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3 ACOMPANHAMENTO DOCENTE NO INÍCIO DA

4.1 CAMPO DE INVESTIGAÇÃO

O Programa de Acompanhamento Docente para Professores de Educação Física em Início de Carreira (PADI) foi desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Desenvolvimento Docente o Mundo do Trabalho em Educação Física (GPOM) no âmbito da UNESC, e nesta pesquisa o campo de minha investigação analisa a prática pedagógica dos professores participantes.

O PADI iniciou suas atividades em março de 2012, com a divulgação da proposta do programa via site e rede sociais da instituição, disponibilizando a ficha de inscrição para os professores interessados. Para ampliar a divulgação do programa, foi enviado um e- mail para a coordenação dos cursos de licenciatura em educação física de todo o estado.

Um dos critérios para a inscrição ao programa condizia com a atuação do professor iniciante com no máximo cinco anos, conforme Reali, Tancredi e Mizukami (2008) e Marcelo Garcia (2009). Inicialmente foram inscritos 40 professores de educação física em fase inicial da carreira docente atuantes em escolas de Criciúma e região Sul de Santa Catarina, egressos, em sua maioria, do curso de licenciatura da UNESC.

O programa era coordenado pelos professores líderes do GPOM que mediavam a capacitação, supervisão e orientação de bolsistas e discentes voluntários, tanto na execução das atividades quanto em estudos a serem desenvolvidos durante a vigência do programa. Para tanto, eram realizadas semanalmente duas reuniões (uma reunião de avaliação e planejamento do programa e outra de estudos dirigidos) com a equipe de organizadores. Este processo se manteve antes e durante a realização do PADI.

Como proposta de projeto de extensão, o PADI visou construir um espaço colaborativo com professores de educação física no início da carreira docente, centrando suas ações no acompanhamento de professores iniciantes com vistas a contribuir para que o processo de desenvolvimento docente, que acontece na escola, seja um processo

crítico, reflexivo, proporcionando aos professores compreender melhor a sua prática educativa na cultura escolar onde estão inseridos.

O PADI foi realizado em três módulos, com encontros mensais, totalizando uma carga horária de 100 horas. No encerramento do primeiro e segundo módulo foi disponibilizado um certificado de 40 horas por módulo, enquanto no terceiro módulo esta carga horária reduziu-se para 20 horas. As atividades aconteciam aos sábados no complexo esportivo da UNESC, junto ao curso de educação física.

O primeiro módulo do PADI aconteceu no último semestre de 2012, com quatro encontros e os respectivos temas: “Início da docência: o estado da arte sobre o tema”; “Desenvolvimento docente: um debate sobre a construção do ser professor”; “Trabalho e cultura docente: o trabalho coletivo como fonte de construção da prática educativa”; e, por último, “Experiências de ensino aprendizagem: o PIBID como uma possibilidade para compreensão da cultura escolar”.

O segundo módulo ocorreu no primeiro semestre de 2013 e contou com quatro palestras com os temas: “Identidade docente e cultura escolar”; “Trajetória docente e a prática pedagógica do professor iniciante”; as “Perspectivas pedagógicas em educação física e proposta pedagógica do estado de Santa Catarina”; e “O referencial teórico metodológico de Paulo Freire”.

No primeiro e segundo módulos, os encontros eram realizados em dois períodos: pela manhã acontecia uma palestra ministrada por um professor referência no tema a ser debatido; à tarde eram desenvolvidos debates/vivências com os professores iniciantes mediados pelos organizadores, levando em consideração a temática trabalhada pela manhã e as experiências de ensino-aprendizagem dos professores. Cada encontro foi organizado a partir de um tema gerador, já organizado em reuniões de estudo pelo GPOM, levando em consideração as necessidades formativas que a literatura trata sobre o início da docência e as necessidades dos sujeitos envolvidos, mediante suas demandas concretas, produzidas na escola.

No terceiro módulo, realizado no último semestre de 2013, os encontros começaram a ser realizados somente no período matutino, das 8h às 12h, e teve como objetivo principal compreender as experiências de ensino-aprendizagem dos professores participantes do programa. Nesta fase, foram realizadas cinco etapas de desenvolvimento dos iniciantes por mediação dos organizadores. Primeiramente, os professores realizaram um estudo descritivo sobre a cultura escolar onde trabalham. Depois, os professores se organizaram em grupos de três a quatro pessoas para negociarem o tema de trabalho que iriam abordar a

partir de suas experiências de ensino-aprendizagem perante a participação no PADI. Nesta fase, foi feita a construção dos objetivos; escolha das atividades a serem realizadas; escolha das fontes e materiais que auxiliaram na elaboração de escrita. A terceira fase do processo contou com a definição dos procedimentos de registro das experiências de ensino-aprendizagem no contexto escolar: diário descritivo de campo; registro das falas dos alunos; relatos de reuniões; relatos de incidentes críticos; e registro de observação de classe. O quarto momento foi marcado pela redação final abordando todos os instrumentos utilizados nas fases anteriores. Este movimento foi embasado na literatura estudada durante o programa de iniciação à docência, desenvolvendo uma articulação entre teoria e registros. A fase final do PADI contou com a reflexão e avaliação final das experiências de ensino-aprendizagem, como forma de socialização das experiências docentes, registradas e sistematizadas durante esta fase de desenvolvimento.

Vale ressaltar, que o terceiro módulo do PADI perdeu intensidade, pelo pouco investimento do curso de educação física na implantação do projeto como elemento orgânico a nossa área de conhecimento. Mesmo com o apoio e tentativa da Unidade Acadêmica, naquela gestão, em ampliar as ações do programa para outros cursos, a falta de engajamento de todos os departamentos foi preponderante para a diminuição na manutenção da potência atribuída pelos proponentes em um programa de formação permanente, a longo prazo, refletindo na participação efetiva dos professores durante o processo.

Todas as atividades do programa foram registradas em áudio e vídeo. Além do registro em atas, cada participante tinha seu diário de campo18 (caderno), onde descreviam suas impressões, dúvidas, anseios,

marcadas pelo processo de inserção à docência, além de anotar as tarefas solicitadas nos encontros mensais. Este diário, que foi chamado de Blog de Campo, era exposto em todos os encontros, sem identificação, para que todos os professores pudessem realizar a leitura e socializar comentários escritos para seus pares.

18 Está iniciativa não foi muito produtiva no programa, pois muitos professores não escreviam em seus diários.