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Capital Humano

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4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.3 PONTOS CRÍTICOS DOS PROCESSOS DE EMISSÃO DE CCU E DE

4.3.7 Capital Humano

Como em todas as organizações, o capital humano também é componente essencial para o desenvolvimento dos processos do INCRA/SR(03). Conforme ilustrado na Figura 17, identificou-se que a quantidade insuficiente de servidores em alguns setores e falta de treinamento prejudicam a realização dos processos investigados.

Figura 17 – Dificuldades relacionadas ao Capital Humano

No que se refere à quantidade insuficiente de servidores, a partir das entrevistas realizadas, essa dificuldade pôde ser percebida em dois setores do INCRA/SR(03): Serviço de Cartografia e no Serviço de Cadastro Rural. Nesses setores são executadas atividades de fundamental importância para a emissão de TD, uma vez que viabilizam informações acerca do parcelamento dos lotes. Entretanto, por falta de pessoal, acabam sendo realizadas de forma mais lenta porque esses setores têm uma grande demanda de trabalho em comparação ao corpo funcional disponível. Como explicam E12 e E5:

A dificuldade maior realmente é a questão de poder colocar equipes em campo para executar (serviço de cartografia). Porque a gente tem muita coisa parcelada, assim, das décadas de 90/2000, e até meados de 2000, que foram feitas e recebidas pelo INCRA, dentro dos contratos e convênios da época, mas que hoje não atende os normativos atuais. Aí a gente tem que colocar equipe em campo para readequar esses trabalhos. Então, realmente a dificuldade maior é essa, porque temos pouca gente [...] Só são três servidores qualificados no setor em condições de trabalhar com o SIGEF e fazer esse trabalho. Agora chegou mais uma pessoa, então próximo ano vai estar um pouco melhor. [...] A gente precisa de mais servidores especializados na área. O ideal é que tenha uma formação específica para trabalhar com análise, georreferenciamento e vai fazer lançamento no SIGEF, tem que ser credenciado. (E12)

A dificuldade seria mais a quantidade de servidores. O setor de cadastro tem várias atribuições [...], não apenas as relacionadas à titulação. Aliás, essa atividade era quase inexistente, está tendo mais agora. [...] Mas são muitas outras atividades que temos que fazer [...] É uma demanda grande para a quantidade de servidores e alguns vão aposentar próximo ano. Se fosse só para o título, daria conta. (E5) Diante da fala dos entrevistados, é possível inferir que essa carência de servidores também decorre da exigência de profissionais especializados e capacitados na área. Ela acarreta lentidão e atrasos na entrega dos trabalhos, dentre eles os materiais técnicos com informações necessárias à emissão de títulos, tornando os processos mais ineficientes. Dessa forma, esse pode ser um dos motivos para que a Superintendência não esteja conseguindo cumprir a meta de emissão de TD.

Para suprir essa dificuldade, no caso do Serviço de Cartografia, uma possibilidade seria contratar uma empresa para realizar os trabalhos de georreferenciamento em imóveis rurais da reforma agrária que precisam ser demarcados e parcelados, conforme as normas atualizadas. Segundo E12, “o ideal seria partir para um grande contrato, que é o que a gente já está em vistas de montar um termo de referência, para tentar parcelar mais massivamente.[...] Seria um contrato de uma empresa para executar os serviços de georreferenciamento. A gente fiscalizaria e a empresa executaria a demarcação”.

Já no caso do Serviço de Cadastro, a necessidade é realmente de mais servidores para atender a demanda de trabalhos. De acordo com os entrevistados, a forma de solucionar esse

problema seria realocando servidores de outros setores, ou por meio de remoção de servidores provenientes de outras regionais, ou através da realização de concurso externo pela autarquia.

Diante do exposto, pôde-se perceber que a falta de servidores em alguns setores específicos têm um efeito prejudicial ao andamento dos processos estudados. Ainda com relação às pessoas que compõem a organização, outro fator que influencia esses processos são a falta de treinamento de alguns desses servidores.

Apesar de não ter sido previamente estabelecida no projeto de pesquisa, a subcategoria falta de treinamento emergiu a partir da análise dos dados. De acordo com os respondentes, essa falta de treinamento acarreta dúvidas e insegurança. A quantidade de dúvidas que surge para executar as atividades em virtude da falta de treinamento é enfatizada por E10 ao afirmar: “[...] a gente tem que ficar ligando direto para Brasília (Sede do INCRA) para tirar dúvidas relativamente simples que poderiam ser solucionadas se tivéssemos uma capacitação [...]”. Sob esse contexto, E1 ressalta o empenho dos servidores que executam essas atividades:

[...] A gente, pelo profissionalismo, acaba indo estudar, se aprofundar sozinho e aprende... Não porque o INCRA deu condição ou capacitou, mas por ser um bom profissional e porque veste a camisa do órgão. [...] O máximo que acontece é chegar o pessoal de Brasília (INCRA/SEDE) e ensina mais ou menos como é. Mas uma capacitação onde você saiba fazer tudo do jeito que eles querem, a gente nunca teve. Não houve um treinamento acerca da norma, nada disso para gente. (E1)

Essa conjuntura de falta de capacitação também gera insegurança nos servidores e fazem eles se sentirem desamparados. Essa visão pode ser corroborada pela fala de E3:

Eu nunca tive uma capacitação aqui nesse setor e isso dificulta muito, porque você não sabe, não conhece o trabalho... Uma coisa é eu ler sobre, outra coisa é eu fazer... Como eu vou fazer, como é o processamento? Gera insegurança na gente. No momento que você está fazendo, você começa a se perguntar se está certo, se é aquilo mesmo, por insegurança. (E3)

A falta desse tipo de treinamento mencionado por E3 pode gerar um maior tempo de resposta quanto ao desenvolvimento de atividades do servidor, os erros evitáveis podem se tornar uma constante e, por consequência, a repetição de tarefas. Dessa forma, essa situação, provavelmente, gera lentidão e ineficiência, porque o servidor, por receio de recair no erro, procura refletir e ponderar mais para executar uma tarefa que muitas vezes é simples, em virtude da falta de capacitação. É possível inferir, portanto, que a falta de treinamento profissional é um dos fatores que prejudicam o fluxo desses processos.

No entanto, de acordo com E8, esse cenário não foi sempre assim: “Antes nós tínhamos mais capacitações, encontros em Brasília (Sede do INCRA) ou em outras Superintendências com colegas de outras unidades do INCRA para discutir, aprender e trocar

experiências. Mas, há anos não temos mais essas oportunidades”. Esse contexto atual, supõem os entrevistados, relaciona-se com a questão orçamentária, tema da próxima subseção deste trabalho.

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