• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE INTEGRADA A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE INTEGRADA A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU"

Copied!
44
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

MEMÓRIA COMO FERRAMENTA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Leidiana de Oliveira Brandão

Rio de Janeiro 2011

(2)

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE INTEGRADA A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

MEMÓRIA COMO FERRAMENTA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

OBJETIVOS:

Esta publicação acadêmica atende a complementação didático pedagógica da metodologia de pesquisa e a produção e desenvolvimento da monografia, como exigência do curso de pós-graduação latu sensu em Neurociência Pedagógica, pela autora Leidiana de Oliveira Brandão, sob a orientação da Doutora Marta Pires Relvas.

(3)

3

AGRADECIMENTOS

A Deus todo poderoso pela graça da vida, a minha mãe (in memoriam) pelo incentivo e a minha família.

(4)

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta obra a minha família.

(5)

5

RESUMO

A memória é uma faculdade cognitiva fundamental para aprendizagem, como processo de lembranças não está localizada em um determinado local do cérebro, ocorrendo, portanto em todo sua extensão. O trabalho apresenta de forma sucinta todo o processo de formação das memórias da fase da aquisição, passando pela consolidação até chegar na evocação. Mas manteve como foco o aspecto da consolidação. Foram realizadas classificações quanto ao tempo de duração e ao conteúdo dessas memórias.

Outra consideração no aspecto da consolidação da memória foi a influencia que os estados de animo e as emoções exercem neste período e as modificações que ocorrem no nosso cérebro em virtude de estímulos externos, traçando para isso uma relação entre memória, aprendizagem e plasticidade cerebral. Como fundamento foi utilizado pesquisas neurocientíficas que nortearam esta obra.

(6)

6

METODOLOGIA

O trabalho será elaborado através de pesquisas bibliográficas em livros, sites da internet e artigos. Os pressupostos teóricos serão fundamentados em fontes bibliográficas relevantes.

(7)

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I NEUROCIÊNCIA E MEMÓRIA 9

CAPÍTULO II A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ANSIEDADE E DO ESTADO DE ÂNIMO NA FORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS 25

CAPÍTULO III A CAPACIDADE PLÁSTICA DO CÉREBRO E SUA RELAÇÃO COM A MEMÓRIA E APRENDIZAGEM 34

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 42

ÍNDICE DE FIGURAS 44

(8)

8

INTRODUÇÃO

Memória é uma função cognitiva que nos permite ser o que nós somos, pois através dela construímos nossa identidade, afinal, somos aquilo que recordamos como disse Izquierdo(2002). Tudo que sabemos a respeito do mundo, dos outros e de nós mesmos está armazenado em nossa memória. A história nos mostra sua importância, onde muito antes da invenção do alfabeto e da escrita, era crucial para o bem estar de um individuo e da sociedade que tinha que contar somente com uma história oral.

Reconhecendo sua relevância, esta capacidade cognitiva foi imortalizada pelos gregos com a figura de Mnesmosyne, a deusa da memória.

Mnesmosyne era considerada uma das mais poderosas deusas de seu tempo. Afinal de contas, alguns acreditam que a memória era uma dádiva que nos distingue de outras criaturas no mundo animal, considerando-a algo divino.

Com seu poder poetas e adivinhos podiam voltar ao passado e relembrá-lo para a coletividade. Em seu poço, ela fazia com que os mortos que bebiam de sua água relembrassem de suas vidas, ao contrário, os mortos que bebiam água do poço de Lethe esqueciam da mesma. Além disso, Mnesmosyne tinha o poder de imortalizar artistas e historiadores que ao criar suas obras eram mantidos inesquecíveis, tornando-os memoráveis.

Apesar de despertar o interesse do homem desde a Antiguidade, os primeiros estudos científicos foram realizados a pouco mais de um século.

Hoje, através dos avanços neurocientíficos, adquirirmos uma maior compreensão acerca dos mecanismos de formação da memória.

(9)

9

CAPÍTULO I

NEUROCIÊNCIA E MEMÓRIA

"Chego aos campos e vastos palácios da memória onde estão os tesouros de inumeráveis imagens trazidas por percepções de toda espécie. Aí está também escondido tudo o que pensamos, quer aumentando quer diminuindo ou até variando de qualquer modo os objetos que os sentidos atingiram. Enfim, jaz aí tudo o que se lhes entregou e depois, se é que o esquecimento ainda o não absorveu e sepultou... Quem poderá explicar o modo como elas se formaram, apesar de se conhecer por que sentidos foram recolhidas e escondidas no interior?..." (Santo Agostinho, O palácio da memória, Confissões, Livro X). Esta pergunta de Santo Agostinho, feita há dezessete séculos, parece hoje ainda tão atual e relevante do que quando foi formulada. Isto se deve particularmente à natureza da memória. Como muito apropriadamente coloca o Iván Izquierdo, um estudioso da área de neurobiologia da memória, "...somos aquilo que recordamos, literalmente. Não podemos fazer aquilo que não sabemos como fazer, nem comunicar nada que desconheçamos, isto é, nada que não esteja na nossa memória... ...Eu sou quem sou, cada um é quem é, porque todos lembramo-nos de coisas que nos são próprias e exclusivas, e não pertencem a mais ninguém. As nossas memórias fazem com que cada ser humano ou animal seja um ser único, um indivíduo". (Carlos Fernando de Mello e Maribel Antonello Rubin).

(10)

10

Quando se inicia uma leitura são utilizados aprendizados automatizados, interpretando estes grupos de palavras de acordo com o conhecimento previamente adquiridos, armazena-se os significados dos parágrafos anteriores para dar sentido aos posteriores e aprendem-se coisas novas.

Simultaneamente a isso, o corpo neste processo não se esquece de manter a respiração e a circulação ativas, enquanto os olhos decodificam os símbolos ou letras, que formam estas palavras. As atividades diárias que são realizadas sem que se perceba seu automatismo, sua importância e que processos cerebrais são envolvidos. Importa ressaltar, o relacionamento com o outro, com quem se compartilha: crenças, costumes, hábitos, o que caracteriza o ser humano como individuo. Todos estes exemplos levam a uma função cognitiva extremamente complexa chamada, memória.

Comumente as pessoas referem-se à memória como se ela fosse uma parte do corpo, de localização definida e que pudesse ser tocada. Ela é na realidade um processo de lembranças que não está localizada em um determinado local do cérebro por ser um processo que ocorre em todo o cérebro.

