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1. INTRODUÇÃO

1.2. O CAMINHO TEÓRICO METODOLÓGICO

Para tanto, a nossa investigação caminhou em direção a proposição de tencionar essa problemática na busca pela sua superação, o que nos aproximou da pesquisa-ação enquanto possibilidade investigativa.

85, bem como na Lei 1079 de 1950, que, por sua vez, “Define os crimes de responsabilidade e regula

Nossa pesquisa se configurou em uma interlocução, centrada no campo da realidade empírica, na valorização das contribuições dos sujeitos envolvidos, buscando compreender o ser humano em suas relações sociais e institucionais, bem como em suas produções e apreciações simbólicas. Tal perspectiva nos aproxima do campo das pesquisas humanísticas.

Essa perspectiva está sustentada por dimensões teórico-metodológicas, que se alicerçam pela ação cultural dialógica, pois o conhecimento da realidade perpassa o estreitamento com essa realidade e seus sujeitos, já que “[...] dialogar com elas para que o seu conhecimento experiencial em torno da realidade, fecundado pelo conhecimento crítico da liderança, se vá transformando em razão da realidade” (FREIRE, 2015b, p. 181).

Desse modo é necessário pontuar que nossa proposta caminha, em direção à pesquisa social com projeção para compreender o ser humano em suas relações sociais, tendo em vista

A flexibilidade da conduta humana, a variedade dos valores culturais e das condições históricas, unidas ao fato de que na pesquisa social o investigador é um ator [ou atriz] que contribui com suas peculiaridades (concepção de mundo, teorias, valores etc.) [...]. (TRIVIÑOS, 1987, p. 34)

Logo, tendo a preocupação de evidenciar os fenômenos observados nas experiências propostas, diante do contexto, dos sujeitos e suas flexibilidades, nosso trabalho, com relação à natureza das informações, possui uma abordagem qualitativa

[...] que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. (MINAYO, 2013, p. 57)

A abordagem qualitativa possui forte aproximação com o contingente, não tendo preocupação com a universalização do conhecimento, pretendendo evidenciar os significados das ações e das relações humanas. Em síntese, as pesquisas que se sustentam na abordagem qualitativa caracterizam-se por ser "[...] uma atividade situada que localiza o observador no mundo. Consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas que dão visibilidade ao mundo." (DENZIN e LINCOLN, 2006, p. 16)

De encontro com a abordagem qualitativa e os argumentos até aqui explicitados, podemos afirmar que essa investigação tem características de uma pesquisa exploratória, na proposição de aproximação ao contexto da problemática investigada. Desse modo, ao propormos uma postura de construção coletiva, criando as possibilidades para vislumbrar os objetivos dessa investigação, em uma postura dialógica, compreendendo a história enquanto possibilidade e valorizando os saberes construídos nas realidades dos processos formativos, evidenciou-se como delineamento a pesquisa-ação, enquanto uma estratégia metodológica da pesquisa social concebida

[...] em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2011, p. 20).

Ao buscar a resolução de um problema coletivo se insere em um processo que demanda um plano de ação, que se conduz em um processo cíclico em espiral (THIOLLENT, 2011).

Quadro 1. Plano de ação

Questionamento Resposta

Quem são os atores/atrizes ou

unidades de interlocução?

Docentes de EF em atuação na educação básica da rede municipal de ensino do Natal-RN (Dos 155 docentes em atuação nas escolas de educação básica do município 96 participaram de pelo menos um encontro de formação continuada).

Como se relacionam os atores/atrizes e as

instituições?

As instituições envolvidas (UFRN e SME/Prefeitura Municipal do Natal) estabeleceram parceria para o fomento e incentivo pedagógico para a qualificação do FOCO-EF a partir de seus atores e atrizes.

Quem toma as decisões?

Os integrantes do LEFEM, os docentes formadores e os participantes do FOCO-EF.

Quais são os objetivos (ou metas) tangíveis da

ação?

Em acordo com os objetivos de nossa pesquisa, apresentamos dois blocos de metas: de ação e de conhecimento:

- Vivenciar experiências que problematizem a cultura digital na formação dos docentes;

- Discutir as relações da cultura digital nos diferentes contextos de atuação dos docentes;

- Problematizar as experiências das diferentes relações com a cultura digital realizadas nos encontros do FOCO-EF.

Metas de Conhecimento:

- Identificar as aproximações dos docentes com a cultura digital em seu cotidiano pessoal e profissional.

- Compreender as relações dos docentes com a cultura digital em sua formação, bem como em sua atuação profissional.

- Entender como os docentes apropriam-se da cultura digital

nos encontros do FOCO-EF.

Quais os critérios de sua avaliação?

- Envolvimento dos docentes com a tematização proposta (por meio das avaliações realizadas pelos docentes em cada encontro, no acompanhamento da participação das experiências propostas e etc.)

- Na ressignificação das experiências (por meio dos diálogos com os docentes e suas problematizações que remetem aos seus próprios contextos de atuação, bem como a sua própria formação profissional).

Como dar continuidade a ação, apesar das

dificuldades?

