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4 PRO LUCE”! ESCOLA ELEMENTAR COMO FORMA DE EDUCAÇÃO

4.1 CAMINHOS QUE LEVARAM À ESCOLA PROPRIAMENTE

E‘ para que tenhamos escolas: escolas em toda parte; escolas em todos os cantos da cidade; escolas para àquelles que pelas proprias ocuppações não nas podem frequentar senão à noite; escolas para os empregados de serviço domestico; escolas para operarios; escolas para quem quer seja analphabeto. (SANTIAGO, 1920, p. 6).

Já era noite quando Guilherme Bonifácio da Silva (1875-?), dono da firma J. Guilherme & Cia e presidente do Comitê Contra o Analfabetismo do Arruda, encerrou a sessão de posse da diretoria feminina daquele núcleo pernambucano. Então, propôs aos presentes recepcionarem o General Joaquim Ignacio na passagem pela velha Estação da Encruzilhada. Era 16 de novembro de 1919 e Joaquim Ignacio retornava a Recife depois de alguns dias de acampamento na Floresta dos Leões, atual Carpina, Zona da Mata, Norte de Pernambuco, a 51,2 Km da capital. O trem parou na Estação da Encruzilhada e uma jovem saudou com flores o Comandante da 6ª Região Militar do Exército. Chamava-se Maria Digna de Albuquerque Silva, filha de Samuel Vieira, um dos homens reunidos momentos antes no Comitê do Arruda. Juntos, Presidente de Honra e Tribuno Popular da LPCA, eles seguiram com Guilherme Bonifácio da Silva e Pedro Joaquim de Sant‘Anna até o fim dos trilhos da Estrada de Ferro de Limoeiro, onde se achava a Estação de Brum.

A Estrada de Ferro de Limoeiro era uma das principais linhas da malha ferroviária do estado, aberta pela Companhia Inglesa ―Great Western of Brazil Railway Company Limited‖ A ferrovia ficou conhecida como ―Linha Norte‖ ao atingir o município de Nova Cruz, no Rio Grande do Norte, quando passou a ser administrada pela Rede Ferroviária do Nordeste. Integrava diferentes estações, a exemplo da Estação Pureza, retratada por José Lins do Rego (1901-1957) no romance ―Pureza‖ [1938]; romance analisado por Bernardo Buarque de Hollanda (2018).

De acordo com Ana Renata Silva Santos (2013), graças a ―Great Western of Brazil Railway Company Limited‖, popularmente conhecida como ―Greitueste‖, a rede ferroviária brasileira expandiu-se. A ―Estrada de Ferro do São Francisco‖ foi a primeira fundada na região e a segunda do Brasil, construída ainda no século dezenove, a partir de um projeto audacioso de construção de uma linha nacional. Tal projeto previa a cobertura dos centros mais promissores da produção de cana-de-açúcar para alcance dos pontos navegáveis, de onde se poderia escoar a produção açucareira e de outros produtos agrícolas cultivados na região. Porém, a ideia jamais se concretizou. De todo modo, favoreceu o desenvolvimento local. Como ocorreu com a rede ferroviária de modo geral, estimulou a ocupação dos leitos das estradas e o aproveitamento do solo, fato que gerou desenvolvimento no interior de um estado ainda carente do ponto de vista econômico, social e cultural.

Atrelados à história das linhas férreas constam os bondes elétricos na capital. Recife inaugurou oficialmente o serviço dos bondes elétricos em 13 de maio de 1914, administrado pela firma ―Pernambuco Tramways & Power Company‖, responsável também pelo fornecimento de energia elétrica na cidade. Segundo dados apresentados por Tales de Lima

Pedrosa (2016, p. 201), esse serviço foi responsável por profundas alterações nos modos de vida dos recifenses, os quais sentiram afetar os costumes a ponto de fazê-los reagir contrariamente às inovações. O autor trata do momento em que começou a declinar o serviço da ―Brazilian Street Railway‖, responsável pelas ―maxambombas”, primeiro trem urbano da

