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4. APRESENTAÇÃO DOS CASOS

4.1. CASOS DE SUCESSO

4.1.1.2. Características da organização

Algumas características da organização analisadas nesse estudo foram escolhidas com base no modelo de Gartner (1985) para explicar as razões do sucesso do negócio: planejamento prévio, plano de negócios, local, pesquisa de mercado, formação de preços, diferenciação, inovação, qualidade nos produtos e serviços, propaganda e publicidade, retirada de pró-labore, controles financeiros, controles de estoques, inadimplência, monitoramento e capital de giro.

O empreendimento está localizado no centro da cidade de Ubiratã, região noroeste do Paraná. Foi inaugurado pelo dekassegui em setembro de 1996. Iniciou suas atividades somente com o proprietário e esporadicamente com o auxílio dos pais. Fabio, não realizou um plano de negócios formal. Porém na sua percepção acredita que ter planejado antecipadamente seu novo negócio foi um dos fatores que podem ter contribuído significativamente para o sucesso de seu empreendimento.

Conta que gastou aproximadamente 19 meses entre a decisão de iniciar o novo negócio e sua implantação. Esse tempo foi utilizado para a realização do curso em São Paulo e para o planejamento do negócio através da busca de fornecedores, compra de instalações, estoque inicial, reforma do prédio e abertura legal da empresa. Fabio conheceu alguns fornecedores, tipos de layout utilizados, mobiliário

e equipamentos durante o andamento do próprio curso. Nesse período, quando ainda estava em São Paulo estudando, sempre que podia participava de eventos, palestras e fazia visitas a outras empresas do segmento.

Mesmo quando ainda estava no Japão o dekassegui afirmou que já tinha uma preocupação: investir em um bom ponto comercial. Assim o local para instalação da empresa já havia sido adquirido anteriormente pelo empresário no período anterior ao seu retorno para o Brasil. Estava localizado na região central de Ubiratã, perto dos bancos. Tinha fácil acesso, e bom movimento de pessoas, como explica:. “Eu não queria pagar aluguel, sabia que era uma despesa a mais”.

Segundo o empreendedor ao começar o novo negócio, sabia que tinha um diferencial competitivo em relação aos concorrentes: a rapidez com que entregava os óculos. Essa vantagem era conseguida por que era ele mesmo que montava os óculos, não dependia dos outros. Sabia que a urgência era um fator importante, que esses clientes necessitavam dos óculos, isso fazia a diferença:

O meu diferencial era que eu montava os óculos. No meu caso, eu só esperava a lente ficar pronta. O laboratório me enviava pela transportadora essas lentes, eu montava...e já entregava para o cliente. Coisa de um a dois dias no máximo. Enquanto meus concorrentes levavam uma semana ou até mais para entregar os óculos, eu conseguia entregar em dois ou três dias. Eu era o único técnico ótico formado da cidade [...] O meu ponto comercial era bem localizado na cidade. Eu era o único laboratório de montagem especializado da cidade. (Fábio).

Em relação a adoção de inovação, Fabio considera que principalmente no início de seus negócios os aparelhos que adquiriu para dar maior qualidade ao seu trabalho foram fundamentais para que conquistasse a confiança de seus clientes.

Eles proporcionavam um acabamento diferenciado nas lentes, mais rapidez no processo e na entrega dos óculos.

O dekassegui empreendedor relatou que sempre teve uma preocupação com a qualidade. Desde o atendimento dos clientes até a entrega do produto. Destacou que a solução de possíveis reclamações dos clientes é muito importante para sua

fidelização. Atender bem o cliente ainda é essencial. Em sua opinião o fato do atendimento aos clientes ser realizado pelos proprietários da empresa conta muito.

Hoje, com esse mundo globalizado não se pode falar que a qualidade em si tem muito diferencial, o diferencial mais é humano...a satisfação do consumidor final. Um dos únicos diferenciais no meu ramo ainda é humano...no caso o atendimento, a disposição e o conhecimento. Se você colocar alguém ruim para atender, você não faz nada! O produto que está disponível para mim, está disponível para todo o mundo. Para mim, a qualidade do serviço, o atendimento e as informações sobre o produto é que fazem a diferença. (Fábio).

Quando começou seu negócio, o empresário investiu em propaganda nas rádios AM e FM. Atualmente acredita que o marketing direto boca a boca é a melhor ferramenta para divulgação. Esporadicamente confecciona brindes como chaveiros, canetas e uma vez por ano folhinhas comerciais, porém ressalta que o que dá mais resultado é prestar um serviço e atendimento de qualidade.

Fábio afirmou que por se tratar de uma empresa familiar, a retirada de pró-labore acabou não tendo um valor pré-definido mensalmente. Eram deduzidos os custos fixos e variáveis da empresa, e do resultado final de acordo com as necessidades, era feita a retirada do caixa. Por sua vez os controles financeiros até hoje são feitos diariamente pelo empreendedor. Não utilizou nenhum software específico, apenas algumas planilhas eletrônicas como contas a pagar, contas a receber, bancos. A empresa ainda não conta com um controle de estoques informatizado. Esse controle é feito manualmente ou no “olhômetro” como disse o empreendedor.

Segundo o empresário, no início a concessão de crédito para seus clientes era realizada mais pela intuição, principalmente por se tratar de uma cidade pequena. Atualmente tem utilizado com mais freqüência os serviços de proteção ao crédito, além de cartões de crédito e débito oferecidos pelo mercado. Ainda confia muito na sua intuição e experiência adquirida ao longo dos anos. Sua taxa de inadimplência fica abaixo dos 3% do faturamento bruto. A cobrança dos inadimplentes fica a cargo de seu pai e esposa. Afirmou que são raros os casos em

que são necessários, protestar ou acionar o juizado de pequenas causas para o recebimento de contas atrasadas.

Desde a fase inicial até agora, o empreendedor afirmou que sempre realizou o acompanhamento financeiro da empresa. Sabia dos seus custos fixos e variáveis.

Conhecia a sua necessidade mensal de capital de giro. Quanto ao capital de giro, o entrevistado comentou que dispunha de uma reserva financeira para suprir essa necessidade, principalmente no primeiro ano de atividade. Nesse período inicial o que ganhava, reinvestia na empresa. O dekassegui considerou que esses dois últimos fatores tiveram uma grande contribuição para que o negócio desse certo.

Eu tinha o capital de giro para me manter. Quando eu abri a empresa, eu abri ciente que somente a partir de um ano eu poderia ter lucro. [...] pagando as contas, pagando uma parte das mercadorias que eu havia comprado a prazo, já estava no lucro.

(Fábio).