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4. APRESENTAÇÃO DOS CASOS

4.1. CASOS DE SUCESSO

4.1.1.3. Características do ambiente

A análise do ambiente é essencial para que o empreendimento alcance o sucesso. Os fatores escolhidos com base no modelo de Gartner para esse estudo foram: disponibilidade de recursos financeiros, apoio ou assessoria, mão-de-obra qualificada, acesso aos fornecedores, concorrência, burocracia, legislação, carga tributária, barreiras a entrada.

Os recursos financeiros investidos pelo empresário vieram de recursos próprios adquiridos durante os anos de trabalho no Japão. Nessa fase inicial entre a compra do ponto comercial, 18 meses de curso (mensalidade, estadia em São Paulo), equipamentos, instalações, mercadorias o dekassegui estimou ter feito um investimento de 70.000 dólares. Para o empreendedor, começar sem dívidas juntos aos bancos ou devendo muito aos fornecedores era fundamental para que o negócio desse certo, conforme explica:

Começar sem dívidas principalmente junto aos bancos. Eu sabia que a empresa iria demorar para ter lucro. Ninguém me conhecia.

Se logo de cara eu tivesse que ficar pagando algum empréstimo e principalmente juros, como eu iria ter dinheiro para reinvestir no negócio?” (Fabio).

De acordo com o Sebrae (2005) o uso do capital próprio e o reinvestimento dos lucros na empresa principalmente no início do novo negócio são considerados importantes fatores para o sucesso de um novo empreendimento.

Quando questionado se teve algum tipo de apoio ou assessoria, afirmou o empreendedor que no início do negócio sempre pode contar com seus tios que já eram do segmento ótico e tinham conhecimento do setor. Atualmente, em caso de dúvidas, busca trocar experiências com os vários amigos e fornecedores do segmento que fez ao longo dos anos, além de participar de feiras e palestras de atualização.

Com relação a mão-de-obra relatou que, o fato de ele mesmo ter buscado qualificação, foi um dos fatores que mais contribuíram para que tivesse sucesso em seu negócio. Questionado por que ele mesmo foi fazer o curso de ótica, “perdendo”

um ano e meio de estudos ao invés de contratar alguém já qualificado, o empresário citou várias razões: contratar mão-de-obra qualificada teria um custo fixo muito alto, dificilmente alguém viria para uma cidade pequena. Caso tivesse investido no treinamento de alguém, haveria sempre a possibilidade dessa pessoa vir a se tornar um futuro concorrente. Quando começou suas atividades fez a opção de não contratar nenhum funcionário. A idéia era com isso diminuir custos fixos.

O acesso aos fornecedores, no início do empreendimento, acabou sendo facilitado pelo próprio curso que estava fazendo e por indicações de seus tios que já estavam no ramo. Até hoje é o proprietário quem realiza as compras para a empresa.

No início eu ia buscar as informações. Toda informação vinda de um fornecedor eu corria atrás. Eu precisava dos fornecedores, porque eu tinha a teoria, mas muitas vezes na prática era diferente. Às vezes na teoria era uma coisa, mas na prática era outra. (Fábio).

De acordo com o empreendedor quando iniciou seu negócio não fez nenhuma pesquisa formal sobre a concorrência, apenas algumas observações. Nessa época

havia três concorrentes diretos, mas nenhum que fosse voltado exclusivamente para o ramo ótico. Eles tinham como foco principal a venda de relógios, jóias, semi-jóias, revelação de filmes. Para o dekassegui empreendedor seus concorrentes deixavam a desejar em relação ao conhecimento técnico. Porém tinham a seu favor o fato de serem antigos na cidade. Sabia que sua principal dificuldade seria vencer a desconfiança dos clientes por ser novo no mercado. Com o passar dos anos alguns deles encerraram suas atividades e outros concorrentes chegaram.

Hoje, tenho cinco concorrentes, mas me considero entre os melhores no meu segmento. Não dá para bobear, tem sempre que atender bem, trazer novidades, não ficar empurrando produtos e nem subestimar o poder de compra dos clientes. (Fabio).

O empresário mencionou que não teve problemas para abrir legalmente sua empresa. Acabou terceirizando esse processo para um contador de sua confiança.

Em aproximadamente 45 dias tinha toda a documentação para iniciar suas atividades. Não se recordou de nenhum incentivo que tenha tido da união, estado ou município. Foi informado de suas obrigações fiscais pelo escritório de contabilidade que também calculava e mandava mensalmente as taxas e impostos a serem pagos.

Em relação a carga tributária e a burocracia considerou que poderia ser menor, mas nada que durante todos esses anos tivesse uma influência significativa no desempenho de sua empresa. Quanto a legislação vigente, o dekassegui observou que existe uma lei federal de 1958 que obriga todos os estabelecimentos que comercializem óculos a terem um técnico ótico responsável assim como nas farmácias. Segundo o empresário até agora isso nunca foi fiscalizado com rigor. Isso viria a coibir a venda de produtos importados de origem duvidosa e também a prática da concorrência desleal. Fábio avalia que caso essa legislação viesse a ser aplicada na prática poderia ter um impacto bastante positivo para sua empresa, já que possui a devida regulamentação.

O dekassegui afirmou que o fato de ser o único técnico em ótica com formação especializada na cidade quando começou seu negócio ajudou bastante.

Esse fator contribuiu para que conseguisse conquistar a confiança e credibilidade

dos clientes no início do negócio. Em sua opinião na época nenhum concorrente tinha essa qualificação profissional porque quem era proprietário não tinha vontade, já que todos os cursos eram realizados em cidades distantes ou alegavam falta de tempo ou dinheiro para fazer o curso. Também não queriam investir em um funcionário com medo que ele se tornasse um futuro concorrente. Somente após o terceiro ano de atividades é que um dos seus concorrentes também fez o curso.

Assim o tempo e o custo que levava para que alguém se formasse em técnico em ótica foi uma importante barreira de entrada, como explica o empreendedor. “Os concorrentes começaram a perceber que estavam perdendo clientes e começaram a correr atrás de fazer o curso.” Como pontos fortes do seu novo negócio destacaria o conhecimento técnico, rapidez, ponto bem localizado, não pagar aluguel e a mão-de-obra familiar.

4.1.1.4 Resumo dos principais fatores que contribuíram para o sucesso da