América Latina:

Mesmo com a evolução demonstrada pela introdução do trem a vapor, podemos observar novas investidas de recifenses, não só argumentando a melhoria causada com a efetivação da ferrovia, mas abordando outras situações como a convivência dos animais de condução com o trem, velocidade, segurança, o trajeto, o preço da passagem, especulação imobiliária, alteração da paisagem, enfim discussões, aceitações e reações vivenciadas dentro de uma cidade que estava passando por um momento de transformação modernizadora a partir do progresso tecnológico representado pelo sistema ferroviário 9. (DUARTE, 2004, p. 3).

Novas investidas deram os sergipanos no sentido da modernização, também. Segundo André Luiz Sá de Jesus (2017, p. 36), a ―Compagnie Chemins de Fer d’Est Brazilien‖, responsável pela Estrada de Ferro Timbó-Propriá, concluiu a obra em três etapas. O primeiro trecho, inaugurado em 1913, unia Barracão a Aracaju. Barracão é atual Rio Real, Bahia. O segundo trecho, inaugurado em 1914, unia Aracaju a Rosário do Catete. O terceiro trecho, inaugurado em 1915, unia Rosário do Catete a Propriá. Com a Estrada de Ferro Timbó- Propriá apareceu a primeira Estação Ferroviária de Aracaju, localizada na Avenida Arthur Bernardes, atual Avenida Coelho e Campos. Situada no centro da cidade, a estação ficava próxima aos principais centros administrativos da capital, localizados na Praça Fausto Cardoso. Nesse local se reuniram os sócios sergipanos, muitas vezes, seguindo o curso das estações ferroviárias:

Todos os dias é um vai-e-vem, a vida se repete na estação, tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais; tem gente que vem e quer voltar, tem gente que vai e quer ficar, tem gente que veio só olhar, tem gente a sorrir e a chorar. E assim, chegar e partir. São só dois lados da mesma viagem; o trem que chega é o mesmo trem da partida; a hora do encontro é também desdespedida; a plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar; é a vida desse meu lugar; é a vida. (BRANT & NASCIMENTO, 1985).

―Encontros e despedidas‖ nas estações de trem marcaram o cruzar das histórias das associações e das cidades e deram pistas dos caminhos seguidos rumo às zonas de expansão urbana e rural; caminhos que levaram aos lugares do povo, onde as escolas deveriam estar.

Um bonde especialmente cedido pelo Diretor das Obras Públicas de Sergipe partiu da Praça Fausto Cardoso em direção ao ―Largo de São João‖, na ―Estrada Nova‖, Bairro ―Santo Antônio‖ de Aracaju. Levava sócios diretores da LSCA, alunos, autoridades, professores,

populares e representantes da imprensa local para inauguração da Escola Augusto Cesar Ferraz, ocorrida em 17 de agosto de 1919. Entre os passageiros do bonde estavam Amynthas Jorge e Itala Silva de Oliveira, recém-empossados na presidência e primeira secretaria da instituição. Ele abriu a sessão. Ela discursou acerca do problema do ensino, sendo muito aplaudida ao final. Na sequência, a Professora Clara Campos agradeceu a confiança depositada em seu nome para reger a unidade de ensino. Crysolitho Chaves, guarda-livros da Fábrica Sergipe Industrial, agradeceu a homenagem em nome do industrial Thales Ferraz, filho do patrono do novo núcleo escolar. Entre brindes, encerrou-se a cerimônia e rumores circularam acerca das próximas inaugurações (A QUINTA..., 1919, p. 2).

