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Obrigatoriedades e atividades referentes à emissão de TD

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4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 MAPEAMENTO DOS PROCESSOS DE EMISSÃO DE CCU E DE

4.1.2 Obrigatoriedades e atividades referentes à emissão de TD

No que tange à emissão do TD, identificou-se que ele pode ser outorgado ao beneficiário se atendidas algumas condições previstas na Instrução Normativa nº 30/2006, dentre elas o prazo mínimo de cinco anos da emissão do CCU. A legislação atual (Lei nº8629/1993 atualizada e Decreto nº 9311/2018), contudo, não menciona esse prazo mínimo. Ademais, o beneficiário deve estar com o cadastro atualizado, ter cumprido todas as cláusulas do CCU, a área do projeto de assentamento deve estar matriculada, registrada ou transcrita em nome do INCRA ou da União, além dos lotes individuais demarcados e georreferenciados (INCRA, 2016; BRASIL, 2018).

Ainda sobre a emissão do TD, segundo o Regimento Interno do INCRA atualizado, publicado em março de 2018, a autorização para emissão do documento é realizada pela Divisão de Desenvolvimento de cada SR. Já a emissão propriamente dita é de responsabilidade da Divisão de Consolidação de Assentamentos, órgão seccional localizado na sede da autarquia (INCRA, 2018).

No que se refere ao mapeamento do processo de emissão de TD, cabe informar que a autarquia elaborou um fluxograma e dispôs no anexo V da IN nº 30/2006 nomeado “Fluxo Operacional da titulação definitiva em projetos de assentamento” (Figura 6).

Figura 6 – Fluxo Operacional da titulação definitiva em projetos de assentamento

Fonte: Adaptada de INCRA (2006).

É possível notar que a Figura 6 apresenta um gráfico relativo ao processo de emissão do TD, porém é muito antigo, data de mais de doze anos, e se encontra desatualizado no que se refere à estrutura regimental do INCRA e às legislações mais recentes acerca da matéria (BRASIL, 2018). Onde a Figura 6 menciona SR/J, refere-se à atual Procuradoria Federal Especializada – PFE, a SR/T corresponde às atuais Divisões de Obtenção de Terras das Superintendências Regionais e a SR/O seria as Divisões de Desenvolvimento das SRs. Outrossim, é importante destacar também que na prática, no INCRA/SR(03) as atividades relativas a cadastramento do projeto e dos lotes no SNCR, é de responsabilidade da Divisão de Ordenamento e Estrutura Fundiária.

Diante do exposto, é possível inferir que a Figura 6 representa um diagrama incompleto e que não corresponde à realidade atual das SRs. Nele não constam todas as atividades de forma sequenciada citadas nas normas que regulam o processo, além de indicar erroneamente a responsabilidade de algumas atividades para Divisões diferentes da realidade atual da autarquia. Por conseguinte, pode-se concluir que o fluxograma elaborado pelo INCRA e representado pela Figura 6 não condiz com o previsto na literatura acerca de

mapeamento de processos; ou seja, ao mapear um processo todas as atividades que o compõem devem ser citadas e dispostas sequencialmente, no intuito de promover uma melhor compreensão do processo (HARRINGTON, 1993; OLIVEIRA, 2013; SALGADO et al., 2013). Por esse motivo, também foi elaborado no software Bizagi Process Modeler um modelo desse processo, utilizando a notação BPMN para promover sua melhor visualização e compreensão (Figura 7).

Fonte: Elaborada pela autoracom auxílio do software Bizagi Process Modeler (2019).

