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A INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ANSIEDADE E DO ESTADO DE ÂNIMO NA FORMAÇÃO DAS MEMÓRIAS

Os estados de animo, as emoções, ansiedade e o estresse estão intimamente relacionados com as memórias. “Um aluno estressado ou um pouco alerta não forma corretamente memórias em uma sala de aula. Um aluno que é submetido a um nível alto de ansiedade, depois, de uma aula, pode esquecer aquilo que aprendeu. Um aluno estressado, na hora da evocação (em uma prova, por exemplo), apresenta dificuldades para evocar (o famoso “branco”); outro que, pelo contrário, estiver bem alerta, conseguirá fazê-lo muito bem.” (IZQUIERDO, 2002, P.63).

A emoção também faz parte do processo criativo, pois a grande força motora da Criatividade é a imaginação (manipulação de imagens: visuais, auditivas, táteis ou olfativas), que depende das imagens captadas pelo sujeito em um determinado momento, assim como das informações que foram gravadas nos circuitos nervosos, onde, com ajuda da emoção, foram organizadas em determinadas categorias. Um grande artista ou inventor é alguém que consegue usar a emoção para manipular essas imagens visuais, auditivas, táteis ou olfativas de modo muito rico.

Outro fator considerável quanto às emoções são as que são despertadas através dos encontros. Ao encontrar alguma pessoa a memória é revivida de forma positiva no aspecto cognitivo (saber quem é a pessoa) e emocional

(saber se é alguém de quem se gosta). Portanto, não há memória ou tomada

dedecisãosememoção.

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2.1 - Ansiedade e Estresse

Os eventos emocionalmente carregados são lembrados com maior facilidade que os sem um significado emocional. As memórias são tratadas de forma diferente dependendo do que ela estiver associada (emoções agradáveis, desagradáveis e outros fatores individuais). As emoções agradáveis são geralmente lembradas melhor do que os desagradáveis. As lembranças positivas contêm mais detalhes contextuais, que por sua vez, ajudam a memória.

“A modulação da aquisição e das fases iniciais da consolidação ocorre basicamente ao mesmo tempo, e é difícil distinguir uma da outra. Ela envolve dois aspectos: 1) distingue as memórias com maior carga emocional das demais e faz com que as primeiras sejam mais bem gravadas; 2) em determinadas circunstancias, acrescenta informação neuro-humoral ou hormonal ao conteúdo das memórias.

O núcleo-chave na modulação das fases iniciais da consolidação e a região basolateral do núcleo amigdalino ou amígdala (Figura 1). Essa estrutura envia fibras ao córtex entorrinal e diretamente ao hipocampo, através das quais processa seu papel modulador. A amígdala basolateral responde a numerosos estímulos periféricos tanto sensoriais como hormonais e vegetativos. As vias correspondentes atingem essa estrutura através de sinapses no córtex entorrinal (McGinty, 1999). O cótex entorrinal pode, assim, ser visto como um grande “filtro” e processador intermediário de informação que é dirigida: a) ao hipocampo para seu processamento em termos de consolidação de memória de curta ou longa duração, e/ou de evocação; b) a amígdala basolateral para sua analise em termos de nível de alerta ou de emoção.” (IZQUIERDO, 2002, P.64)

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Fonte:http://www.blog-medico.com.ar/

(Figura 3)

A ansiedade e o estresse causam a liberação dos chamados hormônios do estresse, o adrenocortrófico (ACTH), glucocorticódes, adrenalina, vasopressina e da ocitocina, que afetam a consolidação da memória. Como foi abordado nesta monografia o estresse e ansiedade não combinam com um ambiente saudável e favorável a aprendizagem. Algumas práticas precisam ser revistas tanto pelos pais como pelos educadores, visto que um ambiente onde o professor utiliza a prova como instrumento de ameaça e medo, não corrobora com o processo de consolidação deste conteúdo. Ou quando os pais sobrecarregam seus filhos de atividades, para torná-los “mais preparados”. Importa ressaltar que pais e educadores devem favorecer a criação de um ambiente livre de ameaças e do excesso de pressões.

“o alerta, a ansiedade e o estresse causam a liberação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise anterior (Figura 4 e 5), de glucocorticóides pelo córtex da supra-renal, de adrenalina pela medula da supra-renal e de vasopressina pela

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hipófise posterior. O nível sanguíneo destas substancia correlaciona-se com o estado do sujeito. Assim, aumenta à medida que o alerta aumenta e se confunde já com um grau moderado de ansiedade, continua aumentando à medida que a ansiedade cresce, até o ponto de se confundir com o estresse, e aumenta ainda mais à medida que o estresse se intensifica. O efeito de todas essas substâncias na aquisição ou na fase inicial da consolidação (primeiros 5-10 minutos) é aumentá-la até certo nível, e a partir deste, quando a ansiedade é intensa e começa o que poderíamos denominar estresse, o de diminuir a consolidação.

