, com as vendas concentradas em períodos específicos do ano como o início das estações primavera-verão e outono-inverno. As margens de contribuição desta cadeia produtiva são muito comprimidas devido principalmente a alta produtividade das indústrias e concorrência externa. O preço médio de produtos confeccionados foi de US$ 17,3/kg em 2006, 17,6% superior em relação a 2002.

A grande maioria de produtos têxteis é importada da Ásia (63,5%), destacando-se China e Taiwan, seguida pela Aladi - Associação Latino Americana de Integração que responde por 11,4%, União Européia 12,2% e Estados Unidos 7,7%. As exportações brasileiras de têxteis e vestuários são concentradas em fibras naturais em volume e em peças confeccionadas em receita. Totalizaram US$ 2.364,2 milhões em 2006 e tiveram como principais destinos a Aladi e Mercosul. A cadeia de suprimentos têxtil está concentrada nas regiões Sul e Sudeste do país, com discreto deslocamento para a região Nordeste, especificamente Ceará, nos últimos anos devido a incentivos fiscais. Os pólos têxteis de maior relevância econômica são: Americana (SP), maior pólo têxtil do país, abastece as confecções da Grande São Paulo, principalmente com tecidos de algodão; Blumenau (SC) onde há maior concentração de malharias, principalmente na linha de cama, mesa e banho; e Fortaleza (CE), onde há grande parque de fiação, tecelagem, malharia e confecção, abastecido pelos produtores de algodão do Nordeste e pela fibra importada.

Nesta cadeia atuam empresas de diferentes portes. As de grande porte que possuem elevado padrão tecnológico e gerencial, controle de qualidade avançado e áreas específicas de "design", e as empresas menores que operam maquinários ultrapassados, mantendo reduzida produtividade e assim mais vulneráveis à concorrência. As micro e pequenas empresas (até 30 funcionários) representam juntas mais da metade do total de empresas do setor, ao passo que as grandes (até 200 funcionários) representam apenas 5% das companhias, o que caracteriza o setor têxtil como concorrencial. Contudo há sensível diferença nesta composição ao longo da cadeia produtiva, dependendo do nível de barreiras à entrada de empresas e das oportunidades observadas em cada segmento.

Segundo o IEMI, em 2006, as fibras têxteis utilizadas na produção de fios somaram 1.377 mil toneladas, sendo o algodão responsável por cerca de 80% do total e as fibras artificiais e sintéticas por menos de 16%. As fibras sintéticas (poliéster, polipropileno, acrílico e poliamida) são derivadas de subprodutos do petróleo, principalmente da nafta petroquímica, e as fibras artificiais (viscose,

acetato e rayon) são obtidas a partir da regeneração da celulose natural. A mistura de fibras naturais e sintéticas permite a elaboração de fios de características físicas e químicas diversificadas.

Não há empresas pequenas atuando na fiação que possuem em média 210 funcionários empregados segundo o IEMI. Este é o segmento que recebe maior volume de investimentos na cadeia pois depende de maiores escalas de produção e de capital intensivo. Mais da metade de sua produção é utilizada para consumo próprio, pois cerca de 85% das empresas são integradas e realizam também a tecelagem e malhação ou retorção (para não-tecidos) dos fios. A partir das fibras são empregadas diferentes operações e tecnologias de fiação para que sejam fabricados os fios. Esse elo da cadeia produtiva no Brasil é formado por empresas mais eficientes que as demais, mas há dificuldade de abastecimento em fases de expansão da demanda, pois o país é insuficiente na produção de algodão de alta qualidade e de fibras sintéticas.

O segmento de tecelagem é concentrado em empresas médias (84% do total) e tem o mercado interno como principal canal de distribuição, responsável por 77,6% da produção (a utilização própria é de 18,2% e o restante exportado). As malharias possuem o menor número de pessoas empregadas — 30,6 em média — sendo metade das empresas micro ou pequenas. Quanto aos canais de escoamento, cerca de 73,5% da produção é voltada ao mercado interno, 25,7% para consumo próprio, ou seja, são confeccionadas na própria empresa, e apenas 0,8% para o exterior. Na tecelagem, cerca de 60% dos fios utilizados em 2006 foram de algodão, 3,1% derivados de outros produtos naturais e 37,1% de fibras artificiais e sintéticas. Na malharia esses percentuais são de aproximadamente 63%, 0,2% e 36,3%, respectivamente. Isso mostra a maior eficiência dos materiais artificiais e sintéticos ao longo da cadeia produtiva uma vez que sua participação cresce devido às menores perdas em cada etapa do processo. A ponta final da cadeia é composta pelo segmento de confecção que se caracteriza por uma grande heterogeneidade dos ramos de atividade e porte de empresas. A demanda por confecções em geral é muito sensível às variações do

poder aquisitivo da população devido ao caráter não essencial e semi-durável do produto, o que se reflete sobre toda cadeia têxtil. Cerca de 70% das confecções, grupo com 85,4% do número total de empresas têxteis do Brasil, são pequenas que possuem 63,9 empregados em média. As empresas de grande porte representam 3,0% do total da empresas de confecções.

Em todas as etapas produtivas é recorrente a importação de insumos, seja por deficiência de abastecimento interno como para concepção de fibras, seja pela alta competitividade de produtos importados mais presentes na tecelagem e na malharia. Os produtos sintéticos são mais vulneráveis pois dependem da distribuição de nafta, principal matéria-prima, que é monopolizada pela Petrobras, o que encarece a produção interna.

A tecnologia básica dos processos produtivos está incorporada nos equipamentos, sendo que cerca de 90% dos utilizados na indústria nacional são importados principalmente da Alemanha, Japão, Suíça e Itália.

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Figura 11: cadeia de suprimentos têxtil simplificada Fonte: Elaborado pelo autor

A seguir está um relato da cadeia de suprimentos de calçados.