• Nenhum resultado encontrado

A CAPACIDADE PLÁSTICA DO CÉREBRO E SUA RELAÇÃO COM A MEMÓRIA E APRENDIZAGEM

A maioria dos sistemas no cérebro é modificada com a experiência, o que significa que as sinapses envolvidas são alteradas por estímulos ambientais captados pela percepção sensorial.

As influencias deixadas pelo aprendizado e memorização são frutos dessas mudanças que ocorrem em nosso cérebro. A plasticidade, portanto, é uma condição necessária para a aprendizagem e uma propriedade intrínseca do cérebro ao longo da vida toda.

O cérebro é fisicamente alterado através do reforço, enfraquecimento e eliminação das conexões neurais existentes, e também através das novas conexões. O tipo de aprendizagem determinará o grau de modificação cerebral, e quanto maior o tempo do processo de aprendizagem, maiores e mais profundas alterações ocorrerão.

3.1- A capacidade plástica do cérebro e o papel da aprendizagem

O cérebro pode aprender e permanecer produtivo e criativo durante toda uma vida, devido a sua capacidade plástica. A plasticidade neural é a capacidade do cérebro em desenvolver novas conexões sinápticas entre os

35

neurônios a partir da experiência e do comportamento do indivíduo. Através da plasticidade, novos comportamentos são aprendidos e o desenvolvimento humano torna-se um ato contínuo. A cada nova experiência, o ser humano pode aprender e reaprender, adaptar e modificar informações conforme as funções de regeneração das células nervosas e de suas inúmeras conexões entre os neurônios. Esse fenômeno parte do princípio de que o cérebro não é imutável, uma vez que a plasticidade neural permite que uma determinada função do Sistema Nervoso Central (SNC) possa ser desenvolvida em outro local do cérebro como resultado da aprendizagem e do treinamento.

As atividades dos neurônios geram um mundo interno que se adapta e se modifica à medida que interagem com o meio ambiente, tendo os sentidos como elo de comunicação. A cada nova vivência e aprendizado, novas conexões neurais são acrescentadas. A plasticidade neural é natural e essencial para o aprendizado, para o desenvolvimento das funções neuropsicológicas e motoras do indivíduo.

O conceito de plasticidade sináptica foi definido há mais de

um século pelo fisiologista Charles Sherrington e é uma propriedade essencial do desenvolvimento e uma das principais funções cerebrais. Em concordância com o conceito de plasticidade, LeDoux (2002) sustenta que o cérebro é muito sensível ao ambiente, e isso não é incompatível com um funcionamento possibilitado (mas não determinado) pelos genes. A experiência permite a aquisição de conhecimentos e de informações pelo SN provocando alterações anatômicas em diversos locais do encéfalo e essas alterações modificam a intensidade das conexões entre as células.

As modificações sinápticas não se restringem a algum período do desenvolvimento e ocorrem em todos os momentos em que há aprendizagem (Kandel, 2000). O cérebro adulto se adapta

36

constantemente aos estímulos e essa plasticidade não se manifesta apenas em comportamentos de aprendizagem e memória que indicam a base biológica da individualidade. Essas mudanças dinâmicas são visíveis no processamento do SN e podem ser estudadas de forma mais consistente no principal local que envolve a troca de informações no cérebro: a sinapse.”( ANDRÉ LUIZ MONÉZI ANDRADE. Psicol. Reflex. Crit. vol.22 no.1 Porto Alegre 2009).

Pode-se definir plasticidade cerebral como uma capacidade adaptativa do sistema nervoso central, para modificar sua estrutura e funcionamento, através de suas conexões neurais (figura 7).

Fonte:http://neurociencia-educacao.pbworks.com/w/page/9051885/Sinapse

37

“Uma maneira de se entenderem os processos de plasticidade é por meio da teoria proposta por Hebb. Segundo o autor, quando um axônio de uma célula A está próximo o suficiente para excitar uma célula B, e esta excitação se mantém de maneira persistente por meio de potenciais de longa duração (LTP), acontece um processo de crescimento ou alterações metabólicas em uma ou em ambas as células, o que acaba por aumentar a eficiência das sinapses.

Para que o LTP ocorra, é necessário que um neurônio receba estimulações elétricas mais fortes que o comum como forma de aumentar o tamanho dos potenciais de campo na célula. Esse aumento da carga elétrica na célula faz com que esta envie estímulos mais fortes para as outras e assim sucessivamente. O glutamato é um neurotransmissor que desempenha um papel-chave na plasticidade neural. Ele age sobre dois tipos de receptores, NMDA e AMPA. Os receptores AMPA são mediadores das respostas produzidas quando o glutamato é liberado de uma membrana pré-sináptica, ao passo que os receptores NMDA permanecem com seus canais bloqueados. Quando existe uma estimulação elétrica mais forte, ela acaba por abrir os canais do receptor

NMDA. Esta abertura permite um influxo de íons de Ca 2+ no neurônio pós-sináptico, iniciando uma cascata de eventos bioquímicos em que esta célula nervosa gera estímulos mais intensos para outras.

Esta série de eventos intracelulares pode durar de horas a dias e possui funções importantes nos processos da memória e aprendizagem. (Angela Donato Oliva; Gisele P. Dias; Ricardo

38

3.2 - A capacidade plástica do cérebro e o papel da memória

Sem memória não há aprendizagem, ou seja, aprendizagem e memória estão intimamente ligadas. A memória é construída pela aprendizagem, e os benefícios da aprendizagem consequentemente persistem através da memória. Estes dois processos têm profunda inter-relação, assim a memória está sujeita aos mesmos fatores que influenciam a aprendizagem.

Uma das definições correntes indica que a aprendizagem é a modificação do comportamento, como resultado da experiência ou aquisição de novos conhecimentos acerca do meio, e a memória é a retenção deste conhecimento por um tempo determinado.