Presente na inauguração da Escola Augusto Cesar Ferraz, Maviel Prado seguiu viagem para Recife levando impressões acerca do problema do analfabetismo no Brasil. Já na capital pernambucana, ele escreveu no ―Jornal do Recife‖ algumas reflexões e citou a experiência que assistiu em Sergipe. A inauguração da Escola Augusto Cesar Ferraz serviu para o jornalista pensar na inviabilidade de expansão do ensino primário no Brasil. Cento e cinquenta analfabetos apresentaram-se para matrícula na quinta unidade de ensino inaugurada pela associação sergipana, ressaltou Prado, tendo o núcleo de ensino capacidade para quarenta e cinco alunos. Uma prova de que somente o ensino primário obrigatório seria a solução, apontou o colunista, se o país dispusesse das condições financeiras para efetivação. Como não dispunha, restava à iniciativa civil fazer sua parte (PRADO, 1919).

Seis anos de funcionamento e cinco escolas em Aracaju. Número reduzido de fato, mas equivalente a um quarto das escolas primárias existentes na capital em igual período. A proporção torna-se mais significativa em relação à abrangência do atendimento. Em maio de 1919, a frequência das escolas da LSCA alcançou 1.339 (um mil, trezentos e trinta e nove) alunos, enquanto a frequência nas escolas primárias do Estado foi de 7.315 (sete mil, trezentos e quinze) alunos (SERGIPE, 1919). Se considerado o total de unidades de ensino criadas no interior, o total das escolas da LSCA sobe para doze, entre 1916 e 192219.

A interiorização escolar abriu novos caminhos. Quando a lancha da Saúde dos Portos aportou com os convidados no então Povoado ―Barra dos Coqueiros‖, Aracaju, somente duas escolas públicas diurnas funcionavam no lugar. Pela primeira vez, os sócios fundavam uma escola elementar fora da capital sergipana. Isso aconteceu em 24 de fevereiro de 1920, graças

19 Escolas da LPCA (1916-1922): Almirante Amynthas Jorge, Cesário Pessoa, Comendador Travassos, Francino Mello, Gumercindo Bessa, José Augusto Ferraz, Messias Alves, Olímpio Campos, Rio Branco, Severiano Cardoso, Theodoro Sampaio e Tobias Barreto. Até 1950, a LSCA abriu trinta e oito escolas de alfabetização.

aos esforços da maçonaria, que jamais cessou a colaboração financeira prestada. A Escola Cesario Pessoa homenageava os maçons, pelo contínuo apoio à propaganda do ensino primário que seguia sua trajetória (ESCOLA..., 1920).

Da Estação Ferroviária de Aracaju partiram em subida ao Rio São Francisco Amynthas Jorge e demais diretores, quinze dias depois da inauguração na ―Barra dos Coqueiros‖. Era 12 de março de 1920 quando os sócios inauguraram a sétima escola da LSCA, no Povoado Lagoa Funda, Propriá (NOSSA..., 1920). Dois dias antes, a diretoria saiu da capital a bordo do trem da ―Compagnie Chemins de Fer d’Est Brazilien‖, seguindo a Estrada de Ferro Timbó-Propriá. Os moradores aguardaram os viajantes com grande festividade. Após as boas-vindas, os sócios foram à escola preparar o ambiente para inauguração. Entre os patrocinadores presentes na cerimônia estiveram: Coronel Cândido Ribeiro, proprietário da usina de beneficiar arroz ―Laurita‖; Maximino Mattos, comerciante de Aquidabã. Amynthas Jorge iniciou a festa, que contou com discursos, foguetes, cânticos e passeatas. Ao final da tarde, por volta das 17 horas, a comitiva da LSCA embarcou de volta à capital, para uma viagem que duraria 24 horas, aproximadamente. O evento consolidou a interiorização da escolarização levada a efeito pela sociedade sergipana.

