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2 Fundamentação teórica

5.1 Características da amostra e do curso

No tocante a integralização ao longo do curso, dadas as devidas limitações metodológicas, tendo em vista o estudo não ser longitudinal, percebe-se nos alunos que estão no início do curso um total de 85,2% que estão integralizando os componentes do semestre letivo, de acordo com o Plano Pedagógico do Curso-PPC. Já ao comparar com os que estão nos últimos períodos há uma queda no número de componentes cursados, diminuindo para 46,8%, uma diferença de quase 40% para fins de integralização do curso.

Relacionando com o início das atividades profissionais e acadêmicas, pode-se levantar o uso do tempo com outras atividades que não apenas o estudo. Como hipóteses e sugestões de trabalhos futuros, identificar de forma mais pormenorizada as dificuldades encontradas nas disciplinas e na metodologia dos docentes, além de elementos pessoais como possíveis causas no atraso da integralização e elementos institucionais do ambiente, como paralisações.

No tocante a carga horária mínima e procedimentos relativos à integralização e duração dos cursos de graduação, bacharelados, na modalidade presencial, são normatizados pela resolução CNE/CES n. 2/2007 do Conselho Nacional de Educação-CNE e da Câmara de Educação Superior-CES. A norma institui a duração dos cursos e os limites de integralização com base na carga horária total.

Ainda sobre o desempenho acadêmico, o grupo que está no início do curso tende a ter um escore médio superior, denotando melhor rendimento acadêmico em relação ao grupo que já integralizou parte do curso, embora ao final pareça existir uma retomada do rendimento acadêmico. Ressalta-se que à medida que o tempo passa na vida acadêmica, aumenta o envolvimento em atividades como estágio, iniciação científica e trabalho, elementos pormenorizados em correlações na sequência.

O resultado do desempenho acadêmico tende a refletir o sucesso acadêmico do estudante. Da correta assimilação das competências básicas como ler, compreender e escrever, até chegar a correta apropriação da informação, diversos elementos são importantes para que o aprendizado aconteça.

Para Valadas, Araújo e Almeida (2014), o envolvimento dos estudantes nas tarefas de aprendizagem conduz ao sucesso acadêmico. Ressaltam ainda que o curso escolhido e o ano do curso em que o estudante se encontra parecem ser determinantes para um bom desempenho acadêmico. No contexto da amostra estudada, a obtenção de uma nota de aprovação parece ser uma tarefa que requer um baixo nível de esforço e que o desempenho a esse respeito mostrou relativamente pouca variação entre os indivíduos. Isso pode simplesmente refletir uma realidade acadêmica onde o foco nas notas é o caminho da menor resistência.

Sobre esse uso do tempo, quem integralizou mais períodos, estando mais próximo de finalizar o curso, tende a ter uma maior utilização do tempo com o trabalho semanal. Como o estudo não foi longitudinal, chama a atenção a maior quantidade de horas jogando dos que se encontram no início do curso, o que desvela tanto no uso do tempo as ocupações quanto elementos geracionais, tendo em vista que os que estão mais próximos do final do curso serem mais velhos e consequentemente de gerações que não jogam tanto quanto os mais jovens no curso. Outro elemento é o estudo semanal, que para os que estão no primeiro ano possui uma média em torno de 7,3 horas contra 6,6 horas dos que estão no último ano; um dos elementos que se levanta como hipótese, além do maior tempo utilizado com o trabalho e outras atividades, traz a apropriação da forma de estudar, não é apenas estudar menos, mas estudar melhor.

Sobre as horas de estudo extraclasse. Ao visar a entender o uso do tempo, especificamente as horas de estudo extraclasse, correlacionando as informações das horas de estudo extraclasse versus o desempenho acadêmico coletado na questão 16, percebe-se que embora a maior quantidade de estudo reverbere numa maior nota média, no contexto pesquisado tal efeito não denota ter um ganho significativo entre quem não estuda e quem se dedica mais de 12h semanais de estudo. Tal fenômeno, embora não possa ser explicado pela pesquisa, estima que mecanismos como a forma de avaliação adotado pelos docentes da instituição, bem como o nível de cognição dos estudantes possam auxiliar no entendimento, possibilidades que ficam como sugestão de trabalhos futuros.