Outro aspecto sobre a memória é que ela não guarda as informações de forma intacta, no entanto sim fragmentos ou traços que são armazenados e recuperados em forma de memória. Os seres humanos formam novas memórias sobre outras mais antigas, podendo modificá-las e reinventá-las.

Portanto, as memórias não são amostras fiéis de fatos reais, mas construções que são modificadas conforme o contexto em que são recuperadas e em meio a um intenso trânsito de sinapses.

O início da formação das memórias acontecesse na fase conhecida por aquisição e que consiste na chegada das informações aos sistemas sensoriais (visual, tátil, auditivo, olfativo e gustativo) na forma de estímulos (Memória sensorial). Os dados que chegam ao cérebro são, então, processados em diferentes regiões podendo ser classificadas em três tipos de acordo com o

(11)

11

tempo de duração. A memória de trabalho ou operacional - só têm tempo de permanecer alguns segundos ou minutos em mente, antes de desaparecer por completo. As outras duas deixam vestígios e seguem em um processo que as consolidarão como memórias de curto ou longo prazo. Nessa fase, iniciada a partir de um período de 1 a 6 horas após a aquisição, neste processo há participação da amígdala, do septo, do hipocampo e do córtex entorrinal (Figura 1). As de curta duração ocorrem paralelamente com as de longo prazo com duração de 6 horas em diante. As memórias de menor duração precisam recorrer às de maior duração, já estabelecidas, para fazerem sentido e poderão, eventualmente, tornarem-se memórias de longa duração.

Fonte: http://www.mixtotal.net/curiosidades/dj-vu-um-bug-cerebral/

(Figura 1)

A formação de memórias, desde a aquisição, passando pela consolidação até chegar à evocação ou lembrança, são processos dependentes da transmissão de informações célula a célula por meio da ajuda de neurotransmissores ou moléculas, que agem no espaço existente entre dois neurônios (sinapses). Essas substâncias são responsáveis por ampliar a comunicação entre as células, uma vez que permitem a ligação de receptores na membrana da célula, que é assim estimulada, provocando o desencadeamento de uma cascata de reações químicas. Entre as muitas reações, os neurotransmissores costumam ativar enzimas (proteínas que

(12)

12

aceleram reações químicas), que entram no núcleo da célula, ativando genes que, então, sintetizam proteínas. Essas proteínas estão envolvidas não apenas na formação inicial da memória, no entanto também no momento de recrutá-las como lembranças, para então serem rearmazenadas.

Generalizando poderá ser dito que todas as informações que se utiliza no dia-a-dia estão relacionadas à memória. Dados novos que precisam ser armazenados por alguns milésimos de segundo ou por décadas ou informações que precisam ser acessadas e recuperadas no cérebro para resolver um problema, para dar sentido a determinado contexto ou simplesmente para emocionar.

1.1 - Definição

Memória é a base do conhecimento, como tal, deve ser trabalhada e estimulada. É através dela que se dá significado ao cotidiano e será acumulado como experiência para utilizar durante a vida.

Segundo Izquierdo (2002),” memória é a aquisição, a formação e a evocação de informações”.

Lent define memória como um “processo mediante o qual adquirimos, formamos, conservamos e evocamos informação. A fase de aquisição é coloquialmente chamada “aprendizagem”, enquanto a evocação recebe também as denominações expressão, recuperação e lembrança.”(LENT, 2008, P.242)

(13)

13

1.2 - Definindo os diferentes tipos de memórias segundo o tempo de retenção

Ao estudar a memória é possível observar a existência de vários modelos explicativos para o seu funcionamento, todavia uma das questões que ainda intriga os pesquisadores é a relação entre a memória de curta e a de longa duração. Alguns defendem que a memória de curta duração seria apenas o início do processo que levaria à formação de uma memória de longa duração.

No entanto, a maioria dos resultados obtidos nas pesquisas sobre o assunto tem sinalizado para a existência desses dois mecanismos distintos, funcionando de forma independente, mesmo quando age na mesma estrutura do cérebro.

“Uma informação-chave dos estudos em pacientes com lesão cerebral também levou ao ceticismo sobre a estrutura hierárquica do modelo modal de memória. (...) A implicação desse trabalho é que a memória de curta duração não pode ser a passagem para a memória de longa duração, da maneira como foi sugerida no modelo modal. Ao invés disso, a informação dos registros da memória sensorial poderia ser gravada diretamente na memória de longa duração. (GAZZANIGA, 2006, P.328).

Segundo Gazzaniga (2006) a memória possui um componente temporal o que leva-nos a caracterizá-la segundo o tempo pelo qual armazenamos uma informação. Neste trabalho identificamos a memória sensorial, a memória de trabalho, a memória de curta duração e a memória de longa duração.

Dentro deste conceito é possível trazer a ideia de que memória pode ser caracterizada por seu conteúdo e que os diferentes tipos de informação podem ser retidos em seu sistema.

(14)

14

Quanto ao seu conteúdo, as memórias podem ser classificadas como declarativas, que são aquelas que podem se verbalizar, como um fato; e não- declarativas ou de procedimento, que são aquelas memórias que não se conseguem verbalizar. Na segunda categoria (memória "de procedimento") incluem-se atividades motoras complexas (memória muscular), como dirigir um automóvel, tocar piano, entre outras atividades. O aprendizado e a formação desses dois tipos de memória dependem basicamente de estruturas cerebrais diferentes. As memórias de procedimento são menos estudadas, porque parecem ser menos suscetíveis ao esquecimento. Assim, pacientes com dificuldade de lembrar fatos podem, com frequência, não ter dificuldade para dirigir um carro ou andar de bicicleta.

1.2.1- Memória Sensorial

Memória cuja duração resume-se a segundos ou milésimos de segundos (0,5 a 2 segundos). Gazzaniga (2006) chama de traço sensorial de alta- capacidade, não estando disponível para acesso consciente. Um exemplo é quando o professor está explicando a matéria e o aluno esta com a mente em outro lugar. Ao perceber o comportamento do aluno, o professor aumenta a sua voz e se prepara para fazer uma pergunta. Mas ao perceber o aumento da voz do professor, houve as ultimas informações, e quando perguntado as repete, como se soubesse do assunto tratado. Outro exemplo é quando você ler um determinado número de telefone e sai correndo para procurar o aparelho, e ao encontrá-lo percebe que esqueceu.