(....) a ocitocina, hormônio da hipófise posterior, como a vasopressina, e de estrutura química similar a esta. A ocitocina é o principal hormônio do parto e age sobre o útero, mas também afeta direta e indiretamente neurônios da amígdala, provocando sua inibição e tendo, em conseqüência, um efeito amnésico.” (IZQUIERDO, 2002, P. 64 e 66).

Fonte: http://marcotuliosette.site.med.br/index.asp?PageName=Tumores-20da-20Hip-F3fise

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Fonte: http://marcotuliosette.site.med.br/index.asp?PageName=Tumores-20da-20Hip-F3fise

(Figura 5)

A emoção também afeta na codificação da memória de trabalho. Estudos mostram que medos e preocupações diminuem a capacidade disponível para processamento. Constataram também que as pessoas mais ansiosas têm problemas de memória de trabalho quando fazem matemática.

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2.2 - O Efeito do Humor

Outro aspecto ligado a emoção é o humor. É possível lembrar mais facilmente quando o humor coincide com o humor que é sentido quando se tem contato com a aprendizagem da informação. Importa destacar que quanto mais forte as emoções despertadas, maior será o efeito sobre a memória.

“Na codificação congruente com o humor, a informação é aprendida de forma mais eficaz devido a sua valência afetiva, que

é consistente com o estado de humor do indivíduo no momento

da aprendizagem. Em dois experimentos desse tipo,

participantes foram primeiramente induzidos a um determinado estado de humor através de métodos como hipnose ou através da escuta de músicas carregadas afetivamente. Esse procedimento era seguido por uma etapa de aprendizagem, onde os participantes tinham a tarefa de memorizar listas de palavras tristes ou alegres. Em um momento posterior, quando os indivíduos já se encontravam em um estado de humor eutímico, foram testadas suas memórias para os materiais aprendidos. Em ambos os experimentos, observou-se um aumento significativo nos índices de recordação em condições de codificação congruente com o humor (por exemplo, palavras tristes quando o humor induzido era de tristeza), em relação às condições de incongruência com o humor (por exemplo, palavras alegres quando o humor induzido era de tristeza).

Segundo Forgas, a explicação para resultados, como os acima descritos, está no fato de que os indivíduos que se encontram em um estado particular de humor geram mais associações para as informações que vão ao encontro desse humor, codificando-as mais eficazmente. Corroborando com essa hipótese, estão os achados de que participantes alegres ou tristes passam um tempo maior estudando materiais que são congruentes com seus

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humores e menos tempo com materiais incongruentes” (GIOVANNI KUCKARTZ PERGHER; RODRIGO GRASSI-OLIVEIRA; LUCIANA MOREIRA DE ÁVILA; LILIAN MILNITSKY

STEIN, Rev. Psiquiatria. Rio Rd. Sul vol.28 no.1 Porto

Alegre Jan./Apr. 2006).

2.3 - Regiões do cérebro envolvidas na interação de memória da emoção

Dentro do cérebro há diversas estruturas com várias funções e muitas dessas áreas trabalham em conjunto para realizar tarefas, ajudando inclusive a aprender e a lembrar.

O hipocampo desempenha um papel fundamental em relação à memória. Localiza-se próximo a amígdala, que processa a emoção e ele, hipocampo, processa a informação factual que chega ao cérebro. O mesmo também se comunica com o sistema de ativação reticular, podendo comparar a informação com o passado e supervisionar os eventos, novos ou habituais.

A amígdala é uma região do cérebro mais fortemente implicada na memória emocional. Ela processa a emoção, filtrando-a e catalogando-a para um futuro. Ela está envolvida no significado emocional dos acontecimentos, e, através de sua ligação com as regiões do cérebro lidar com as experiências sensoriais, também parece ser responsável pela influência da emoção sobre a percepção, alertando a perceber os eventos emocionalmente significativos, mesmo quando a pessoa não está prestando atenção.

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Outro envolvido nesta interação é o cerebelo, mais fortemente associada

com habilidades de coordenação motora, também pode estar envolvidos na lembrança de emoções fortes, em especial, na consolidação de memórias de longo prazo e do medo.

Partes do córtex pré-frontal também parecem estar envolvidas. Um estudo descobriu que uma região do córtex pré-frontal foi co-influenciadas por uma combinação de estado de humor e tarefa cognitiva, mas não por eles sozinho. Outro estudo descobriu que o córtex pré-frontal dorso lateral é mais ativo quando os participantes surpreenderam-se pelas respostas inesperadas.

Fonte:http://www.inec-usp.org/cursos/cursoIII/circuitaria_neuronial_ansiedade.htm

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Atividades sentidas como agradáveis ativam mecanismos de recompensa e liberam dopamina e serotonina, neurotransmissores que alteram o meio ambiente interno, o estado das vísceras, o sistema muscular, a expressão facial, as emoções, os sentimentos e o comportamento. Dessa forma, a experiência de uma situação prazerosa gera reorganização corporal e comportamental.

Em síntese a emoção atua sobre a memória em todos os pontos de seu ciclo, na aquisição, consolidação e evocação.

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CAPITULO III

A CAPACIDADE PLÁSTICA DO CÉREBRO E SUA

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