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O CAMINHO METODOLÓGICO E OS SUJEITOS DA PESQUISA: UMA CONS TRUÇÃO NA CAMINHADA

No documento darielidaltrozoilha (páginas 50-52)

3 AS TRILHAS METODOLÓGICAS

3.1 O CAMINHO METODOLÓGICO E OS SUJEITOS DA PESQUISA: UMA CONS TRUÇÃO NA CAMINHADA

O caminho metodológico percorrido definiu-se em torno de dois momentos. No primeiro, as circunstâncias da necessidade de “garimpar” dados e informações justificam a análise documental na Secretaria de Educação de Juiz de Fora em busca do panorama atual, de leis e outros documentos referentes às escolas rurais do passado e do presente. No segundo momento, que julgo ser o mais importante e essencial para responder aos objetivos da pesquisa, trabalhei na perspectiva da história oral com o intuito de retratar a rotina da escola e as implicações desta na vida de seus interlocutores. Os sujeitos da pesquisa são homens e mulheres que estão ligados à escola rural de ontem e de hoje: professores, funcionários e ex-alunos. Assim, buscamos oportunizar aos próprios sujeitos que viveram a rotina da escola que se compreendam como protagonistas na organização e sistematização de dados históricos a partir das suas vivências.

Na fase inicial, apoiei-me na análise documental porque consiste num instrumento importante tanto para complementar informações obtidas por outras técnicas, como para revelar aspectos novos de um tema ou problema (Ludke e André, 1986). Tais autoras me ajudaram a justificar a escolha da análise documental tendo em vista a gama de documentos

encontrados referentes às escolas rurais e por constituírem-se em “matéria-prima bruta”, que necessita ser organizada e analisada, já que a compreensão de documento abrange qualquer material escrito que possa se constituir como fonte de informação. Utilizando diversas referências, as autoras apontam as vantagens de se utilizar a análise documental em pesquisas educacionais devido ao fato dos documentos constituírem uma fonte estável e rica que podem ser constantemente consultada e servir como base para estudos posteriores; além de representar uma fonte de informação contextualizada, que revela aspectos de um tempo/local específicos. No entanto, denotam alguns limites e, em consequência, a necessidade da complementaridade de outras técnicas de pesquisa.

Na presente pesquisa essa necessidade fica evidente em função dos limites dos dados obtidos e da riqueza da história da trajetória das escolas rurais em suas comunidades. O percurso da pesquisa nesse primeiro momento passou pela busca de informações nos setores da Secretaria de Educação de Juiz de Fora. Como resultado, temos “uma versão da história das escolas rurais”, mesmo que ainda com lacunas e limites que não darei conta de suprir nessa pesquisa de mestrado. O segundo momento foi caracterizado pela busca “das histórias”, que os documentos não conseguem abranger, pois implicam vidas, trajetórias, ações e reações vividas no chão das escolas e das comunidades.

Os primeiros passos foram em torno das idas e vindas à Secretaria de Educação de Juiz de Fora e envolveu um levantamento de dados prévios que serviu de subsídio para o planejamento, a execução das entrevistas de história oral e o posterior processamento das mesmas. Esse levantamento abrangeu leituras de políticas públicas nacionais e locais sobre escolas rurais; a busca de dados relevantes e bibliografias sobre história e educação com ênfase nas escolas rurais; a pesquisa em diferentes setores da Secretaria procurando dados e informações antigas e atuais sobre as escolas municipais rurais; a obtenção de indicações e sugestões de comunidades e de pessoas que, através das suas memórias, pudessem revelar a riqueza da realidade das escolas rurais e suas comunidades.

Destaco que esse processo inicial gerou muita ansiedade em função da ausência de material sistematizado sobre as escolas rurais. Comecei o processo sem ter a certeza de onde iria realizar a pesquisa e por quais setores começar a buscar informações e coletar dados. O primeiro contato com a Secretaria de Educação foi com a professora Andrea Medeiros, Subsecretária de Educação, para a qual foi apresentado o projeto de pesquisa. A disposição e o incentivo à pesquisa foram imediatos tendo em vista o pouco interesse de pesquisadores em estudar as escolas rurais. A primeira indicação para o início do trabalho foi que eu procurasse a professora Gisela Maria Ventura Pinto pela sua experiência de longa data na Secretaria de Educação.

E efetivamente o ponto de partida foi a entrevista1 com a professora Gisela, atual 1 Tal entrevista semiestruturada baseou-se num roteiro de temas elaborado a partir de uma conversa

chefe do Departamento de Ensino Fundamental da Secretaria de Educação, com experiência docente e em cargos de chefia na rede municipal desde 1989. Devido a sua atuação no extinto Serviço de Educação para o Meio Rural, parte do Departamento de Educação Básica e atuante nas décadas de 1980 e 1990, ela teve um papel fundamental ao fornecer as primeiras informações sobre a atualidade das escolas rurais além de fazer as primeiras indicações de pessoas que poderiam participar das posteriores entrevistas e também dos setores da Secretaria de Educação que poderiam fornecer dados relevantes para esse “garimpo” de informações e colaboradores desta jornada. Seguindo suas indicações, fui ao setor de Supervisão de Normalização da Gestão Escolar (SNGE) onde tive acesso à documentação existente. Posteriormente dirigi-me ao setor de Arquivo e Memória do Departamento de Planejamento, Pessoas e Informação (DPPI) onde obtive a maior quantidade de dados2. O coordenador desse setor enfatizou que muitos documentos ainda estão sendo localizados, organizados e catalogados e que talvez ainda haja material antigo referente às escolas rurais que não passou por esse processo. No entanto, pude ter acesso a todo o material atualmente disponível, que corresponde, principalmente a fotos antigas das escolas, legislações municipais impressa e uma gama de projetos, material didático-pedagógico e de formação continuada que não foram publicados. Eram registros internos da Secretaria de Educação de Juiz de Fora, dos quais surgiram muitas questões que serviram de subsídio para nossas reflexões.

Por hora, precisamos caracterizar melhor as comunidades rurais com as quais trabalhamos e as escolas que delas fazem parte.

3.2 O LUGAR DA PESQUISA: AS ESCOLAS DA ZONA RURAL DA MANCHESTER

No documento darielidaltrozoilha (páginas 50-52)