A Informação chega pelas entradas sensoriais de todos os órgãos dos sentidos. Ela é crua, sensorial, e não sendo analisada com algum significado e atenção, rapidamente será perdida. Em um jantar, por exemplo, num ambiente onde numerosas conversações acontecem e as mentes são bombardeadas com informações. Então se escolhe a informação que se deseja prestar atenção e a transfere para a memória de maior duração.

(15)

15

Este processo envolve associação de significando a um padrão sensorial.

Esta informação é testada na presença ou ausência das funções sensoriais elementares, ou seja, nós reconhecemos um padrão de dados sensoriais crus como algo significante.

“A característica principal dos traços da memória sensorial é que ela decai rapidamente. Em geral, a maioria dos modelos mostra que esses traços sensoriais não são diretamente acessíveis à consciência, embora a informação possa ser recuperada da memória sensorial, analisada e trazida à consciência, se o processo for imediato. (...) as memórias sensoriais contêm uma representação da informação com base em sensações, ao contrário da representação semântica (isto é com base em significados).” (GAZZANIGA, 2006, P. 323).

A memória sensorial não requer nenhuma atenção consciente. Como a informação é percebida, assim ela é armazenada automaticamente na memória sensorial.

A memória sensorial é essencial, porque é o que dá o efeito de unidade de um objeto, por exemplo, se o objeto na memória sensorial é um retângulo colorido, a pessoa pode ou não pode prestar atenção a ela. Se prestar atenção, reconhece-se que é uma placa. Depois de ter depositado tanta atenção a um pedaço de informação, ela pode passar sobre a memória de curto prazo ou de longo prazo.

(16)

16

1.2.2- Memória de Trabalho ou Operacional

Memória breve, cujo armazenamento é temporário não deixando traços, ou seja, arquivos – é como se fosse online. A memória de trabalho assume um papel gerenciador, pois recebe as informações, determina se é nova ou não e em ultimo caso sua utilidade para o organismo.

“A memória de trabalho... é totalmente diferente dos demais tipos de memória. Certamente é curta, dura desde poucos segundos até, no máximo, 1-3 minutos. Contudo, o principal, é que seu papel não é de formar arquivos, mas sim o de analisar as informações que chegam constantemente ao cérebro e compará- las com as existentes nas demais memórias, declarativas e procedimentais, de curta ou longa duração. A memória de trabalho não tem conseqüências bioquímicas mensuráveis que não sejam as muito breves que decorrem a cada momento da atividade elétrica de qualquer neurônio.” (IZQUIERDO, 2002, P.51).

“a memória de trabalho representa a função que a memória RAM (random-access memory) cumpre em um computador: manter a informação viva disponível enquanto está sendo percebida e/ou processada. Essa forma de memória é sustentada pela atividade elétrica dos neurônios do córtex pré-frontal e sua interação com o córtex entorrinal, o hipocampo e a amígdala. A memória de trabalho não deixa traço: depende exclusivamente da atividade neuronal on-line.” (LENT, 2008, P.247)

Processada fundamentalmente no córtex pré-frontal acompanha poucas alterações bioquímicas. Essas atividades elétricas dos neurônios acontecem mais precisamente na porção anterior do lobo frontal. Esse sistema gerenciador do córtex pré-frontal é realizado através das conexões dessa região via córtex entorrinal com o hipocampo e com as demais áreas

(17)

17

envolvidas nos processos de memória em geral. A memória de trabalho depende da transmissão glutamatérgica no córtex pré-frontal e colinérgica na amígdala. Muitos reconhecem a memória de trabalho como o grande sistema

"gerenciador" de informações do cérebro, já que ela literalmente decide que memórias vai se formar ou evocar.

“essa atividade elétrica neuronal, ao viajar pelos axônios e atingir a extremidade destes, libera neurotransmissores sobre proteínas receptoras dos neurônios seguintes, comunicando, assim, a estes, traduções bioquímicas da informação processada. O córtex pré-frontal recebe axônios procedentes de regiões cerebrais vinculadas ‘a regulação dos estados de animo, dos níveis de consciência e das emoções. Os neurotransmissores liberados por esses axônios que a vêm de estruturas muito distantes...

modulam intensamente as células do lobo frontal que se encarregam da memória de trabalho.” (IZQUIERDO, 2002, P.20).

Numa sala de aula o educador deve estar atento ao estado de animo de seus alunos, pois um estado de animo negativo, decorrente de uma noite mal dormida, o cansaço, depressão ou desanimo traz perturbações a memória de trabalho, o que dificulta a aprendizagem, já que o sujeito não consegue prestar atenção.

A memória de trabalho é aquela utilizada para entender a realidade que rodeia o indivíduo, com o processamento imediato das informações recebidas, para a formação e evocação da memória de curta duração, que dura algumas horas, e da memória de longa duração, que dura dias, anos ou décadas.

“a memória de curta duração depende do prévio processamento das informações pela memória de trabalho, cuja principal base anatomofisiológica é o córtex pré-frontal, precede aos outros dois tipos de memória e determina que tipo de informação e quanta informação será “fixada” nos sistemas de curta e de longa duração.”(IZQUIERDO, 2002,P.52)

(18)

18

1.2.3 - Memória de Curta Duração

A memória de curta duração forma arquivos que podem permanecer latentes por horas e dias, e armazena a informação enquanto o processo de consolidação acontece. Sua duração varia entre 30min e 6h. Segungo Lent (2008) ela “é encarregada de manter a informação comportamentalmente disponível durante horas nas quais a memória de longa duração ainda não adquiriu sua forma definitiva” (LENT, 2008, P.247).

Para a informação ser lembrada ou esquecida dependerá de eventos anteriores como também dos posteriores da informação a ser armazenada.

Eventos que acontecem antes do armazenamento da informação podem efetuar a quantidade de informação lembrada e armazenada, e por quanto tempo. Em estudos foram descobertos que o conhecimento anterior de um determinado tópico afeta a habilidade para codificar e se lembrar de informação nova relacionada àquele tópico. Por exemplo, os que possuem conhecimento extenso em um tópico anterior a exposição de informação nova relacionada àquele tópico, podem melhor codificar e se lembrar de informação que os com pequeno ou nenhum conhecimento prévio. Estudos feitos em interferência e o armazenamento de informação em memória a curto prazo concluíram que quanto mais semelhante a informação obtida antes e depois do armazenamento seja à informação desejada, o mais provável é interferir.