Evento de Início Atividade Documento Evento de Fim

Legenda:

Figura 7 – Processo de emissão de TD de acordo com as normas vigentes

A Figura 7 apresentada acima ilustra o fluxo do processo de emissão de TD na forma preconizada pela legislação vigente referente à matéria. Conforme pode ser observado na Figura 6, o processo de emissão de TD inicia-se quando a matrícula, registro ou transcrição da área desapropriada em nome do INCRA ou da União é anexado ao processo administrativo do imóvel (INCRA, 2006). A seguir, uma sequência de atividades são realizadas pela Divisão de Obtenção da SR. Primeiramente, é definida a forma de exploração do projeto de assentamento. Depois, técnicos elaboram planta e memorial descritivo do imóvel e dos lotes. A seguir, é necessário o registro em cartório da planta elaborada, inclusive com a averbação da área de reserva legal. Posteriormente, é elaborado por um técnico do INCRA o laudo de vistoria e a avaliação da ocupação e exploração dos lotes. Por fim, emite-se o parecer técnico quanto à aptidão do beneficiário em receber o TD e fornece-se o valor do hectare do imóvel para fins de pauta (INCRA, 2006).

É possível perceber a existência de uma série de atividades técnicas sequenciadas relacionadas ao início do processo de emissão de TD, o atraso de uma delas provocaria o atraso de todo o processo. Essas atividades envolvem, inclusive, a necessidade de disponibilidade orçamentária e de pessoal para as visitas técnicas aos projetos de assentamento necessárias à elaboração das plantas, dos laudos de vistoria e avaliação da ocupação e exploração dos lotes.

De acordo com a Instrução Normativa nº30/2006, após essa sequência, iniciam-se as atividades da Divisão de Desenvolvimento. Contudo, é importante destacar que o cadastramento do imóvel do projeto de assentamento e dos lotes no Sistema Nacional de Cadastro Rural – SNCR é realizado na prática no Serviço de Cartografia do INCRA/SR(03), função da Divisão de Ordenamento e Estrutura Fundiária.

Depois, na Divisão de Desenvolvimento, formalizam-se os processos administrativos individuais com as documentações pessoais de cada beneficiário e lança essas informações no SIPRA. A seguir, confecciona-se e emite-se pauta de valores para aprovação do Comitê de Decisão Regional - CDR, a partir da definição da Divisão de Obtenção sobre o hectare. Posteriormente, é emitida a relação de titulados (INCRA, 2006). Nesse próximo momento, as atividades ocorrem na Divisão de Consolidação de Assentamentos, localizado em Brasília- DF, no INCRA-SEDE. A pauta e a relação dos titulados são encaminhados para publicação no boletim de serviço pela Divisão de Administração de Pessoal, também localizada no INCRA-SEDE. Depois, os TDs são emitidos em papel-moeda e enviados para a Superintendência Regional (INCRA, 2006), em seguida entregues aos beneficiários (INCRA, 2006). É importante destacar que, como no caso do CCU, a relação dos beneficiários

documentados com o TD também deve ser homologada pelo Superintendente e publicada no boletim de serviço institucional (INCRA, 2006).

Diante do exposto, é possível perceber que tanto o processo de emissão de CCU quanto o de TD são processos primários, finalísticos, tipicamente interfuncionais, transorganizacionais, capazes de agregar valor diretamente para o cliente da organização (ABMP, 2013). Ambos podem ser considerados processos de negócio do INCRA (GONÇALVES, 2000; DE SORDI, 2014) porque têm nos documentos CCU e o TD os produtos resultantes que visam ao cliente externo. Além disso, são essenciais para a missão da organização. Pode-se classificá-los dessa forma também porque a expressão “processo de negócio” deriva do inglês Business Process, onde a palavra negócio, não se refere ao sentido mercantilista; mas sim a algo que deva ser produzido. Diferencia-se, portanto, do termo processo utilizado em outras áreas do conhecimento (CRUZ, 2015).

Ademais, ao descrever os caminhos percorridos para emitir o CCU e o TD, percebe-se a necessidade de avaliar suas atividades visando melhorá-los. A sistematização e modelagem dos processos apresentados demonstram claramente o quanto eles precisam ser simplificados para dar mais agilidade à emissão desses documentos. Nota-se, inclusive, a necessidade de mais empenho dos legisladores em criar normas e leis que permitam desburocratizar e otimizar essas atividades. Além disso, o INCRA deveria procurar orientar de forma mais clara e didática, inclusive por meio de mapas, a execução desses processos.

Após expor como os processos investigados estão previstos na legislação, na próxima seção procurar-se-á descrever como efetivamente ocorrem os fluxos desses processos no INCRA/SR(03).

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