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2.1 RELAÇÕES DE COOPERAÇÃO INTERORGANIZACIONAL NAS MPEs

2.1.2 Características da cooperação interorganizacional nas MPEs

A relação de cooperação entre empresas não só é uma estratégia para sobreviver no mercado, como também para aumentar a sua competitividade (ESTEVES; NOHARA, 2011). Assim, a cooperação entre empresas tem a capacidade de facilitar a realização de ações conjuntas e a transação de recursos para alcançar objetivos organizacionais (BALESTRIN; VERSCHOORE; REYES JUNIOR, 2010).

A cooperação possui uma dinâmica em que a criação de valor pode ser um processo comum que acontece entre dois ou mais atores, cuja meta é compartilhar benefícios mútuos, podendo a prosperidade de um agente trazer benefícios para o outro agente, e vice-versa (DAGNINO; PADULA, 2002).

No entanto, a essência das relações de cooperação é que as empresas busquem criar valor da forma mais equitativa possível. Em outras palavras, a cooperação interorganizacional caracteriza-se como um trabalho conjunto de duas ou mais empresas legalmente separadas que interagem a fim de gerar sinergias e realizar um processo de criação de valor compartilhado (GOMEZ, 2009).

Para Gomez (2009), a tipologia das principais manifestações dessas relações interempresariais varia das que podem representar vínculos de cooperação. Portanto, a combinação adequada entre as características e a natureza dos laços das relações de cooperação definirá a eficiência dos canais de comunicação. Além dessa combinação, também a heterogeneidade do conhecimento dentro da relação social favorecerá a ocorrência de laços fracos, mais adequados à capacitação e aos processos de aprendizagem dos integrantes.

As relações de cooperação nas MPEs abrangem não somente as empresas, mas também organizações dos setores de ensino superior e pesquisa, ensino técnico e profissionalizante, instituições de treinamento e capacitação, associações empresariais e sindicatos, instituições financeiras e de fomento, organizações públicas, governos municipais, estaduais e federais. O caráter das relações estabelecidas por esse conjunto de agentes pode determinar a possibilidade de efeitos geradores de benefícios sociais (LIMA; LEITE, 2014).

O Quadro 3 apresenta as características da cooperação interorganizacional encontradas na literatura associadas a seus autores.

Quadro 3 – Caraterísticas da cooperação interorganizacional nas MPEs

Caraterísticas da cooperação interorganizacional Autor(es) A cooperação interorganizacional caracteriza-se como um trabalho conjunto de

duas ou mais empresas legalmente separadas. Gomez (2009)

A cooperação possui uma dinâmica em que a criação de valor pode ser um

processo comum que acontece entre dois ou mais atores. Dagnino; Padula (2002) O caráter das relações de cooperação nas MPEs estabelecidas por um conjunto de

agentes pode determinar a possibilidade de efeitos geradores de benefícios sociais.

Lima; Leite (2014)

As ligações inter-organizacionais de redes podem ser vertical, horizontal ou lateral consiste em teias de relacionamentos com clientes, fornecedores, associações, etc.

Hadjimanolis (1999)

A cooperação pode assumir a forma de parcerias com outras organizações, como fornecedores, clientes, laboratórios de pesquisa privados e laboratórios do governo.

Hewitt-Dundas (2006)

Fonte: A autora.

As características próprias da cooperação interorganizacional existentes em determinada organização ou empresa são realizados e observados geralmente a partir da existência de diversos componentes. As características mais significantes para a predição do sucesso de uma parceria são a) a coordenação; b) o comprometimento; c) a confiança; d) a qualidade da comunicação; e) o compartilhamento de informações; e f) a participação e a forma adotada para a solução de eventuais problemas que surgem da união (MOHR; SPEAKMAN, 1994). Os fatores podem ser representados por aspectos ambientais e organizacionais que instigam ou inibem determinado relacionamento, ou seja, influenciam a sua formação e manutenção (CÂNDIDO; ABREU, 2004; OLIVER, 1990). Também podem ser ilustrados como aqueles fatores que induzem a ocorrência dos relacionamentos interorganizacionais, representando, assim, precondições para que as interações ocorram (HALL, 2004).

A criação de confiança entre os parceiros é, certamente, um dos fatores mais citados na literatura e é considerada pré-requisito para a cooperação (HAKANSSON; KJELLBERG; LUNDGREN, 1992; HOFFMANN; SCHOLOSSER, 2001; MELLAT-PARAST; DIGMAN, 2008).

O tema da cooperação entre organizações apresenta crescente relevância para o entendimento do comportamento e do desempenho organizacional. Portanto, os relacionamentos cooperativos são fortalecidos pela troca de informações entre os agentes de dada cooperação, o que contribui, ainda, para a diminuição do oportunismo que possa vir a existir. Entretanto, para que isso ocorra, a confiança entre os agentes deve ser trabalhada para colaborar com a melhoria da manutenção das ações coletivas, seja em nível de relações horizontais, seja em nível de relações verticais entre organizações (LOURENZANI et al., 2006).

Brioschi et al. (2002) observaram que as interações sociais com base na confiança e cooperação desempenhou um papel importante na coordenação das atividades entre as diferentes pequenas empresas. No entanto, alguns estudos destacam que a rede não tem um impacto positivo no desempenho inovador das empresas, tais como um estudo sobre a indústria de máquinas Sueco (LARSSON; MALMBERG, 1999).

Alguns estudos centrar-se na forma de redes de cooperação das pequenas empresas (Hadjimanolis, 1999; Kaufmann e Tödtling, 2002; Doloreux, 2004; Dickson et al, 2006). Baseado em um estudo das pequenas empresas em um pequeno país menos desenvolvido (Chipre), Hadjimanolis (1999) sugeriram que as ligações inter-organizacionais de redes podem ser vertical, horizontal ou lateral consiste em teias de relacionamentos com clientes, fornecedores, associações, etc. Hewitt-Dundas (2006) afirmou que o conhecimento adquiridos externamente pode assumir a forma de parcerias com outras organizações, como fornecedores, clientes, laboratórios de pesquisa privados e laboratórios do governo.

Embora a cooperação é tradicionalmente definido como as relações conflituosas e que rivalizam entre concorrentes, a literatura em alianças estratégicas tem contribuído para melhorar a compreensão da concorrência, salientando que a colaboração entre os concorrentes pode ter muitas vantagens. Além disso, o sincretismo entre a concorrência e a cooperação irá promover um maior conhecimento e buscando o desenvolvimento e progresso tecnológico do que qualquer competição ou cooperação perseguido separadamente (Lado et al., 1997: 118). Por um lado, a concorrência pode estimular a inovação dentro da empresa, o que ajuda a aumentar o conhecimento e o crescimento técnico e de mercado econômico, pressupondo que os direitos de propriedade são bem protegidos (North, 1990).

Existem relações positivas significativas entre a cooperação inter-empresarial, a cooperação com instituições intermediárias, a cooperação com organizações de pesquisa e os resultados da inovação das pequenas empresas, das quais a cooperação inter-empresa é o mais significativo. A o contrário de alguns estudos de países desenvolvidos, os resultados sugerem que a articulação e cooperação com as agências governamentais não podem demonstrar qualquer impacto significativo, enquanto as políticas governamentais atuais têm impacto significativo na melhoria das ligações com instituições intermediárias, as universidades e instituições de investigação para as pequenas empresas (ZENG; XIE; TAM, 2010).