Por isso, importa ao professor procurar fazer sempre uma ponte com o conhecimento já adquirido com o conhecimento prévio, visando tornar este conteúdo significativo, ou seja, com sentido. Pois o aprendizado tem maior êxito quanto se estabelece uma relação de significados.

Outro aspecto, é que a memória de curta duração tem sido comparada à moradia temporária enquanto sua casa está sendo construída. Conversa-se, aprende-se a ler mapas, e utiliza-se em geral à linguagem oral e escrita enquanto as memórias definitivas ainda não estão consolidadas.

(19)

19

“O papel da memória de curta duração é, basicamente, o de manter o individuo em condições de responder através de uma

“cópia” da memória principal, enquanto esta ainda não tenha sido formada. Para isto, a memória de curta duração não sofre ao longo das 4-6 horas em que se pode estimar sua duração máxima; a partir desse intervalo, ela passa a ser gradativamente substituída pela memória de longa duração.” (IZQUIERDO, 2002, P.54, 55).

1.2.4 - Memória de Longa Duração

As memórias de longa duração podem ser recordadas por horas, dias, meses ou anos, após as informações terem sido armazenadas. Memórias de longa duração exigem em sua formação uma maior quantidade de regiões corticais ativadas.

“As memórias que persistem no tempo denominam-se memórias de curta duração e de longa duração, declarativas ou procedimentais. As primeiras duram entre 30min e 6 h, enquanto as segundas perduram durante muitas horas, dias ou até anos.”

(LENT, 2008, P. 247).

“As memórias de longa duração não ficam estabelecidas em sua forma estável ou permanente imediatamente depois de sua aquisição. O processo que leva a fixação definitiva da maneira em que mais tarde poderão ser evocadas nos dias ou anos seguintes denomina-se consolidação.” (IZQUIERDO, 2002, P. 27).

(20)

20

1.3 - Diferenciando...

Quando se trata de diferenciar o papel da memória de curta e longa duração surge duas posições, a primeira seria a de que a memória de curta duração seria encarregada de manter a informação enquanto a de longa consolida-se, sendo então etapa inicial da memória de longa duração, ou que elas possuem processos independentes. Segundo as recentes pesquisas a segunda posição é a mais acertada, pois “as bases da memória de curta duração são essencialmente bioquímicas, e diferentes das da memória de longa duração” (IZQUIERDO, 2002, P.51), e “resultados recentes indicam que o processamento da memória de curta duração é paralelo ao da memória de longa duração, embora ambas sejam processadas nas mesmas regiões: o hipocampo, o córtex entorrinal e o córtex parietal associativo.”(LENT, 2008, P.

250)

“a memória de curta duração é seletivamente afetada por muitos tratamentos administrados nas mesmas áreas que processam a memória de longa duração: a região CA1 do hipocampo, o córtex entorrinal e o córtex parietal . Portanto, as mesmas áreas estão envolvidas no processamento de cada tipo de memória, embora por meio de mecanismos claramente diferentes. (...) o conteúdo das memórias de curta e longa duração é basicamente o mesmo;

se aprendemos de cor um determinado texto ou figura e não outro qualquer, tanto 1 ou 3 horas mais tarde (memória de curta duração) como no dia seguinte, se nos lembramos dele (memória de longa duração). Isto indica que a informação aferente aos dois sistemas mnemônicos é a mesma. Em outras palavras, a informação aferente (os estímulos condicionados e incondicionados) chega através das mesmas vias sensoriais, e a resposta ou resposta correspondentes são emitidas pelas mesmas vias motoras ou efetoras. A diferença entre os dois tipos de memória (de curta e de longa duração), que faz com que sejam sensíveis a diferentes tratamentos e respondam a

(21)

21

processos distintos, não residem no input (a percepção e a analise do texto ou figura) nem no output (a evocação do texto ou da figura e seu significado). A diferença entre as memórias de curta e de longa duração reside não em seu conteúdo cognitivo, que é o mesmo, mas sim nos mecanismos subjacentes a cada uma delas.” (IZQUIERDO, 2002, P.53).

Fonte: http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/acervo/saiunamidia/Geral/noticia_28.htm (Figura 2)

1.4 - Memórias Declarativas e Procedimentais

Quanto ao seu conteúdo, as memórias podem ser classificadas como

"declarativas", que são aquelas que se conseguem verbalizar, como um fato;

ou procedimentais, que são aquelas memórias que não se consegue verbaliza, somente demonstrar. Na segunda categoria incluem-se atividades motoras complexas, como dirigir um automóvel ou andar de bicicleta. O aprendizado e a formação desses dois tipos de memória dependem basicamente de estruturas cerebrais diferentes.

(22)

22

O processamento das memórias declarativas envolve o hipocampo, o córtex entorrinal e várias outras áreas corticais. Entre as memórias declarativas, as mais aversivas, emocionais ou de alerta são fortemente moduladas pelos núcleos basal e lateral da amigdala. As memórias procedurais são processadas preponderantemente pelo cerebelo e sistemas a eles associados.

1.4.1- Memórias Declarativas

As memórias declarativas são bastante estudadas e são classificadas quanto ao seu tempo de duração como imediata, de curta e de longa duração.

As memórias declarativas envolvem fatos e conhecimentos gerais (memória semântica: por exemplo, o idioma inglês) ou episódios (memória episódica ou autobiográfica: por exemplo, as aulas de inglês) são os eventos assistidos ou participativos. A memória semântica resulta do processamento de memórias geralmente adquiridas em episódios, misturadas a memórias preexistentes e gerando, às vezes, novos insights.

“podemos, é claro, lembrar dos episódios por meio dos quais adquirimos memórias: cada aula de inglês, a última vez que cheiramos uma rosa, o dia em que memorizamos um poema.”

(IZQUIERDO, 2002, P. 22).

1.4.1.1- Memória Episódica e Semântica

Memória episódica, como originalmente descrita neste trabalho, refere-se à memória autobiográfica de eventos específicos temporal e espacialmente localizados. Contém informações sobre o contexto em que um evento ocorreu, sendo, portanto, similar à memória operacional. Todavia, por referir-se à evocação de eventos já ocorridos (ou episódios), difere da memória operacional que se refere a um evento em curso.