Estância foi o próximo destino no plano das excursões pelo interior do estado sergipano. Em 8 de julho de 1921 foi inaugurada a Escola Severiano Cardoso. Às vésperas, Amynthas Jorge desembarcou na Estação de Salgado, acompanhado do fiscal de ensino João Já de Almeida e do acadêmico de medicina Misael Severiano Cardoso. De automóvel particular, seguiram com o médico estanciando Jessé Fontes, patrocinador do evento. Chegaram a Estância por volta da primeira hora da manhã e foram recepcionados à entrada do ―Parc-Hotel‖ pela Banda de Música ―Recreio Estanciano‖. Com breves palavras de agradecimento, recolheram-se. Fortes chuvas caíram na manhã do dia seguinte, fato que não os impediu de receber visitas da comunidade. À tarde, por volta das 15 horas, homenagens e agradecimentos marcaram a inauguração do novo núcleo de ensino. Após um jantar reservado aos convidados e representantes da sociedade local, realizou-se baile até altas horas da noite, de modo que os sócios retornaram a Aracaju no dia seguinte (ESCOLA SEVERIANO..., 1921, p. 1).

Assim como os caminhos das cidades foram percorridos pelos sócios, as paisagens urbanas e rurais modificaram-se ao ritmo do ir e vir às escolas. Em Pernambucano, a ponte da Ilha do Leite foi construída para abrir passagem à Escola João Baptista Rigueira Costa. Presente na inauguração desses dois empreendimentos, em 15 de novembro de 1917, o Governador Manoel Borba cumpriu a promessa feita aos sócios pernambucanos. Um deles,

Agripino José Rigueira Costa, Diretor da Instrução Publica Municipal, explicou a população quem foi o patrono João Baptista Rigueira Costa. Pedro Celso, Presidente da LPCA, felicitou os moradores e os sócios. Samuel Vieira, Tribuno Popular da LPCA, agradeceu as autoridades presentes e aos consócios, em nome dos moradores do lugar. Assim, o relacionamento escola- sociedade prosperou.

A iniciativa avançou na capital e interior pernambucano atraindo simpatias. Em 12 de outubro de 1918, ―Dia do Descobrimento da América‖, inaugurou-se a Escola Joaquim Portela em Recife. A sessão solene foi presidida por Candido Duarte. Entre autoridades presentes, discursos, hinos, brindes e prêmios, circularam rumores da criação de trinta escolas no ano seguinte, uma por município, para comemoração das três décadas republicanas. A ação dependia do apoio das prefeituras e os prefeitos começaram a sinalizar interesse. Responderam favoravelmente às negociações: Garanhuns, com a criação da Escola D. João Moura, além de Correntes, Serinhãem, Bom Conselho, Amaragy, São Lourenço e Limoeiro.

O mapa escolar pernambucano recebeu uma dezena de escolas somente nos quatro primeiros meses de funcionamento da associação local. Depois da Escola Tiradentes, fundada em abril de 1917, quarenta e seis unidades de ensino foram inauguradas até 192220. Em Recife foram fundadas trinta e cinco escolas, mantidas exclusivamente com os recursos sociais. Esse número era muito próximo do total das escolas primárias estaduais do período. A capital pernambucana tinha quarenta e uma escolas primárias estaduais em 1916 e cinquenta e uma escolas primárias estaduais em 1922. Para uma noção do significado da oferta escolar da LPCA, convém informar que a matrícula atingiu 2.000 (dois mil) alunos em 1920, no pior momento enfrentado pela associação do ponto de vista financeiro.

Mas os caminhos estreitaram-se, algumas vezes. Em 1920 a subvenção pública estadual cessou e unidades de ensino foram suspensas pela LPCA. A decisão da assembleia de 21 de agosto gerou protestos de Samuel Vieira. Pedro Celso sustentou os motivos na reunião de 11 de setembro, apoiado pelo tesoureiro, Afonso Batista. O sócio presidente acreditava poder rever a decisão no ano seguinte, após recuperar o apoio do governo, creditando tal intento a sua amizade com o secretario geral do Estado. Entretanto, o novo governo anunciou

