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4.2 Os alicerces do Modelo GeM: base e layout

4.2.1.2 Camada base do Ministério da Justiça

O Ministério da Justiça do Brasil, ao seu turno, pode ter sua homepage decomposta em unidades base, da mesma forma como realizado com o Ministério do Meio Ambiente. Entretanto, antes de apresentarmos a Figura 13 com o todo de sua página inicial e a Tabela 2 (Anexo B) com os elementos já individualizados, pensamos ser importante destacar algumas particularidades do portal desse órgão federal.

Em consonância com o princípio de atualização de informações em sua página principal, o Ministério da Justiça também possui uma homepage com características mutáveis, embora também mantenha alguma padronização. Utilizamos o termo “alguma”, tendo em vista que o site passou, ao longo dos anos, por algumas mudanças, saindo de um viés meramente textual (conforme exposto na seção seguinte sobre a camada de layout) para um ambiente que inclui um número maior de recursos multimodais.

Méritos à parte sobre essa alteração na exibição da informação que, de fato, em muito enriqueceu as próprias unidades base formadoras do documento, consideramos importante destacar a questão da acessibilidade ao conteúdo do site em termos de um primeiro contato. Nesse ponto, embora não faça parte do escopo da presente pesquisa, consideramos válido mencionar a dificuldade em acessar a página por qualquer computador. Durante o período da pesquisa, vários foram os momentos em que a página não se encontrava disponível para acesso, além da demora na atualização final da homepage em si63. Pensamos ser esta uma questão que transcende a própria discussão linguística e multimodal do portal eletrônico feita

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A página com o endereço oficial <http://www.portal.mj.gov.br>permaneceu durante a semana do dia 20 a 26 de janeiro de 2014 indisponível para acesso. Tentativas foram feitas ao longo do dia, em diferentes horas e de diferentes computadores. Exemplos como esse ocorreram inúmeras vezes desde 2012.

nesta pesquisa, uma vez que a impossibilidade de acessar uma página de relevância e importância nacional afeta um número inimaginável de cidadãos que contam com a oficialidade das informações lá veiculadas, impactando negativamente o acesso a informações de forma simples, clara e transparente.

Críticas feitas, passamos à análise da homepage do Ministério da Justiça:

Figura 13 – Homepage do Ministério da Justiça do Brasil em novembro de 2013

Esta homepage demonstra em sua conformação a utilização por parte do criador de diversos elementos visuais que enriquecem a página e expressam, simultaneamente, um sentimento de boas-vindas (Baldry e Thibault, 2005) também presente no portal do Meio Ambiente.

Observamos na Tabela 2 (Anexo B), assim como feito na homepage do Ministério do Meio Ambiente, a presença individualizada das unidades base que formam o documento como um todo, seguindo os mesmos preceitos de atomicidade e impossibilidade de redução posterior das unidades já identificadas.

Novamente, de forma bastante similar aos exemplos elencados anteriormente, podemos visualizar que certas unidades encontram-se “embutidas” em outras, de forma a se manter a integridade da informação veiculada, uma vez que isoladamente, “não possuem vida própria” (BATEMAN, 2008, p.114):

Figura 14 – Link abaixo do vídeo direcionando a navegação para as outras partes do documento

O link em azul (U093) na Figura 14 permite que, a partir daquele elemento, o usuário possa ter acesso a outras partes do site ministerial ou mesmo a outras páginas da Web.

Figura 15 – Texto dentro da fotografia

O texto escrito dentro da caixa azulada (U021-U023) na fotografia condiz com o processo de embedding ao trazer o elemento textual juntamente com o elemento imagético da fotografia.

Antes de passarmos para a análise da camada de layout, há um aspecto que gostaríamos de salientar, a partir da apresentação das unidades base vistas nos dois portais ministeriais,

embora não seja objeto principal de investigação nesta pesquisa: o elemento navegacional dos documentos multimodais.

Pelo fato de ambas homepages serem documentos oriundos da Internet, notamos que elas possuem muitos elementos de caráter notadamente multimodal, mas, acima de tudo, referentes a questões de navegação. Tal aspecto pode ser notado quando observamos a enorme quantidade de unidades acompanhadas do descritor “l”, referente a link, nas Tabelas 1 e 2 (Anexos A e B). Tais elos permitem que o leitor-usuário da página, ao clicar sobre os mesmos, se dirija a outras localidades do documento multimodal, tendo acesso a outros tipos de informações que poderá apreender ou inferir das páginas visitadas pelo processo de construção de sentido pela leitura. A presença dos links faz com que os textos dos documentos se tornem, de fato, hipertextos64, e, consequentemente, possibilitem que ocorra a interconexão de documentos aparentemente distintos.

Concordamos, assim, com Gomes (2011) quando define documentos no âmbito on-line como “[...] os arquivos que manipulamos e que podem estar em nosso computador ou em qualquer lugar da Web. Os documentos não possuem restrições de tamanho, de linguagem ou de conteúdo” (2011, p.24). Dessa forma, as homepages dos Ministérios retomam e consolidam as naturezas de documento e hipertexto abordadas, permitindo-nos afirmar que:

[...] a relação entre eles [textos interligados] será feita pelo leitor, ao clicar nos links. Por isso os hipertextos são não hierárquicos e podem ser acessados sem que o leitor siga uma ordem convencionada ou prefixada. Essa liberdade do leitor traz consequências para a leitura e para a atribuição de sentidos, assim como também traz consequências para o autor, já que inserir links em palavras, imagens ou outros elementos do texto transforma o ato de escrever [e de ler] em algo bem mais complexo. (GOMES, 2011, p.25)

Com isso, podemos perceber a riqueza de atribuição de sentidos e interpretação que as unidades base podem nos oferecer ao representarem aspectos de natureza navegacional, por exemplo. Todavia, não só a esses elementos tais unidades fazem referência, mas a todos os outros do Modelo GeM, tais como os que dizem respeito à base retórica, de gêneros e de layout. Tendo em vista que, no presente trabalho, focaremos exclusivamente nas camadas

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Conforme mencionamos no início da seção 5.2 acima. É válido acrescentar que a informação trazida no hiperlink em si não faz parte da mensagem verbal expressa pelo texto, sendo realmente um atributo referente à mensagem, mas não parte dela (BATEMAN, 2008)

consideradas substrato essencial do Modelo empregado, partiremos para a pormenorização da outra camada a ser analisada, a de layout.