(23)

23

A memória semântica independe do contexto e contém informações sobre relações lógicas entre os eventos do ambiente, como, por exemplo, conceitos gerais, linguagem, fatos e regras de funcionamento do mundo, muitos dos quais estão explicitamente acessíveis. A maior parte do conhecimento semântico é adquirida nas primeiras décadas de vida, sendo particularmente resistente à desorganização, não estando usualmente prejudicada em pacientes amnésicos geralmente entendida como a responsável pelo desempenho em tarefas que envolvem completar palavras, decisões léxicas e identificação de palavras, nas quais o sujeito faz uso de um conhecimento pré- existente sobre palavras e conceitos. Assemelha-se, nestes casos, à memória implícita, mas difere da memória de procedimento.

1.4.2- Memórias Procedimentais

A memória de procedimento refere-se à informação sobre regras e procedimentos que são aplicáveis a uma variedade de circunstâncias diferentes.

“memórias procedurais ou memórias de procedimentos as memórias de capacidades ou habilidades motoras ou sensoriais e que habitualmente chamamos de “hábitos” (IZQUIERDO, 2002, P.23).

Este sistema de memória não permitiria o acesso explícito ao conteúdo de conhecimento, e expressar-se-ia apenas através do desempenho; isto é, através da ativação das estruturas de processamento ou procedimentos envolvidos nas tarefas de aprendizagem. A aquisição de habilidades motoras envolve esse tipo de aprendizagem (por isso o nome "de procedimento").

Todavia, há aprendizagens não-motoras que envolvem um processamento similar de informações, como é o caso do desenvolvimento de habilidades perceptuais e de habilidades cognitiva. Por esta razão, o sistema seria melhor denominado como sendo não-declarativo. A aquisição e retenção deste tipo de informação decorreriam da plasticidade inerente às estruturas de

(24)

24

processamento que se modificam em cada ocasião em que a informação é processada, o que requer múltiplas tentativas de aprendizagem e permite pouca elaboração sobre o que foi aprendido.

As memórias de procedimento são menos estudadas, porque parecem ser menos suscetíveis ao esquecimento. Assim, pacientes com dificuldade de lembrar fatos podem, geralmente, não ter dificuldade para dirigir um carro ou tocar piano.

(25)

25

CAPITULO II

A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ANSIEDADE E DO ESTADO DE ÂNIMO NA FORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS

Os estados de animo, as emoções, ansiedade e o estresse estão intimamente relacionados com as memórias. “Um aluno estressado ou um pouco alerta não forma corretamente memórias em uma sala de aula. Um aluno que é submetido a um nível alto de ansiedade, depois, de uma aula, pode esquecer aquilo que aprendeu. Um aluno estressado, na hora da evocação (em uma prova, por exemplo), apresenta dificuldades para evocar (o famoso “branco”); outro que, pelo contrário, estiver bem alerta, conseguirá fazê-lo muito bem.” (IZQUIERDO, 2002, P.63).

A emoção também faz parte do processo criativo, pois a grande força motora da Criatividade é a imaginação (manipulação de imagens: visuais, auditivas, táteis ou olfativas), que depende das imagens captadas pelo sujeito em um determinado momento, assim como das informações que foram gravadas nos circuitos nervosos, onde, com ajuda da emoção, foram organizadas em determinadas categorias. Um grande artista ou inventor é alguém que consegue usar a emoção para manipular essas imagens visuais, auditivas, táteis ou olfativas de modo muito rico.

Outro fator considerável quanto às emoções são as que são despertadas através dos encontros. Ao encontrar alguma pessoa a memória é revivida de forma positiva no aspecto cognitivo (saber quem é a pessoa) e emocional (saber se é alguém de quem se gosta). Portanto, não há memória ou tomada de decisão sem emoção.

(26)

26

2.1 - Ansiedade e Estresse

Os eventos emocionalmente carregados são lembrados com maior facilidade que os sem um significado emocional. As memórias são tratadas de forma diferente dependendo do que ela estiver associada (emoções agradáveis, desagradáveis e outros fatores individuais). As emoções agradáveis são geralmente lembradas melhor do que os desagradáveis. As lembranças positivas contêm mais detalhes contextuais, que por sua vez, ajudam a memória.

“A modulação da aquisição e das fases iniciais da consolidação ocorre basicamente ao mesmo tempo, e é difícil distinguir uma da outra. Ela envolve dois aspectos: 1) distingue as memórias com maior carga emocional das demais e faz com que as primeiras sejam mais bem gravadas; 2) em determinadas circunstancias, acrescenta informação neuro-humoral ou hormonal ao conteúdo das memórias.

O núcleo-chave na modulação das fases iniciais da consolidação e a região basolateral do núcleo amigdalino ou amígdala (Figura 1). Essa estrutura envia fibras ao córtex entorrinal e diretamente ao hipocampo, através das quais processa seu papel modulador.

A amígdala basolateral responde a numerosos estímulos periféricos tanto sensoriais como hormonais e vegetativos. As vias correspondentes atingem essa estrutura através de sinapses no córtex entorrinal (McGinty, 1999). O cótex entorrinal pode, assim, ser visto como um grande “filtro” e processador intermediário de informação que é dirigida: a) ao hipocampo para seu processamento em termos de consolidação de memória de curta ou longa duração, e/ou de evocação; b) a amígdala basolateral para sua analise em termos de nível de alerta ou de emoção.”

(IZQUIERDO, 2002, P.64)

(27)

27

Fonte:http://www.blog-medico.com.ar/

(Figura 3)

A ansiedade e o estresse causam a liberação dos chamados hormônios do estresse, o adrenocortrófico (ACTH), glucocorticódes, adrenalina, vasopressina e da ocitocina, que afetam a consolidação da memória. Como foi abordado nesta monografia o estresse e ansiedade não combinam com um ambiente saudável e favorável a aprendizagem. Algumas práticas precisam ser revistas tanto pelos pais como pelos educadores, visto que um ambiente onde o professor utiliza a prova como instrumento de ameaça e medo, não corrobora com o processo de consolidação deste conteúdo. Ou quando os pais sobrecarregam seus filhos de atividades, para torná-los “mais preparados”.

Importa ressaltar que pais e educadores devem favorecer a criação de um ambiente livre de ameaças e do excesso de pressões.