20 Escolas da LPCA: 3 de Agosto, 13 de Maio, 7 de Setembro, Alvaro Uchoa, Annibal Theophilo, Aprigio, Guimaraes, Arthur Orlando, Batista Regueira, Bernardo Vieira de Mello, Camara Pimentel, D. João Moura, D. Sebastião Leme, Desembargador Peretti, Ennes de Souza, Esmeraldino Bandeira, Fernandes Ribeiro, Floriano Peixoto, Frei Caneca, João Alfredo Correia de Oliveira, João Barbalho, João Pessoa de Queiroz, João Teixeira, Joaquim Ignacio, João Moura, Joaquim Nabuco, Joaquim Octaviano, Joaquim Portela, José Bonifácio, José Mariano, Lemos Porto, Leonor Porto, Lima Castro, Manoel Arão, Manoel Borba, Marcilio Dias, Maria Amália, Marilio Dias, Martins Junior, Moraes Rego, Nunes Machado, Octaviano de Almeida, Pedro Celso, Padre João Ribeiro, Paula Batista, Raymundo Pinto Seild, Ruy Barboza, Tiradentes, Tobias Barreto.

em 1922 a suspensão de funcionamento de muitas escolas na capital e investimentos somente em mobiliário para as unidades de ensino do interior. No âmbito municipal, Eduardo Lima Castro trouxe esperanças com a reforma do ensino primário propagada em sua gestão. Pedro Celso chegou a prestar votos de solidariedade ao poder público do estado e do município de Recife pelos esforços em prol da desanalfabetização. Mas o aguardado apoio financeiro não veio.

Os rumos institucionais passaram a depender dos efeitos propagandísticos da escolarização em grupos sociais específicos, a exemplo dos núcleos femininos. No auge da crise, a Escola Lima Castro foi inaugurada, em 6 de março de 1921. O evento sinalizou um momento de enfraquecimento da propaganda pernambucana, por um lado; por outro lado indicou a força renovada da participação das mulheres nas decisões institucionais. Alipia Pereira Lima, à frente do Comitê Feminino da Encruzilhada, reabriu a Escola Nunes Machado. Ela chegou a cogitar a fundação de duas escolas diurnas em janeiro de 1920, para a ―população paupérrima‖ do Torreão e do Pântano. É dessa época o lema ―Pro luce‖, adotado pelas sócias pernambucanas (ESCOLAS..., 4 dez. 1920; ESCOLAS..., 13 dez. 1920).

Todos os caminhos das cidades, vilas e povoados pernambucanos e sergipanos levaram os sócios para um só lugar: a escola elementar. Do ponto de vista teórico, a escola elementar tinha por fim oferecer uma cultura geral, voltada para o desenvolvimento das atividades psíquicas e tendências humanas (CESCA, 1923, p. 184-185). Pedagogicamente construída, a escola elementar tornou-se lugar, na acepção desenvolvida por Antonio Vinão Frago (2001, p. 64): uma ―construção social‖, caracterizada pelo propósito de educar ou socializar. Como lugar, a escola possuía espaço e tempo específicos, nos quais os indivíduos vivenciam relações socioculturais:

O espaço não é apenas um cenário da instituição educacional, mas sim uma espécie de discurso que institui em sua materialidade um sistema de valores. (...) uns marcos para o aprendizado sensorial e motor e toda uma semântica que cobre diferentes símbolos estáticos, culturais e, ainda, ideológicos. É, em suma, como a cultura escolar, da qual forma parte, uma forma silenciosa de ensino (VIÑAO FRAGO, 1993, p.69).

O espaço escolar revelou as distâncias, aproximações, forças ou a liturgia e ritos sociais, os sentidos das disposições dos objetos e dos corpos. A noção de espaço, assim como o tempo, é transcendente. Ultrapassa os limites físicos de uma instituição e permite pensar em muitos ambientes escolares, não somente a sala de aula. Tal compreensão de lugar como território construído remete a uma pedagogia capaz de ratificá-la, ou seja, de fazer com que a educação se realize em ambientes que sequer foram projetados para isso a princípio. Como

lugar, a escola elementar é rica em indícios acerca das experiências humanas. Para essa instituição concorrem certos produtos culturais, sejam relações hierárquicas métodos de ensino ou simplesmente materiais. Enfim, à escola como lugar conjuga espaços e tempos específicos.