Neste fenômeno as células dentro do sistema nervoso central se comunicam entre si durante o aprendizado. Os neurônios são responsáveis em última instância, por permitirem o aprendizado e a memória, realizam essa tarefa.

Os profissionais da educação devem, portanto provocar a estimulação cerebral de seus educandos utilizando várias estratégias no processo ensino- aprendizagem, pois o cérebro é plástico, ou seja, ele é capaz de mudar seu desempenho e suas estratégias como resultado de estímulos externos.

39

CONCLUSÃO

A memória é uma função do sistema nervoso de extrema complexidade, e como vimos diferentes áreas cerebrais processam diferentes tipos de memória. Neste trabalho analisamos estas diferentes áreas e o processo de consolidação e a atuação do educador.

Outro ponto importante foi a analise da influência do nível de ansiedade e do estado de ânimo na formação das memórias. Pois a emoção modula constantemente a forma como os dados e os acontecimentos são armazenados na memória, o que interfere significativamente no processo de aprendizagem.

Foi abordada ainda a relação da memória com a plasticidade cerebral e aprendizagem. Constatamos que a aprendizagem pode acontecer a qualquer idade, sendo importante a estimulação deste cérebro.

Portanto, esta obra não esgota o tema exposto, sendo necessária ainda a realização de muitas pesquisas neurocientíficas nesta área.

40

BIBLIOGRAFIA

ALBUQUERQUE, Fabíola da Silva; SILVA, Regina Helena. A amígdala e a

tênue fronteira entre memória e emoção.

http://www.scielo.br/pdf/rprs/v31n3s0/v31n3a04s1.pdf

ANDRADE, André Luiz Monézi. A plasticidade neural e suas implicações nos

processos de memória e aprendizagem.

http://www.emersonalmeida.com.br/pesquisas/A%20plasticidade%20neural.pdf

BRAZ, J. Neurobiologia da aprendizagem e da memória. Revista Brasileira de

Pesquisas Médicas e

Biológicas(2000).http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/21168/00

0297752.pdf?sequence=1

DIAS, Gisele P; REIS, Ricardo AM. Plasticidade sináptica: Natureza e

Cultura moldando o Self. Psicol. Reflex. Crit. 2009, vol.22, n.1. Disponível

em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 79722009000100017&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

GAZZANIGA, Machael S; IVRY Richard B e MANGUN, George R.

Neurociência cognitiva: a biologia da mente. Porto Alegre: Armed, 2006.

41

LEDOUXM, Joseph E. Emoção, Memória e o cérebro . Revista Scientific

American.http://www.methodus.com.br/_ambiente_aula/site/artigos/detalh

es.asp?ID=263

LENT, Roberto. Neurociência da mente e do comportamento. Rio de

Janeiro:Guanabara Koogan, 2008.

LOMBROSO, Paul. Aprendizado e Memória. Rev. Bras. Psiquiatr. São Paulo,

v. 26, n. 3, setembro 2004. Disponível a partir do

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-4462004000300011&lng=en&nrm=iso

MOREIRA, Carlos Alberto. Aprendizagem, memória & envelhecimento

cerebral.

http://cev.org.br/biblioteca/aprendizagem-memoria-envelhecimento-cerebral

PERGHER, Giovanni Kuckartz et al. Memória, humor e

Emoção. Rev. psiquiatr. Rio D'us.Sul , Porto Alegre, v. 28, n. 1, abril

2006.

http://www.wpcentrodepsicoterapia.com.br/userfiles_wp/pdfs/art_liv/Memoria-humor-e-emocao.pdf

PINTO, Amâncio da Costa. O impacto das emoções na memória: alguns

temas em análise. Disponível em:

http://www.fpce.up.pt/docentes/acpinto/artigos/11_memoria_e_emocoes.pdf

RELVAS, Marta Pires. Fundamentos biológicos da educação: despertando

inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. Rio de janeiro:Wak Ed., 2007.

42 ÍNDICE INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I 9 NEUROCIÊNCIA E MEMÓRIA 9 1.1 - Definição 12

1.2 - Definindo os diferentes tipos de memórias segundo o tempo de retenção 13

1.2.1- Memória Sensorial 14

1.2.2- Memória de Trabalho ou Operacional 16

1.2.3 - Memória de Curta Duração 18

1.2.4 - Memória de Longa Duração 19

1.3 - Diferenciando... 20

1.4 - Memórias Declarativas e Procedimentais 21

1.4.1- Memórias Declarativas 22

1.4.1.1- Memória Episódica e Semântica 22

43

CAPÍTULO II 25

A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ANSIEDADE E DO ESTADO DE ÂNIMO

NAFORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS 25

2.1 - Ansiedade e Estresse 26

2.2 - O Efeito do Humor 30

2.3 - Regiões do cérebro envolvidas na interação de memória de emoção 31

CAPÍTULO III 34

A CAPACIDADE PLÁSTICA DO CÉREBRO E SUA RELAÇÃO COM

A MEMÓRIA E APRENDIZAGEM 34

3.1 - A capacidade plástica do cérebro e o papel da aprendizagem 34

3.2 - A capacidade plástica do cérebro e o papel da memória 38

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 42

44

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 - HIPOCAMPO E DO CÓRTEX ENTORRINAL 11

FIGURA 2 - HIPOCAMPO, CÓRTEX ENTORRINAL E O CÓRTEX PARIETAL 21

FIGURA 3 – CEREBRO E SUA DIVISÂO 27

FIGURA 4 - HIPOTALAMO E HIPÓFESE 28

FIGURA 5- HIPÓFISE 29

FIGURA 6 - CÓRTEX 32

Documentos relacionados