“o alerta, a ansiedade e o estresse causam a liberação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise anterior (Figura 4 e 5), de glucocorticóides pelo córtex da supra-renal, de adrenalina pela medula da supra-renal e de vasopressina pela

(28)

28

hipófise posterior. O nível sanguíneo destas substancia correlaciona-se com o estado do sujeito. Assim, aumenta à medida que o alerta aumenta e se confunde já com um grau moderado de ansiedade, continua aumentando à medida que a ansiedade cresce, até o ponto de se confundir com o estresse, e aumenta ainda mais à medida que o estresse se intensifica. O efeito de todas essas substâncias na aquisição ou na fase inicial da consolidação (primeiros 5-10 minutos) é aumentá-la até certo nível, e a partir deste, quando a ansiedade é intensa e começa o que poderíamos denominar estresse, o de diminuir a consolidação.

(....) a ocitocina, hormônio da hipófise posterior, como a vasopressina, e de estrutura química similar a esta. A ocitocina é o principal hormônio do parto e age sobre o útero, mas também afeta direta e indiretamente neurônios da amígdala, provocando sua inibição e tendo, em conseqüência, um efeito amnésico.”

(IZQUIERDO, 2002, P. 64 e 66).

Fonte: http://marcotuliosette.site.med.br/index.asp?PageName=Tumores- 20da-20Hip-F3fise

(Figura 4)

(29)

29

Fonte: http://marcotuliosette.site.med.br/index.asp?PageName=Tumores- 20da-20Hip-F3fise

(Figura 5)

A emoção também afeta na codificação da memória de trabalho. Estudos mostram que medos e preocupações diminuem a capacidade disponível para processamento. Constataram também que as pessoas mais ansiosas têm problemas de memória de trabalho quando fazem matemática.

(30)

30

2.2 - O Efeito do Humor

Outro aspecto ligado a emoção é o humor. É possível lembrar mais facilmente quando o humor coincide com o humor que é sentido quando se tem contato com a aprendizagem da informação. Importa destacar que quanto mais forte as emoções despertadas, maior será o efeito sobre a memória.

“Na codificação congruente com o humor, a informação é aprendida de forma mais eficaz devido a sua valência afetiva, que é consistente com o estado de humor do indivíduo no momento da aprendizagem. Em dois experimentos desse tipo, participantes foram primeiramente induzidos a um determinado estado de humor através de métodos como hipnose ou através da escuta de músicas carregadas afetivamente. Esse procedimento era seguido por uma etapa de aprendizagem, onde os participantes tinham a tarefa de memorizar listas de palavras tristes ou alegres. Em um momento posterior, quando os indivíduos já se encontravam em um estado de humor eutímico, foram testadas suas memórias para os materiais aprendidos. Em ambos os experimentos, observou-se um aumento significativo nos índices de recordação em condições de codificação congruente com o humor (por exemplo, palavras tristes quando o humor induzido era de tristeza), em relação às condições de incongruência com o humor (por exemplo, palavras alegres quando o humor induzido era de tristeza).

Segundo Forgas, a explicação para resultados, como os acima descritos, está no fato de que os indivíduos que se encontram em um estado particular de humor geram mais associações para as informações que vão ao encontro desse humor, codificando-as mais eficazmente. Corroborando com essa hipótese, estão os achados de que participantes alegres ou tristes passam um tempo maior estudando materiais que são congruentes com seus

(31)

31

humores e menos tempo com materiais incongruentes”

(GIOVANNI KUCKARTZ PERGHER; RODRIGO GRASSI- OLIVEIRA; LUCIANA MOREIRA DE ÁVILA; LILIAN MILNITSKY STEIN, Rev. Psiquiatria. Rio Rd. Sul vol.28 no.1 Porto Alegre Jan./Apr. 2006).

2.3 - Regiões do cérebro envolvidas na interação de memória da emoção

Dentro do cérebro há diversas estruturas com várias funções e muitas dessas áreas trabalham em conjunto para realizar tarefas, ajudando inclusive a aprender e a lembrar.

O hipocampo desempenha um papel fundamental em relação à memória.

Localiza-se próximo a amígdala, que processa a emoção e ele, hipocampo, processa a informação factual que chega ao cérebro. O mesmo também se comunica com o sistema de ativação reticular, podendo comparar a informação com o passado e supervisionar os eventos, novos ou habituais.

A amígdala é uma região do cérebro mais fortemente implicada na memória emocional. Ela processa a emoção, filtrando-a e catalogando-a para um futuro. Ela está envolvida no significado emocional dos acontecimentos, e, através de sua ligação com as regiões do cérebro lidar com as experiências sensoriais, também parece ser responsável pela influência da emoção sobre a percepção, alertando a perceber os eventos emocionalmente significativos, mesmo quando a pessoa não está prestando atenção.

(32)

32

Outro envolvido nesta interação é o cerebelo, mais fortemente associada com habilidades de coordenação motora, também pode estar envolvidos na lembrança de emoções fortes, em especial, na consolidação de memórias de longo prazo e do medo.

Partes do córtex pré-frontal também parecem estar envolvidas. Um estudo descobriu que uma região do córtex pré-frontal foi co-influenciadas por uma combinação de estado de humor e tarefa cognitiva, mas não por eles sozinho. Outro estudo descobriu que o córtex pré-frontal dorso lateral é mais ativo quando os participantes surpreenderam-se pelas respostas inesperadas.

Fonte: http://www.inec-usp.org/cursos/cursoIII/circuitaria_neuronial_ansiedade.htm

(Figura 6)

(33)

33

Atividades sentidas como agradáveis ativam mecanismos de recompensa e liberam dopamina e serotonina, neurotransmissores que alteram o meio ambiente interno, o estado das vísceras, o sistema muscular, a expressão facial, as emoções, os sentimentos e o comportamento. Dessa forma, a experiência de uma situação prazerosa gera reorganização corporal e comportamental.

Em síntese a emoção atua sobre a memória em todos os pontos de seu ciclo, na aquisição, consolidação e evocação.

(34)

34

CAPITULO III

A CAPACIDADE PLÁSTICA DO CÉREBRO E SUA RELAÇÃO COM A MEMÓRIA E APRENDIZAGEM

A maioria dos sistemas no cérebro é modificada com a experiência, o que significa que as sinapses envolvidas são alteradas por estímulos ambientais captados pela percepção sensorial.

