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A Capitania de Pernambuco e o Cenário Econômico Português, na primeira metade do XVIII.

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XVII: articulações inter-regionais e internacionais Recife: UFRPE, 2013 139 p Dissertação (Mestrado

1.3.1 A Capitania de Pernambuco e o Cenário Econômico Português, na primeira metade do XVIII.

A produção da capitania de Pernambuco alavancou a economia da América portuguesa, com a exportação do açúcar e pau-brasil pelo porto do Recife, e tornou-se rapidamente uma alternativa quando o Oriente português começou a minguar.

199 Foi ordenado a elaboração do regimento da Junta da Administração do Tabaco em 6 de dezembro de 1698. Regimento da Junta da Admistraçam do Tabaco. pág. 3. Biodeversity Heritage Library. Acessado

em 10 de novembro de 2015, ás 20:07min.. In:

http://www.biodiversitylibrary.org/item/110585#page/21/mode/1up

200 SALGADO, Graça (coord.). Fiscais e meirinhos: a administração no Brasil colonial. 2.ed. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional/ Nova Fronteira, 1985.pág. 88.

201 Regimento da Junta da Admistraçam do Tabaco. Biodeversity Heritage Library. Acessado em 10 de novembro de 2015, ás 20:07min.. In: http://www.biodiversitylibrary.org/item/110585#page/21/mode/1up 202 Anais da Biblioteca nacional, 1906, p.468.

203 SALGADO, Graça (coord.). Op.cit. 1985..pág. 88.

204 OLIVEIRA, Luanna Maria Ventura Dos Santos. Op.cit, 2013. p. 54. LOPES, Op. cit. p. 57. 205 Idem.

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Durante o século XVI e até as invasões holandesas o porto do Recife era o mais importante da América Portuguesa, ficando em segundo lugar até os anos finais do XVII, ficando apenas atrás do Porto da Bahia207, passando a terceiro maior porto, com o advento da mineração. Como é bem sabido o deslocamento do eixo econômico da Praça de Salvador para a do Rio de Janeiro, por conta do escoamento do ouro, consolidou o Porto do Rio como sendo o primeiro em fluxos de embarcações e transações comerciais do século XVIII.

Sobre as mudanças no eixo de gravidade econômica para o Porto do Rio de Janeiro, Hyllo Nader defende a hipótese de que teria sido o início da cobrança da dízima em Salvador que provocou o deslocamento dos comerciantes da praça de Salvador para o Rio de Janeiro, para fugirem da fiscalização na Alfândega da Bahia208. Esse deslocamento se deu conjuntamente com o crescimento das Minas e, consequentemente, com os aumentos dos impostos209.

Esse fato provocou a movimentação de vários homens de negócios estabelecidos na Praça de Salvador para o Rio de Janeiro, pois “era mais lucrativo sediar-se diretamente na Praça carioca, em vez de receber as mercadorias em Salvador e, por meio de cabotagem, remarcá-las para o Rio de Janeiro”210. Tornou-se o Porto do Rio de Janeiro o principal para o escoamento da produção aurífera, bem como, para a entrada de produtos os mais variados como alimentos, armas, ferramentas e, porque não, peças de luxo para atender aos mineradores, mas também aos novos ricos que surgiam nos arraiais de Vila Rica, Mariana, Sabará e etc.211

Sobre esse período, em relação à capitania de Pernambuco, o historiador Gustavo Acioli212, faz uma análise da trajetória econômica da capitania, nesse século exposto, em relação ao comércio de escravos, a cultura do fumo, do açúcar e do ouro.

Para a segunda metade do século do XVIII, ele expõe que o mercado do açúcar na capitania de Pernambuco teria sentido mais fortemente a crise do que a capitania da Bahia. Sobre o tabaco, ele coloca que por conta das políticas régias em relação à fumicultura, ocorreu uma queda na produção de primeira qualidade e que nos anos de 1730-1740, porém, deu-se um aumento considerável da produção, entretanto de uma

207 Sobre o Porto da Bahia, ler: LAPA, José Roberto do Amaral. A Bahia e a Carreira da Índia. Ed. Fac-similada. São Paulo: Hucitec, Unicamp, 2000.

