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No Brasil, a maior parte da capacidade instalada é composta por usinas hidrelétricas, distribuídas em 12 bacias hidrográficas, nas diferentes regiões do país, construídas em locais em que o aproveitamento das afluências e dos desníveis dos rios é maximizado e, na maioria das vezes, em locais distantes dos centros consumidores. Isso exigiu o desenvolvimento de um sistema de transmissão, denominado Sistema In- terligado Nacional — SIN, que permite transportar, com segurança, a energia produzida até os centros de consumo e, por meio de interligações, possibilitam a troca de energia entre regiões, aproveitando ao máximo os benefícios proporcionados pela diversidade de comportamento das vazões entre os rios de diferentes bacias hidrográficas.

Desde o início da década de 70, o sistema eletroenergético brasileiro é ope- rado por meio de uma associação simultânea dos vários agentes envolvidos no processo de geração e transmissão, que contribuem para uma ação de forma coordenada, visando obter ganhos sinérgicos a partir da interação entre esses agentes. Para o ONS (2003), tal operação coordenada visa minimizar os custos globais de produção de energia elé- trica, contemplando restrições intra e extra-setoriais e aumentando a confiabilidade do atendimento.

Até 1999, o sistema de transmissão era composto por dois grandes sistemas que transportavam a energia elétrica das regiões geradoras até os pontos de carga. Um sistema atendia as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e o outro a Região Nordeste e parte da Região Norte. A partir de então, entrou em operação uma linha de transmissão com capacidade de 1000MW que interligou os dois sistemas dando origem ao Sistema Interligado Nacional - SIN, proporcionando a integração eletroenergética no país.

A operação centralizada do SIN está fundamentada na interdependência ope- rativa entre as usinas, na interconexão dos sistemas elétricos e na integração dos recursos de geração e transmissão no atendimento ao mercado. Essa interdependência operativa é causada pelo aproveitamento conjunto dos recursos hidrelétricos, através da construção e da operação de usinas e reservatórios localizados em cascata, em várias bacias hidro- gráficas. Conseqüentemente, a operação de uma determinada usina à jusante depende das vazões liberadas à montante, que podem pertencer a mesma ou a outras empresas (ONS, 2003). Por meio do esforço coordenado, o SIN permite ao ONS despachar a energia de uma usina em que o reservatório esteja vertendo água e economizar a água de outras em que não há vertimento.

tava menos de 10% da capacidade instalada, sendo despachada com maior intensidade em períodos de condições hidrológicas desfavoráveis. Segundo o ONS (2003), a par- ticipação complementar das usinas térmicas no atendimento do mercado consumidor exige interconexão e integração entre os agentes e a utilização dos recursos de geração e transmissão dos sistemas interligados. Desse modo, as usinas térmicas contribuem para o atendimento ao mercado como um todo, e não apenas aos consumidores da empresa proprietária, permitindo reduzir os custos operativos, minimizando a produção térmica e o consumo de combustíveis sempre que houver superávits hidrelétricos em outros pontos do sistema.

O Sistema Interligado Nacional é composto por empresas instaladas nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte e, segundo o ONS (2003), até o final de 2002, apenas 3,4% da capacidade de produção de eletricidade do país não estava associada ao SIN. Essa parcela pertence a pequenos sistemas isolados, localizados principalmente na região amazônica.

A partir de 1998, com a entrada em operação de 14.590 km de linhas de transmissão previstas para o período, houve um aumento na capacidade de transmissão entre as Regiões, passando de aproximadamente 66.000 km de linhas de transmissão para 80.000 km. Além disso, foram reduzidas as restrições internas aos subsistemas, notadamente no Sul, como aquelas que impediriam a utilização plena das interligações inter-regionais durante o período de racionamento de energia em 2001. Até 2006, está prevista a entrada em operação de mais 5.803 km de linhas de transmissão já autorizadas e concedidas (ANEEL, 2004). Segundo projeções feitas pelo MME (2005), em 2012, o SIN deverá ser composto por aproximadamente 120.000 km de linhas de transmissão, contribuindo para a expansão e reforço do sistema. A figura 5.1 apresenta dados anuais referentes à entrada em operação dessas linhas, bem como a previsão de entrada para os próximos anos até final de 2006.

Segundo o ONS (2003), as restrições de transmissão, que podem afetar o desempenho esperado do sistema, podem ser descritas conforme o seguinte critério:

a) Restrições de gravidade 1 — é o grupo em que as restrições estão relacionadas às situações com probabilidade de cortes de carga em condições normais de operação, devido à falta de recursos para o controle de tensão ou sobrecarga em linhas de transmissão e equipamentos;

b) Restrições de gravidade 2 — restrições que englobam as situações em que há pro- babilidade de cortes de carga, devido à subtensão ou à sobrecarga, quando são

867 3077 2080 1150 2437 4979 2757 1278 1768 800 1600 2400 3200 4000 4800 5600 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06

Linhas de transmiss ão em Km, que entraram em operação no período 1998 – 2003. Linhas de transmiss ão em Km, previstas para entrar em operação até 2006.

Figura 5.1: Linhas de transmissão, em km, que entraram em operação, e, que deverão entrar, no período 1998 - 2006. Figura elaborada por CARELLI, E. (2004). Fonte: ONS (2004)

consideradas contingências simples;

c) Restrições de gravidade 3 — este grupo compreende as situações em que há redução de confiabilidade, ou seja, são eventos em que é necessária a alteração da topologia da rede, como, por exemplo, a abertura de linhas de transmissão para controle de tensão, o que fragiliza a confiabilidade do SIN para emergências múltiplas;

d) Restrições de gravidade 4 — compreendem as situações que implicam em geração térmica para controle de tensão ou alívio de sobrecarga em instalações;

e) Restrições de gravidade 5 — neste grupo, estão listadas aquelas situações que re- sultam e prejudicam o processo de otimização da operação do SIN, seja em função das restrições aos intercâmbios entre Regiões ou devido a limitações ao despacho de usinas;

Os três primeiros grupos dizem mais respeito à segurança da rede, enquanto os dois últimos referem-se diretamente à otimização energética, com possível conseqüên- cia na modicidade tarifária. A referência para caracterização dos problemas é a disponi-

bilidade, ou não, da solução estrutural. Outro ponto importante, segundo o ONS (2003), é a identificação das regiões e dos locais que apresentam tais restrições permitindo, desse modo, uma política de gerenciamento dos recursos destinados ao programa.