As influencias deixadas pelo aprendizado e memorização são frutos dessas mudanças que ocorrem em nosso cérebro. A plasticidade, portanto, é uma condição necessária para a aprendizagem e uma propriedade intrínseca do cérebro ao longo da vida toda.

O cérebro é fisicamente alterado através do reforço, enfraquecimento e eliminação das conexões neurais existentes, e também através das novas conexões. O tipo de aprendizagem determinará o grau de modificação cerebral, e quanto maior o tempo do processo de aprendizagem, maiores e mais profundas alterações ocorrerão.

3.1- A capacidade plástica do cérebro e o papel da aprendizagem

O cérebro pode aprender e permanecer produtivo e criativo durante toda uma vida, devido a sua capacidade plástica. A plasticidade neural é a capacidade do cérebro em desenvolver novas conexões sinápticas entre os

(35)

35

neurônios a partir da experiência e do comportamento do indivíduo. Através da plasticidade, novos comportamentos são aprendidos e o desenvolvimento humano torna-se um ato contínuo. A cada nova experiência, o ser humano pode aprender e reaprender, adaptar e modificar informações conforme as funções de regeneração das células nervosas e de suas inúmeras conexões entre os neurônios. Esse fenômeno parte do princípio de que o cérebro não é imutável, uma vez que a plasticidade neural permite que uma determinada função do Sistema Nervoso Central (SNC) possa ser desenvolvida em outro local do cérebro como resultado da aprendizagem e do treinamento.

As atividades dos neurônios geram um mundo interno que se adapta e se modifica à medida que interagem com o meio ambiente, tendo os sentidos como elo de comunicação. A cada nova vivência e aprendizado, novas conexões neurais são acrescentadas. A plasticidade neural é natural e essencial para o aprendizado, para o desenvolvimento das funções neuropsicológicas e motoras do indivíduo.

“O conceito de plasticidade sináptica foi definido há mais de um século pelo fisiologista Charles Sherrington e é uma propriedade essencial do desenvolvimento e uma das principais funções cerebrais. Em concordância com o conceito de plasticidade, LeDoux (2002) sustenta que o cérebro é muito sensível ao ambiente, e isso não é incompatível com um funcionamento possibilitado (mas não determinado) pelos genes. A experiência permite a aquisição de conhecimentos e de informações pelo SN provocando alterações anatômicas em diversos locais do encéfalo e essas alterações modificam a intensidade das conexões entre as células.

As modificações sinápticas não se restringem a algum período do desenvolvimento e ocorrem em todos os momentos em que há aprendizagem (Kandel, 2000). O cérebro adulto se adapta

(36)

36

constantemente aos estímulos e essa plasticidade não se manifesta apenas em comportamentos de aprendizagem e memória que indicam a base biológica da individualidade.

Essas mudanças dinâmicas são visíveis no processamento do SN e podem ser estudadas de forma mais consistente no principal local que envolve a troca de informações no cérebro:

a sinapse.”( ANDRÉ LUIZ MONÉZI ANDRADE. Psicol. Reflex.

Crit. vol.22 no.1 Porto Alegre 2009).

Pode-se definir plasticidade cerebral como uma capacidade adaptativa do sistema nervoso central, para modificar sua estrutura e funcionamento, através de suas conexões neurais (figura 7).

Fonte: http://neurociencia-educacao.pbworks.com/w/page/9051885/Sinapse

(FIGURA 7)

(37)

37

“Uma maneira de se entenderem os processos de plasticidade é por meio da teoria proposta por Hebb. Segundo o autor, quando um axônio de uma célula A está próximo o suficiente para excitar uma célula B, e esta excitação se mantém de maneira persistente por meio de potenciais de longa duração (LTP), acontece um processo de crescimento ou alterações metabólicas em uma ou em ambas as células, o que acaba por aumentar a eficiência das sinapses.

Para que o LTP ocorra, é necessário que um neurônio receba estimulações elétricas mais fortes que o comum como forma de aumentar o tamanho dos potenciais de campo na célula. Esse aumento da carga elétrica na célula faz com que esta envie estímulos mais fortes para as outras e assim sucessivamente.

O glutamato é um neurotransmissor que desempenha um papel-chave na plasticidade neural. Ele age sobre dois tipos de receptores, NMDA e AMPA. Os receptores AMPA são mediadores das respostas produzidas quando o glutamato é liberado de uma membrana pré-sináptica, ao passo que os receptores NMDA permanecem com seus canais bloqueados.

Quando existe uma estimulação elétrica mais forte, ela acaba por abrir os canais do receptor

NMDA. Esta abertura permite um influxo de íons de Ca 2+ no neurônio pós-sináptico, iniciando uma cascata de eventos bioquímicos em que esta célula nervosa gera estímulos mais intensos para outras.

Esta série de eventos intracelulares pode durar de horas a dias e possui funções importantes nos processos da memória e aprendizagem. (Angela Donato Oliva; Gisele P. Dias; Ricardo A. M. Reis, Psicol. Reflex. Crit. vol.22 no.1 Porto Alegre 2009).

(38)

38

3.2 - A capacidade plástica do cérebro e o papel da memória

Sem memória não há aprendizagem, ou seja, aprendizagem e memória estão intimamente ligadas. A memória é construída pela aprendizagem, e os benefícios da aprendizagem consequentemente persistem através da memória.

Estes dois processos têm profunda inter-relação, assim a memória está sujeita aos mesmos fatores que influenciam a aprendizagem.

Uma das definições correntes indica que a aprendizagem é a modificação do comportamento, como resultado da experiência ou aquisição de novos conhecimentos acerca do meio, e a memória é a retenção deste conhecimento por um tempo determinado.

Neste fenômeno as células dentro do sistema nervoso central se comunicam entre si durante o aprendizado. Os neurônios são responsáveis em última instância, por permitirem o aprendizado e a memória, realizam essa tarefa.

Os profissionais da educação devem, portanto provocar a estimulação cerebral de seus educandos utilizando várias estratégias no processo ensino- aprendizagem, pois o cérebro é plástico, ou seja, ele é capaz de mudar seu desempenho e suas estratégias como resultado de estímulos externos.

(39)

39

CONCLUSÃO

A memória é uma função do sistema nervoso de extrema complexidade, e como vimos diferentes áreas cerebrais processam diferentes tipos de memória. Neste trabalho analisamos estas diferentes áreas e o processo de consolidação e a atuação do educador.

