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5.4 Capacidade de geração

5.4.2 Limites na capacidade de geração e comercialização

Em função do contínuo ingresso de novos agentes econômicos no setor de energia elétrica, propiciado pela desregulamentação em decorrência dos processos de desverticalização e privatização de empresas de energia elétrica, da licitação de novas concessões para o aproveitamento de potencial hidráulico e das autorizações para no- vas usinas térmicas e pequenas centrais hidrelétricas, havia o risco de concentração do mercado e formação de monopólio .

Para evitar monopólio por algum grupo e com o objetivo de propiciar con- corrência efetiva entre os agentes e impedir a concentração econômica nos serviços e atividades de energia elétrica, a ANEEL, por meio da Resolução no278/00, estabeleceu

restrições para empresas do setor, grupos empresariais e acionistas, quanto à obtenção e transferência de concessões, permissões e autorizações, à concentração societária e à realização de negócios entre si, e fixou limites à participação dos agentes econômicos no mercado; por meio da Resolução no 94, de 30 de março de 1998, que, dois anos

depois, foi alterada pela Resolução no 278, de 19 de julho de 2000. A primeira versão tratava apenas dos critérios para concessionárias de geração e distribuição nos mercados nacional e regional. Na reformulação, também foram estabelecidos os limites para os agentes de comercialização.

A Lei no10.848 restringe ainda mais a verticalização, pois proíbe as conces- sionárias, permissionárias e autorizadas de serviço público de distribuição de energia elétrica, que atuem no Sistema Interligado Nacional no desenvolvimento de atividades de geração e transmissão de energia elétrica por uma mesma empresa.

Por meio da Resolução no278, de 19 de julho de 2000, a ANEEL estabelece os

limites e condições para participação dos agentes econômicos nas atividades de geração do setor de energia elétrica brasileiro conforme a tabela 5.6.

Ainda, segundo esta Resolução, em relação à capacidade instalada, será ad- mitida participação superior aos limites estabelecidos, quando corresponder à potência instalada em uma única usina de geração de energia elétrica. Em relação à distribuição, será admitida participação superior aos limites estabelecidos, quando decorrer somente de crescimento do montante de energia distribuída a taxas superiores às médias nacional ou regional.

Tabela 5.6: limites nas nas atividades do setor de energia elétrica brasileiro

Modalidade Nacionais S SE CO N/N E

Capacidade de geração instalada 20% 25% 25% 35% 35%

Comercialização final 20%

Comercialização intermediária 20%

Soma da porcentagem de comerciali- zação final com a porcentagem de comercialização intermediária

25% − − − −

Tabela elaborada por CARELLI, E. (2004). Fonte: ANEEL (2004)

Como forma de indicativo, o agente econômico que não se enquadre nos limites estabelecidos, não poderá adquirir novas participações em controles societários ou ativos de empresas do setor de energia elétrica que venham a ampliar seu percentual de participação na capacidade instalada, energia distribuída, comercialização final ou comercialização intermediária.

No mesmo sentido, no âmbito do sistema interligado nacional, uma empresa concessionária ou permissionária de distribuição somente poderá adquirir energia elé- trica de empresas a ela vinculadas, ou destinar energia por ela mesma produzida para atendimento de seus consumidores cativos até o limite de 30% (trinta por cento) da ener- gia comercializada com esses consumidores2. Tal norma não se aplica aos montantes de

energia associados aos contratos iniciais, bem como à energia proveniente de pequenas centrais hidrelétricas, de fontes alternativas de geração e de centrais cogeradoras quali- ficadas, assim definidas pela ANEEL. Esta norma também não é aplicada às concessio- nárias e permissionárias de distribuição com energia distribuída até 300 GWh/ano até 2012, e ao montante de energia elétrica produzido por usinas termelétricas que iniciem sua operação em 2001 ou 2002.

Em julho de 2003, segundo dados da ANEEL (2004), a participação no mer- cado de geração pode ser descrita conforme a tabela 5.7.

Como pode ser observado na tabela 5.7, apenas 15 empresas geradoras são responsáveis pela produção de 81, 59% de toda a energia elétrica gerada no Brasil, sendo que três delas, CESP, ELETRONORTE e CHESF, atendem em torno de 35% do mer- cado. Já, em termos regionais, percebe-se um mercado desconcentrado nas regiões

2Com a obrigatoriedade da desverticalização imposta pela Lei no 10.848/04, a possibilidade de auto-

Tabela 5.7: Participação dos geradores no mercado de energia elétrica em que a partici- pação nacional e regional em MW é maior do que um por cento

Concessionárias Sistema Nacional Sistema S/SE/CO Sistema N/NE CEEE 1, 1797% 1, 6637% 0, 0% LIGHT 1, 1269% 1, 5893% 0, 0% EMAE 1, 6576% 2, 3378% 0, 0%

Duke .E. I. G. Pnema S/A. 2, 6533% 3, 7419% 0, 0%

ELETRONUCLEAR 2, 3909% 3, 3718% 0, 0%

AES TIETÊ S/A. 3, 1587% 4, 4547% 0, 0%

SEMES 4, 6211% 6, 5172% 0, 0% CPFL 4, 9847% 7, 0300% 0, 0% COPEL 5, 5966% 7, 8929% 0, 0% CEMIG 6, 5562% 9, 24615 0, 0% FURNAS 6, 9476% 9, 7982% 0, 0% TRACTEBEL 7, 1525% 10, 0871% 0, 0% CESP 9, 4578% 13, 3383% 0, 0% ELETRONORTE 11, 4025% 0, 0000% 39, 1928% CHESF 12, 7013% 0, 0000% 46, 57% Participação no mercado desses 15 agentes 81, 59% 81, 07% 82, 85% Participação no mercado

dos outros 74 agentes 7, 45% 6, 23% 10, 42% Participação no mercado

dos 89 agentes 89, 03% 87, 3% 93, 27%

S/SE/CO e concentrado em duas empresas nas regiões N/NO. Enquanto que, em termos nacionais e nas regiões S/SE/CO, nenhuma empresa excede o limite estabelecido pela Resolução 278/2000 da ANEEL, na região N/NO, as duas maiores empresas geradoras excedem o limite de 35% de capacidade. Outro ponto relevante é que as empresas gera- doras ELETRONUCLEAR, FURNAS, ELETRONORTE e CHESF, com participação de aproximadamente 33% na geração e, portanto, acima do limite de 20% estabelecido pela Resolução 278/2000, são de propriedade do Governo Federal.

Quanto ao monopólio regional, apenas na região N/NO, a ELETRONORTE e a CHESF, com participações no mercado regional respectivamente iguais a 39, 19% e 43, 66% conforme a tabela 5.7, têm produção acima dos limites estabelecidos pela Resolução 278/2000 da ANEEL. Essas empresas ainda são verticalizadas, sendo que a ELETRONORTE é proprietária de 24, 59% das linhas de transmissão regional e a CHESF de 11, 26%. Nas regiões S/SE/CO, a empresa que detém a maior fatia de mercado é a CESP, com 13, 34% do mercado regional3.