Em pesquisa comparativa entre universitários do Brasil e da China, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada lançou em 2016 o livro Jovens Universitários em um Mundo em Transformação. De acordo com a publicação, 71,5% dos universitários brasileiros estudam até 10 horas por semana fora da sala de aula. Sendo que 37,1% dedicam menos de cinco horas

semanais aos estudos fora da sala de aula. Considerando os 34,4% que reservam entre seis e dez horas semanais, tem-se uma média de 1h25 minutos por dia. Já os jovens universitários chineses, 91,5% dos entrevistados

[...] em termos de tempo de estudos fora da sala de aula, os universitários pesquisados dedicam aproximadamente 10,44 horas por semana, ou seja, desconsiderando o fim de semana, são em torno de duas horas de estudo fora da sala de aula por dia (DWYER et al, 2016, p.293).

Sobre o trabalho versus o desempenho acadêmico. Correlacionando as horas semanais de trabalho com o desempenho acadêmico percebe-se entre quem não trabalha até quem trabalha mais de quarenta horas semanais uma variação discreta, tendo como menor média acadêmica 7,21 para quem trabalha entre 31h-40h até 7,47 para quem trabalha entre 21h-30h. Para quem não trabalha, a média é em torno de 7,44. Assim, é possível inferir que, embora ao longo da integralização dos componentes curriculares exista um atraso que acontece com o passar do tempo, o elemento horas de trabalho semanal não denota provocar um efeito potencializador na diminuição do rendimento acadêmico do estudante.

No Brasil, no ano de 2012 cerca de 52,5% dos jovens universitários tinham um trabalho remunerado, considerando atividade sem remuneração, esse percentual sobe para 58,8% (DWYER et al, 2016). Sobre a carga horária de trabalho, enquanto que apenas 6,9% dos jovens universitários chineses que trabalham, 53% afirmaram trabalhar no máximo cinco horas semanais, já na realidade brasileira,

Mais da metade (58,5%) dos jovens universitários brasileiros que trabalham o fazem por mais de vinte horas semanais. Outros 15,1% têm jornadas de trabalho maiores que quarenta horas, o que é muito difícil de conciliar com um curso de graduação (DWYER et al, 2016, p.196).

Sobre a ocupação e a educação continuada.Segundo Dwyer et al (2016), quanto aos que

pretendem fazer após a formatura na graduação, os jovens universitários brasileiros elencaram: fazer pós-graduação (63,4%), trabalhar no setor público (31,5%), trabalhar no setor privado (18%) e montar o próprio negócio ou sociedade (11,7%). A opção fazer outra graduação foi declarada por apenas 11,7% dos pesquisados.

Sobre a evolução dos conteúdos dominados. Na evolução dos conteúdos mais dominados, analisando a evolução de cada tipo (humanas x operacionais / quantitativas x qualitativas) ao longo da integralização dos semestres, chama a atenção o aumento do domínio dos conteúdos humanos e a diminuição do domínio dos conteúdos quantitativos. O tipo que versa sobre a identificação com o curso não demonstrou ao longo dos semestres uma variação significativa.

Sobre a hipercultura. Por fim, como último elemento da caracterização do aluno, no perfil favorecido pelo curso, identificam-se correlações significativas e positivas entre o tempo de curso e o conhecimento e a hipercultura, denotando que quanto maior o tempo no curso maior o índice de conhecimento e hipercultura. Já a nota no curso apresentou correlação significativa positiva apenas com a liderança, denotando que quanto maior a nota no curso maior o índice de liderança. Já o estado psicológico apresentou correlação significativa positiva entre a nota no curso e a sensação de bem-estar.

Conforme ressalta Prensky (2009), podendo ser considerados como nativos digitais, a geração que hoje está no ensino superior representa a primeira geração da revolução digital, que já nasceu em um ambiente com mais estímulos tecnológicos e cresceu cercados por tecnologia, o que, por premissa, leva-os a ter um maior índice de hipercultura.

A amostra em análise é composta por usuários de videogames; ressalta-se que o universo dos jogos com toda a mediação digital envolvida é um potencializador para a hipercultura. Conforme pontuam Souza e Roazzi (2010), quem se engaja em videogame tem um ambiente mais favorável para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, incluindo mentalidade lógico-matemática