Outro ponto importante foi a analise da influência do nível de ansiedade e do estado de ânimo na formação das memórias. Pois a emoção modula constantemente a forma como os dados e os acontecimentos são armazenados na memória, o que interfere significativamente no processo de aprendizagem.

Foi abordada ainda a relação da memória com a plasticidade cerebral e aprendizagem. Constatamos que a aprendizagem pode acontecer a qualquer idade, sendo importante a estimulação deste cérebro.

Portanto, esta obra não esgota o tema exposto, sendo necessária ainda a realização de muitas pesquisas neurocientíficas nesta área.

(40)

40

BIBLIOGRAFIA

ALBUQUERQUE, Fabíola da Silva; SILVA, Regina Helena. A amígdala e a

tênue fronteira entre memória e emoção.

http://www.scielo.br/pdf/rprs/v31n3s0/v31n3a04s1.pdf

ANDRADE, André Luiz Monézi. A plasticidade neural e suas implicações nos

processos de memória e aprendizagem.

http://www.emersonalmeida.com.br/pesquisas/A%20plasticidade%20neural.pdf

BRAZ, J. Neurobiologia da aprendizagem e da memória. Revista Brasileira de

Pesquisas Médicas e

Biológicas(2000).http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/21168/00 0297752.pdf?sequence=1

DIAS, Gisele P; REIS, Ricardo AM. Plasticidade sináptica: Natureza e Cultura moldando o Self. Psicol. Reflex. Crit. 2009, vol.22, n.1. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 79722009000100017&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

GAZZANIGA, Machael S; IVRY Richard B e MANGUN, George R.

Neurociência cognitiva: a biologia da mente. Porto Alegre: Armed, 2006.

IZQUIERDO, Ivan. Memória. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.

(41)

41

LEDOUXM, Joseph E. Emoção, Memória e o cérebro . Revista Scientific American.http://www.methodus.com.br/_ambiente_aula/site/artigos/detalh es.asp?ID=263

LENT, Roberto. Neurociência da mente e do comportamento. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2008.

LOMBROSO, Paul. Aprendizado e Memória. Rev. Bras. Psiquiatr. São Paulo, v. 26, n. 3, setembro 2004. Disponível a partir do http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-

4462004000300011&lng=en&nrm=iso

MOREIRA, Carlos Alberto. Aprendizagem, memória & envelhecimento cerebral. http://cev.org.br/biblioteca/aprendizagem-memoria-envelhecimento- cerebral

PERGHER, Giovanni Kuckartz et al. Memória, humor e Emoção. Rev. psiquiatr. Rio D'us.Sul , Porto Alegre, v. 28, n. 1, abril 2006. http://www.wpcentrodepsicoterapia.com.br/userfiles_wp/pdfs/art_liv/Memoria- humor-e-emocao.pdf

PINTO, Amâncio da Costa. O impacto das emoções na memória: alguns

temas em análise. Disponível em:

http://www.fpce.up.pt/docentes/acpinto/artigos/11_memoria_e_emocoes.pdf

RELVAS, Marta Pires. Fundamentos biológicos da educação: despertando inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. Rio de janeiro:Wak Ed., 2007.

(42)

42

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 9 NEUROCIÊNCIA E MEMÓRIA 9

1.1 - Definição 12

1.2 - Definindo os diferentes tipos de memórias segundo o tempo de retenção 13

1.2.1- Memória Sensorial 14

1.2.2- Memória de Trabalho ou Operacional 16

1.2.3 - Memória de Curta Duração 18

1.2.4 - Memória de Longa Duração 19

1.3 - Diferenciando... 20

1.4 - Memórias Declarativas e Procedimentais 21

1.4.1- Memórias Declarativas 22

1.4.1.1- Memória Episódica e Semântica 22

1.4.2- Memórias Procedimentais 23

(43)

43

CAPÍTULO II 25

A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ANSIEDADE E DO ESTADO DE ÂNIMO NA FORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS 25

2.1 - Ansiedade e Estresse 26

2.2 - O Efeito do Humor 30

2.3 - Regiões do cérebro envolvidas na interação de memória de emoção 31

CAPÍTULO III 34

A CAPACIDADE PLÁSTICA DO CÉREBRO E SUA RELAÇÃO COM A MEMÓRIA E APRENDIZAGEM 34

3.1 - A capacidade plástica do cérebro e o papel da aprendizagem 34

3.2 - A capacidade plástica do cérebro e o papel da memória 38

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 42

ÍNDICE DE FIGURAS 44

(44)

44

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 - HIPOCAMPO E DO CÓRTEX ENTORRINAL 11

FIGURA 2 - HIPOCAMPO, CÓRTEX ENTORRINAL E O CÓRTEX PARIETAL 21

FIGURA 3 – CEREBRO E SUA DIVISÂO 27

FIGURA 4 - HIPOTALAMO E HIPÓFESE 28

FIGURA 5- HIPÓFISE 29

FIGURA 6 - CÓRTEX 32

FIGURA 7 - SINÁPSE 36

Referências

Documentos relacionados

Realize as atividades propostas durante o período da aula e, caso fique com alguma dúvida, encaminhe um e-mail para o seu professor.. ROTEIRO DE AULA –

Também apresento a contribuição do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) para a educação brasileira. No terceiro capítulo, Caminhos da Investigação: a Escuta das

Para o funcionamento desta opção, seleccione com o botão esquerdo do rato o nome do compartimento que deseja mover e prima sobre o compartimento não definido ou

Avaliação Crítica dos Resultados Alcançados e do Desempenho da Unidade Jurisdicionada Da análise dos números absolutos apresentados pela FHE, pode-se concluir que a

Principais iniciativas do governo federal Acesso à Alimentação Desenvolvimento Agrário Geração de Trabalho e Renda Crianças Adolescentes e Jovens Idosos e Pessoas com

Estou ciente e de acordo, firmo a presente dos ítens acima que recebi todas as explicações e li toda a proposta por inteiro e estou indo pela própria espontânea vontade, sem

Suporte para USB Power Delivery 2.0 para carregar até 60 W (necessário transformador USB-C PD adicional) Suporta resoluções 4K - até 3840 x 2160 a 30 Hz. Suporte para modo Samsung

Não são as roupas elegantes que determinam a qualidade de vida de uma pessoa, muito menos os bens materiais, o sorriso no rosto pode ser falso, a história pode ser uma mentira, o