208 SALLES, Hyllo Nader de Araújo. Op.cit. p. 72-73. 209 Ibidem. p. 23

210 Ibidem.p.72-73. 211 Idem

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qualidade inferior, pois o foco da produção do fumo não era mais a exportação para Portugal, e sim a “intensificação do tráfico da capitania com a Costa da Mina [...].213

Segundo, Gustavo Acioli, o período aurífero não foi muito danoso para a capitania “até cerca de 1730”214, pois existia um acesso facilitado de mão de obra na praça do Recife, onde os comerciantes de escravos dessa praça, tiveram um poder de compra aumentado em relação aos seus concorrentes, na Costa da Mina, por negociarem em ouro215.

Essa facilidade em comercializar em ouro pode ser, inclusive, um dos motivos, para o Jerônimo Lobo Guimarães, grande comerciante de Grosso Trato em Lisboa216, ter arrematado os contratos referentes à capitania de Pernambuco217, o dito arrematou os “Direitos dos escravos, que vão de Pernambuco e Paraíba para as minas”218, (no triênio 1725-1727), o da dízima da alfândega de Pernambuco e Paraíba (1724-1726) e, simultaneamente, os direitos dos escravos que entram na Bahia (1725-1727)219 e vêm da Costa da Mina e Cabo Verde, e o mesmo direito para os que entram no Rio de Janeiro (1725-1727)220.

O “período aurífero” estimulou as arrematações dos direitos régios pelos grandes comerciantes portugueses, e os arrematadores estavam envolvidos em diversas redes mercantis. Sobre essas redes ultramarinas que interligavam as principais capitanias da América Portuguesa e o Reino, temos a dissertação de Beatriz Azevedo, intitulada “O Negócio dos Contratos: Contratadores de Escravos na primeira metade do século XVIII”221, que esmiúça essas redes comerciais desses grandes contratadores.

Porém nos deteremos mais detalhadamente a esse tema nos capítulos subsequentes, os quais trabalharemos com a instalação do contrato da dízima da Alfândega de Pernambuco e Paraíba, arrematado por Jerônimo Lobo Guimarães.

213 Idem 214 Idem 215 Idem

216 Lisboa, 2 de julho de 1723. Aviso do (secretário de estado], Diogo de Mendonça Corte Real, ao (conselheiro do Conselho Ultramarino], João Teles da Silva, sobre o requerimento do contratador dos contratos dos dízimos da Alfândega de Pernambuco e Paraíba, Jerônimo Lobo Guimarães. Arquivo Histórico Ultramarino_Avulsos de Pernambuco_AHU_ACL_CU_015, Cx. 30, D. 2686.

217 Códice 1269, AHU, Coleção Códice 2, folha 0441. No livro das arrematações dos contratos do Conselho Ultramarino, aparece o nome Ignácio Lobo Guimarães, no triênio 1724-1726. Porém na documentação dos Avulsos de Pernambuco, aparece o nome Jerônimo Lobo Guimarães, Arquivo Histórico Ultramarino_Avulsos de Pernambuco_ AHU_ACL_CU_015, Cx.30, D. 2686. Acreditamos que o escrivão do Conselho Ultramarino, tenha escrito errado o nome do contratador.

218 Códice 1269, AHU, Coleção Códice 2, folha.0453. Gustavo Acioli, trabalha com esse contratador de escravos em sua tese: LOPES, Gustavo Acioli. Op.cit. p.76.

219 Códice 1269, AHU, Coleção Códice 2, folha.0451. 220 Idem

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Analisando as alterações físicas e administrativas da Alfândega de Pernambuco, na primeira metade do século XVIII.

56 2- A Provedoria da Fazenda de Pernambuco: Alfândega, oficiais e o contrato

da dízima de Pernambuco e Paraíba.

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