• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 03 – INVESTIGANDO OPINIÕES DE DEFICIENTES VISUAIS SOBRE A TABELA PERIÓDICA

3.2 O caminho metodológico da pesquisa

De acordo com o esquema 01, apresentado anteriormente, cada questão de estudo correspondia a uma etapa. De acordo com a primeira questão de estudo,

17.Alguns desses ex-alunos haviam cursado o Ensino Médio como nossos alunos e foram os grandes

instigadores na busca de material alternativo diante do desafio do trabalho na sala de aula que deram origem a essa pesquisa.

nosso objetivo era registrar as dificuldades sentidas por alunos deficientes visuais sobre a Tabela Periódica.

Para tanto, utilizou-se uma entrevista semi-estruturada com um roteiro composto por nove questões, sendo 6 abertas e 3 fechadas, o que possibilitou um levantamento inicial das opiniões. Apesar das limitações desse instrumento (LAVILLE; DIONNE, 1999), entende-se que era adequado para fazer um levantamento dos diferentes aspectos sobre o objeto de estudo e indicar algumas das idéias gerais, proporcionando um espectro amplo das respostas. Além disso, possibilitava o entendimento dos recursos argumentativos que os deficientes visuais utilizam para expressar suas opiniões.

Segundo Lüdke e André (1986), a entrevista caracterizada como semi- estruturada se desenvolve a partir de um esquema básico, mas que não é aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as devidas adaptações. Seguindo essa orientação, foram elaboradas perguntas que tiveram um esquema básico, um roteiro pré-determinado de modo a promover uma orientação entre entrevistador e entrevistado, ou seja, as perguntas deveriam ser feitas de forma que os participantes pudessem questionar sobre o assunto, dando suas sugestões e mostrando suas dificuldades sem que as respostas fornecidas levassem a um mesmo ponto. O quadro a seguir apresenta o roteiro utilizado na entrevista com os deficientes visuais que participaram dessa etapa:

Quadro 01: Roteiro da entrevista da primeira etapa

Pontos abordados Perguntas

Informações gerais sobre o uso e percepção da Tabela

Periódica

1. Você conhece a Tabela Periódica? Sim ( ) Não ( )

2. Se respondeu sim de que forma a utilizou? 3. Se respondeu não como a imagina? 4. Quantos tipos de tabela você conhece?

5. Com qual modelo você mais se identificou? Por quê? Importância da Tabela

Periódica para o aluno

6. Você acha a Tabela Periódica importante? Sim ( ) Não( )

Justifique sua resposta

Dificuldades de manuseio 7. Quando você utilizou a Tabela Periódica, qual a sua maior dificuldade?

Utilização da tabela em Braille

8. Você conhece a Tabela Periódica na linguagem Braille?

Sugestões 9. Dê sugestões de como você acha que deveria ser a

Tabela Periódica para um melhor aprendizado

Observa-se pelo roteiro dessa primeira etapa, que o eixo norteador das questões sinalizava para conhecer as sugestões dos entrevistados e as dificuldades sentidas quando estudaram a Tabela Periódica anteriormente, o que nos proporcionaria elementos para a re-elaboração de uma nova tabela a fim de que o material didático, a Tabela Periódica em Braille, viesse a facilitar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos deficientes visuais, quando os mesmos fossem estudar o referido assunto.

As entrevistas foram desenvolvidas em lugares diversos, devido as dificuldades dos participantesse encontrarem em um mesmo local. Todo o processo ocorreu de acordo com a disponibilidade dos deficientes visuais. Esse fato não se caracterizou como um problema, visto que o local determinado não influenciava no processo da pesquisa, o que interessava realmente eram as informações fornecidas para que o material didático, ou seja, a Tabela Periódica em Braille, fosse desenvolvida.

Cuidados na aplicação de qualquer tipo de entrevista com respeito ao entrevistado, envolve desde local e horário marcados e cumpridos, de acordo com sua conveniência, até o sigilo das informações se for o caso; da capacidade de ouvir e estimular o fluxo das informações, por parte do entrevistado, sem forçar o rumo das respostas para determinada direção, mas garantindo um clima de confiança, para que o informante se sinta à vontade para se expressar livremente, tudo isso deve ser cumprido pelo entrevistador com seriedade (LÜDKE; ANDRÉ, 1986).

A partir do fato de se ter caracterizado as entrevistas como semi-estruturadas faz-se necessário fazer uma abordagem sobre a questão qualitativa ou quantitativa. Acredita-se que o processo aqui proposto tem como base uma abordagem qualitativa embora apresente resultados expressos também em números. Os números, nesse caso, ajudam a explicitar a dimensão qualitativa (ANDRÉ, 2000).

As informações fornecidas por eles foram organizadas dando importância a todos os pontos que foram abordados, pois nos serviram de base para a elaboração da nova Tabela Periódica a partir das dificuldades e sugestões apontadas. A partir dessas respostas deu-se à elaboração da Tabela Periódica em Braille, correspondendo à segunda etapa do processo esquematizado anteriormente. Nessa etapa, participou um professor cego integrante da primeira etapa do processo.

Na terceira etapa da pesquisa, participaram três deficientes visuais. Houve então uma nova entrevista semi-estruturada baseada em 2 roteiros, sendo que cada um continha 5 perguntas abertas e 2 fechadas. O roteiro era dirigido a conhecer a opinião dos deficientes visuais sobre as Tabelas Periódicas elaboradas e o outro sobre a Tabela fornecida pelo Instituto Benjamin Constant. O número de participantes nessa etapa foi menor que o da primeira, devido à falta de disponibilidade dos entrevistados, mas entendemos que apesar das dificuldades é importante revelar as opiniões dos deficientes visuais sobre as Tabelas Periódicas. Procurou-se conhecer e agrupar as opiniões dos participantes em tabelas e a partir disso foram construídos gráficos, a fim de facilitar a análise.

3.3 Conhecendo as dificuldades das pessoas investigadas em relação à Tabela