A continuidade das ações é conduzida em parceria com os docentes envolvidos a partir das problemáticas vislumbradas, o que fortalece o caráter coletivo e cooperativo das ações, contribuindo para o pertencimento dos docentes para a superação das dificuldades.

Como assegurar a participação da população e incorporar

suas sugestões?

Pela postura dialógica proposta em nossas ações e das problematizações a partir das sínteses dos discursos e produtos dos docentes nos encontros anteriores.

Como controlar o processo e avaliar os

resultados?

O controle dos processos e sua avaliação serão conduzidas pela observação-participante, entrevistas e questionários, bem como por outras fontes de informações, como imagens e áudios.

Por meio do plano de ação é possível identificar as características da pesquisa- ação através dos termos que a compõe — “pesquisa” e “ação” —, colocando a prova da experiência as ações planejadas, correspondendo assim aos seus dois tipos de objetivos: de ação e de conhecimento. Os objetivos de ação tencionam a modificação de uma dada situação e/ou problemática, enquanto os objetivos de conhecimento qualificam a elaboração da reflexão enriquecendo os saberes (DIONNE, 2007).

Esse plano segue um ritmo cíclico composto por momentos fundamentais na pesquisa-ação, sendo acionadas sem a demarcação de um momento específico para início ou finalização, o que dá as características do seu processo em espiral. Assim temos, como podemos visualizar na Figura 2: I) o planejamento de uma ação para a melhoria de uma prática; II) a ação interlocutiva desse planejamento; III) a descrição dos processos e das interlocuções desenvolvidas ao longo da ação; e por fim IV) a avaliação da experiência, que sustenta um novo ciclo a partir das novas problemáticas (KEMMIS e MCTAGGART, 1988; TRIPP, 2005).

Figura 2. Momentos da pesquisa-ação

Fonte: elaborado pelo autor com base em Kemmis e Mctaggart (1988) e Tripp (2005).

Ressaltamos que a pesquisa-ação é uma pesquisa limitada ao contexto empírico, ou seja, é uma “[...] pesquisa voltada para a descrição de situações concretas [...]” (THIOLLENT, 2011, p.15). É nesse caminho que esses momentos se

inserem em um ciclo contínuo, no qual na passagem de um encontro para outro é fechado um ciclo em espiral. Dessa forma a pesquisa-ação se apresenta enquanto uma alternativa interessante para conduzir e debater sobre os processos de uma formação continuada de docentes em serviço, pois, como afirma Bracht (2002, p. 11),

[...] nessa perspectiva, procura-se: a) vincular o conhecimento da realidade da própria prática com a ação e b) os sujeitos, que na pesquisa “tradicional” participam meramente como informantes, aqui atuam também como sujeitos pesquisadores de sua prática.

Corroborando com Bracht (2002), ao defender a importância de compreender os sujeitos como pesquisadores e pesquisadoras de sua própria atuação profissional, é possível ampliar tal compreensão em defesa da importância dessa estratégia metodológica para reflexão dos sujeitos em relação ao seu papel protagonista no tocante a sua própria formação.

É importante ressaltar que a pesquisa-ação, é uma metodologia que tem ganhado nas últimas décadas diversos cenários de investigação. Thiollent (2011), cita o exemplo da tendência dos projetos e programas de extensão universitária, como um desses cenários. Desse modo, o Programa de Extensão e, consequentemente, essa pesquisa, se insere nesse novo cenário, que diante das novas possibilidades de relação entre os sujeitos mediante os processos tecnológicos e midiáticos da contemporaneidade, ressignificam a própria pesquisa-ação enquanto metodologia, no entanto, nesse diálogo entre a instituição universitária e o espaço do FOCO-EF, reside o compromisso com a advertência de Tripp (2005), ao defender a necessidade de um rigor metodológico, considerando instrumentos de coleta e análise de informações consagradas e legítimas.

Assim, enquanto instrumentos de coleta de informações, utilizamos entrevistas, observação participante e questionário (GIL, 2008; MINAYO, 2010). Em todo caso, acionamos algumas fontes de informações como estratégia de enriquecimento das narrativas sobre a pesquisa, dentre elas imagens, textos e áudios. Algumas informações obtidas via questionário, ou mesmo, em outras fontes, foram processadas no site Word Art10, como dispositivos de criação de imagens,

potencializando as ocorrências das palavras.

10 O Word Art é um site de criação de artes de palavras, compondo diferentes formatos de imagens a

Para os registros das observações foi necessário o registro em diário de campo, que segundo Minayo (2010) normalmente é utilizado na observação participante. Para a análise desses materiais utilizaremos a análise descritiva (MINAYO, 2010). No entanto, como afirma Thiollent (2011, p. 8), “Além de uma simples coleta de dados, a pesquisa-ação requer um longo trabalho de grupos reunindo atores interessados e pesquisadores, educadores e outros profissionais qualificados em diferentes áreas.” Dessa forma, buscando um rigoroso processo colaborativo de análise, foram interpretados os elementos dessa investigação, no caminho para alcançar nossos objetivos, refletindo sobre as ações na proposição de melhorar as ações desenvolvidas e superar a nossa problemática.